ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 31 de janeiro de 2009

O CANTOR E O POETA







Gostaria muito que meus amigos(as) de blog me visitassem hoje.Mas final de semana todos se recolhem ao seu descanso.Porém eu hoje não. Porque estarei sentado à mesa com ninguém nada menos que o grande cantor Zé Geraldo.Deus permita que não tenha imprevistos. Zé Geraldo gravou CIDADÃO, SENHORITA, O PROFETA,QUEM NASCE ZÉ NÃO MORRE JOHNN,SEMENTE DE TUDO,OLHOS MANSOS,RECICLAGEM e outra tantas canções lindas. Além de RIO DOCE,que homenageia a cidade de Governador Valadares. Ele nasceu em RODEIRO cidade vizinha, mas foi criado em GV. Hoje é cidadão valadarense pela Câmara Municipal.Estarei orgulhoso demais de pegar na mão e falar com um de meus ídolos, odeio essa palavra abomino qualquer tipo de idolatria. Diria então, referência, influência. Meu amigo Amaury que ajeitou esse presente para mim. A esposa dele,tem um amiga que é parente dele e ele como sempre, toma uma cerveja depois dos shows com amigos. Amaury disse a mim: "Vou colocar frente a frente dois poetas. O que que vai dar hein?". Eu disse:"PUxa,você está me comparando ao Zé Geraldo? Tá maluco?" . Ele respondeu: "Comparando não.Mas você tem sim argumentos, material e cacife pra estar com ele sim. Você é um cara muito antenado.Parece desligado, mas é muito inteligente. E já falei que vou levar um poeta.Todos já sabem. E o bom que não vai ter muita gente". Mais à frente falo mais da carreira desse grande poeta ZÉ GERALDO.Um cara simples. É, os gênios são simples. Deixem-me controlar a emoção primeiro.Bem amigos, se ele deixar tirarei fotos e colocarei aqui, claro respeitando a vontade e a privacidade do artista. Segue abaixo a música RIO DOCE. Esse é o rio que corta a cidade, vindo de perto de BH e encontra o mar já em Vitória-ES. Já foi navegável, mas ainda é um belo rio. Dirigindo na br passando à margem , o visual é lindo. A vista aérea é mais bela ainda.

Rio Doce
Zé Geraldo

Deposito em suas águas meu grande segredo
Parto pra cruzar fronteiras, engrossar fileiras

Compor meu enredo
Deixo suas margens ricas sob a sombra lírica da Ibituruna
Una, pobre sabiá que perdeu seu canto de frases ligeiras

Por ver se apagar a ilusão ardente
Tão inconseqüente da paixão primeira

Oh! Meu Rio Doce, doce são os seios da morena flor
Cor do seu Ipê
Que vive sob as gameleiras, pés de jenipapo

Junto de você
Leva essa morena no seu leito manso
Faz o seu remanso se vestir de azul

Que eu tô levando a minha mocidade
Pras velhas cidades e praias do sul
Tô levando a minha mocidade pras velhas cidades
E praias do su..ul

Oh! Meu Rio Doce, doce são os seios da morena flor
Cor do seu Ipê
Que vive sob as gameleiras, pés de jenipapo

Junto de você
Leva essa morena no seu leito manso
Faz o seu remanso se vestir de azul
Que eu tô levando a minha mocidade

Pras velhas cidades e praias do sul
Tô levando a minha mocidade pras velhas cidades
E praias do su..ul

Que eu tô levando a minha mocidade
Pras velhas cidades e praias do sul

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A BELEZA É SIMPLES


Veja que coisa linda!
Esses traços.
E essas cores? Tão bem definidas.
Como pôde alguém fazer algo tão perfeito?
Impressionante! Que profundidade!
De qualquer ângulo que se vê nos traz uma paz... a paz na forma mais simples.
Muito singelo!
Ah, que vontade de pegar!
Ponto máximo da perfeição.
Beleza irretocável!
- O que você está vendo aí nessa parede, Carlos?
Algum Picasso, algum Da Vinci?
- Não. Estou contemplando nessa parede branca
o agradável contraste... de uma joaninha.
O bichinho mais simpático da natureza.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SOL E GIRASSOL


