ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 29 de maio de 2010

O BIODIESEL DO JECA


Olá, amigos. Ainda não voltei, estou quase voltando. Mas não podia deixar de contar isso. Lembram-se do Jeca? Tirando os novatos no blog, todos se lembram. Está aprontando mais uma. Perto da casa dele, ainda tem uns lotes vagos e nesses lotes muitos pés de mamona. Bem, ele comprou uma camionete, uma D20( D20 anos atrás). Até que ela está arumadinha. Pois ele cismou, está colhendo mamonas paa cozinhar nuns caldeirões no quintal com intuito de extrair o óleo da mamona. O destino desse óleo é o motor da D20. Pasmem. O Jeca quer fazer biodiesel. Todos estão alertando que vai estragar o carro,e ele só responde assim: "Se o LUla pode, eu também posso".

Saudades de todos. Um abraço. AMPLO, GERAL, IRRESTRITO

quinta-feira, 27 de maio de 2010

NO UNDERGROUND



Meus amigos. Preciso formatar o pc, não consigo acessar os blogs, apenas página inicial. Volto já. Vou ficar uns três dias no underground. UM ABRAÇO...
AMPLO, GERAL E IRRESTRITO!!!
/////////////////////////
Existe o mundo.
E também o submundo... o underground
masmorras de quem não galgou o degrau.
No mundo tudo é belo, possível, palpável, flexível.
Tem montanhas, tem ruas, tem edifícios, tem mar e céu azul.
Tem até futuro. Tem arco-íris coroando de norte a sul.
O submundo é escuro. É sempre noturno, soturno.
Só vive de ocaso, não existe arrebol
Por acaso vem o sol, tão tímido quanto os que vivem lá. Que militam lá.
No underground há homens infelizes e meninos sérios
No underground habitam os bêbados, esses homens vagalumes
que como de costume seu brilho consiste em gritar impropérios.
Ah, mas o que tem isso? No mundo também falam tantas bobagens
e vendem como lindas imagens.
No submundo labuta a prostituta. Vida fácil? Vida de luta.
No submundo não há lágrimas. Há apenas uma lágrima, a mesma que vai e volta
há um grito de revolta que ecoa só para dentro.
Existe apenas o subúrbio, não há avenidas, nem centro.
Lá vai Maria com a lata d’água na cabeça, subindo esses morros.
As pernas pedem socorro, o coração também.
Mas quem vai ouvir o submundo? Quem?
No submundo repousam velhos sonhos que tentam se fazer meninos
e não passam de sonhos adormecidos,
que de vez em quando se tornam atrevidos, mas voltam à mesmice
porque o mundo trata esses sonhos como tolice.
No submundo habitam profetas ilusórios e iludidos
profetizando um novo tempo que nunca vem
ou o fim do mundo que não chega também.
Flores não vejo mais. Passarinho desistiu. Borboleta já partiu
O mel não é mais doce
O disco voador não é mais verdade. Ah, se fosse!
Prefiro ser chamado de alienígena a ser chamado de alienado.
No underground não tem relógio, nem tempo
só o dia após o outro dia, onde tudo se resume à nova tentativa.
No submundo não há musa, nem diva
só beija-flores sem jardins, amores não correspondidos
É assim no mundo debaixo.
Entre baratas nojentas e ratos fedidos,
há girassóis cabisbaixos... e poetas esquecidos.
///////////

"Quando fizer algo nobre e belo e ninguém notar,não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme..." "John Lennon)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

EU E A CHUVA


Um pingo.
Outro pingo
e outro pingo...
E assim por diante.
Quantos pingos vão cair?
Eu não sei, jamais saberei,
o céu é tão grande e o solo também.
Portanto não temos a resposta, nem eu nem ninguém.
Contemplo o ribeirão depois que a chuva passa
e aqui na margem meio sem graça,
e me pego a me perguntar:
Pra quê tanta água?
Pra matar minha sede
ou pra me afogar?
Um amor.
Outro amor
e outro amor.
Quantas paixões hão de vir?
Eu não sei, jamais saberei.
Meu coração é tão grande, o risco também,
mas se o coração é grande, não pode ficar sem ninguém
Analiso cada amor, cada paixão
que pingou em meu coração
e me pego a me perguntar:
Pra quê tanto sentimento?
Pra me fazer feliz
ou me fazer chorar?

terça-feira, 25 de maio de 2010

MEU PONTO "G"


Não. Aí não. Mais em cima. Mais. Mais.
Agora passou demais. É mais embaixo.
Não, assim eu não encaixo.
Vamos tentar de novo, do início. Devagarinho. Com jeitinho.
Você pode. Não é tão difícil.
Vou fechar os olhos pra sentir
quero que me faça delirar, sorrir.
Falta pouco, está quase no ideal
Aí. Agora sim. Agora é prazer total.
Você acendeu a centelha
e essa centelha vira um vulcão.
Meu ponto “G”, não está no pés, nas costas
nem nas mãos, ou na orelha
Meu ponto “G” é meu coração.
////////////////////////////////////////////

Muito se fala em ponto “G”. Só falam no físico, mas sem amor não rola. O princípio do ponto “G” é o coração.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

MEMÊ



Ai, ai. E agora? Majoli, a reclamona ( esse é o pseudônimo que inventei para ela) me colocou nessa fria. Falar de 06 coisas que as pessoas não sabem de mim. Também teria que indicar seis pessoas, vou deixar a critério de todos.

1) Trabalho com crianças e adultos down e deficientes físicos, numa pastoral da igreja, chamada Movimento Fé e Luz

2) Adoro comer, principalmente churrasco. Deve ser mais pelo prazer do bate papo

3) Tenho uma memória incrível, principalmente com números, nem uso agenda telefônica, endereços tenho tudo de cor. Porém sou um pouco desligado. Se precisar dar um recado importante a alguém, converso com essa pessoa durante horas, mas o recado eu esqueço.

4) Adoro crianças. Me dou muito bem com elas. Converso com elas como se fosse uma delas. E percebo que elas se identificam comigo

5) Fico muito irritado quando estou falando e viram as costas. Não suporto pouco caso, porque eu não pratico. Gosto de atenção na medida que dou.

6) Loucura de amor, nunca fiz. Já fiz coisas além do normal sim, alguns esforços, mas não chamo de loucuras. Quando se ama, os absurdos se tornam normais.










domingo, 23 de maio de 2010

ENTRE O SONHO E O PODER


( imagem google )
Se eu fosse uma nuvem, não choveria aqui por perto
onde tudo é verde,
correria rapidinho para chover onde tem sede,
em algum coração deserto.
Se eu ainda fosse menino,
ensinaria aos novos meninos
um jeito de brincar a vida
E assim nenhuma infância estaria perdida.
Se eu fosse um doutor de leis
Só existiria uma lei:
A lei do SIM apenas para os sonhos bons.
Quem dera fosse um instrumento. Seria uma trombeta
anunciando um novo tempo
de forma aberta, sem facetas, em altos tons.
Se eu fosse uma balança seria equilíbrio total,
com igualdade geral.
Entre o sonho e o poder
nos olhos, a esperança,
e nos punhos, o fazer.
Ah, se eu fosse um anjo...
guardaria a todos sob minhas asas
e ninguém teria medo
do segredo da vida, da morte, do amor
de dormir, de acordar
do sonho, do pesadelo e da dor.
Mera esperança, louca meta.
Infelizmente não passo de um poeta...
um poeta sonhador.

sábado, 22 de maio de 2010

O TOPO


( imagem www.roraima-brasil.com.br/im )
O alpinista almeja o topo da montanha.
Persiste ...
porque sabe que lá em cima existe o auge, o ideal.
O alquimista planeja a pedra filosofal
que lhe daria poder total.
Todos buscam o melhor.
O lutador, o corredor, o jogador... querem ser campeões.
O astronauta já não quer mais só a lua... vislumbra o universo.
O artista quer encantar multidões,
e eu ,alcanço meu topo em versos
te escrevendo emoções.
O poeta não é maior que a musa;
É Mona Lisa, num sorriso maroto, quem me diz,
É assim que me sinto grande e garoto,
quando te faço feliz.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A VIDA É UM BUMERANGUE


( imagem fmanha.com.br )
ESSA SEMANA SEM QUERER INICIEI A SEMANA DE CELEBRAÇÃO À VIDA.
////////////////////////

