ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A BORBOLETA AZUL


( imagem borboleteando.com.br )
Depois de uma noite insone
deitado em meu divã
mal veria chegar a manhã
não fosse a borboleta azul.
Pousou em minha janela, invadiu meu lugar
nessa doce invasão me chamou pra brincar
me convidou a dançar no horizonte azul,
a ver a vida lá fora a todo vapor.
Me chamou de amigo, me falou de amor.
me chamou de anjo, de menino, de querubim
e eu disse: quero sim.
A borboleta azul sorriu para mim. A borboleta azul gostou de mim.
No nosso passeio por aí
disse-me que não posso desistir.
- 'Põe uma coisa em seu coração, menino. E também em sua mente.
Sorrir e chorar, fazem parte do destino.
Impossível sorrir sempre,
mas é bobagem chorar eternamente'.
Propositalmente agora, a cada dia que nasce
deixo aberta minha janela, esperando a visita dela, a borboleta azul
para azular minha aurora
que pouse em minha face e me leve de novo a viver um sonho azul.
Pois sou assim, facilmente fico feliz
se me chamam de menino, de querubim... quero bis
quero sim.

terça-feira, 29 de junho de 2010

UMA CHUPETA DIFERENTE


( imagemm google )
Domingo foi um dia de ficar chocado vendo tv. Sem sombra de dúvidas foi a cena mais horrorosa, horripilante que já vi. Sem exageros, até passei mal. A cena do bebê da Indonésia viciado em cigarros. Pelo amor de Deus. Alguém precisa fazer alguma coisa. Será que não existe no mundo alguma autoridade, um órgão, como por exemplo, OMS ( ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE), para tomar providências, seja no sentido de punição aos pais por provocarem isso, sim porque alguém colocou na boca dele pela primeira vez, ou também no sentido de ajudar aquela criança que fuma mais de quarenta cigarros por dia? Será que alguém por engano, em vez de colocar chupeta na boca dele, não viu e pôs um cigarro? Claro que não. Algum filho do ....( Coisa Ruim) fez isso e as empresas de cigarro não estão nem aí. Ninguém está aí. O negócio é vender. Questiono assim a utilidade e eficácia da existência desses órgãos, como OMS, UNICEF, já que não têm assim ação tão efetiva. De repente posso estar errado e esses órgãos já estão tomando as cabíveis providências. Se for, bato palmas. Tomara ,afinal foi reportagem também no jornal THE SUN, um dos maiores do mundo, então é impossível que esses órgãos não tenham conhecimento. Antes que me detonem, porque sei que alguns amigos blogueiros são fumantes, quero dizer que não tenho nada contra eles.Pelo contrário, os vejo como vítimas da grande indústria. Quando bem pequeno, o gênero forte do cinema eram o bang bang. Quem não se lembra de Giuliano Gemma, Tony Stephen, Yul Brinner, Franco Nero, que faziam Django, Ringo, Sartana. E qual a cena mais usada? Um cigarro na boca do mocinho, chapéu quase cobrindo os olhos. Era o charme do ator. Nos filmes românticos não era diferente. A atriz linda tinha sempre uma cigarrilha na boca. Nos filmes de James Bond. E um pouco antes, James Dean, galã, símbolo da rebeldia, dirigindo em um conversível com cigarro na boca. Era a massificação do fumo. Lembro-me de duas cenas lindas. Lindas plasticamente, mas os efeitos são feios. A sillhueta de um cowboy fumando, em cima do cavalo na montanha, e atrás dele um por do sol lindo, vermelhão. O comercial termina com essa frase: "Os homens se encontram no ARIZONA", Referência ao estado americano do velho oeste e claro, inteligentemente explorada, como marca do cigarro. A outra. Um vaqueiro,com cigarro na boca,laçando um cavalo selvagem. Esse comercial termina assim. "Essa é a terra de MARLBORO". Mais uma vez, referência ao velho oeste e outra marca de cigarro. Um desses atores, não me lembro qual agora, anos mais tarde, cedeu sua imagem para ser usada nos maços de cigarro, canceroso, em leito de morte, para que servisse de alerta aos jovens. Mas a indústria é bem criativa, não é à toa que são multi trilionários. Nos anos 80, tinha uma música que gosto muito EYES OF THE TIGER, de Frank Stalonne, que acabou sendo tema da filme Rock Balboa de seu irmão Sylvester Stalonne, associando o cigarro à uma cena esportiva de esqui na neve com essa música como tema.Como se cigarro estivesse ligadode alguma forma à saúde. Bem antagônicos. Mais uma vez associando a imagem do heroi ao fumo. Rock Balboa era um heroi. Como foram Django, James Dean, Marilyn Monroe. Tudo isso, sem falar nas novelas. A novela é a maior formadora de opinião, principalmente no Brasil. Todos os galãs e mocinhas sempre fumaram nas novelas. Tinha um probleminha, estava lá, o cigarro na boca, em alguma cena marcante. E depois, o casal se beijava numa cena apaixonante. Olha, me desculpem,já namorei menina que fumava e não achava o beijo muito apaixonante não. Hoje em dia, já existem movimentos antifumo, leis que proibem a exibição nas telas, já existem campanhas educativas, mas acho um pouco tardio. Porque o cigarro já está fixado no mundo. Os pais de hoje, que eram os jovens de ontem, viciados que estão, acabam passando para os jovens de hoje. São reflexo, o espelho, o exemplo. Evidentemente, o número de novos fumantes vai diminuir em relaçao aos anos 60,70, em razão dessas proibições e campanhas educativas, que apesar de um pouco tardias, pelo menos já existem e isso é um alento. Creio que daqui uns cinquenta anos os efeitos positivos começam a aparecer. Mas existe uma outra indústria perigosa e igualmente poderosa. A da bebida. Eu tomo mesmo umas poucas cervejas e nem por isso deixo de falar. A associação da bebida à mulheres lindas, semi nuas, sempre alguém conquistando alguém e comerciais muito bem humorados. Em contrapartida, uma lei seca em vigor, que já nasceu furada. Adianta dizer no final "se for dirigir não beba", se no comercial o cara nunca bate o carro? Se no final ele sempre conquista a garota? Ele quer mais é curtir o carrão, porque carros também são associados ao amor, à aventura, à conquista. E as novelas continuam no seu papel, só que agora na bebida. Qualquer cena de conflito, o galã, vai à prateleira e toma um whysk. O mesmo com a mocinha. Tem sempre uma bebida antes da cena de sexo. Tudo isso, tanto a massificação do cigarro nos anos 60, 70, como da bebida agora, de certa forma a gente ainda tolera, porque apesar de jovens, são todos adultos, mas ver a cena de um bebê de três anos fumando, me matou, pois uma criança não tem discernimento. Friso. Foi a cena mais feia que já vi na minha vida. No meu tempo, bebê gostava de chupeta.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O DIA MAIS LINDO


imagem fotosporfavor.com )
Um sol mais brilhante que o normal
com raios resplandecentes.
Chegava a confundir os olhos da gente.
A alegria, a luz,o calor.
Era um dia de amor.

Senti a paz dentro de mim
na pele, no meu olhar,
no meu sorriso fácil,
no meu jeito de andar.

Senti carinho, ganhei beijos,
aflorei meus desejos,
deixei fluir como um rio de águas mansas.
Era um dia de esperança.
Deitei na rede, matei minha sede,
espantei a ansiedade, isolei a saudade.
Era um dia de felicidade.

Era um dia todo meu.
Tudo que eu quis pude ter.
Jamais esquecerei o dia mais lindo
que vivi com você.
Mas com a certeza que foi apenas um
que antecede os demais,
porque todos os dias serão assim...
de mim pra você, de você pra mim.
Tudo isso e muito mais.

sábado, 26 de junho de 2010

SAI DA FRENTE


(imagem zaroio.com.br)
SAI DA FRENTE!!!