Estava eu, sozinho no jardim.
Um triste girassol
Olhando um céu cinzento
em busca do meu sol.
De repente, no seu sorriso resplandecente
eu vi um novo arrebol.
Do horizonte escuro a um paraíso aberto.
Da incerteza à esperança.
Do medo à segurança.
Foi assim que meu coração saltou, pulsou.
Quem disse que o mundo não presta,
que a vida é ruim.
Que não há pessoas e coisas boas
é so olhar para mim
e ver meu olhos em festa.
Festa de amizade e amor.
Meus olhos que só viam cinzento
vislumbram agora um jardim em flor.
Brilhe muito meu sol,
com a intensidade que ninguém jamais viveu
Aqueça com seu calor esse girassol em forma de homem...
que sou eu.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

MAIS UMA DE FÉ


Este não é um conto comum. É uma história verdadeira, assim como todas as outras que narro aqui. Evidentemente, em algumas ponho um tom poético, em outras, humor. Algumas são românticas, outras tristes. E umas confusas também. Mas o conteúdo central é sempre verdadeiro. Tive uma infância muito gostosa apesar de dificuldades financeiras e ter sido muito doente. Já nasci com um tal sarampo preto que quase me matou ainda bebê. Depois uma pneumonia. E depois uma desinteria crônica implacável que me maltratou por quase dois anos. Mas aí é que está: tirar das situações ruins, sempre algo de bom. Acabei crescendo assim.
Quando meninote, não me lembro a idade certa, mas sei que era muito novinho, eu tinha muitos pesadelos. Era sapo gigante com boca enorme correndo atrás de mim. Corujas e morcegos voando pra me pegar. Mãos cabeludas aparecendo sobre a cabeceira da cama. Eu corria pro quarto de minha mãe. “Mãe, mãe, tem sapo lá”. Às vezes, ela deixava eu dormir na cama dela e de meu pai. Às vezes, ele não deixava, até que estava certo. Tive uma fase tão aguda de pesadelos, que ela arrumou um colchãozinho perto da cama dela. Incrível como a presença da mãe afasta qualquer monstro. Meu pai falava: “Esse menino está é com lombriga”. E me tacava um remédio fedorento e amargo, chamado lombrigueiro. Quando tinha jeito, eu fingia que tomava e colocava dentro dos buracos do muro. De vez em quando via uma formiga carregando. Eu morria de medo dele ver a formiga. Ficava torcendo pra ela passar rápido, porque matar, eu não tinha coragem.
Houve uma noite em que minha mãe me convenceu a dormir em meu quarto. Noite quente. Não tinha ventilador. Janela fechada, claro, por causa do medo. Porta aberta pra eu poder correr de noite na hora dos sapos.
Tenho quase certeza de que ainda não estava dormindo. Eu custava a fechar os olhos porque o pavor não deixava. De repente senti um frio. Um frio gostoso, saudável. E notei um facho de luz chegando. Parecia os contornos do corpo de alguém. Só que não tive medo. Estava deitado de lado e assim fiquei, só olhando. A imagem foi se definindo. Era uma mulher branquinha, muito bonita, de vestido longo, branco, arrastando no chão. Em volta de seu corpo, uma aura, uma luz misturada de amarelo e branco. Tinha um semblante de paz, angelical. Ela se aproximou de minha cama e sentou-se. Passou a mão em meu rosto algumas vezes. Depois na minha cabeça... e disse com voz branda. “Reze,Carlos. Reze muito”. E foi se afastando... até sumir na porta. E dormi.
No outro dia, minha mãe estava no fogão, cheguei perto dela e disse. “Mãe, eu tive um sonho”. Ela ocupadíssima, queimando os dedos disse. “Ai,ai, meu Deus. Lá vem você com seus sonhos”. Eu falei. “Não, mãe.Não foi sonho ruim. Foi sonho bom”. Ela parou um pouco pensando e respondeu. “Deixa eu desligar isso aqui senão queima tudo”. Desligou o que precisava, sentou numa cadeira do lado do fogão. Fiquei em pé, com as mãos nos joelhos dela e comecei a contar. “Mãe, ontem à noite, antes de eu dormir, uma mulher branca, bonita, cheia de luz em volta, apareceu perto de minha cama, colocou a mão na minha cabeça e me mandou rezar sempre”.
Minha mãe emocionada, chorou e me abraçou. “Oh, meu filho. Você é um menino abençoado. Foi a Virgem Maria que apareceu pra você. Eu pedi a ela pra tirar esses sonhos ruins de você porque não temos condições de tratamento. Por que não pensei nisso antes? Venha cá. Ponha as mãozinhas assim, juntas e reze comigo. E me ensinou o Pai Nosso e Ave Maria. Minha mãe ainda disse. “A gente precisa ser digno dela”. Nunca mais tive aqueles pesadelos.
Uns dias depois fui até a porta do quarto dela e disse. “Boa noite, mãe. Boa noite, pai. Durmam com Deus e a Virgem Maria. Viu pai, como não era lombriga?” Meu pai não entendeu muito, também já estava quase dormindo. Minha mãe sorriu.
Não sei se fui ou se estou sendo digno dela, mas a fé que minha mãe passou a mim, tão garotinho, foi muito importante.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um pouco de música- RITCHIE VALENS- LA BAMBA