Uma coisa que gosto é frase de para-choque de caminhão, existem muitas bem criativas. Outro dia li uma, aliás reli, ela se repete muito pelas estradas, que diz o seguinte: “Nasci pelado, careca e sem dente. O que vier é lucro”. Sabe que o cara tem razão? A gente vive reclamando das coisas. Eu podia citar N motivos para celebrar a vida, ou N frases de efeito, tipo “Nada como um dia após o outro”. Acontece que temos mesmo mania de reclamar. Passamos mais tempo chorando o que perdemos, do que comemorando ou vivendo o que temos na mão. Aí o tempo passa e a gente diz que é infeliz. Li uma frase de Clarice Lispector que diz mais ou menos o seguinte: “precisamos respirar nossas fraquezas também”. A gente quer os louros, mas vive de agouros. Claro, as coisas boas, simples, estão muito mais perto do que imaginamos. Anteontem por exemplo, recebi telefonema de uma amiga que não vejo há 21 anos. Pois a danada me procurou até encontrar e me deu maior bronca porque ando sumido. Ainda rimos um pouco dos tempos em que trabalhamos juntos. Sim, dos casos que conto aqui. Fiquei muito feliz com isso. Olha a felicidade aí. O fato é que desde pequenos somos induzidos e por que não, até treinados, à competição desmedida da vida, à concorrência até desleal, ao consumismo, ao corpo perfeito. Por que não treinarmos as pessoas para uma mente perfeita, para uma alma perfeita, para o equilíbrio? Eu não consigo ver os problemas sociais de alçada somente dos governos. A sociedade é isso aí que estamos vendo e construindo todos os dias. Há um ditado belo, antigo e certo, que diz que o “o homem é produto do meio em que vive”, mas penso também que o meio também é produto do homem. Isso é um ciclo. A vida é um bumerangue, tudo que você joga volta a você na mesma proporção. O pior é quando a gente está desprevenido e esse bumerangue volta bem na nuca da gente. Se eu sei disso, por que vou transmitir cosias ruins às pessoas? Ontem mesmo aconteceu um fato interessante. Dias atrás, precisava comprar duas cervejas, estava em cima da hora do jogo e não tinha no momento as garrafas. O dono do bar, que conheço há muitos anos, se negou a emprestar. Saí decepcionado, mas não com raiva. Pensei. “Deve estar estressado, o bar está cheio, barulhento, qualquer um fica assim nervoso”. Voltei lá ontem e ele me pediu mil desculpas. “Como fui ignorante. Fazer isso logo com você?”. Respondi. “Tião, eu nem me lembrava mais disso, tanto que estou aqui. Não vou perder uma amizade de quase vinte anos por causa de duas garrafas. Você já estava desculpado antes mesmo de pedir”. E ele. “Só você, Carlos. Só você. Se fosse eu não voltava aqui nunca mais. Me desculpe mais uma vez”. E abraçou minha costela. Pequenas coisas do dia a dia que podemos relevar. Tudo pra gente é motivo de picuinha, de trocar farpas. Amizades frágeis. Vou citar só um motivo para dizer que sou feliz. Numa corrida de milhões de espermatozóides, eu fui o ganhador, o escolhido, e o prêmio é a vida. Como todo mundo, nasci, cresci, estudei, brinquei de bola, trabalhei, troquei de emprego, namorei, amei, perdi, amo de novo, fiz amor, fiz sexo, gosto de futebol, passei raivas e alegrias, tristezas também, contestei, fui contestado, ajudei, fui ajudado, enfim... vivi. Tudo isso porque num belo, num maravilhoso dia 15 de março, num ato de amor entre meus pais, num rio de lava quente, eu ganhei uma corrida no meio de milhões de espermatozóides. Isso é o grande boom da vida da gente. É o nosso Big Bang. Isso é simplesmente misterioso, mágico e acima de tudo é uma dádiva. E tinha que nascer logo um poeta. Pensando bem acho que a poesia deu um empurrãozinho.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

UM SOM PARA O MEU CORAÇÃO


( imagem sinfoniadaalma )
Eu quero um som para o meu coração.
Que me amanse, para que eu alcance
a plenitude da mais pura emoção.
Não quero farpas,
Quero a paz dos campos, chamar de amigos os pirilampos
quero som de harpas embalando meu sono.
Não quero buzinas, quero uma voz de menina
que sussurra, me alucina
e me tira do abandono.
Passarinhos na janela
me cantando que a vida é bela.
Não quero ira.
Quero toques de lira embalando cânticos
Quero dançar nas notas de violinos românticos.
Ah, quero nessa vida, só harmonia.
Se houver sinfonia quero a nona de Beethoven.
Tcham, tcham, tcham, tcham
e vem mais uma emoção
meu íntimo guarda tudo
que meus ouvidos ouvem,
por isso quero ouvir algo bom
pode ser em qualquer tom, mas que toque meu coração.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

MINHA PRIMEIRA CALÇA COMPRIDA


Sempre digo ao Jaiminho, que somos amigos de berço. A família dele foi a primeira a se mudar para o bairro, a minha foi a segunda. O bairro enorme, todo pronto, mas as casas ainda vazias. A cidade ainda não existia praticamente. A grande empresa sim. A cidade foi se formando em volta da empresa. Rapidinho veio pipocando gente de todos os lados por causa do advento da grande indústria. Éramos bebês de colo e morávamos frente a frente. Tudo isso virou uma grande amizade entre as famílias numerosas e especialmente entre nós. Jaiminho tinha um sério problema. Ia muito mal na escola. Eu, que não era tão esforçado, já estava na terceira série, ele não saía da primeira. Um dia dona Maura, sua mãe, que fisicamente ela lembra muito a Tia Nastácia do Sítio do Picapau Amarelo, me tirou no meio da sala, entre a molecada da rua que frequentava sua casa para assistir a “Pantera cor de rosa”, me puxando pela mão, me levou à cozinha. Me deu um pedaço de doce que esfriava na mesa, sentou-se e me falou. “Você é muito inteligente. E tão amiguinho do Jaiminho que é todo contrário, não quer saber de aula. Vou lhe pedir uma coisa. Ensine o Jaiminho para mim. Se ele passar de ano, no final do ano, faço uma calça para você”. Balancei a cabeça e confirmei com ela. Foi difícil controlar meu amiguinho, era bagunceiro demais,. A vida dele era brincar de birosca, finquinho e botão. E matar passarinho. Eu brigava com ele por isso, dizia o que minha mãe dizia, “quem mata passarinho tem atraso na vida”. Vislumbrando hoje, era uma cena até engraçada. Um menino ensinando outro da mesma idade. Eu dizia. “Depois a gente brinca, guarda essas biroscas, vamos estudar”. E ficava tomando a matéria dele. Ai, a taboada. Essa não encaixava. Ensinei a ele com muito custo a olhar as horas. Separar sílabas. Ele ficava nervoso porque não aprendia. Mas eu tinha paciência, afinal tinha um compromisso com a mãe dele. Isso aprendi muito com meu pai, compromisso. Nunca cuidei muito de mim mesmo ou de minhas coisas, eu também não era um primor de aluno, mas quando era para alguém eu dava o melhor de mim. Além disso, estava incentivado pela ideia de ganhar a calça. Dona Maura era uma exímia costureira, bem famosa. Me lembro até hoje, eu bolava questionário para ele responder, como se eu fosse um professorzinho. Penso hoje. Como eu tinha ideia para isso sendo tão menino? E fui gostando da ideia. Devagar fui disciplinando meu amigo. Brincadeira, só depois dos estudos e assim, ele foi se adequando. Afinal, eu era o melhor amigo dele, isso ajudava. Conclusão: Jaiminho passou de ano. Dona Maura, fez para mim uma calça tão linda, branquinha, cheia de bolsos e dentro de um deles, ainda havia uma nota de valor meio grande. E me disse. “A partir de hoje você é meu filho também. Já fica aqui o dia inteiro mesmo”. Falei só “Obrigado”. Depois completou. Você pode ser professor quando crescer. Respondi. “Quero não. Menino faz muita bagunça”. Foi com essa calça que fiz minha primeira comunhão e veio numa hora providencial, minha mãe estava sempre apertada. Muito mais que me dar uma calça, dona Maura foi grande parceira de minha mãe, principalmente quando minha mãe enviuvou. Faz tempo que não vejo Jaiminho, mora bairro distante de lá, final de semana sempre curto, mas independe disso para ir `a casa de sua mãe. E ela continua dizendo. “Você para mim é como um filho”.

terça-feira, 18 de maio de 2010

CARLOS E CARLITOS


( imagem google )
Se a flor é bela, a tristeza espanca.
Se o espinho fura o peito,
Não tem mais jeito,
a dor não estanca.
Mas não quero cultuar a tragédia,
prefiro a comédia.
Quero sair brincando como Chaplin
que zombou do grande ditador
tratando o mundo como uma bola
de chicle e de amor.
Não quero ser abutre, quero ser beija-flor.
Tristezas quero esquecê-las.
Não quero ser estrela solitária
que diz mais NÃO do que SIM
brilhando num canto qualquer
quero dançar com todas as estrelas
deitar no colo da lua, chamá-la de mulher
e que no brilho daquela rua
tenha um pouco de mim.
Com um simples ‘toquinho’ de lápis de cor
eu desenho uma aquarela.
Abro a janela de manhã e vejo uma grande tela.
O menino faz arte
porque a vida está em toda parte.
É assim que meu coração brilha...
na intensidade de Clarice, na ternura de Cecília
na paz de Lennon, na igualdade de Luther King
porque a vida é um parque, não um ringue.
Tirando as pedras como Drummond
no olhar simples de Gandhi.
Viver é magia, é muito bom...
ainda que a tristeza seja grande.