Essa postagem é quase uma homenagem à Luciana do Afrodite, que voltou a todo vapor.. Se não for, pelo menos é uma referência a ela, ou mais precisamente a uma postagem recente dela. Disse a ela que discordava um pouco do seu texto e hoje explicaria porquê.
Outro dia vi uma enquete na tv muito parecido com o tema que ela escreveu. Como aturar o homem na copa do mundo, jogo dia todo, toda hora que liga a tv está lá o Gavião Bueno, Fátima Bernada, Luciano sem vale, e o Neto que é mais ranzina que meu avô. Segundo a enquete e o texto da Luciana, o homem já monopoliza a tv em dias de futebol, ainda mais agora a tão esperada Copa do Mundo. Já peço licença para discordar logo no início, pois a tv é quase toda direcionada à mulher. Tem programa de culinária e moda o dia todo em todos os canais. Novela é das 14:00h até 22:00h. Tem até um intervalinho pro jornal. Ufa, ainda bem, né? O homem se quiser ver futebol, é depois da novela. A rede que paga os jogos já faz assim. Mas a minha "raiva", não é só isso, isso até é pouco. Já falei em postagens anteriores que a mulher sempre teve participações importantes, decisivas ao longo da história, tanto para o mal como para o bem. A gente no Brasil conta a vida da gente, não pelos anos, mas pelas copas. "Na copa de 82, eu tinha X anos". "Na copa de 86, eu namorava com...". "Na copa de 90, eu estava me formando...". "Na copa de 94, tirei minha carteira". Todo mundo relaciona algo às copas. Na minha adolescência e juventude, mulher não podia dar pitaco em futebol, elas nem sabiam o que era isso. Ainda diziam. "Um monte de bobo correndo atrás de uma bola". Não podiam nem passar na frente da tv na sala. Me lembro que minhas irmãs passavam na frente na hora daquele lance de gol e eu e meus irmãos gritávamos num coro só: "SAI DA FRENTE. VOCÊ É CACO, MAS NÃO É DE VIDRO". Fora que além da cortina, colocávamos cobertores na janela e a sala ficava igual um cinema. Lembro de uma cena engraçada. Minha irmã querida, tadinha, bateu na porta, eu já fui bravo. "Que que foi? A gente está vendo o jogo". E ela. Nossa, Cal. Deixa de ser ingrato. Vim perguntar se quer um suco geladinho. Fiz agora". Meu coração cortou. Saí, dei um monte de beijinhos nela e falei. "Desculpa quero não, obrigado. Pensando bem, quero sim, deve estar uma delícia". Quando me serviu, perguntei. Quer entrar? Mas tem que ficar calada". Respondeu. "Eu? Está doido. Ficar nesse catingão de homem?"... rs rs. De fato, uma sala só de homens não cheira bem mesmo. Mas reparem na frase machista. "... mas tem que ficar calada". Porém as mulheres que nunca foram bobas, nem mesmo nos tempo remotos de maior submissão, deram um jeito de virar a coisa e acabaram tirando proveito do futebol, um esporte tão nosso... bem, pelo menos era. Ao contrário do que a Luciana e a enquete da tv disseram, a mulher não é mais coitadinha, nem fica isolada nos dias de jogos. Agora, vão para a frente da tv e ficam escolhendo os jogadores mais bonitos da copa. Tem até blog para isso. É um tal de "Cristiano Ronaldo para cá, Messi para lá". "O kaká é isso". "O Carnavaro parece ator de cinema". "Os bafanas bafanas são mais musculosos". E digo mais, se o homem passar hoje na frente da tv, são elas que gritam. SAI DA FRENTE. VOCÊ É CACO, MAS NÃO É DE VIDRO. Vê se eu aguento! E eu só vi a Shakira na abertura da copa. Pelo menos se tivesse um show dela a cada jogo, minimizava minha penúria de ver aqueles homens horrososos.

Bem, é mais uma brincadeira com a Luciana, quem sou eu para discordar dela, mas que meu texto tem um fundo de verdade, ah, isso tem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

UMA SEMANA NO CINEMA- "A CORRENTE DO BEM"


( imagem google )
Semana do cinema ou do choro rs rs? Peguem os lenços, pois esse é mais um do meu coração. O filme tem atores consagrados como kevin Spacey (professor) e Helen Hunt ( mãe do aluno), mas o destaque acaba sendo esse aluno, o ator mirim ,Haley J.Osment, o mesmo de O SEXTO SENTIDO.
Um professor, sem muitas pretensões, no primeiro dia de aula, passa aos alunos como dever de casa, que tragam no dia seguinte, uma ideia para melhorar o mundo. Um dos meninos leva muito a sério. Por isso digo que é preciso cuidado com o que se diz às crianças, pois podem elevar tudo à última dimensão. Pelo menos no caso do filme teve um efeito positivo, era para mudar o mundo. O aluno teve a ideia de criar uma corrente do bem. Cada pessoa ajuda a três pessoas, e essas três pessoas passam adiante ajudando mais três pessoas e assim por diante. Tudo isso sem esperar nada em troca, a ideia é só fazer o bem. O menino foi logo radical levando para dentro de casa um mendigo drogado, deu-lhe comida banho, etc. Claro que a mãe ficou furiosa, não era para menos, e foi ter com o professor que se mostrou tão surpreso com a dimensão que o aluno deu à ideia. O menino sentiu-se no início meio frustrado, por não conseguir tirar o homem das drogas, mas aí está a primeira lição do filme. O homem não se livrou das drogas, mas passou a corrente à frente e isso com certeza já era um bom fruto da ação lançada pelo menino. Às vezes desistimos de coisas, por não vermos resultado imediato, somos imediatistas. Paralelo a isso, o aluno, quis aproximar a mãe do professor, na busca de ter um pai. Mal tinha a mãe que era alcoólatra, trabalhava em dois empregos e assim também quase nunca podia estar presente. Ser feliz e ter uma família fazia parte de sua corrente. Essa corrente foi benéfica para o próprio professor, homem triste, introvertido, complexado que passou a ver o mundo com outros olhos ao ver a grandeza que a corrente iniciada pelo menino ganhava nacionalmente, a ponto de ir para a imprensa. Vou parar aqui de contar senão fica sem graça para quem ainda vai ver. O final, mais uma vez, não era o que eu queria. Sempre tem alguém para quebrar uma corrente do bem. E os que iniciam uma corrente do bem, acabam sendo vítimas do seu antagônico: o mal. Por quê? Porque aquele que se diz do bem, ou fraqueja ou não sabe de que lado está. Por isso, se chama corrente. Bem e mal estão sempre em choque, batendo de frente. Por isso há os mártires. E por isso, falei em postagem anterior. Tivéssemos uma postura permanente de paz, não teríamos mártires. Não diria para tanto, eu não levaria um mendigo para dentro de casa, mas a ação do menino foi bem efetiva, porque ele agiu com pureza de coração. Agíssemos com pureza de coração e grande parte das contendas não existiriam. A corrente nasce dentro da gente, não precisa ser algo combinado..."vamos fazer uma corrente". Pratique um pouco menos de intolerância, de superioridade, e a corrrente está feita. Mas uma corrente precisa de elos. Elos juntos, pois elos separados não significam nada, a não ser elos separados, sem coesão. A corrente é cada um de nós. “Nenhum de nós é mais forte que todos nós juntos”.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

UMA SEMANA NO CINEMA- "SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS"


( imagem google )
Esse é um filme que sempre estive inserido nele, mesmo sem nunca ter assistido. Assisti agora há uns três meses, mas passei anos procurando em locadoras, tentando baixar na internet, pedindo amigos... e nada. Como digo sempre, a poesia que sempre é boazinha comigo, um dia me proporcionou a dádiva de ver esse filme. Chamo de dádiva, sem exageros, ou com exageros, como queiram, porque o filme é tudo que penso. Quem me acompanha com atenção, entende porque exagero e porque estava inserido nele. Acabei assistindo num momento improvável, olha o improvável aí de novo. Foi numa noite de insônia, exatamente quando liguei a tv, vi lá. "Sociedade dos poetas mortos". No elenco ninguém menos que Robin Willians, que já fez outros filmes belos como "Patch Adams, o amor contagia" ( esse também é de chorar. Majoli chora um rio se ver rs rs).
Um professor nada convencional, na contramão do ensino ortodoxo, austero, padronizado como viseira de burro, começa a ensinar aos alunos, jovens ávidos por novidades, um novo jeito de se fazer poesia. Mais que isso... viver a poesia... ser a poesia na acepção da palavra. De cara, ele põe sobre cada mesa um livro de um grande autor, totalmente padronizado literariamente, clássico, que não dá direito ao leitor de pensar. Manda que abram em certa página, onde está ressaltada justamente essa limitação de pensamentos, o não à liberdade de se expressar, conforme seu coração deseja. Pede que leiam alto e quando terminam, diz. "Rasguem". Depois dos olhares estupefatos, os alunos começam a gostar da ideia e... rasgam mesmo. O professor diz mais ou menos assim. "A partir de hoje, a poesia mudou. Nada de convencional. A poesia é você. É muito mais que se sentar atrás de uma mesa e colocar coisas no papel. Poesia é jeito de ser. De se movimentar. Poesia se faz toda hora. E ela não tem regras, a não ser a sua própria sensibilidade". Levava os alunos para o pátio e mandava que andassem até certo ponto". Os alunos caminhavam. Depois, o professor dizia. "Agora caminhem, da forma como você gostaria de caminhar". O alunos faziam de novo e esse caminhar era diferente do outro, mais solto, desinibido e por isso mais feliz. Por quê? Porque até o direito de andar é padronizado, é preciso andar certinho, corpo alinhado, seguir modinhas". Um dos alunos, que resistia ao método, resmungou algo baixinho. O professor pede que ele expresse sua desaprovação, sua raiva com o novo método, mas de voz alta. Ele diz em voz alta. Mas o professor, insiste. “É pouco, fale com mais raiva. Cadê a sua raiva, sua expressão?". Com certeza, houve grande resistência da diretoria da escola e até dos pais e da sociedade em si, porque quando há um poder dominante, as viseiras são gerais. O final, não foi exatamente com eu queria, pois devido à resistência da sociedade, vi a arte sendo assassinada. E tudo que o rapaz queria era representar. Lá em cima, falei que sempre estive inserido no filme, porque quem me conhece, sabe que sempre pratiquei o ensinado pelo professor, o CARPE DIEM, que é viver o momento, aproveitar as coisas, o que se tem na mão, viver o hoje e acima de tudo, não fazer só poesia no papel, como vivê-la. Passei e passo minha vida dizendo isso às pessoas. Sei que sou retórico, meus poemas e textos, estão sempre falando de liberdade, não a física que também é importante, mas também a liberdade do pensamento, de expressão, principalmente se você tem um dom. E acho que todos têm. Entendo , se vejo uma placa “entrada proibida”, compreendo e acato, respeito esse limite físico, mas a liberdade de pensamento não, essa é só sua, ninguém pode lhe tirar. Quando tiram é porque você deixa. Ah, já ouvi tanta coisa boa por isso."Por isso é bom falar com poeta, a gente sempre sai com astral pra cima". Já ouvi críticas também, fazem parte, mas minha consciência a quem devo primeiro satisfações, essa está sempre tranquila. Há uns meses, teve apresentação poética em praça pública e como outros amigos poetas, fui convidado. Chegando lá, não avisado de como seria, vi que recitavam poemas apenas de grandes mestres da literatura. Muito numa boa, eu não quis recitar. Questionado, respondi. “Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana não precisam de mim. Já são grandes por si. Eu quero dizer o que eu tenho a dizer. Eu tenho material e opinião a mostrar. Eu tenho minha poesia e é ela que eu quero recitar. Se não puder, prefiro não participar”. Mas fiquei ali assistindo, achei tudo muito bonito, essas coisas não me chateiam. Aproveitei para bater bons papos na praça que estava linda, noite agradável. Afinal dou sempre um jeito de extrair algo de bom de qualquer momento. Sigo meu CARPE DIEM. E por mais que haja resistência, os poetas não estão mortos, porque eles sim... são a verdadeira resistência.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