Meados dos anos 50. Juventude transviada. Lambretas e brilhantina. Elvis era o grande nome. O branco que cantava com voz de negro, diziam. Imbatível. Era a época do rockabilly. Mas o rock ganharia outro personagem além de Elvis, Little Richard, Bill Halley. Richard Valenzuela, descendente de mexicanos, jovem sonhador como tantos influenciados pelo grande Elvis. Ritchie vivia tendo pesadelos. Seu irmão velho dizia que era falta de mulher, que devia sair mais e largar a guitarra que não saía de suas costas. Um dia o levou a uma espécie de boate e lá viu um grupo mexicano cantando LA BAMBA da forma folclórica, tradicional. Ele disse ao irmão que olhava as mulheres: “Eles estão cantando essa música errada”. O irmão ficou bravo: “O quê? Um tanto de mulher aqui e você está ouvindo esses caras cantarem?”. Pois depois ele imprimiu um ritmo rock na música que estourou rapidamente nas paradas. Estourou ainda outros sucessos como COME ON LET’S GO, que fez 60 exaustivas tentativas num estúdio, até conseguir dar um ritmo e tom final na música. Mas isso não era nada para o jovem abnegado. E ainda “OH DONNA, canção que apresentou à namorada proibida, rica, pelo telefone público. “Ouça o que fiz pra você”. Pelo telefone porque os pais dela não aceitavam o namoro. Rock era meio coisa de bandido .Elvis era considerado pornográfico com seus movimentos de cintura. OH DONA, foi segundo lugar nas paradas, ficando atrás apenas de ninguém nada menos que o rei do rock.
Diante do empresário ele não quis alterar seu sobrenome em respeito à família, mas acabou aceitando e passou a se chamar: Ritchie Valens. Um nome mais sonoro.
Nos pesadelos que tinha, sonhava sempre morrendo de avião. O sonho repetitivo parecia premonição... e era. Com o estrondoso sucesso, os shows aumentaram e a partir daí só mesmo de avião.
Certa noite muito chuvosa, num avião que só cabiam 4 pessoas, sendo o piloto e mais 3, eram em total de 5, portanto haveria um sorteio para decidir quem iria de carro. Estranhamente, já que ele tinha medo, poderia optar por ir de carro, porém entrou no sorteio... e ficou entre os que voariam.
No dia seguinte, a notícia no rádio de que o avião que transportava a banda do jovem cantor Ritchie Valens, havia caído sem sobreviventes, chocou o país. Uma carreira promissora, mas curta. Artistas da época nomearam aquele 3 de fevereiro de 1959, como o “ dia em que a música morreu”.
Uma bela e triste história de rock’n roll.

Texto de minha autoria, mas baseado no filme LA BAMBA que assisti algumas vezes, um dos melhores que já vi, porque gosto do tema.Deviam filmar John Denver, ainda vou falar dele aqui, outro que morreu jovem com belas canções.

PUNHAL

Sinto algo incomodando
Que cutuca, machuca de vez em quando.
Deve ser esse punhal na minha carne
Que transpassa atÁ a alma.
Eu,na minha aparente calma
Finjo que näo é comigo, que não corro perigo.
Mas meu sorriso frágil mostra o quanto dói.
O ferrugem corrói.
E se às vezes solto uma estrondosa gargalhada
Pode ser o urro de uma fera machucada.
Nem eu posso retirar...
de täo forte que cravou.
Mas isso não é de todo mal.
O punhal que faz morrer
também ajuda a viver.
A dor que näo deixa dormir
é a dor que faz crescer.