NOTAS: Fiz esse poema para as pessoas que cultuam a tragédia. Para que não façam mais isso. A vida por si só, é difícil, mas é bela. Tristezas e tragédias só as momentâneas, as naturais. Tristeza plantada e enraizada dentro de si, não. Acredito muito em autosugestão. Tratemos de tornar as coisas mais suaves.

“Caía a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto, me lembrou Carlitos”. (João Bosco / Aldir Blanc)

Charles Chaplin, o maior gênio da arte do século XX. Coloriu o mundo com seus filmes preto e branco e nos falou muito com seu cinema mudo. A imaginação é de cada um.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

BLOGAGEM COLETIVA- O QUE É MÁGICO PARA VOCÊ?




( imagem whispers.blogs.sapo.pt )
Boa perguntinha da Ná, de “Pensamentos da Ná”, que gentilmente me indicou para participar da blogagem coletiva que a Cris de “Mulher em Questão”, lançou. Essa pergunta para mim e tão fácil que acaba virando complexa. Estou maluco? Não. É que eu me fascino muito fácil. Sou volúvel, moldável, acessível. Aprendi a deixar meu coração sempre aberto, deixando as coisas boas e belas entrarem. Assim quase tudo para mim é mágico. Antes de citar a principal, vou falar de algumas que me põem brilho nos olhos. Acordar na segunda-feira para trabalhar... é mágico. Sem trabalho, não só pelo lado financeiro, o homem não vive, perde dignidade. E saber que se está empregado é muito bom. Criança sorrindo: existe algo mais belo? Criança dormindo: existe algo mais terno? Mulher grávida. Acho lindo mulher grávida. Passarinho então, adoro. Queria que pousassem na minha mão, porque na gaiola jamais teria coragem. Todos os dias acordo com canto de passarinhos, meu quintal é muito arborizado. Tem uns que pousam na minha janela, parece que vêm mesmo me acordar. Passarinho é símbolo de liberdade. Isso é muito mágico. Cachorro também gosto muito. Cachorro é símbolo de fidelidade. Outra magia, o apego do cão ao homem. Gosto de todos os animais, de flores e borboletas. Qualquer cena da natureza me fascina. Algo mais romântico que dois pombinhos se beijando no fio do poste? Algo mais lindo que uma acácia florida? Ou um ipê? Uma cachoeira? E o mar? Ah, o mar. E a lua com suas fases, como uma mulher, uma musa distante que a gente quer tocar? É mágico ver o por do sol, a aurora, fenômenos que acontecem todo dia, mas nunca de forma igual. Isso é mágico e divino. Sim, divino porque tudo isso é de Deus. O dono de toda essa magia é Deus.
Poderia enumerar um sem fim de coisas que me fascinam, mas a principal para mim... é escrever. Quando escrevo estou em êxtase de minha alma,no auge de minha essência, sem exageros parece que estou levitando. Quando escrevo parece que não estou aqui, vou a uma outra dimensão, num patamar diferente da existência humana. Escrevo com muito respeito ao dom que Deus me deu. Jamais escrevi algo que não vivenciei, que não senti. Jamais menti na minha poesia. As pessoas que convivem comigo sabem disso. “Carlos, você fala de poesia até sem querer”. A poesia me deu e me dá as maiores emoções. Com a poesia me faço entender, muito mais do que falando diretamente. A poesia fala mais de mim, do que eu mesmo. É minha forma mais explícita de dizer quem sou, o que quero, onde doi em mim. Por isso não gosto de escrever complicado, gosto de escrever simples. Para quê serve a poesia se não for para tocar os corações? As poesias são como um outro corpo que fala por mim quando meu corpo não consegue se explicar.
Bem, Ná. Respondendo sua pergunta, mágico para mim... é... ESCREVER


Vou indicar 04 pessoas para responder essa pergunta tão gostosa. Os outros por favor, não se sintam excluídos. Tenho carinho igual por todos. Até são livres para expressarem nos comentários o que os fascina


2) majoli-rabiscosdaalma.blogspot.com ( Majoli)
3) leneteixeira.blogspot.com (Irlene)
4) nasasasdacoruja.blogspot.com (Elaine )

domingo, 16 de maio de 2010

SEMANA ANOS 80- "DIAS DE LUTA"


SEMANA ANOS 80- “DIAS DE LUTA”

A banda IRA, também fazia um rock inteligente. Não sei se o nome da banda fazia referência ao grupo revolucionário irlandês, só sei que nos anos 70 esse nome não passaria pela censura. A música ‘DIAS DE LUTA”, me lembra muito, uma outra de uma banda alemã Kraftkwerk, que fazia músicas techno, com sintetizadores. Foi a primeira banda do gênero que ouvi ainda nos anos 70 . E essa música do IRA, lembra muito ela, só que com acordes de guitarra.
////////////////////////////
“Dias de luta”. E como foram. Assim era eu, um jovem, ‘passando por cima de tudo’. Tinha que ser. Atenção jovens: Não esperem dos governos, das instituições ,das autarquias e organizações. A luta tem que sempre ser sua. Tudo que a gente vai colher na velhice ou terceira idade, como queiram chamar, é na juventude que se semeia. E lembrar também que juventude não é só curtição. Eu mesclava curtição com responsabilidade. Jamais perdi um dia de trabalho, porque não sou burro. Precisava e preciso do meu trabalho. Diziam. “Você tão maluquinho e tão responsável”. Sabe quando você olha pros lados e não vê ninguém e fala para si mesmo... agora é você e você. Se vira”?. Essa foi uma solidão necessária. Dura, mas hoje sei que foi necessária. Chorei sim às vezes, nunca me envergonhei disso, mas o choro só embaçava meus olhos momentamente, pois no dia seguinte estava eu rindo de tudo, para tudo e para todos. Jamais me permiti fraquejar. Agora era só eu e eu mesmo. “Guerreiros também choram”, não diz a música? Só não podem se afogar no choro. A luta não espera. Foi meu auge de semeadura. Não colhi tudinho que semeei. Algumas sementes se perderam, mas colhi muitas e evoluí muito como gente. E tenho muito a evoluir, Evolução é um processo constante. Algumas atrasadinhas estão brotando agora. Não tenho pressa, as frutas mais difíceis são as mais saborosas. Ervas daninhas tesourei todas. Quase todas. As da inveja, da ambição, do rancor, da mesquinharia, essas sim, tesourei. Também foi bom não cortar todas. Pelo menos não me deixam acomodado. Sempre dormindo com um olho aberto. É um olho no gato, outro na sardinha. É a vida. ´’Dias de luta’...infindáveis ‘dias de luta’.
Com vocês...

DIAS DE LUTA-
IRA (Composição Edgard Scandurra)_
Só depois de muito tempo
Fui entender aquele homem
Eu queria ouvir muito
Mas ele me disse pouco...
Quando se sabe ouvir
Não precisam muitas palavras
Muito tempo eu levei
Prá entender que nada sei
Que nada sei!...
Só depois de muito tempo
Comecei a entender
Como será meu futuro
Como será o seu...
Se meu filho nem nasceu
Eu ainda sou o filho
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
Cantar depois!...
Se sou eu ainda jovem
Passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?...
Só depois de muito tempo
Comecei a refletir
Nos meus dias de paz
Nos meus dias de luta...
Se sou eu ainda jovem
Passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?...(2x)
Cantar depois!...

sábado, 15 de maio de 2010

SEMANA ANOS 80- "ANOS 80"