UMA SEMANA NO CINEMA- "À ESPERA DE UM MILAGRE"


( imagem google )
A sinopse já nos traz uma frase interessante. "Ele não acreditava em milagres. Até o dia em que conheceu um". O milagre acima da religião, acima dos pregadores, o milagre que tem que nascer dentro da gente. Milagres existem, mas o princípio para que aconteçam, é que acreditemos neles. Esse filme mexe muito com o imaginário e eu gosto de acreditar no imaginário. Não a ficção científica, mas crendo que os milagres acontecem nos lugares e momentos mais improváveis. Evidentemente levando uma vida prática também, só que com uma chama lá no fundo que alguma coisa boa acontecerá. A partir do momento que pararmos de acreditar nessas coisas, no improvável, no "impossível", podemos passar a régua e fechar esse boteco do mundo. No filme, de cara, um pouco de preconceito. Um negro segurando duas meninas estupradas e mortas, já é condenado. O julgamento é só praxe. O diretor de um presídio de corredor da morte onde presos são executados na cadeira elétrica, vivido por TOM KANKS ( olha ele de novo, Majoli) tem um problema urinário crônico que inclusive o atrapalha na vida sexual. Um dia esse preso, de dentro da cela, o agarra, apertando suas partes íntimas e num momento de grande concentração, com rosto transfigurado, começa a lhe tirar o mal que o afligia há anos. Terminado, o diretor sente o alívio da dor e o pergunta como ele faz isso. Ele conta que tem um dom de tirar as dores e doenças das pessoas, mas esse dom, apesar de maravilhoso também o maltrata, pois sua sensibilidade aguçada, lhe permite ver como as pessoas são más, percebe toda a energia negativa à sua volta e suas entranhas recebem essa carga negativa. Até mesmo quando cura alguém, as dores da pessoa, antes de serem totalmente absorvidas, passam por seu corpo e mente, lhe rasgando por dentro. Como ele se fosse um para-raios de todas as dores que aquela pessoa estava vivendo. Isso até seria tolerado por ele, o pior era ser para-raios dos sentimentos ruins, nas energias negativas que certas pessoas têm. O dom da sensibilidade, que era lindo, também o macbucava. Ao longo do filme, ele fez outros milagres, como salvar um ratinho, único amigo de um preso da cela ao lado, que foi pisoteado por um dos guardas. Tomou o rato na mão e extraiu dele toda a dor. E o ratinho viveu. O dono do ratinho, que seria o próximo da cadeira elétrica tinha uma ilusão. De que havia um lugar encantado e seu ratinho seria a atração de um grande circo. O ponto máximo de seus milagres ainda viria. Responsabilizando-se, mesmo desaprovado pelos companheiros condutores do presídio, afinal, aquele era um preso de alta periculosidade, o diretor resolve levá-lo de madrugada à casa de seu superior, onde sua esposa já quase morria de câncer. Depois do susto lógico que este levou, mesmo empunhando uma arma, aceitou ver a ação do preso tocando em sua esposa acamada . Subtraiu dela sua doença terrível, sentiu todas as dores lhe passar pelas entranhas e curou-a. Isso levou o diretor a pensar. “Uma pessoa com um dom desses, não pode ser uma pessoa ruim, um criminoso”. De fato não era. Foi pego com as meninas nos braços tentando salvá-las, mas não teve tempo para isso, foi preso por uma pequena multidão. Ora, era um negro quem estava ali . Ele apontou para o diretor até o verdadeiro assassino. O diretor resolveu olhar mais a fundo seu caso, tentou a reabertura, sem êxito. Mas teve uma ideia. Propôs a ele, simular uma fuga, uma falha de segurança, para livrá-lo da cadeira elétrica. Ele não quis, preferiu morrer. Estava cansado de tomar as dores do mundo. No final do filme, o diretor, muito velhinho, acompanhado daquele ratinho, contando à uma senhora também idosa, mas de idade normal, que lhe pergunta. “Quantos anos você tem?”. E ele responde. “Tenho duzentos anos. Todas as pessoas que amei, trabalhei, amigos, esposa, enfim, todos morreram. Já tentei morrer, mas não consigo. Esse deve ser meu castigo por ter deixado morrer um milagre de Deus.

Esse filme me traz um reflexão geral: VAMOS FICAR ATENTOS ÀS COISAS DE DEUS E ESQUECER UM POUCO AS COISAS TERRENAS. OS DEUSES DA TERRA SÃO DE MENTIRA.

terça-feira, 22 de junho de 2010

UMA SEMANA NO CINEMA- "´PHILADELPHIA"


( imagem google )
Esse sim, um dos filmes verídicos que mais me tocaram o coração. Falar de filmes é meio difícil porque é preciso tomar cuidado para não repetir a sinopse do filme ou fazer outra. Por isso escolhi citar as cenas mais marcantes que não me saíram da memória, embora o filme todo seja marcante, sobretudo pelo preconceito. Incrível, como as pessoas matam uma pessoa doente, antes da própria morte. Massacram mesmo. Para se ter um exemplo, a atriz de AS PANTERAS, que morreu de câncer no fim do ano passado , disse que as publicações mentirosas e tendenciosas nos jornais doiam mais que a própria doença. TOM HANKS, interpreta um aidético e aquela cidade americana era um dos maiores centros do preconceito. Somente um advogado, DENZEL WASHINGTON, que também era homófobo, aceita sua causa contra uma grande empresa, que ao perceber que ele tinha adquirido a doença, trama algo para demiti-lo por justa causa. Nesse filme o preconceito é duplo, pois o advogado ainda por cima é negro. Prato cheio para os preconceituosos. Um negro defendendo um aidético. O próprio advogado alerta o cliente. "Prepare-se para uma grande luta. Prepare-se para ser execrado... no tribunal, na tv, na sociedade". Ele mesmo não teve mais vida privada em paz. Era xingado nas ruas, nos supermercados e sua carreira corria risco numa causa quase perdida. O meio advogatício em si, já não o aceitava mais.
Duas cenas me marcaram muito. Uma, TOM HANKS, bastante debilitado cai no centro do tribunal, ante aos olhos de advogados, platéia, juiz e câmeras. Na noite anterior, seu advogado, DENZEL, sabendo de sua fragilidade pergunta se ele tem certeza que aguentaria a sessão no tribunal no outro dia. Ele diz que sim. Sabia que não viveria para receber a indenização, mas já a havia doado para uma fundação que cuidava de aidéticos, tamanha era a sua certeza de vitória. Sua força era interior. Também nem estou defendendo homossexualidade, seria meio piegas e não sou disso, cada um vive como quer e pode, eles nem precisam de alguém que os defenda, só precisam de tratamento igual e respeitoso, assim como todas as pessoas merecem. A partir do momento que começamos a separar facções, a coisa começa a andar mal. O certo é tratar tudo como um todo, e não como uma pizza retalhada. O que estou tentando frisar é a maldade das pessoas com alguém que está doente, seja qual for a doença. Será que aquela sociedade, aqueles advogados, não se tocaram ao ver aquele jovem tombado ao chão? Pois não se tocaram, a batalha foi até o fim. Felizmente o rapaz venceu a causa. Mas a cena que achei mais linda, foi mesmo na noite anterior. Enquanto seu advogado passava-lhe instruções para o grande embate no dia seguinte, ele mal ouvia. Ao fundo tocava uma ópera muito bonita, LA MAMMA MORTA. Ele interrompe e pede que seu defensor escute aquela música com atenção, inebriado que estava pela interpretação da cantora grega, MARIA CALLAS. Fica dando detalhes da voz, da melodia, se levanta segurando a haste que segurava seu soro e faz dessa haste, um par para dança. Não me esqueço do olhar impressionado do advogado vendo a cena de seu cliente dançando com a haste do soro. A ópera era mesmo linda.