sábado, 24 de janeiro de 2009

SOBRE DAMAS E PROSTITUTAS


Nem sei por que vou contar isso. É muita coragem. Deve ser falta do que escrever. A idéia veio no terraço, noite de insônia, céu triste, chuvoso.
Um dia desses vi na tv uma ex dona de bordel sendo entrevistada. Ela dizia que ao contrário do que muita gente pensa, os homens não vão lá só para transar. Claro que a grande maioria é, mas tem uma boa faixa daqueles que além de sexo, procuram alguém para conversar, se abrir, falar de problemas, do emprego, enfim acabam virando psicólogas, conselheiras, amigas mesmo. Contou até uns casos engraçados, outros tristes.
Passei uma fase bem rebelde na minha vida, diria até perigosa, pois, falava o que queria e onde queria. Sem contar os problemas de ordem pessoal e familiar que ajudava um pouco naquele jeito tresloucado. Quando se tem 20 anos, a gente pensa que pode mudar o mundo. Pura bobagem! Mas também não fiquei alheio depois, só não pretendo mais ser um paladino da justiça. Não gostava (e não gosto) de injustiças e covardia. Então não agüentava ver ninguém deitado nas esquinas, menino pedindo na rua. Um dia cheguei perto de um policial que batia num malandro e disse: “Por que o senhor está batendo se ele está algemado, deitado?”. “Saia daqui senão leva também”. Um dia, apesar de não ser preso, andei no camburão da polícia, porque me indignei com um cobrador que tratou mal a um idoso. Então eu era assim. Tomava as dores de todo mundo. Mas parei, graças a Deus. Ainda fico indignado, mas só por dentro. Eu era contra o vento dos new wave do fim anos 70,início dos 80. Aquele falso “ tempos da brilhantina” lançado por John Travolta. Os tempos da brilhantina existiram sim, mas nos anos 50, 60 com Elvis e James Dean, essa sim, uma juventude que fez acontecer, foi lá e buscou. A juventude dos anos 80, pegou tudo pronto da mídia e achava bonito andar de calça preta e bota. Enquanto via os amigos acertandoo cabelo com gel eu não penteava o meu pra ele ficar mais enrolado.Aquilo era só uma moda, eu tinha era estilo.Tanto é que Travolta se transformou num grande ator. James Dean, Little Richards, que subia em cima do piano, todos morreram rock’n roll. Chuck Berry ainda é vivo. Meus ídolos era meio assim polêmicos, alguns malditos, mas gente que fez acontecer. De diversas áreas e culturas. Gandhi, Raul Seixas, John Lennon, Che Guevara,Tiradentes ( o verdadeiro herói brasileiro), Rita Lee, Zé Ramalho e até Lampião. Eu não queria ser tão contundente como eles, apenas mostrar às pessoas, um jeito novo de querer.
Todas as vezes que tentei entender a raça humana (que prepotência a minha), fui ao fundo do poço. Era com os bêbados, com os mendigos, com as mães pobres que eu conversava. Essa gente tem muito a nos passar. Escrevi “Da minha janela”, de onde eu descia às mazelas humanas, ao submundo da sociedade. A miséria sendo tratada como piada. Só indo aonde as pessoas sofrem é que temos a verdeira idéia do que passam. Certa vez falei com um mendigo por mais de uma hora no banco da praça, enquanto aguardava o banco abrir. Escrevi “Um bêbado me disse”. Um professor me alertou. “Nenhum jornal vai publicar isso. Você está mais é vomitando que falando. Falando mal até dos jornais”. Uma outra vez, falei com um louco lá do bairro que só falava quando queria. Ficava dia todo andando na rua, sem dar uma palavra. Quando falava era dia todo. Gostava de subir no barranco também e cantar de braços abertos. Um dia mostrei a ele um passarinho vermelhinho lindo no fio do poste. Ele pôs a mão no meu ombro e com a outra fez sinal com o dedo, de negativo e disse: "De Deus. Passarinho bonito. Não pode matar”. Achei incrível isso.