(IMAGENS GOOGLE )
Raul chamou os anos 80 de charrete que perdeu o condutor. Ou seja, sai de baixo que não tem comando. O Brasil com grandes dívidas, interna, externa, social, comendo nas mãos do FMI, salário de miséria, escândalos financeiros, que acabaram citadas nas músicas de RPM (Alvorada voraz), LEGIÃO URBANA ( QUE PAÍS É ESSE?), ainda houve o caso da bomba no RIO-CENTRO, num show comemorativo ao Dia do Trabalhador, num resquício de ditadura... e por aí vai. Agora podia falar. E assim, a imprensa amordaçada por duas décadas, tornava-se o quarto poder dominante no país: Executivo, Legislativo, Judiciário... e imprensa. Pelo menos esse foi sim um bom avanço. O último presidente militar saiu deixando duas pérolas. Perguntado sobre o salário mínimo, respondeu. “Se eu ganhasse salário mínimo, eu daria um tiro no ouvido”. Que bela coisa para um líder de uma nação dizer. Ainda bem que não houve um suicídio coletivo. E a outra foi essa. “Peço ao povo brasileiro que me esqueça”. Já esquecemos, senhor presidente. Já esquecemos. Uma pseudo (adoro essa palavra), pseudo abertura. Alguns coronéis ainda estavam apegados à farda e à cadeira e apesar das DIRETAS JÁ, uma ditadura meio disfarçada acontecia. Tanto que duas músicas desse mesmo disco do Raul, foram censuradas: “ALUGA-SE”, onde ele propõe alugar o Brasil de vez aos estrangeiros e eles pagam nosso mingau. Com a Amazônia funcionando como um belo jardim de quintal. E a divertida “ROCK DAS ARANHA”. Num show ao vivo já em 83, ele disse que recebeu uma cartilha contendo tipo um dicionário com as palavras proibidas em show ao vivo e uma delas era... ‘universidade’. Cadê a abertura? Abertura sem conhecimento, sem cultura, sem acessos iguais, é como criança que ganha uma bicicleta, fica deslumbrado, mas se pergunta: ‘E agora, o que faço?’. Invocaram também ( mas não censuraram) com ABRE-TE SÉSAMO. Letra que pede... se é para abrir, abra logo, sem restrições, abra por completo. Raul chegou a dizer que fez esse disco bem político para testar a abertura. As duas músicas só foram liberadas uns cinco anos depois quando Raul estava em fim de carreira e próximo de morrer . Raul, ainda gravou num outro disco, CARIMBADOR MALUCO, uma música supostamente infantil para o especial da GLOBO, só que é uma letra bem paralela ao livro de PROUDHON, um francês considerado o pai do anarquismo. Os fãs não entenderam muito e disseram que Raul havia se vendido ao sistema, participando de programas da GLOBO. Quase quebraram um ginásio em BH. Em ‘ANOS 80’, reparem que apesar da charrete não ter condutor, Raul mesmo reclamando da melancolia, da censura, da miséria programada, escondida sob o tapete, fala que há esperança e promessas de amor. Sonhos de um sonhador. Raul Seixas e Rita Lee ( a OVELHA NEGRA), ‘apanharam’ muito nos anos 70, não só da ditadura, mas do próprio meio artístico, vistos de lado, porque o chique era cantar tropicália ou bossa nova, e eles não pertenciam a nenhum desses segmentos. Foram roqueiros, na contramão da MPPB ( Música Pseudo Popular Brasileira). Como disse Rita Lee. “Roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”. Foram vanguarda de uma geração brilhante que surgiria nos anos 80.
Com vocês...

ANOS 80 ( RAUL SEIXAS/ DEDÉ CAIANO)

Hey! Anos 80!
Charrete que perdeu o condutor
Hey! Anos 80!
Melancolia e promessas de amor
Melancolia e promessas de amor...
É o juíz das 12 varas
De caniço e samburá
Dando atestado
Que o compositor errou...
Gente afirmando
Não querendo afirmar nada
Que o cantor cantou errado
E que a censura concordou
Gente afirmando
Não querendo afirmar nada
Que o cantor cantou errado
E que a censura concordou...
Hey! Anos 80!
Charrete que perdeu o condutor
Eu disse: Hey! Hey! Anos 80
Melancolia e promessas de amor
Melancolia e promessas de amor...
Hey! Abram Alas!
Ai Viem Los Anios Oitienta
Vai Mamacita, Ui!...
Hey! Anos 80!
Charrete que perdeu o condutor
Hey anos 80!
Melancolia e promessas de amor
Melancolia e promessas de amor...
Pobre país carregador
Dessa miséria dividida
Entre Ipanema
E a empregada do patrão
Varrendo lixo
Prá debaixo do tapete
Que é supostamente persa
Prá alegria do ladrão
Varrendo lixo
Prá debaixo do tapete
Que é supostamente persa
Prá alegria do ladrão...
Hey! Anos 80!
Charrete que perdeu o condutor
Eu disse: Hey! Anos 80!
Que esperança
Sonho de um sonhador!...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

SEMANA ANOS 80- "INFINITA HIGHWAY"


( imagem zastavki.com- google )
Ah, pensando assim rápido, essa é uma das minhas cinco preferidas dos anos 80. Ainda bem que Humberto Gessinger deixou de ser arquiteto, senão perderíamos belas letras como... “ um dia me disseram que as nuvens eram feitas de algodão”. E...”pra ser sincero não espero de você, mais do que educação, beijo sem paixão, crime sem castigo, aperto de mão, apenas bons amigos. Nós temos os mesmos defeitos, sabemos tudo a nosso respeito...”. “Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”. São muitos sucessos sempre com letras inteligentíssimas.

A gente não percebe ou não tem tempo de pensar que a vida da gente é uma verdadeira “infinita highway”. Talvez a gente não percebe porque a própria estrada não permite, não dá tempo. É uma saga. É um martelar. É uma água mole em pedra dura. É uma teimosia. Tem alegrias, tristezas, recomeço, contas a pagar, despedidas e chegadas, mais despedidas que chegadas, amor perdido, amor encontrado, amor proibido, amor que não era amor, fantasmas, anjos, sonhos, pesadelos, barreiras ofuscando, gente nascendo, morte de ente querido, emprego, desemprego, menino pensando que é homem, homem pensando que é menino, passarinho querendo voar, passarinho ferido, jardins, desertos. Ah, essa infinita highway é dura. Mas é a única que temos. Só nos resta tentar torná-la mais branda. Não precisamos passar na frente dos outros. Isso não pode ser visto como uma concorrência. É apenas a estrada da vida. Não ganha quem chega primeiro, ganha quem a vive melhor. Pra quê ser pole position se ela nem tem linha de chegada? Ela é a infinita highway. Minha bagagem é pesada, não tem problema, fui eu mesmo quem fiz. Levo na bagagem, esperança, amor, amizade, fé, retidão, perdão, abraços... e a minha poesia. Vez em quando jogo umas sementinhas às margens, ainda que eu mesmo não possa colher as flores e frutos, porque a infinita highway não espera. Pelo menos quem vem atrás pode dizer. “Passou alguém bom por aqui e deixou essa estrada florida”. E assim eu estarei com minha consciência tranquila, deitado numa nuvem branca, descansando no horizonte dessa infinita highway.
Com vocês...

INFINITA HIGHWAY ( HUMBERTO GESSINGER )
Você me faz correr demais os riscos desta highway
Você me faz correr atrás do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos, nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos, nós estamos vivos e é tudo
É sobretudo a lei
Dessa infinita highway
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo dessa estrada
Olhe só, veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E à noite eu acordava banhado em suor
Não queremos lembrar o que esquecemos, nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos, não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway
Escute, garota, o vento canta uma canção
Dessas que uma banda nunca toca sem razão
Me diga, garota: será a está numa prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
"Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre"
Se tanta gente vive sem ter como comer
Estamos sós e nenhum de nós sabe onde vai parar
Estamos vivos, sem motivos
Que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte dessa highway
Silenciosa highway
Eu vejo um horizonte trêmulo, eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
"não corra, não morra, não fume"
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes
Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato:
Você desliga o telefone se eu ficar um pé no saco
Eu posso ser um Beatle, um beatnik, ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um pacto
De não usar a highway pra causar impacto
Cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta
Só prá ver até quando o motor aguenta
Na boca, em vez de um beijo, um chiclet de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway

SEMANA ANOS 80- "O ÚLTIMO ROMÂNTICO"


( imagem fotosearch )
Lembram de uma postagem da semana passada, onde falo ‘não sou último romântico’? Sim, eu estava acreditando que era. Felizmente anos depois, descobri que não. Do Lulu Santos, prefiro TEMPOS MODERNOS, onde fala que temos que ter habilidade pra dizer mais sim do que não, sem o muro da hipocrisia, com mais gente sincera, com direitos a todos, do firmamento ao chão. E que a gente deve se permitir. É uma música bem filosófica, embora não seja o propósito da carreira do Lulu. Ele é mais um baladeiro romântico e faz isso muito bem. E a música tem uns toques de guitarra muito bons, um arranjo muito bem feito
///////////////////////////////////
A música de hoje sugere uma boa rebeldia, andar por aí despreocupado, que é tolice viver a vida sem aventura, sem brincar, sem amar. Andar nas ruas num passeio público, mas com autenticidade, sem ferir sua essência e sua integridade emocional. Porém não deixa de unir lados diferentes, um lado mais rico, outro menos rico, como zona norte e zona sul, assim definidos nas grandes cidades. Todo mundo num caminho só. O passeio tem que ser público. Cada um na sua, mas o passeio é público. “Ser gente grande pra poder chorar”. Pensando bem, gente grande pra chorar, tem que ter coragem. Não é para qualquer um. “Parece que esse cara fez essa música para mim ”, eu dizia. Parece que o Lulu Santos ficou me observando e compôs a música, pois era assim que eu vivia. Gostava do jeito aventureiro dessa balada.
////////////////////////////////////
O Último Romântico (Lulu Santos, Antônio Cícero e Sérgio Souza)
Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre
O meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só
Único
Talvez eu seja o último romântico
dos litorais desse Oceano Atlântico...
Só falta reunir
A zona norte à zona sul
Iluminar a vida
Já que a morte cai do azul...
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande
Prá poder chorar...
Me dá um beijo, então
Aperta a minha mão
Tolice é viver a vida
Assim, sem aventura...
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor não ter razão...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