Nos anos 80, quando surgiu a aids, tempos de colégio, a sociedade não só brasileira, mas mundial, como sempre preconceituosa, tratou de separar e tirar conclusões precipitadas, que aids era doença de pobres, gays e negros, já que a notícia era de que havia surgido na África. Eu disse a um amigo na época. "Você vai ver quando começar a morrer gente rica, famosa e também mulheres. Aids não é só de gay". Me lembro que tinha uma namoradinha, de uns três meses e quando a gente foi pela primeira vez ao motel, parei numa farmácia, ainda cheio de vergonha, falando entre os dentes, pedi camisinha ao atendente. Lá fora, ofendida, ela brigou comigo. "Pra quê isso entre a gente? Nâo confia em mim?". Falei. Sabia que tem uma doença terrível matando pessoas por aí? Nao se trata de confiar em você, ou você em mim. É que eu ou você podemos ter adquirido e não sabemos. E não vamos espalhar a doença por aí, né?". Bem, esse amigo esteve comigo recentemente e recordou o que lhe falei ainda na juventude. "Ninguém da turma acreditava em você, mas você estava certo". De fato, morreu muita gente famosa e hoje em alguns lugares, o número de mulheres com aids já supera o de homens.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

UMA SEMANA NO CINEMA- "UM SONHO DE LIBERDADE"


( imagem google )
Dedicando uma semana ao cinema. Vão ficar de fora ótimos filmes como BEN HUR, (o que mais assisti até hoje) que ficou uns trinta anos ou mais como detentor do maior número de Oscars, até finalmente ser superado pelo também magnífico SENHOR DOS ANÉIS. Ficarão ainda de fora filmes antigos como A UM PASSO DA ETERNIDADE, um dos melhores da época. AO MESTRE COM CARINHO. NUNCA TE VI SEMPRE TE AMEI e o clássico romântico, O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Todos sensacionais. Procurei selecionar alguns que me falaram ao coração, considerando que a semana é pequena.
UM SONHO DE LIBERDADE, com Tim Robbins e Morgan Freeman ( um de meus preferidos), é um filme lindo e é o segundo que mais assisti. Cada vez que vejo, descubro algo novo e belo nele. Não vou falar do filme todo, só de um detalhe importante sobre liberdade. Enquanto os personagens de Morgan Freeman e Tim Robbins conseguiam aos poucos, sucesso em seus sonhos de serem livres, uma outra história paralela acontecia no filme. Um detento, desde jovem tenta a liberdade condicional, mas recebe sempre a folha de seu pedido com um carimbo de NEGADO. A imagem do carimbo no filme chega a ser forte, tamanha a força com que o diretor do presídio impõe sobre a mesa. Em todas as tentativas frustradas, ele fica triste, mas dá as costas, até a próxima oportunidade. Quando já completa uns 65 anos ou mais de idade, com pena cumprida, recebe absolvição. Mas, após quarenta anos enjaulado, sem ver o mundo lá fora, ele não sabe mais viver no mundo. Sente-se um estranho, ou o mundo lhe é estranho. Em quarenta anos, o mundo muda muito. E comete suicídio, enforca-se. A prisão não saiu dele, estava impregnada nele. Não suportou a liberdade que tanto buscou.
Isso me remete à infância mais uma vez. Quando eu era criança, era hábito dos adultos, terem passarinhos presos na gaiola, não havia fiscalização, nem conscientização, então era fácil passarem alguns nas ruas com gaiolas lotadas. Colocavam até briga de passarinhos. Vê se pode isso, coisa mesmo de humanos. Tinha um rapaz que tinha vários e com muito cuidado fechava as gaiolas para não perder os bichinhos. Só com uma gaiola, ele não se importava, deixava-a aberta e se orgulhava disso, porque o canarinho não fugia. Não saía nem na porta de sua prisão. Gabava-se, pensando que era porque o passarinho gostava dele. As pessoas riam, achavam bonito, mas eu não. Juro que ficava torcendo pra um dia o canarinho decidir sua vida e ir embora, resolver assim de repente... "hoje vou embora". Mas o danadinho não fugia, mesmo com a porta escancarada e o horizonte lhe chamando. Até seus amiguinhos o chamavam, passando lá no alto, cantando... "vem, vamos voar". Agora eu entendo porque o canarinho não fugia. Assim como o velho do filme, ele também não saberia viver lá fora, pois estava acostumado à prisão. Nós também somos assim às vezes. Falamos, buscamos, sonhamos com a liberdade, mas quando a temos, temos medo. A liberdade causa medo. A felicidade assusta.

Um dia a professora perguntou aos alunos, “Que bicho você gostaria de ser?”. Respondi no ato. “Gostaria de ser um passarinho”, “Por quê?”, perguntou. “Por causa da liberdade”. Parece que ela gostou e fez mais uma. “Algum outro bicho mais?”. Respondi. “Queria ser cachorro. Por causa da amizade”. Bonito foi o que ela completou em tom de conselho. “Mas você não precisa ser passarinho para ser livre, nem ser um cachorrinho para ter amigos”. Isso serviu para mim, principalmente no tocante às amizades. Liberdades, não pratiquei todas ainda, mas já fiz alguns voos legais.

sábado, 19 de junho de 2010

A VIDA É SÉRIA... MAS EU BRINCO COM ELA


( na falta de imagem vai eu mesmo )
A vida é muito séria, mas eu brinco com ela
faço dela minha avenida, minha aquarela.
quantos anos viverei? Eu não sei.
Pode terminar tudo amanhã
ou agora no meio desse verso
sabendo que não terá regresso,
faço tudo com afã.
A vida é muito séria, ensina a matéria,
mas não necessariamente tem que ser triste,
senão para quê existe?
Pode não ser comprida, pelo menos bem cumprida.
Todos os dias o sol acena
que somos os autores e atores da próxima cena
e cabe a nós o desfecho triunfal,
só que essa peça não é faceta, é real.
A vida é muito séria,
mas para quem se apega à matéria
e se esquece do espiritual,
e assim sua vida pelos dedos escorre.
Meu corpo vai passar porque é momentâneo
e tudo que é físico morre
e se viver é assim tão instantâneo
que seja então de forma plena. Veloz ou serena.
Vão ficar os meus atos, minha obra
isso sim, é fato, a lembrança cobra
tudo que eu disser, que eu fizer e que fiz.
E se após essa vida, houver uma outra vida
buscarei também nela uma maneira de ser feliz.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

SEMANA DA AMIZADE- EM BUSCA DO TESOURO MAIOR


És meu suporte, contigo sou mais forte.
Presente na festa e na dor
no conselho, na reprimenda
em oferenda te faço versos com amor.
Sossego para minha inquietude
aconchego na minha solicitude
abraças-me com calor
joia de fino valor.
Enxugas minhas lágrimas
antecipa-te a elas
não perrmites que molhem meu rosto.
Se caio em desgosto
por mim, tu zelas.
Acendes velas no meu caminho se me falta o sol.
Estás comigo na boemia, na escola, no futebol.
No início e no fim de cada luta.
Chão firme para meus pés.
Se estou sozinho, és tu quem me escutas
mesmo na angústia mais remota.
Não sei exato dizer o quão importante és,
mas muito mais que na áurea vitória
eis a tua maior glória, não buscas só os louros de momentos belos
és amparo na derrota
Amigos são tesouros.
Amigos são nossos elos.
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EXTENSIVO AOS AMIGOS DO BLOG

quinta-feira, 17 de junho de 2010

SEMANA DA AMIZADE- FÊNIX


( imagem google )
FÊNIX

Sou eterno!
Não há derrota ou sofrimento
que me impeçam de viver mais um momento.
Noutro instante me torno gigante.
Quando tudo estava perdido e eu estava caído,
ressurgi.
Levantei e venci!
Quando me sentia afogando
dei mais uma braçada e pisei firme em terra.
Quando mostrava estar mudo
soltei com força meu grito de guerra.
Se um dia tive medo
no seguinte fui pra batalha,
não temia escuro, nem represália.
Se às vezes, fui fogo de palha,
noutras incendiei o mundo com meu calor.
Se às vezes fui pequeno como gota d’água,
noutras saí inundando de ânimo, esperança e amor.
Se num momento fui grão de areia,
uma coisa feia ou estranha,
noutro fui uma bela e imponente montanha.