Mas o que tudo isso tem a ver com as prostitutas? Quando me sentia em fase extrema de revolta, com ego altamente elevado, costumava me exilar. Não pelos cantos, mas em outros lugares, onde não conhecia ninguém. Nunca usei drogas, até mesmo porque apesar da rebeldia, era medroso. Um “amigo” me ofereceu na palma da mão um cigarro de maconha e eu disse a ele. “Não tenho nada com sua vida, mas se você me oferecer isso mais uma vez nunca mais falo com você”. No outro dia foi na minha casa, pediu mil desculpas e falou: “Deus me livre perder sua amizade”. Mas bebia muito, de tudo que é tipo de bebida numa só noite. Gostava de ir à uma zona boêmia, em especial numa boate. Claro que de vez em quando ficava com uma, mas eu gostava mesmo era de sentar no meu canto, tomar umas doses e ouvir música. Passava horas ali. De vez em quando me sentava ao balcão, conversando com a dona do bordel, Jandira. Só que não mexia com ela, uma mulher tão bonita devia ter parceiro. Era morena bem brasileira mesmo, devia ter uns 35 anos, cabelos
longos, pernas grossas e bumbum grande e certinho. Na primeira vez que estive lá pedindo algo ela disse: “O que um rapaz tão jovem e bonito está fazendo aqui?”. Com o tempo ficamos um pouco amigos. Um dia pedi a ela papel e caneta, ela riu: “Vai escrever uma cartinha para minhas meninas?”. “Não, vou escrever uma poesia”. “Ai, que chique. Um escritor na minha boate?”. Respondi: “Escritor não, escritor é Carlos Drumond de Andrade. Eu sou um rabiscador de sonhos”. E escrevi um poema que começava assim:
ESSE MUNDO COLORIDO ENGANANDO MEUS OLHOS
QUERENDO ME IMPOR QUE SOU FELIZ,
MAS É MEU PEITO QUEM DIZ;
QUERIA UM MUNDO EM BRANCO E PRETO
PARA EU COLORIR DA FORMA QUE QUERO.
NADA DO QUE ME DIZEM SE APROXIMA DO QUE VENERO
DO QUE DESEJO.
NÃO QUERO ESSAS LUZES, ESSE ARCO-ÍRIS.
QUERO APENAS UM BEIJO.
Era sempre assim, letras fortes, revoltadas, mas melancólicas, pedindo socorro. Lia ao mesmo tempo o mundo encantado de Alice no país das maravilhas e Peter Pan, e Romeu e Julieta, o maior clássico literário da história. Sim, o maior clássico literário da história é uma tragédia. Temos tendência à tragédia. Morrer por amor! Eu também já quase morri por amor, não por suicídio, mas por intensidade. Outra bobagem, já sanada. Tudo que fazia e faço é intenso. Se amo é para valer. Se rio, é bem alto. Se choro, choro em qualquer lugar. Se tenho raiva, fico irreconhecível. Quando recito, levito. Saio do chão.
Mas voltando ao poema, não me lembro do resto porque ela leu e quis ficar. “Ai que bonito, menino! Dá para mim?”. Se dei poesia até para os calhordas, porque não a uma prostituta, uma mulher tão bacana? O que tem de diferença entre as prostitutas e os calhordas? Pensando bem, tem sim. Pelo menos, elas dão prazer. Os calhordas só dão desgosto.
Só avisei. “Não vá jogar fora depois, hein? Não faço poesia pra jogar fora”. Ela apelou: “Está pensando que sou o quê? Sou prostituta, mas tenho dignidade”. Achei interessante a expressão “prostituta, mas com dignidade”. É que às vezes associamos qualidades como honestidade, dignidade, aos cargos que as pessoas ocupam, pelas roupas que vestem. Então um gari, uma prostituta, não podem ter esses quesitos?
Numa de nossas conversas ela falou. “Você trata as prostitutas como damas. Elas não estão acostumadas com isso”. Respondi dando mais um gole. “Não conheço damas, nem prostitutas. Conheço mulheres”. Ela avisou: “Está bem, mas não vá criar problemas para minhas meninas, viu? Prostituta apaixonada não dá certo, só dor de cabeça”.
Ela deve ter falado isso por causa da Janete, que um dia deitada no meu peito na cama, revelou: “Você me faz ter vontade de voltar para casa dos meus pais. Você é tão legal. Se eu pudesse deitaria com você, até de graça... mas vivo disso”.
Felizmente essa fase passou rápido, um dia na frente do espelho vendo meu rosto horrível após um quase coma alcoólico por causa de vodka, falei: “Deixe de ser idiota, cara!.”. E parei. Hoje bebo moderado. Mas de música ainda gosto demais. Passo meus domingos ouvindo. Continuo respeitando os bêbados, os mendigos, os loucos e as prostitutas.