MEU BLOG EM PANE

ATENÇÃO. MEU BLOG EM PANE. POR ISSO NÃO ESTOU RESPONDENDO,NEM COMENTANDO NOS DOS AMIGOS. ABRAÇOS

SEMANA ANOS 80- "COMO EU QUERO"


( imagem ricksbook- google )
Todo grande movimento musical, assim como tem um líder que se destaca entre os demais, também tem uma, o que se chama de “namoradinha de todos”. Todos os rapazes a desejam, a acham bonita, acaba sendo a diva do movimento. É o caso de Paula Toller, como se fosse a Wanderléia da Jovem Guarda. Até eu que sou mais bobo, a achava uma princesa, além de afinadíssima. Porque ser bonita sem talento também não adianta. E ela canta ”COMO EU QUERO”, com muita ternura. A vida da gente, principalmente quando jovem,é embalada por música. Uma verdadeira trilha sonora. Tinha uma namorada que adorava essa música e cantava para mim, puxando minha orelha, tipo com raiva. Ela dizia que eu aprontava. Eu só era um molecão. Um rebelde do bem. Eu trabalhava no balcão do aeroporto, ela na cantina. O rádio ligado na am, as caixinhas de som espalhadas pelo prédio, anunciavam. “De Zezé para Carlos. De Kid Abelha ‘Como eu quero’. Aquilo para mim era tudo. Ela ligava do orelhão pregado na parede. E era quase todo dia. Um dia o locutor até falou. “Já sei. ‘Como eu quero’ para Carlos Soares”. Um dia ela me disse algo que nunca esqueci. “Eu vou mudar você, mesmo não sendo para mim”. Não sei por que motivo as mulheres estão sempre tentando mudar a gente. Será que é o instinto maternal que habita em todas elas? Será que Freud explica? Não sei.Talvez a Luciana do Afrodite explique. Vou perguntar a ela. Respondi. “Que bom que gosta de mim, fico feliz. Mas não queira me mudar. Goste de mim como eu sou. Eu estou apenas vivendo. Olhe para mim e veja como sou feliz. Adianta mudar pra ser infeliz? Tenho dentro de mim grandes segredos, grandes tesouros e defeitos. Não me vanglorio de minhas qualidades, mas também não me penitencio por meus defeitos. Eu sou o que sou. Cada vez que tentei ser diferente do que sou, eu sofri. Desculpe, estou escaldado com algumas coisas. Tente me amar assim e você vai ser muito feliz, porque quando estou feliz, eu faço com que quem está do meu lado também esteja. E quando estou infeliz, eu não sou útil". Tadinha, ela tentou sim, mas desistiu. Eu não queria saber de namorada, estava com raiva do amor, acho que bloqueei e parecia que todas as mulheres do mundo tinham culpa, embora não tenha tratado mal uma só delas. Apenas não queria. Se alguma me dava bola, fingia que não era comigo. Fazia o estilo doidinho para que não se interessassem por mim. Acabava acontecendo o contrário. Também não foi nada traumático, acabamos amigos. Eu até ajudava nos trabalhos de escola do supletivo que ela fazia. Só nunca esqueci ela cantando me olhando de pertinho. “...longe do meu domínio cê vai de mal a pior, vem que eu te ensino como ser bem melhor.o que você precisa é de um retoque total...”. Com vocês...

Para Carlos Soares
///////////////////////////////////////////////////////////////////////////
COMO EU QUERO ( LEONI/ PAULA TOLLER)


Diz pra eu ficar muda faz cara de mistério
Tira essa bermuda que eu quero você sério
Tramas do sucesso mundo particular
Solos de guitarra não vão me conquistar

:
Uuuuu! Eu quero você como eu quero

O que você precisa é de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho em arte final
Agora não tem jeito "cê" tá numa cilada
É cada um por si você por mim e mais nada


Uuuuu! Eu quero você como eu quero

Longe do meu domínio "cê" vai de mal a pior
Vem que eu te ensino como ser bem melhor


Uuuuu! Eu quero você como eu quero

terça-feira, 11 de maio de 2010

SEMANA ANOS 80- "TEMPO PERDIDO"


( imagem agenciaoglobo.com.br )
Hoje tive que inverter, essa postagem não era para hoje. Postando hoje mais para homenagear o amigo Everson, que tenho certeza, está inquieto esperando. Não gosto de falar de um artista citando uma música apenas, quando este tem uma obra grande. Nem sei bem falar de Renato Russo, acho que ninguém sabe por mais que se tente. Era um cara complexo. O que não se discute é sua genialidade, sua sensibilidade aflorada e seu bom coração. Sim. A gente percebe nas músicas que tinha um bom coração. Mas era um cara muito triste e acho que isso não fez bem a ele. Era como se algo o tivesse incomodando o tempo todo. Como outros grandes, morreu cedo demais.
////////////////
Márcio se deliciava com “EDUARDO E MÔNICA”, justamente porque era idêntico ao namoro dele com a minha também amiga, Soninha. Ela era minha amiga antes dele. Ela já terminando a faculdade e ele ainda agarrado no primeiro ano. É justamente isso que a música fala, de um casal de apaixonados, diferentes, mas que não se largam. E o pior é que o filhinho do Eduardo atrapalhou que viajassem nas férias, porque ficou de recuperação. Puxou ao pai rs rs. Eu cantava a música trocando os nomes. Soninha não gostava muito, brigava comigo, porque Márcio estava incorporando o Eduardo demais. Saudades do meu bom amigo Márcio. Quando precisei, estava comigo. Não vi mais. Não a vi mais também, pelo menos vez em quando tenho notícias dela. Eu, particularmente prefiro TEMPO PERDIDO, que me lembra outro amigo: Álvaro, que todos chamavam de gordo. Eu morava com dois amigos num barracão. Esse barracão era parede meia e do outro lado morava esse Álvaro, que fazia pasteis pra vender. A gente comia pastel o dia todo nos finais de semana. Nunca mais comi pastel, acho que enjoei rs rs. Sobre a música, a letra é muito bonita, tem uma melancolia embutida como em quase todas as músicas do Renato, mas também manda levantar a cabeça, afinal somos tão jovens, e tempo passado é tempo passado, temos muito pela frente, porque somos jovens e temos que fazer nosso próprio tempo, que não está tudo perdido. Mas nunca esperar que as coisas venham de bandeja. Na interpretação, Renato Russo alterna momentos de tristeza e astral na própria entonação de voz, começa cantando de forma triste, e no final grita como roqueiro, com raiva. Assim como a geração pós guerra, a geração pós ditadura, não sabia muito bem aonde ir e precisava de um líder. Mesmo que ele o próprio não tenha tido esse propósito. Alguns líderes nascem líderes. Ainda que sejam tão carentes como seus seguidores

Lembro quando Álvaro me disse. “Estou sabendo que você quer ir embora. Caramba, vai não. Você é o único cara que me chama pelo nome. Para todos, eu sou só o gordo”. De fato, nunca chamei as pessoas por apelidos. Respondi. “Ainda não sei se vou e nem para onde vou”. Concluiu. “Então dedico essa música para você, o único cara que me chama de Álvaro”. E repetia a música dezenas de vezes, cantando de olhos fechados, com suas bochechas gordas. “não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas... então me abraça forte e diz mais uma vez que não estamos distantes de tudo”). Foi meu penúltimo ano na cidade antes de partir, não para buscar o tempo perdido, mas para fazer meu próprio tempo. Fazia-se necessário. Com vocês....

TEMPO PERDIDO ( RENATO RUSSO )

Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.

Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia
"Sempre em frente,
Não temos tempo a perder".

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem,
selvagem;
selvagem.

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo.

Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.

Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens,
tão jovens,
tão jovens.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SEMANA ANOS 80- "MENINA VENENO"


( imagem amorepaixao.com.br )
Sei que vou cometer algumas injustiças, pois uma semana é pequena para falar de tanta música boa. Por isso vou postar as canções em que estive diretamente ligado. Claro, sem falar de mim não tem graça, né? rs rs
/////////////////////////////////////////////////////
O rock é mesmo um ritmo imortal. Esteve e está diretamente ligado às mudanças sociais de uma época. Ora, ele mesmo provocando essas mudanças, ora ele como consequência. Foi assim nos anos 50, a geração pós guerra. A juventude transviada seguindo os passos de James Dean, o primeiro grande galã rebelde do cinema e embalada pelos quadris de Elvis e por muitos outros grandes da época. Foi assim também com as gerações 60/70, praticamente uma só, a geração hippie, geração paz e amor, geração Woodstock, quando grandes ditaduras imperavam no mundo, inclusive no Brasil. E a geração anos 80, geração coca-cola que Renato Russo assim definiu. Não sei se ele estava elogiando ou ironizando, pois além de grande poeta, tinha seus momentos de sarcasmo roqueiro. Roqueiro sem sarcasmo acho que não existe. Não sei se concordo muito com ele, claro se eu não estiver interpretando errado, pois essa denominação geração coca-cola, sugere como sendo uma geração sem atitudes. Se for isso, não concordo. Pois ele próprio tinha muita atitude e os
outros também. Talvez Renato estivesse achando que aquilo era pouco e estava pedindo ainda mais atitude. Podia até ser geração coca-cola, mas eu e minha turma éramos a geração porradinha. A gente misturava vodka com soda limonada, tapava com a mão e agitava bastante o copo e batia na coxa. Tinha que tomar rápido para não molhar a roupa, porque ficava efervescente. Só não usava aquelas calças apertadas a la Michael Jackson e John Travolta, embora gostasse deles. Não gosto de nada me prendendo. Era sempre uma calça jeans, uma camisa larga, um tênis velho. Também não usava gel ou brilhantina, era só cabelo ouriçado, às vezes nem penteava, quase sempre cobrindo os olhos, só para alguma amiguinha boazinha dizer. “Corta essa franjinha, Carlos. Deve mostrar mais seus olhos que são bonitos”. E eu responder na maior metideza, mas brincando, claro. “Não mostro meus olhos para vocês não se apaixonarem. Não tenho culpa se minha mãe me passava açúcar em vez de talco”. Quase sempre eu levava um tapa. “Ah, vai tomar banho, Carlos”.
A geração 80, a geração pós ditadura, eu prefiro chamar assim ,estava doida pra cantar e foi beneficiada pela abertura política por volta de 1980. Apareceu muita gente boa. Hoje escolhi MENINA VENENO. Acho que foi a música mais tocada daquela década. Ritchie fez muitas músicas boas. MENINA VENENO tem uma melodia agradável , um ritmo gostoso para se dançar em grupinho, todos fazendo mesmo passinho. Fiz muito isso. Eu escolhia qualquer menina no salão, apontava o dedo cantando “menina veneno você tem um jeito sereno de ser, e toda noite no meu quarto vem me entorpecer.... em toda cama que eu durmo só dá você, só dá você iê iê iê ...”. Acho essa frase linda. Era a nova explosão do rock nacional. Com vocês...


MENINA VENENO ( RITCHIE/ BERNARDO VILHENA)

Meia noite no meu quarto, ela vai subir
Eu ouço passos na escada, vejo a porta abrir
O abajur cor de carne, um lençol azul
Cortinas de seda, o seu corpo nu

Menina veneno, o mundo é pequeno demais prá nós dois
Em toda cama que eu durmo só dá você...
Seus olhos verdes no espelho brilham para mim
Seu corpo inteiro é um prazer do princípio ao fim
Sozinho no meu quarto eu acordo sem você
Fico falando prás paredes até anoitecer
Menina veneno, você tem um jeito sereno de ser
E toda noite no meu quarto vem me entorpecer...

Menina veneno, o mundo é pequeno demais prá nós dois
Em toda cama que eu durmo só dá você...

Meia-noite no meu quarto ela vai subir
Eu ouço passos na escada, eu vejo a porta abrir
Você vem não sei de onde, eu sei, vem me amar
Eu nem sei qual o seu nome mas nem preciso chamar

Menina veneno, você tem um jeito sereno de ser
e toda noite no meu quarto vem me entorpecer...
Menina veneno...
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
AMANHÃ TEM MAIS, AMIGOS. UM ABRAÇO AMPLO, GERAL E IRRESTRITO

domingo, 9 de maio de 2010

ENSINAMENTOS DE UMA MÃE


Não sei como eu e minha mãe ficamos sozinhos naquele dia, a casa era sempre cheia de gente, família numerosa. Pelo menos quase sozinhos. Havia ainda duas irmãs abaixo de mim quase bebês. Meu pai estava trabalhando. Pensando bem, ao longo da vida, em algum momento especial, o acaso tratava de por eu e minha mãe em situações particulares, intensas, importantes. Até mesmo no dia de sua despedida, em meio à tanta gente, num dado momento ficamos a sós na calçada. Seu semblante preocupado, mesmo sabendo de minha auto suficiência, na verdade, pseudo autosuficiência, eu não imaginava que não estava assim tão preparado para viver sozinho. Passei uma lacuna de minha vida no ostracismo, na obscuridade, que eu chamo de minha fase cinza. Se ela me via como amparo dela, não sabia que ainda era meu amparo também, mesmo já sendo tão grande. Uma mãe sabe onde seu filho tem fragilidade, a galinha quer todos os pintinhos debaixo das asas, mas eles também precisam ciscar sozinhos.Tranquilizei-a. “Calma, mãe. Sei me virar. Cuide da senhora”. Eu também estava tranquilo, ela ia morar perto de outra irmã, essa sim, bem autosuficiente, inclusive financeiramente e muito cuidadosa com ela também.
O tempo já anunciava chuva. Eu ajudando minha mãe pegando roupas no varal. “Esse vento vindo desse lado é chuva na certa”. Eu pensava, minha mãe mal sabia ler e sabia disso. Hoje eu também sei, por meios técnicos. Aí está a diferença de conhecimento e sabedoria. Não demorou e o céu escureceu completamente, parecia noite. Começaram ventos de rajada de todos os lados. Trovões escandalosos, parecia que o céu estava trincando, sacudindo, como se fosse cair. Relâmpagos terríveis fotografavam meu rostinho assustado. Ventos gemiam nos telhados, dobravam árvores, levantavam nuvens enormes de poeira e lixo. Talvez meu olhar de criança tenha dado maior dimensão ao cenário, mas que estava feio, estava. Minha mãe , desligando tomadas. “Creio em Deus pai Todo Poderoso”, quando olhou para fora e viu um céu assustador, cada vez mais negro, de nuvens baixas, anunciando um dilúvio. Foi a primeira chuva de gelo que vi. Fechou a última janela e ajoelhou-se perante um oratório que ficava na quina do canto da sala. Eu não ajoelhei. Fiquei atrás com a mão no ombro dela. Tampouco fechei os olhos, queria ver a força com que minha mãe rezava. Comecei a me sentir seguro. Minha mãe estava rezando por nós e isso me bastava. Minha mãe não deixaria nada de ruim me acontecer. Passados minutos, a chuva, coincidentemente parou. Perguntei. “Mãe, a chuva parou por que a senhora rezou?”. E ela. “Claro que não, meu filho. Quem sou eu. Não me atrevo a pedir essas coisas a Deus. A chuva parou porque Ele quis. O poder é Dele. Eu só estava reverenciando as coisas de Deus. Só estava dizendo a Ele, que respeito as coisas Dele. A gente não vai a Deus para pedir, vai agradecer. Se a gente viver como Ele manda, não precisamos pedir nada. E se Ele quiser, acaba tudo com um minuto. Só que Ele é bom e não acaba, principalmente por causa dos inocentes (crianças)”. Eu, sempre curioso e nunca muito contente com todas as respostas, insinuei. “Mas e se Ele quis parar a chuva porque a senhora rezou? A senhora fala que Ele ouve todo mundo”. Ela concordou, olhando rapidamente para o oratório e também para o céu. “É... quem sabe Ele ouviu essa velha”. Aprendi em minutos, sobre o que é a fé e a respeitar as coisas de Deus. Amo o sol, amo a lua, os animais, adoro a chuva. Dali a pouco eu estava no meio da meninada brincando de jogar gelo no outro. Foi a última vez que tive medo de trovoada.