Sou assim!
Renasço, ressurjo, reacendo!
Quando eu parecia oco,
uma casa vazia,
eu estava cheio...
transbordando de poesia.
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NOTA:Fênix era um pássaro mitológico que renascias das próprias cinzas.A diferença é que eu não sou um mito.Sou real .
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Sempre digo que o poeta é do mundo. O poeta, em tudo que escreve, mesmo sobre assuntos alheios, diversos, põe um pouco de si. Ele sempre está inserido no texto, no contexto. Pelo menos eu sou assim. Se me pedirem para escrever sobre aquela árvore, escrevo, mas deixo um pouco de mim nela. Se for sobre o rio, sobre a pedra, enfim, qualquer coisa, darei um jeito de por algo de mim. Mas acontece o inverso também. Por mais que o poeta fale só de si, se pondo como o centro de um poema, esse poema estará servindo para alguém. As pessoas entram no seu poema e adotam para si. FÊNIX, um de meus poemas mais pessoais, é um exemplo disso. Leiam isso:

"Carlos, você nem me conhecia, mas fez esse poema para mim. Você nem imaginava me ver um dia, mas esse poema é meu". Jamais esqueci o que Lenir me disse. Ela acreditava nessas coisas de telepatia, troca de energia cósmica, etc. Pensando bem, acho que eu também. Não trabalhamos muito tempo juntos, talvez uns dois anos. Trabalhávamos em horários diferentes, mas a meia hora de troca de turnos era sempre muito divertida. Não sei quem era mais doidinho. Eu? Ou ela, apesar de oito anos mais velha? Fato é que éramos muito amigos. Pediu. "Faz uma cópia para mim com dedicatória à mão". Fiz e assinei de forma engraçada, puxando o S de Soares, fazendo uma carinha com óculos, sorridente dentro desse S. Ela achou muito engraçado e disse. "Aonde eu for, esse poema vai estar na minha bolsa. E vou falar de você para todo mundo". Ela saiu antes de mim, mudou-se para Vitória. Depois vim para cá. Na época não existia internet ou celular. Mesmo assim arranjou um jeito de pegar meu novo número de fone de trabalho e quando podia, ligava contando sobre seu tratamento contra câncer. Sim, estava doente. "Carlos. Meu peitinho, tão bonitinho, estão querendo tirar. Falei pro doutor. Se ele tirar ninguém vai querer namorar comigo", e ria. "Você tem parentes aqui. É bom você vir me ver logo, senão quando chegar, não vai me ver, pois cada dia tiram um pedaço desse corpinho". Falava disso tudo sempre com muito bom humor. Ou fingia. Antes de descobrir a doença, lá nos tempos áureos, eu notava seu olhar triste, mesmo quando brincando. Tinha vivido um casamento conturbado, violento, mãe de três filhos. "Puxa, Carlos. Você parece que tem olhos de raio x. Vê a alma da gente". Com o tempo as ligações foram ficando raras, eu também andava sem tempo, quase oito meses praticamente recluso fazendo cursos. No dia em que ela morreu, acordei com sensação muito ruim, um mal estar, uma tristeza sem saber porquê. Mal cheguei para trabalhar, o fone tocou. Era para mim. Não conheço a pessoa que ligou, disse apenas isso. "Você é o Carlos? Pediram para avisar que a Fênix morreu". Não falei nada. Desliguei o fone, fui para o banheiro e chorei muito. E fiz uma oração para ela. Sinceramente, trabalhei o dia todo com os olhos lacrimejando.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SEMANA DA AMIZADE- AQUELA RUA


( imagem sacrahome.com.br- google )
Aos que já conhecem alguns poemas dessa semana, peço desculpas, mas faz-se necessário, até mesmo para os novos amigos do blog conhecerem. É que estou postando poemas direcionados a amigos. Esse de hoje, lembrando assim rapidamente, está com meu irmão em Vitória e com um amigo na Austrália, além de minha irmãs e sobrinhas que são corujas de mim. Todos são unânimes de dizerem que retratei com fidelidade a nossa rua e nossa infância. Rua Vital Brasil. Aquela rua.
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Outro dia vi uma reportagem na tv que me deixou meio pensativo. Um grupo de moradores em Brasília fez um abaixo assinado ( e ganharam) contra o sino da igreja que toca as badaladas conforme as horas, por exemplo, cinco horas, cinco badaladas. Mesmo respeitando o limite máximo das dez da noite, conforme a lei do silêncio, os moradores entenderam que o sino perturbava. Pôxa, será que um sino de igreja perturba assim? A gente é perturbado com tanta coisa, ou devia, e não está nem aí.
Tem tanta coisa mais importante para a gente brigar como, segurança educação e saúde nesse país. Bem, direito deles de se sentirem perturbados e afinal o juiz deu ganho de causa. Uma coisa posso dizer. Nem esses moradores, nem esse juiz, são poetas. Aí que está. Quando visito meu ex bairro, uma coisa que acho bem legal é que a igreja ainda toca o sino de hora em hora como quando eu era criança. O bairro está todo mudado, poucos amigos moram lá ainda, mas o sino ainda está lá e isso me traz gostosa saudade, me vejo de novo correndo atrás da bola no meio da gritaria. Por quem os sinos dobram? Dobram por aqueles que os ouvem. Para aqueles que os merecem.
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AQUELA RUA

Nunca mais aquela rua
de jogo de bola na esquina,
de botões na calçada,
de onde a garotada olhava as meninas,
respeitava as senhoras, cumprimentava os senhores.
Passavam peões e doutores, mas, a rua era só nossa
a gritaria misturava noite e dia.
Nunca mais aquela rua de onde se ouvia o sino da igreja,
respeitando o senhor tempo.
Só que o tempo para o menino não é nada;
ele faz dele o que quer,
como faz com a bola no pé.
As mães, penteando os cabelos da meninada,
preparando o almoço, preparando para a escola, preparando para a vida.
Ah! O tempo...
o tempo é covarde, e às vezes arde a vontade de voltar,
mas,o tempo não é mais como a bola
que se faz o que quer com ela no pé.
É o senhor tempo!
Vez em quando volto lá. A rua ainda está lá...
mas, não é mais "aquela " rua.

terça-feira, 15 de junho de 2010

SEMANA DA AMIZADE- OS TRILHOS


( imagem google )
Alguns blogueiros já conhecem esse poema, mas eu precisava contar essa pequena historinha sobre ele. Pelo menos contar a origem dele
Esse poema é quase uma despedida. Ou melhor... é. Ou foi, na época. E é quase um auto compromisso, dizendo 'estou indo, mas serei o mesmo', deixando amigos, mas com três certezas: Uma, que era necessário. Outra, que não me esqueceria dos amigos atuais, e a última que buscaria mais amigos por onde eu andasse. Num desses dias de despedida, um amigo me disse. "Ah, você vai embora e vai esquecer da gente". Respondi. "Em princípio, posso até não voltar, mas esquecer dos meus amigos jamais". Felizmente, não só não esqueci, como também não me esqueceram e eu pude voltar. É sempre muito bom poder voltar.

OS TRILHOS

Vou andar por aí.
Passos firmes sobre os trilhos
fugir aos descarrilhos é minha meta,
sempre em vertical,
sempre em linha reta.
Vou viver o que couber
voar na altura que quiser
sintonizando razão e coração,
numa particular canção.
Nos caminhos que eu seguir,
espaços à amizade, um viva à liberdade.
Se houver amores, coroar de flores
e se brotarem feridas, ignorar as dores.
De riso fácil, de bom humor
que meu sorriso seja uma adorável epidemia
e que ninguém esteja vacinado contra a alegria.
Abrir cancelas que prendem a liberdade
ter o amor em sonhos, fazê-lo realidade.
Estar nas boas lembranças.
Ser um colunável dos corações,
ser talvez nessas andanças,
um portador de soluções,
levar as luzes coloridas do amor
ao breu das multidões.
Que a verdade seja meu dom,
extinguindo solidão e incertezas
com um toque de bruxo bom.
Mas, não quero ser um anjo
nem um líder dessa gente,
quero apenas ser um elo
entre os elos da corrente.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

SEMANA DA AMIZADE- JANELAS


( imagem google )
Como disse o amigo Wanderley ,quando estou suave, estou melhor, mais otimista. Assim sendo, vou dedicar uma semana à amizade. Sempre necessário. Amigos antigos, amigos novos. Amigos que se foram. Outros que morreram. Amigos que a gente não vê, mas sentimos dentro da gente e que também nos carregam dentro de si, estejam onde estiverem. Tem sempre algum amigo falando da gente em algum lugar do mundo. Em quase todos os meus casos contados aqui, estive sempre ajudando os amigos, com uma aproximação muito grande e intensa, mas eles também me ajudaram muito. Sempre souberam quando o Carlos estava fragilizado, embora eu parecesse o mais seguro, o mais brincalhão, o mais cabeça. Amigo é assim: A gente nem precisa abrir a boca e ele já percebe que não estamos bem. Então... um brinde à amizade. TIM TIM!
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JANELAS
Bem mais que o céu, que o mar
ou mesmo o paraíso,
vale a sinceridade de um sorriso.
Na amizade que desperta
uma janela aberta para um mundo melhor.
Os caminhos da felicidade sabemos de cor.
Precisamos abrir janelas
para ver as coisas belas.... e seguir.
E eu quero ir...
onde estiver seu sorriso
porque você é amizade em pessoa
de rosto belo e alma boa.
Onde há um olhar que brilha
meu coração trilha com segurança,
pois, nesse mundo sou frágil, sou criança
se não sinto um abraço amigo, melhor abrigo
nesses tempos de inverno.
Dos sentimentos humanos, a amizade é o mais terno.
Eternamente na minha mente, essa ternura
de um branco sem mistura
que me chega à janela aberta
e me desperta no dia a dia
como a brisa da paz e da alegria.
Minha alma é uma janela aberta para você.
Muito prazer em conhecer!