Chamar a vida da prostituta de vida fácil é tão injusto e mentiroso, quanto chamar a mulher de sexo frágil.

Nota: O texto foi retocado hoje, mas o original foi criado em 1995.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MAIS UMA NOITE


Mais uma noite de queixas.
Não sei por que não me deixa.
Deita ao meu lado como se fosse minha mulher.
Não sei mais o que você quer
De tanto que me incomoda, poda meu amanhã.
Nessa noite de afã, não sei o que faço
Subo ao terraço e lá vai voce...
como uma sombra... que assombra.
Uma companheira que eu não quis ter.
Já ate falei de você como amiga
Que me ajuda a escrever poemas,
mas isso também e um dilema
Deixe-me um pouco, insônia
porque eu preciso viver.

03:40h da manhã - 23 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O MINEIRO APAIXONADO E O CIENTISTA


Discurpa, seu dotô
num vim aqui para brigá
respeito seus diproma na parede,
mas eu tenho sede de saber
do que vi o sinhô falano na tv.
Ara, sinhô falô que essas coisas de emoção
não sai do coração,
que vem de um tar de cérebro que tem uns nerônio,
sei lá o quê.
Intão, o sinhô isprica proquê meu coração
fica uma dorzinha gostosa
quando num vejo minha formosa,
quando tenho sordade dela,
quando alembro dela na janela
isperando eu passá
pra nóis namorá
E quando nóis briga,dotô, é bem pió
aí que meu coração fica com dor.
Discurpa,dotô.
Se o sinhô pensa isso
é proque nunca se apaixonô

Pérolas de minha infância V- O segredo da fé ( está parecendo filme do Rambo, mas prometo que é a última)


Quando criança, havia lá no bairro um senhor chamado Bemvindo. Mentirooooso! Dizia que já tinha lutado com onça e ainda mostrava os arranhões. Que já havia segurado uma sucuri na mão. Eu nem sabia o que era sucuri direito, sabia que era uma cobra perigosa, nada mais. Que rolou num barranco com uma criatura que nem sabia o que era. Ele tinha certeza que acertou o tiro quando a fera corria, pois jamais errara um tiro, mas a bala não lhe fez nada. Um dia contou que tinha visto um objeto estranho brilhando no céu quando se barbeava no quintal. Eu falei: “Será que não era sua careca refletindo no espelho?”. A molecada riu. Ele, brincando, me deu um cascudo de leve: “Me respeita, menino”. Hoje penso que ele só gostava mesmo de ficar fantasiando essas coisas para as crianças e se divertia, e nós também. Mesmo sabendo que eram mentiras, dávamos o tema indiretamente só pra ele começar. Ele pegava no ar. Era normal alguém dizer: “Vamos lá no Bemvindo ouvir umas mentirinhas?”. Quando ele morreu um menino disse: “Você sabia que o Bemvindo morreu?”. Alguém respondeu: “Mentira!”. Mas gostava de contar casos também, bem à mineira. Um dia ele contou esse... sobre a fé.
Um viajante, exausto por cavalgar por vários dias, avistou uma belíssima fazenda e resolveu pedir pousada. Chegou à porteira, bateu palmas várias vezes, até que um senhor que parecia ser o dono, não só pelos trajes, mas também pelo mau humor, foi atender. Sim, pelo mau humor, porque só os chefes têm direito de ter mau humor. “Pois não”, disse com cara de poucos amigos. Ele tirou o chapéu. “Boa tarde. Senhor, estou cansado, cavalgando por mais de uma semana, tenho fome e sede. Preciso de um banho, um prato de comida e umas horas de sono. Não agüento mais um minuto em cima desse cavalo. Prometo que amanhã parto cedo”. O fazendeiro respondeu: “Sinto muito. Acho que não posso ajudar. O senhor não veio num bom momento. Minha melhor vaca está para parir... e vai morrer. Já recusei proposta alta por ela e hoje pagaria o que recusei, para salvá-la. O estranho perguntou: “O senhor tem fé?”. “Como assim? Claro que tenho fé. E o que tem a ver uma coisa com a outra?”. Ele respondeu: “É que sou um rezador, conheço orações poderosas e estou certo de que posso salvar sua vaca”. O fazendeiro se enfureceu: “Olha aqui, forasteiro. Se pensa que tem bobo aqui e quer me enrolar em troca de pernoite, o senhor pode dar meia volta”. Meio assustado, segurou as rédeas, mas insistiu: “Calma, vou embora. Mas pense bem... o senhor tem escolha? O que custa me deixar tentar? Se a vaca morrer, além dela, só vai perder um prato de comida, o que não é nada para quem tem uma fazenda tão grande”. O fazendeiro coçou o queixo, a cabeça e disse: “O senhor espere um pouco aí”. Foi lá dentro, falou com a mulher e filhos e voltou cinco minutos depois. “O senhor tem razão. Não tenho muita escolha e resolvi lhe dar um crédito de confiança. O senhor pode apear e entrar”. Descendo do cavalo, foi logo falando: “Mas é preciso ter fé”. Passando a porteira, pediu: “Se não se incomoda poderia arrumar um pouco de feno e água pro cavalo?”. O empregado que ouvia, providenciou logo. Chegando na sala, cumprimentou a todos, discretamente é claro, pelo clima de velório. Depois de tomar água perguntou: “Onde está a vaca?”. “Me acompanhe”, disse o dono. Toda a família foi junto. Chegando no celeiro, lá estava a pobre vaca agonizando. Não tinha mesmo muitas horas de vida. Ele pediu: “Preciso de um pedaço de pano, tesoura, agulha e linha. E também um pedaço de papel e uma caneta”. De imediato o homem falou: “Vamos logo, mulher. O que está esperando?”. Rapidinho ela foi e voltou com o material. O estranho sentou, escreveu algumas linhas, dobrou o papel, colocou num saquinho que fez com o pano, e costurou a boca do mesmo. Depois de pendurar o tal saquinho no pescoço da vaca, pediu licença: “Agora gostaria que saíssem, pois tenho uns rituais e preciso ficar sozinho”. Prontamente atendido. Ficou lá dentro uns dez minutos e saiu: “Bem, agora é esperar. Mas é preciso ter fé. Se não se importa gostaria de tomar um banho, comer um pouco e dormir, pois parto antes que o galo cante. Atendido. Tomou um longo banho, comeu como um rei e dormiu. Partiu tão cedo que ninguém o viu.
No raiar do dia, ouviu-se um grito: “Pai, pai. A Estrela pariu e está salva. Ela está boa. Corre pai”. Todos se levantaram às pressas, mal vestiram as roupas, se acotovelaram para entrar no celeiro. Lá estava Estrela. Bela e imponente como sempre, branquinha, cheia de manchas pretas, sendo uma no meio da testa, lambendo, dando os primeiros tratos de carinho ao seu bebê. “Que maravilha”, um falou. “É um milagre”, exclamou outro. O fazendeiro abraçou a vaca: “Como eu gostaria de pagar àquele moço pelo que fez, mas como não posso, que Deus o acompanhe sempre”.
A partir dali, todas as mulheres grávidas da região, principalmente as que tinham complicações, pendurava o saquinho no pescoço e os partos corriam normais. Até mesmo quem não tinha complicações, usava, só de precaução. O saquinho milagroso ganhou fama mais e mais. “Engravidou? Manda buscar o saquinho”. Andavam léguas e léguas com ele. Porém saquinho pra lá, saquinho pra cá, saquinho viaja, saquinho volta, saquinho ganha beijo... com o tempo foi estragando, abrindo, rasgando, até começar a aparecer a ponta do papel. Pois um curioso, sempre tem que ter um curioso, quis ler a poderosa oração.
E leu. Eis a milagrosa oração: “Tendo água e capim pro meu cavalo. Cama e comida para mim, quem pariu, pariu. Quem não pariu, vá pra puta que pariu”. Ou seja. Era a fé daquelas pessoas que salvava suas vacas, suas cabritas... e suas mulheres. Não um pedaço de papel contendo uma baboseira. Independente se o forasteiro queria apenas dormir e comer e não estava nem aí para a vaca, ele acabou dando a eles um bom conselho: “É preciso ter fé!”.
Esse texto cabe muitas interpretações, religiosas, filosóficas e até de humor, as idéias são livres e respeito, mas eu me centralizo em uma: A fé é uma coisa muito pessoal.
Desculpem pelo palavrão, mas não tinha outro jeito de contar sem perder o sentido.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

