ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 8 de dezembro de 2018

CADERNO DE POETA É ASSIM!


Tinha uma amiga enfermeira que por causa de seus turnos malucos de trabalho, faltava muito à aula, ou chegava atrasada, por isso pegava meu caderno emprestado para atualizar matérias. Um dia ao me devolver, disse: “Há tempos queria lhe dizer uma coisa, mas como só ando atrasada, nunca dava: seu caderno é muito divertido. E tem cada mensagem bonita, hein? Cada poesia! Nunca vi isso em caderno de homem”. “Caderno de poeta é assim”, comentei. Fato, era divertido mesmo! Era daqueles cadernos enormes, volumosos de oito ou dez matérias, só não era enfeitado com lápis de cor ou canetinhas, como das garotas, mas era diferente; em cada divisão de uma matéria para outra, tinha poesias diversas minhas, e dia após dia, na primeira linha, eu colocava uma frase minha, um pensamento, uma passagem bíblica, um provérbio, uma mensagem positiva. Na capa principal, meu poema FÊNIX, esse coloquei ali de propósito para eu abrir sempre o caderno, e dar de cara com ele. Na capa final, ÍCARO MODERNO. Não me lembro de todos, claro, só sei que esses eram os enfeites do meu caderno. Voltando ao que a amiga disse, ela completou: “Tomei a liberdade, e copiei um, espero que não brigue. Mas eu coloquei sua autoria, viu?”. Respondi: “Obrigado! Fique à vontade, o principal você fez que é citar o autor. Mas diga, qual você copiou?”. E ela: “Um que exalta a amizade, a liberdade, que quer ser um bruxinho bom que leva as luzes coloridas do amor onde estiver escuro, e chama todo mundo para fazer uma corrente. Título, OS TRILHOS”. Sorri: “É um de meus favoritos”. Ela disse: “Sabe por que imaginei que fosse? Porque ele parece uma profissão de fé, um compromisso, um lema de vida. Você não põe dúvidas nele, você diz “eu vou ser assim, eu sou assim”. Respondi: “E é um lema de vida, você acertou”. Ela deu uma pausa, parecia estar tentando formular uma pergunta dentro de si, e enfim, disse: “Posso fazer uma pergunta?”. “Todas”, respondi. Ela soltou essa: “Considere como um grande elogio. Fico observando os outros rapazes, e é inevitável ler tudo isso no seu caderno, e não te perguntar: você não faz mais nada senão poesia? Carlos, você não fala nem palavrão”. Eu não sabia se ria, se me emocionava, ou ficava tímido, mas consegui responder: “Obrigado mais uma vez. Eu faço a maioria das coisas que as outras pessoas fazem, só que de uma forma secundária. Eu preciso das outras coisas, mas não são prioridades, a poesia para mim, em primeiro lugar. Mas eu falo palavrão sim, de vez em quando eu falo “merda” com uma raiva”. Ela gargalhou: “Merda, até minha vozinha fala. Se “merda” fosse palavrão, o mundo tava salvo”. Já havia tocado o sinal de fim do recreio, mas ela fez a última: “Você existe mesmo?”. Brinquei esticando o braço: “Belisca pra ver se eu existo”. Ela beliscou suavemente: “É... existe sim! Que bom que você é de verdade! Glória a Deus, o mundo tem jeito”. E entramos para a sala.
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( imagem papolie.com.br )