sábado, 8 de maio de 2010

A BELEZA É SIMPLES- JO(ANNE)INHA CLIK CLIK


( imagem google )
vNão sei se posso dizer que é uma homenagem. Pelo menos é uma referência que quero fazer à Anne Lieri. Excelente educadora e aliado a isso, grande poeta. Anne me lembra muito minha infância e minha gostosa relação com as professoras por causa de seu estilo nas poesias infantis. Leva às crianças à fantasia com leitura leve,divertida que atrai e faz com que as crianças gostem de ler. Eu me lembro muito bem de mim, ainda bem pequeno. Maravilhado com Monteiro Lobato principalmente, Cecíilia Meireles, Lúcia Casassanta, enfim o mundo mágico da ciranda, das estorinhas infantis, das mil e uma noites, de Alice, Pequeno Polegar e tenho certeza que isso contribuiu muito para minha formação de personalidade. Sou adulto, mais de 40, tenho trabalho, responsabilidades, como todos, mas me permito não crescer tanto. Portanto sempre que vejo um professor(a) fazendo bom trabalho eu reverencio mesmo. Logo abaixo conto um fato interessante acontecido comigo já adulto. Eu exagero um pouco no poema, mas é real. Eu olhando para uma parede branquinha, recém pintada e comecei a falar “que coisa linda,que maravilha de obra prima”. Todo mundo zombou de mim, mas eu não estava nem aí. Conheçam o desfecho. Logo abaixo, o poema gostoso de Anne Lieri, a menina voadora. Até o pseudônimo dela é bonito

A BELEZA É SIMPLES

Veja que coisa linda!
Esses traços.
E essas cores? Tão bem definidas.
Como pôde alguém fazer algo tão perfeito?
Impressionante! Que profundidade!
De qualquer ângulo que se vê nos traz uma paz... a paz na forma mais simples.
Muito singelo!
Ah, que vontade de pegar!
Ponto máximo da perfeição.
Beleza irretocável!
- O que você está vendo aí nessa parede, Carlos? Algum Picasso, algum Da Vinci?
- Não. Estou contemplando nessa parede branca o agradável contraste... de uma joaninha.
O bichinho mais simpático da natureza.
////////

JOANINHA CLIC CLIC ( ANNE LIERI )

A joaninha faz clic clic
Com a sua maquininha!
Fotografa o piquenique,
Ela é mesmo danadinha!
Um clic lá no jardim,
Um clic andando na rua,
Revela um belo jasmim
Ganha piscada da lua!
Um clic pelo parquinho,
Um outro pelo quintal,
Lá estão os menininhos
E a roupa no varal!
A joaninha com alegria
Fotografa o ribeirão!
Depois o nascer do dia
E a paz de seu coração!
Numa foto amorosa
Junta suas amiguinhas!
De bolinhas cor de rosa,
Ao lado de formiguinhas!
Clica clica sem parar,
O olhar dessa mocinha!
Sua foto é de arrasar!
Como é linda a joaninha!

PARABÉNS, ANNE. BEIJOS

sexta-feira, 7 de maio de 2010

QUANDO EU PENETRAR


Quando eu penetrar na sua vida de vez
vai se sentir possuída, envolvida.
em louca lucidez.
Estarei devidamente encaixado, teso,
coeso aos seus prazeres
aceso aos seus dizeres.
Vou olhar no seu olhar tão vivo
estarei com ele ativo
num tobogã de subidas e descidas
de variações de sensações.
Uma montanha russa de vibrações.
Quando eu penetrar na sua vida de vez
vamos atingir asensato é não amar.
E quando o topo da montanha russa chegar,
juntos, a gente desce... e recomeça... e faz tudo outra vez
Na mais pura lucidez... a lucidez de quem sabe gozar...
gozar a vida
fazer de quatro paredes nossa prisão preferida.
Você vai gostar,
vai ser muito bom quando eu penetrar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

DONA MARIA PRETA


( imagem i1.trekearth.com )
Era assim chamada porque na outra esquina tinha a Dona Maria branca. Dona Maria Preta, era mulher brava, dura, séria, sistemática, sofrida, compenetrada. Talvez pelas imposições da vida, essas coisas de pele, complexos, etc, encarava qualquer um, apesar de nunca ter tido visto briga ou discussão dela com alguém, acho que as pessoas já evitavam também. A vizinhança era boa. E ela tinha também as suas amizades, só não se podia esperar ela sorrindo solta nas ruas.
Nós meninos, éramos donos da rua, jogávamos bola o dia todo, até umas 10h da noite. Era só chegar da escola. Era preciso as mães virem com varas na mão, senão a maioria não tomava nem banho, agarrados com a “maldita bola”, segundo dizia Dona Maria preta. Eu mesmo deixava de jantar, já que não podia correr de barriga cheia.Claro, no fundo eu sabia que mamãezinha depois do banho faria uma vitamina de abacate com leite e biscoito ou um café com leite. Mas quem comia sempre mal acho que era dona Maria. Isso mesmo. Ela detestava aquela tremenda gritaria na esquina. E berrava lá de dentro. "Esses pestes não tem mãe, não?”. “Essa cambada não para nem com chuva...”. Mal sabia ela que justamente com chuva a gente gostava mais. Era só o céu escurecer que saíamos chamando uns aos outros.”Vai chover, vai chover... vamos jogar”. Mas enquanto era só gritaria, ainda passava, mas e quando a bola caía no seu quintal? Podia esperar xingamentos dobrados e uma bola despedaçada de faca, e ela gritando lá de dentro: “Toma sua bola, chuta agora...” “Um dia vou sumir desse lugar”, depois de jogá-la por cima do muro. Ficávamos tristes, desolados. Alguns xingavam de volta. Enfim...de onde saía, eu não sei, mas no outro dia aparecia outra bola. Porém o ponto máximo de tudo isso, foi no dia em que a bola, por um desses azares incríveis, mas também engraçados, em que um pé torto chutou a bola por cima do muro, e ela caiu exatamente dentro do prato de comida dela. Ai, meu Deus! Foi menino correndo para todo lado. E ela, esbravejando, xingando cada nome cabeludo. Alguns meninos correndo, riam fazendo zoeira com ela, irritando-a ainda mais. Uns corriam por medo, mas ainda assim com respeito. Eu estava entre estes, só não dava para parar de jogar bola. E nesse dia, talvez tenha sido uma das piores experiências de minha infância. Correndo atrás de um ou de outro, ela acabou me encurralando num muro. "Agora estou perdido”, pensei. E chorando, gritei minha mãe várias vezes, achando que ela ia me bater. Felizmente, ela só xingou: “Seus capetas, vocês não têm educação não?”, com a bola partida ao meio e suja de feijão, na mão. "Vou lá agora falar com sua mãe”. Claro que não fui em casa nas próximas horas para não tomar uma surra, também nem sei se ela foi lá. E se foi, minha mãe também não era muito de bater. O tempo passou, como tem de passar no grande ciclo da vida. Muitos anos depois, numa de minhas visitas à Ipatinga, tive idéia de ir à casa dela. Não estava com o lenço costumeiro na cabeça, assim pude ver como seus cabelos ficaram brancos. Já está velhinha, a ponto de quase não me reconhecer, se não fosse o marido, velho também, porém mais lúcido, dizer:  "É o Carlos, da dona Sebastiana, do” seu “Glicério. Morava na terceira casa”. Aí sim, ela se lembrou:  “Nossa, menino! Estou pensando que o tempo só passou para mim. A gente não imagina que as crianças crescem. Quantos anos você tem?”. Respondi:  "34". E claro, que no meio de vários assuntos, não podia deixar de tocar num que jamais esqueci. “Puxa dona Maria, a senhora lembra da raiva que  fazíamos na senhora com aquele jogo de bola? Quantas bolas será que a senhora furou?” E ela rindo respondeu:  “Ihhh... nem faço ideia”. E emendei: “O pior dia foi quando a bola caiu no prato da senhora.” E ela puxando pela memória, disse: ”Naquele dia eu pensei que ia morrer de tanta raiva. Eu correndo feito louca na rua e a molecada correndo, zombando. Lembro que cerquei um no muro que o bichinho ficou até branco”. Eu ri e disse: “Era eu”. E ela balançou a cabeça: “Você?... mas eu não ia bater não. Tá doido, bater em filho dos outros?”. Depois de uns trinta segundos interrompi o silêncio. “Acho que cada um de nós devia vir aqui e pedir desculpas à senhora. Mas ela solenemente, com a mão no meu ombro, enxugando os olhos, respondeu. “Menino bobo! Eu era uma tola. Você sabe que agora eu sinto é falta daquilo tudo? Saudade daquela gritaria. Essa rua acabou, não tem mais graça”.