UMA RAPIDINHA... POESIA

Nasci com cinco sentidos
como qualquer ser humano pode ter.
hoje eu tenho seis...
o sexto é amar você.

PERDOA, MÃE



Mãe natureza, mãe generosa
sei que andas nervosa,
mas peço clemência contra nossa ciência,
nossa demência que a tudo arrasa.
Perdoa-nos por destruirmos nossa própria casa.
Desculpa pelos rios, pelos ares
pelos mares que tinham tantas baleias.
Desculpa essa fumaça tão feia.
Desculpa nossa maldade
que tira dos pássaros a liberdade,
que mata a arara e o mico leão.
Perdoa pela onça ferida,
pelo avestruz e pelo pavão
cujas penas desfilam na avenida.
Perdoa nossa hipocrisia
vendida na televisão.
Perdoa, mãe. Diz que não é o fim.
Desculpa pela borboleta e pelo guaxinim.
O castor, o jacaré e o beija-flor.
Desculpa pela queimada.
Perdoa teus filhos homo sapiens
que de sapiência não tem nada

sábado, 17 de janeiro de 2009

QUASE MENINA

Sabe em você o quê me fascina?
É que você é uma quase menina.
Na forma como me chama.
No jeito de sorrir
e quando me ama.
Na hora do amor
parece um botão em flor
que trato com carinho
regando com beijinhos
e assim ganho seu perfume.
Mas se brigo, corro perigo
só escuto queixumes.
Mas se é você quem briga
corro um perigo ainda maior,
pois com medo de ficar só
tudo em mim se desatina.
Vejam só, minha doce sina...
fui gostar de uma quase menina.
Vou seguindo seu carisma
vivendo sob seu prisma que me domina.
quem diria,experiente que sou
cedendo a uma quase menina