NOTA: PRECISAMOS ABRIR JANELAS SEMPRE

domingo, 13 de junho de 2010

ENTRE O TEMPO E O VENTO


Hoje eu quero uma poesia leve
como a folha branca solta no vento
fazendo da vida um mero passatempo, um parque de diversões,
ainda que atrás de mim não tenham multidões.
Aprendi a voar sozinho, eu já nasci passarinho.
Eu quero uma poesia suave como a brisa da manhã.
.Que eu me divirta nesse estranho tobogã
que nessa indecisa gangorra
eu não mate,. nem morra
minha capacidade de ver em desertos ainda belos jardins.
Eu quero uma poesia breve
assim como a infância que passou sem me pedir permissão.
Quero sintonizar razão e emoção.
Quero uma poesia altiva, viva
como minha pipa que sumia no céu.
Quero ter versos doces como mel
escorrendo por minha boca de beija-flor
espalhando por aí um pouquinho de amor.
Colorindo o infinito com meus lápis de cor.
Contemplo o arco-íris. Não. Não há pote de ouro no fim,
o tesouro está dentro de mim.
Sigo desfazendo barreiras e carrancas
e apesar de meu peito repleto, sinto-me ainda uma folha branca
entre o tempo e o vento
procurando entrar nalguma janela
repousar nalguma mesa vazia...
para que façam de mim uma suave poesia.

sábado, 12 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- REUNIÃO DO FIM DO MUNDO


Todo movimento libertário tem um mártir. Nelson Mandela foi o mártir do apartheid. O combate ao apartheid não foi sua única obra. Muito mais que combater o apartheid, talvez ele mesmo não tenha noção exata disso, combateu a vingança, o ódio, quando perdoou seus inimigos políticos que o mantiveram preso incomunicável durante décadas. Só ele sabe o que passou naquela prisão. Nenhum de nós nunca vai saber. Enquanto os líderes de nações fazem reuniões esquisitas e infrutíferas, regadas a whisky, sobre desarmamento nuclear, ou para definir quem pode poluir mais ou poluir menos, Mandela não precisou de reuniões para perdoar seus perseguidores. Apenas perdoou. O perdão já estava dentro dele. Os grandes homens são assim. O perdão já anda com eles. Numa entrevista, ele disse que estava feliz demais, ocupado, contemplando seu povo livre nas ruas, para perder tempo em perseguir inimigos. "Não posso praticar o que combati". É fato, ele estava certo, as pessoas às vezes deixam de ser felizes para se preocupar com o que não compensa. "Olho por olho e o mundo acabará cego", disse Gandhi.
Foi muito bom ver a gostosona da Shakira, mulher deslumbrante, na abertura da Copa, mas eu gostaria de ver também Mandela, aplaudido de pé por uns dez minutos, naquele estádio lotado. Garanto que eu ficaria de pé na minha sala reverenciando-o. Tenho certeza que seria o momento mais bonito de toda a Copa. Infelizmente ele não pôde ir devido à morte de sua neta no mesmo dia. Os milhares de negros tocando as chatas e barulhentas vuvuzelas nas ruas, com suas danças engraçadas, representa o grito de um povo, representa o reflexo da grande obra de Nelson Mandela para a humanidade. São muito mais que instrumentos barulhentos, são expressões de liberdade. Essas coisas não são visíveis a olho nu. Luther King, meio contemporâneo dele, mas na América do Norte, abriu assim um discurso. "I have a dream". "Eu tenho um sonho"( de igualdade). Homens como esses deviam viver uns trezentos anos. Claro que é humanamente impossível, mas é humanamente possível perpetuá-los dentro de nós. Se cada um fizesse a sua parte, não teríamos mártires. Se cada um fizesse a sua parte, não teríamos movimentos ou correntes, teríamos um estado permanente de paz. Dedico esse poema ao Nelson Mandela. No final tem um pequeno protesto, mas é mania de poeta. Eu vivo cheio de esperança. Eu também tenho um sonho.
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REUNIÃO DO FIM DO MUNDO

Preocupados com o fim do mundo,
chefes das grandes nações,
reuniram uma grande mesa
para discutir as aflições,
do planeta, da gente e da natureza.
O medo até tentou falar
mas, a violência impediu, combinada com a intolerância.
A esperança, muito tímida,
calou diante da ignorância
que gritava, bradava
repetindo o mesmo enredo
que deu errado desde cedo.
O sucesso coitado, ficou esquecido.
O sorriso foi vencido.
A verdade, na última cadeira.
A mentira, na primeira
A amizade nem teve vez
quando falou a insensatez.
A hipocrisia falou.
O egoísmo discursou.
Então o silêncio abraçou a alegria:
Vamos embora.
Convidaram todo mundo...
menos a poesia.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- O HOMEM SEM ROSTO


( imagem pedraapedra.weblog.com.pt)

Uns diziam que era lenda, outros, que era verdade. No alto das montanhas, embrenhado na floresta, morava um homem. Alguns dos poucos que conseguiam vê-lo, diziam que já era velho, de barbas longas, cabelos brancos nos ombros. Outros contradiziam que era ainda bem jovem. Uns terceiros diziam que tinha o poder de alterar sua forma, ora velho, ora jovem. Como saber ao certo, algo de um homem que ninguém conhecia ou entendia? Que vivia entre a lenda e a verdade? Aquele homem não tinha rosto. Ninguém sabia como era seu rosto, fugia sempre que percebia a presença de alguém. Aquele homem não tinha olhos, diziam alguns que conseguiam encará-lo. Aquele homem não tinha voz, jamais respondia a um chamado escondido no matagal. Diziam que falava só com os bichos e plantas. Claro, esse era seu habitat escolhido. E eu, que sempre gostei de lendas e verdades resolvi galgar aquelas montanhas, correr os riscos se eles houvessem. Eu precisava saber daquele homem, o que faz um homem se refugiar do mundo, da vida, dos amigos. Imaginei que ele fugiria de mim como fugia de todos que se aproximavam. Acontece que eu também tenho poderes, também falo com plantas e bichos, e sentado debaixo de uma árvore, cansado, perguntei a um passarinho como eu faria pra conversar com o homem. "Diga a ele que sou poeta", argumentei. O passarinho decolou do meu ombro e voou montanha acima. Voltou minutos depois com gestos para segui-lo. A caminhada não foi tão longa. Quando cheguei, lá estava ele, sentado à porta de uma gruta. Não olhou para mim e por mais que me esforçasse, não consegui decifrar seu rosto. Realmente, aquele era um homem sem rosto. Tentei falar, perguntei seu nome, mas nada de responder. O homem não tinha voz. O passarinho, um beija-flor pairando no ar, era sua ponte, seu porta-voz e me disse. "Ele está dizendo que resolveu falar com você, porque você é poeta e só quem tem o dom de falar com os bichos, pode entendê-lo". Fiquei feliz com o crédito que me foi dado. Rompi a indecisão se devia ou não perguntar, acabei perguntando, afinal era para isso que fui ali. "Por que ele vive aqui? Isolado de tudo e de todos?". Senti que o passarinho ficou triste de repente e pairando bem à minha frente, respondeu. "Foi desengano de amor. Alguém mandou que ele sumisse e ele sumiu. Era o centro da vida de alguém e quando esse alguém mandou que sumisse, ele entendeu que nada mais faria sentido. Disse que a gente se prepara para ser o centro de alguém, mas não se prepara para ficar sem essa pessoa, porque essa pessoa também passa a ser o centro da gente. E então a gente fica oco, vazio. Amor tem que ser por igual. O sentimento é uma balança, muitas vezes, não muito justa, pende só para um lado". Tentei falar e perguntar mais coisas, mas o homem se levantou e entrou para a gruta. Não precisava mesmo dizer mais nada. Eu já havia entendido. Aquele homem não tinha rosto... aquele homem não tinha voz... porque não tinha amor.
Acordei, debrucei-me na janela e fiquei pensando nos seres humanos, até que a lua me desse um "tiau, volto amanhã" e o sol me desse um "olá, bom dia", e respirei aliviado... porque o amor está em mim. Ao contrário do eremita, não deixo que meu amor se vá com as pessoas, porque esse amor é meu. Podem matar o amor vivido no momento, dentro de si, mas não a minha capacidade de amar, pois essa minha capacidade de amar não vai embora porque as pessoas se vão. Tolas são as pessoas que se vão. Lembro-me de uma música antiga que gostava muito. "Se o amor é meu, se o coração é meu, de mão beijada entrego a quem quiser". Entendo a vida como um ciclo e aceito perfeitamente, sabiamente, poeticamente e sei que depois de cada apocalipse há uma gênesis. A semente morre para germinar. Depois da tempestade vem a bonança e o arco-íris é o reflexo e comprovação disso. Um passarinho, muito parecido com o do sonho, me diz que a vida é bela.
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Amanhã encerro minha semana do apocalipse. Esse texto não estava previsto para hoje, mas não podia deixar de contar mais esse sonho maluco

quinta-feira, 10 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- ERA UM DIA COMO OUTRO QUALQUER