Por isso eu escrevi, ‘nunca mais aquela rua, de jogo de bola na esquina, de botões na calçada...’. Saudades da rua Vital Brasil.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O JUIZ ERA NOSSO


( imagem thumbs.dreamstime.com )
Estive com Amarildo há uns meses e ficamos recordando fatos da infância.O bairro, por ser grande era dividido em norte, sul, leste e oeste. Eu morava no oeste. Por essa divisão, foi criada certa rivalidade entre os bairros, principalmente sobre futebol. O time do norte era muito bom, não sei quantos jogos, mas tinha tempo que não ganhávamos deles. Coisa rara. E quando perdíamos, eram de 3x0, 4x1, 5x2. Um dia fizemos um pacto. “Hoje vamos ganhar daqueles caras”. O jogo seria no nosso campinho. Os personagens desse caso: Eu, claro. Em todas. Amarildo, era craque das embaixadinhas. Paras algumas mulheres que talvez não saibam, embaixadinha consiste em controlar a bola no pé, dando chutinhos com ela no ar, e ele era muito bom. Juntávamos uns quatro contra ele e ainda perdíamos na somatória. O pai senhor Geraldo, ex juiz do futebol amador da cidade. Roberto, goleiro, um pouco maior que nós, mais velho uns dois anos. Roberto era de confusão, brigão, vivíamos em pé de briga, pois eu não o deixava roubar em qualquer jogo, seja entre nós ou contra bairros, seja no campo, no botão, ou na birosca. Enfim o jogo. O jogo começou com tudo, a gente sempre começava bem, mas quase sempre era ilusão, depois a coisa desandava. Ganhávamos de 2x0 quando acabou o primeiro tempo. Roberto, nos mostrou um canivetinho e disse. “Quando chutarem pro gol, vou cair com a bola e furá-la. Assim acaba o jogo e a gente ganha.”. Fui logo contra. “Nada disso. Vamos ganhar deles na moral, na raça. Ou perder, mas jogando.Trapaça sou contra”. Só uns três ficaram a meu favor. Roberto, nervoso comigo, não entrei em atrito, ele era muito grande, mas no fundo fiquei convicto. Começou o segundo tempo e eles vieram com tudo. Logo, logo fizeram um gol. Na primeira oportunidade que teve, Roberto caiu com a bola e já levantou com ela furada. “A bola furou”. “Acabou o jogo, ganhamos”, gritaram quase todos, felizes. Ficou uma breve euforia. Até que falei pro juiz. “O jogo não acabou. Eu tenho uma bola e vou buscar... se o senhor e o time deles esperarem”. Pra quê fui dizer isso. Vieram todos a mim. “Você está maluco? A gente vai perder se continuar. É nossa chance”. Não quis nem saber. Corri até em casa, que ficava a uns dois quarteirões e peguei minha bola, que mais alisava que chutava, de dó, afinal, tinha comprado vendendo picolé. Conclusão: ganhamos o jogo de 5x2 e ainda fiz o último gol. Impedido, estava debaixo da trave é verdade, mas no 4x2 já estava no final e não teriam mais tempo de reagir. O importante é que devolvemos a goleada sofrida no campo deles no domingo anterior. Senhor Geraldo resolveu servir refrigerantes,no grande terreiro de sua casa. Quando eu tirava onda do meu gol, ele interrompeu. “Impedido, né? Eu podia anular, mas você merecia um golzinho pela sua atitude”. Ainda bem que o juiz era nosso. Roberto não dando o braço a torcer, disse. “Ah,Carlos... se a gente perdesse”. Respondi. “Não existe o ‘se’ na vida da gente. Existe o “É ou não É”. O fato é que nós ganhamos. O ‘se’ é suposição”. Roberto hoje, dos EUA foi para Austrália e seu passatempo favorito é andar de jipão nas areias beira-mar. Sabe curtir. Dizem que de vez em quando ele pergunta. “E o Carlos, continua gente fina daquele jeito?”.

terça-feira, 4 de maio de 2010

EU NÃO SOU O ÚLTIMO ROMÂNTICO DO MUNDO


Há tempos venho tentando fazer esse texto. Vocês sabem, tem dia que não sai mesmo. Hoje na madrugada ele saiu. Já ouvi várias vezes a expressão: “O último romântico do mundo”. É até uma expressão lírica, bonita, dosada de um pouco de tristeza. Ou muito. Já pensou você ser o último romântico do mundo? Ter amor e não ter a quem passar? Já vi em títulos ou trechos de música. Já vi em títulos de filme. E até de blogs. Até eu mesmo já me intitulei “o último romântico do mundo”. Mas eu falava isso com tristeza. Desculpem eu ter que repetir trechos de postagens passadas, mas faz-se necessário. Há muito tempo fui apresentado como poeta à uma garota e ela disse. “Poeta? Que legal. Ainda existem poetas?”. Ela não fez por mal, mas me doeu. Respondi todo sem graça. “Existe sim. Olha eu aqui”. E ela. “Nunca tinha visto um poeta. Pensava que se limitava aos dos livros, os antigos”. Fiquei com aquela sensação de estar praticando poesia sozinho. Pensei depois. “Realmente, cadê os outros poetas?”. Eu era muito jovem e não via a poesia espalhada, não havia tanta divulgação como hoje com o grande e sensacional fenômeno que é a internet. Eu adoro a internet. Então na época fiquei pensando: “Será que sou o último romântico do mundo?”. Será que sou o último amante à moda antiga? Pôxa, que coisa mais triste”. Quando percebi na net uma poderosa ferramenta e melhor ainda se usada para o bem, comecei a acessar sites, comunidades de orkut, ver concursos literários abertos, acessíveis, coisas que há 20 anos não havia, fiquei feliz e maravilhado com as possibilidades. Para se ter uma ideia, o primeiro concurso literário do qual participei, foi em 1986, por sinal me saí muito bem, eu o descobri num cantinho de jornal em letras pequenas, quase invisível a olho nu. Até comentei com uma amiga de trabalho. “Coisas de cultura eles põem bem pequeno. Como um país desse pode andar?”. Voltando aos dias de hoje, quando comecei acessar assuntos relacionados à poesia, fui vendo os rostos de pessoas, poetas como eu. Românticos como eu. Digo a vocês de coração, não sei falar a não ser com o coração, minha boca é só uma ferramenta... disse a mim mesmo quando vi um grande universo de pessoas praticando poesia: “Que bacana. Não sou o último romântico do mundo. Olha só quanta gente como eu”. Hoje, muito mais que estar feliz por isso, nem ouso dizer que sou o último romântico do mundo. Seria muita pretensão e até desrespeito com os outros românticos. Como já disse no poema OS TRILHOS, ‘não quero ser um anjo, nem um líder dessa gente. Quero apenas ser um elo, entre os elos da corrente’. Corrente do bem ( de passagem, nome de um belo filme), porque em quase dois anos e meio de blog, nunca vi um só poema ou texto, denegrindo, difamando alguém, pregando o mal. Pelo contrário vejo gente falando de amor, amizade, respeito ao próximo, preservação da natureza, enfim... o bem. Por isso posso enfatizar: Eu não sou o último romântico do mundo. Assunto encerrado!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

MATEMÁTICA DO AMOR


( imagem static.hagah.com.br )
Nosso amor não é aritmética,
mas a gente desenha cada figura geométrica.
Fazemos nossa própria ética, amamos a esmo
No nosso quarto um mais um... é um mesmo
A gente faz o ypsilon
e sente que é tudo de bom.
Depois eu faço o “U”.
Sou uma parábola no seu corpo de norte a sul
beijando em todos os ângulos
entre as curvas e o triângulo.
Nem sei se tem simetria
Mas tem sintonia, a gente se encaixa perfeito.
Nesse compasso, me aconchego em seu peito.
Não, não me chame agora de anjo, me chame de homem, chame meu nome
Anjos não têm sexo e eu sou simples, não complexo,
nem faço questão de ser côncavo ou convexo.
A gente pinta o 7, brinca de 4.
Olhando assim por esse ângulo a gente parece um “L”
emoções à flor da pele nesse retângulo que é a nossa cama...
ou será redonda, oval?
Tanto faz, não faz mal,
no nosso amor tudo se resolve.
Agora você faz “6”
Que eu vou ser o “9”.

sábado, 1 de maio de 2010

QUE PASSE A CARAVANA


( imagem google - blogdodito.com.br )
As coisas mudam.
De um momento para outro. Daqui para ali.
Hoje a caravana passa e os cães não estão nem aí.
Estou com eles. Entendo a razão deles.
A caravana às vezes passava metida, exibida.
Tudo bem, é um fato, os cães às vezes são chatos.
Mas e se eles latem apenas para pedir atenção?
Oh, caravana. Amacie seu coração.
Não se finja despercebida
Não pise nos cães só porque estão na margem
cabem todos nessa viagem... a viagem da vida.
De que adianta passar nessa velocidade
sem apreciar a beleza embutida na simplicidade?
Só tem quem a antena da sensibilidade pode ver.
Passa despercebida os olhos de quem vive a correr.
Se for assim, pra quê viver?
De que adianta um coração se não para amar?
De que adianta existir se não se pode tocar?
Sem amor tudo é inútil, fútil.
O poeta já dizia:
Quem faz barulho é carroça vazia,
eu pelo menos tenho poesia.
Com ela faço barulho silencioso aos corações.
Jogue poeira à beca,
não tenho pressa, fico com minhas emoções.
Oh, caravana. Ainda que jogue poeira em meus olhos
tenho coisas lindas a contemplar.
Por isso não crio revolta,
pois olho à minha volta
e vejo outras caravanas pra me levar.