( imagem revistagames- google )
Era um dia como outro qualquer. Tudo estava no seu lugar. O asfalto, as árvores. Ainda dava para ver alguns passarinhos e borboletas no ar, apesar da fumaça. As pessoas cumpriam a rotina, andando para lá e para cá, em busca de não sei o quê. Buzinas e vozes se confundiam. Carrões e mendigos se distinguiam. O luxo e o lixo dividindo a mesma calçada. Nas lojas, liquidações. Nas ruas, a vida também parecia não valer muito. De um lado um arranha-céu imponente zombava do barraco do outro lado na favela quase tão alto quanto o edifício. Shopping center lotado. Os botecos também. Num só cenário, o trem e o avião. Gente chegando, gente partindo. Gente chorando, gente sorrindo. Gente amando, gente sozinha. O seguro que garante o carrão do doutor, o gás que acaba na hora do almoço preocupando a dona de casa que espera o seu amor. Rimei sem querer. Mania de poeta ou intuição sei lá. Tudo isso colorindo e compondo uma selva de concreto, uma selva de contrastes. Uma selva de um animal frio e estranho chamado homo sapiens. É... a lei da selva é dura. Quem tem a boca maior engole o outro. E domingo vão à igreja rezar. No fim do ano trocam até presentes.
De repente, um rapaz, magro, claro, cabelos enrolados (qualquer semelhança com o autor é mera coincidência), se destacou naquela mesmice selvagem, subindo num pequeno palanque que improvisara. Trajava roupas simples, palavras simples também... e ideias estranhas. Tinha nas mãos um megafone e no peito uma vontade de gritar. Nos olhos parecia carregar um sonho, um brilho diferente. Chamou a todos de irmãos, pedindo atenção aos transeuntes, conseguindo aos poucos reunir um grupo de curiosos à sua volta. E falou muito. Forte e alto. Falou da igualdade entre os homens tão lindamente estabelecida por uma tal de ONU e tão tristemente esquecida pela mesma. Lembrou Luther King e Gandhi. Mas lembrou Hitler também. Citou os heróis como Tiradentes e os covardes também. Mas frisou, não precisamos mais de heróis, precisamos apenas que cada um faça a sua parte. Mandou ver as coisas simples, onde habitam Deus e a felicidade. Mirar o sol, as estrelas, o ar e sentir DEUS. Pediu respeito às crianças. Mandou desligar somente por um dia as antenas parabólicas e ligar as antenas do coração, da sensibilidade. Que as peles são diferentes, mas todo sangue é vermelho. Que pessoas nasceram para brilhar e que o mendigo deitado na esquina é apenas um sintoma de que a sociedade faliu, perdeu para si mesma. Que a paz precisa sair dos slogans e ir direto pro coração, célula-mãe de toda uma sociedade. Que o segredo está no domínio do ego. Falou que a guerra é uma burrice e quem pensa ter vencido também fracassou. Não há paz real se não for geral. E falou, falou e falou... mais e mais. Até ficar rouco.
E tudo permaneceu no seu lugar. O asfalto, as árvores. Os carrões e os mendigos. O shopping estava intacto. O barraco talvez não, porque o barraco morre um pouco a cada dia. Enfim, pessoas "rotinando", postulando, rotulando, maculando, maquinando. Tudo igual.
Ele???
Meia hora depois, estava numa camisa de força, trancado num hospicio.
Acharam mais fácil.

NOTA: A narrativa é fictícia, mas a intenção é real. ( Agosto de 1986. Um menino que não sabia nem de si mesmo, metido a querer mudar o mundo. Felizmente ele caiu na real e não acabou em nenhuma camisa de força)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- A VIDA NÃO É UMA DROGA... MAS PODE VIRAR


( imagem google )
Fiquei pensando se falaria no tema drogas, se teria algo a ver com a ideia da semana. Cheguei à conclusão que claro que tem, é uma das coisas mais horríveis com os quais a sociedade convive, digna de fim do mundo. Não sou eu quem digo, e sim, autoridades competentes, que mais de 80% dos crimes de roubo e morte são associados às drogas. No meu tempo de juventude física, falava-se ou via-se mais só maconha. Drogas pesadas como cocaína, heroína, LSD, a gente só ouvia falar, eram difíceis, só acessíveis às classes média e alta. Hoje não, acha-se em qualquer esquina, para qualquer classe e idade. Como agravante, agora tem o crack, que é a parte que "não presta" da cocaína, é o lixo dela, ou melhor, na verdade é o lixo do lixo. Sempre fui muito respeitado pelos amigos, pois sabiam que eu era um maluquete, porém com responsabilidade. Vivia brincando, mas tratava assuntos sérios como deviam, com seriedade. Resolvia até pequenas pendências, quase sempre era para mim que pediam algumas opiniões. Sempre tive minha turminha de cinco ou seis para irmos juntos para o clube e lugares diversos. Quase sempre eram os mesmos. Só um nunca faltava. Esse saía comigo todos os dias. Não víamos diferença entre segunda-feira e domingo, qualquer dia era dia para passear. Eu chegava do trabalho, já vinha me chamar. Tomava banho rápido e saía. Quase sempre o destino era um bairro próximo. Não tão próximo, era necessário pegar ônibus. Só que a gente ia mais a pé. Voltávamos sempre de madrugada. Numa sexta-feira indo para esse bairro andando pela rodovia, estava com esse amigo. Num ponto mais escuro, tirou do bolso um pacotinho branco, abriu e me mostrou. "Você conhece?". Respondi. "Não, mas imagino... maconha". Dei uma pausa e perguntei. “Há quanto tempo você mexe com isso?”. Respondeu. “Uns dois meses, já fumei algumas vezes”. E completou. "E aí, está afim? É legal, você vai gostar". Numa mistura de surpresa, decepção e raiva, olhei para ele por um bom tempo e falei. "Se você é meu amigo nunca mais me mostre isso". Dei as costas e voltei para casa. No sábado não me procurou. No domingo, dia especial, dia de ir ao clube, também não. Fui com os outros, até perguntei por ele, mas não sabiam. Também não o vi nos arredores nem dentro do clube. Estranhei, ele nunca faltava. Na segunda-feira também não me procurou. Pensei. "Deve ter ficado com raiva de mim. Paciência". Mesmo sabendo que agi certo, lamentei a perda de um amigo. Na terça-feira chegando do trabalho, lá estava ele sentado no meio-fio frente à minha casa, como sempre fazia. Fiquei feliz de vê-lo ali. Cheguei calado e me sentei. Daí a pouco falou. "Vim lhe pedir desculpas". Respondi tranquilizando-o. "Não precisa disso, está tudo bem". Insistiu. "Precisa sim. Estou com raiva e vergonha de mim mesmo. Todo mundo é seu amigo e eu não quero ser o único a ficar de fora. A partir de hoje, não fumo mais maconha... por sua causa. Pra falar a verdade, desde sexta-feira. Aquela que lhe mostrei, joguei no mato falando para mim mesmo. Por causa dessa porcaria perdi meu amigo". Não falei muita coisa, nessas horas não cabe sermão. Disse apenas que "o colorido da vida é o colorido natural das coisas. Aquela luz é amarela, aquele pedaço de papel no chão é branco, a folhagem da árvore é verde, então não precisamos de "recursos" para ver beleza nas coisas. Pelo contrário, esses "recursos" até nos impedem de ver a beleza real delas , enganam nossas mentes, são alucinações e dão uma falsa euforia. E usar isso também para fugir dos problemas é nada mais que adiar os problemas. No outro dia, os problemas voltam e você fuma, fuma e vai ficando pior. É uma bola de neve. Você é um principiante e está fácil de parar". Fechando, falou. "Você é mesmo um amigo de verdade. Agora vá tomar banho logo que a gente já está atrasado". Perguntei. "O que tem de especial lá no bairro hoje? E ele. "Ah, tem nada... bem, tem as meninas na porta do colégio". "Esse já é um bom motivo pra gente ir. Vamos lá ver as belezas naturais delas... de cuca limpa", completei.
Vanglorio-me sim de duas coisas. Uma... que tirei pelo menos uma pessoa das drogas. Outra... é que só uso dois artifícios para ver a vida mais bela: meus óculos, porque sou míope... e minha poesia. Ando sim alucinado por aí... pela vida.

terça-feira, 8 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- ALIENADOS OU ALIENÍGENAS?



( imagens google )
Saí às ruas.
Queria ver humanos,
só vi zumbis insanos,
profanos, enganos.
Tentei amigos, busquei abrigos, sofri perigos.
Busquei pontes,
vi grandes abismos entre a partida e a chegada.
Busquei um novo tempo,
não vi horizontes.
Ó homens! O que fazem a si mesmos?
Não têm espelho?
Não veem que viraram zumbis?
Que agora são frágeis robôs?
E esses tantos complôs?
Chega de perguntas,
ninguém vai responder mesmo.
A morte chega via satélite
e não adianta mudar o canal, é tudo igual, o mundo é um só.
Não há alternativa.
Não é como o trem que você salta fora
tem que aguentar até o fim da viagem
e o desengano é uma pesada bagagem.
Olho para a poltrona ao lado e vejo um zumbi
E outro... e mais outro.
Os homens estão distantes.
Pra que procurar alienígenas no espaço
se aqui embaixo há tantos seres estranhos?
Vejo dragões alados, serpentes de sete cabeças,
ET de gravata, monstros terríveis camuflados.
Vejo alienígenas... ou serão alienados?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- A NOVA VERSÃO DE GÊNESIS II


( imagem paulopontesonline.com.br- google)



SEMANA DO APOCALIPSE- A NOVA VERSÃO DE GÊNESIS II

Não. O Carlos não está pessimista. Muito menos virou profeta do apocalipse. E o título é só para causar impacto rs rs. São apenas algumas constatações, meras opiniões. Por que o título A NOVA VERSÃO DE GÊNESIS "II" ? Porque já escrevi a número I. A número I é um pouco mais otimista. Nela eu digo que Deus, após criar o mundo, antes de descansar, sentiu que faltava alguma coisa para completar as maravilhas que Criara. E então Deus criou a poesia. E Deus viu que a poesia era boa, abençoou e assim ela se perpetuou pelos séculos. Na versão número II, não pessimista, mas realista há uma mistura de gênesis e apocalipse, as duas pontas da história da humanidade, que se fundem, se encontram. Eis a minha humilde e nova versão:

Deus contemplando o universo, pensou: "De que adianta ser dono disso tudo sozinho? Tantas maravilhas para só EU vislumbrar". E Ele na sua infinita bondade, criou o homem. E lhe deu de graça toda essa maravilha de planeta. Águas límpidas, rios e campos fartos. Animais. Comida. Frutas. Plantas. Tudo de graça. Ainda na sua infinita bondade, Deus viu que o homem não podia ficar solitário e lhe deu mais um presente: a mulher. O que vem depois é bíblico, conhecido por todos e nem ouso discutir. O que Deus talvez não tenha imaginado é que o homem seria um inquilino descuidado, mal zeloso e irresponsável. O homem inventou o cigarro, a bebida alcoólica e outras drogas, matou, roubou, estuprou. destruiu, poluiu, encheu os mares de óleo e enfumaçou o ar. Invejou, cobiçou, criou falsos testemunhos, inventou a depressão, a bomba nuclear, barreiras físicas e morais, praticou racismo aids, apartheids. E um sem fim de coisas negativas que apontam para onde? Para o apocalipse. Desculpem-me padres, pastores, espíritas, muçulmanos, umbandistas, mas tudo que é interpretação humana sobre apocalipse é mera teoria. Principalmente porque cada um tem a sua, ou conforme vê, ou conforme quer ver. É como nuvem no céu. Um vê elefantinho, o outro ,carneirinho. Todos nós só vamos saber no dia em que acontecer. O próprio Jesus disse: "Nem o Filho do Homem sabe a hora que vai ocorrer". Mas o mesmo Jesus, manda que cuidemos do presente. "Cuidem para que não sejam pegos de surpresa". Estou pregando? Não. Quem sou eu. Só que penso que em vez de ficarmos pensando como e quando será o apocalipse, cuidemos do hoje, do presente. O futuro é algo que a gente semeia agora. E essa semeadura passa obrigatoriamente por cuidar do planeta. Passa também por se relacionar melhor com o vizinho, com o colega de trabalho, com a mãe, com o pai e até com o estranho. Às vezes penso até que o apocalipse já começou, pois tudo que estamos vivenciando é assustador. A gente nem se assusta tanto mais, porque já se acostumou à dor, à injustiça. A gente nem liga mais se o pai matou o filho, ou filho matou o pai, se o camarada matou a ex. Nação contra nação. Doenças novas e as velhas ainda nem têm cura. Tudo que o Mestre já dizia há dois mil anos. Um dia o Filho do Homem virá conforme prometido, disso não tenho dúvidas. Só que às vezes penso que Ele apenas virá cumprindo Sua nova missão, mas a destruição não virá dos céus e sim do próprio homem. Penso que Jesus apenas dará o desfecho final, contemplando o planeta em ruínas, libertando ou levando quem Ele achar que merece. Vamos parar de pensar o que vai ser, como vai ser e quando vai ser. Vamos fazer o que vai ser. Derrubaram o Muro de Berlim e ainda há tantos muros dentro de nós. Vamos cessar o apocalipse que está acontecendo dentro de nossas cabeças e de nossos corações. Mais igualdade, menos apartheid. Vamos fazer música, vamos fazer poesia. Vamos trabalhar, estudar namorar, cantar. Vamos manter a casa limpa para quando o Homem chegar não encontrar tão bagunçada. Quem sabe Ele nos dá uma nova chance como fez na grande arca? Vamos cessar o apocalipse. Vamos fazer uma nova Gênesis dentro de nós todos os dias.

sábado, 5 de junho de 2010

UM QUADRO PERFEITO


Eu, você, o mar e o luar.
As ondas beijando as pedras.
Nem Da Vinci pintaria um quadro assim.
Só mesmo o amor para pintar
um cenário tão perfeito
uma praia deserta para você e para mim.
Ainda era tardezinha
Quando começamos a nos beijar
num céu dourado a nos coroar
O sol descarregava seus últimos raios,
pediu licença e foi descansar.
A noite nos cobriu em seu manto
Parecia nos proteger na redoma do amor
onde só cabíamos, eu e você.
Naquele quarto de lua fizemos o nosso quarto
Daquelas pedras, fizemos nossa cama.
Na solidão que desejamos.
E entre repetições do desejo que nos inflama
vindos de ecos de prazer e emoções
entre mil vibrações,
mal vimos que já era manhãzinha.
Parecia o mesmo cenário.
Um céu dourado, raios em cascata...
Mas o sol não ia embora
ele estava era chegando... era a aurora.
Felizes enfim!
Nem Da Vinci pintaria um quadro assim.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

MEU CASTELO É DE SONHOS


( imagem static.blogstorage )
Na minha ilha da fantasia vejo tantos castelos.
Os de areia, também são belos
mas não eternos, qualquer água pode levar.
Os de pedra, são mais modernos, parecem seguros
mas, me parecem escuros, de paredes frias
não têm poesia.
E se o vento quiser também pode derrubar.
Até mesmo o tempo faz ruir
e paredes não podem me ouvir
prefiro um ombro para me encostar.
Muito mais seguro é o castelo que componho
Meu castelo de sonhos
Só eu e minha fada podemos tocar.

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Bem, amigos. Voltando meio devagar ao blog, melhor, aos blogs, assim numa fase meio Peter Pan, desculpem a insistência no tema,mas só sonhando, divagando, voando, devaneando (existe essa palavra? se não existe,inventei), só não dando muita bola para o mundo real, consigo ser feliz.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

UMA FADA PARA O MEU SONHO


Haverá uma fada para cada sonho.
Foi Peter pan quem me disse.
Nos versos que componho, a ele me assemelho.
Aprendi a enxergar além do espelho,
quem me ensinou foi Alice.
Ah, meus anseios. Devaneios. Afãs e afins.
Zombam de mim porque meus sonhos são mirins.
Ora, e daí, se é neles que me consolo?
Criticam-me porque ainda peço colo,
como se fosse proibido chorar.
O céu também chora em dias cinzentos e nem por isso vai acabar.
Nos campos há tantas flores e essas flores têm espinhos e perfumes,
nem por isso vou matar o jardim.
assim também são os amores que têm alegrias e ciúmes
também não vou matar o sentimento que há em mim.
Aprendi com Peter Pan
na minha Terra do Sempre
a buscar um novo amanhã,
não sei viver sozinho
sem palavra mágica e sem plim plim
ainda encontro minha Sininho.
Acredito no que faço, no que sou, no que componho.
Sei que vai existir uma fada para o meu sonho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O MENINO E O PASSARINHO


O menino é um passarinho que adora voar.
Brinca aqui, brinca ali, cumprimenta anjos e querubins.
O passarinho é um menino que adora brincar.
Pousa aqui, pousa ali, alegra praças e jardins. Experimenta perfumes.
Mas ambos têm os mesmos queixumes;
Incompreendidos são no direito de sonhar.
O passarinho quer horizontes, o menino também
só podem ver o sol atrás dos montes se voarem mais além.
Para quê essas gaiolas que limitam planos e sonhos
se a vida é uma grande feira?
E essas palavras que matam mais que atiradeiras?
Pergunta o passarinho: Para quê um horizonte azul assim
se não é feito para mim?
Pergunta o menino: Para quê essa rua se há uma cancela no fim?
Ainda bem que o menino e o passarinho têm uma vantagem
ambos não desanimam da viagem pelo grande jardim da vida
e fazem dela uma bela avenida.
Gaiolas rompem com o peito
palavras superam com jeito e as jogam no pó.
Entendem-se tanto que até parecem um só
no desejo de brincar.
-Vamos, menino. Suba em minhas asas,
nada nos impede de voar.
Deixemos lá embaixo a arrogância, a intolerância e a mediocridade,
quem nos fere com palavras não conhece a liberdade...
a verdadeira liberdade... de sonhos fartos... amar, brincar,
dormem nos mesmos quartos, vestem a roupa da mesmice
a vida de quem não ousa, é uma tolice.
- Vamos sim, passarinho. Aqui não podemos ficar.
Nossas asas são blindadas
palavras não nos podem derrubar.