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CARTA AOS BLOGUEIROS II

Há quase 20 anos, fui apresentado a uma garota, como poeta. Trocamos beijinhos no rosto de praxe e ela ainda segurando minha mão disse: “Oh! Que interessante... poeta! Ainda existem poetas?”. Sei que ela não falou por mal, mas me deixou chateado. Porque sempre tratei a poesia como algo sublime, supremo, dádiva, como o meu maior momento, com muito respeito. Cheguei até a criar uma nova versão de Gênesis, onde Deus fazendo os arremates, pincelando o mundo, incluiu a poesia. Sou repetitivo, mas de propósito, porque gosto de enfatizar isso, a mim mesmo, sobretudo. A poesia sempre foi meu escudo e minha espada, minha terapia, meu véu. Se um artista, compositor ou pintor não respeita a própria arte, quem vai respeitar? Mas no fim acabei concordando com ela um pouco. Eu mesmo não conhecia um poeta sequer, a não ser os grandes nomes dos livros. Cadê os poetas desse Brasil, dessa cidade, desse bairro? Será que a poesia está acabando? Perguntas e divagações alfinetando o coração de um jovem poeta. Será que estou na contramão do mundo e de todos? Por isso que esse mundo está uma porcaria, ninguém gosta de poesia, pensei. Senti-me um pouco solitário ao concordar com ela.
Aos longos dos anos ouvi outras frases desse nível, algumas ingênuas, outras por picardia, mas sempre fui reto nesses trilhos. Por exemplo: “Poesia dá dinheiro?”. Essa doeu. Algumas engraçadas. “Você só faz poesia? Não almoça, não janta, não faz sexo?”. Logo eu que tinha fama de mulherengo. Tinha, não tenho mais. “Sempre quis namorar um poeta pra só ver como é que é”. Teve simpáticas. “Esse é mundo do Carlos. Muito bacana o seu mundo”. Teve românticas também. “Preferi você porque soube que era poeta”. Ano passado teve duas interessantes e recompensadoras. Um rapaz a quem dei um livro me disse: “Eu nunca havia lido um livro antes. Li o primeiro por sua causa”. E outra vez quando sentei numa mesa de um bar do bairro, de um senhor que eu apenas cumprimentava de longe com a mão. Pedi uma cerveja gelada. Ele limpou a mesa várias vezes e disse. “Gelada não. Geladíssima! E a primeira você não vai pagar. Poeta tem que ser bem tratado. O que vi você fazendo naquela praça foi demais. Você merecia ganhar”. Respondi surpreso. “Obrigado, vai entender jurados não é? Mas quem ganhou também mereceu. Quando declamei naquela praça não declamei para os jurados, declamei para as pessoas que estavam assistindo na praça e quando passei entre as fileiras de cadeiras, algumas pessoas me cumprimentando, já foi minha recompensa. A medalha está na minha parede com muito orgulho”.
Com o grande boom da internet no Brasil, talvez há uns dez anos, pude finalmente ver que não estava na contramão de nada. O Brasil está cheio de poetas e isso muito anima meu coração, já não tão jovem, mas igualmente poético. Posso ver tantos blogs, orkuts, sites, comunidades e vejo centenas deles. Falo com alegria porque gosto muito mesmo de poesia. Eu não escolhi a poesia, ela nasceu em mim. Não escrevo assim: “Vou ali escrever uma poesia”. Ela vem de repente e não escolhe hora ou lugar, simplesmente cai no meu colo. Já escrevi em locais e horários estranhos. Algumas saem em cinco minutos. Outras, passeiam na minha cabeça por dias. E não preciso colocar já no papel, posso deixar para o outro dia que não as esqueço, tamanha é a minha ligação com elas. Eu brinco dizendo que se as mulheres têm tpm, eu tenho tpp (tensão pré-poesia). Quando começo a ter insônia, lá vem poesia. Só não fico nervoso, só um pouco recluso, introvertido.
Esse texto é uma homenagem aos amigos blogueiros, não vou citar nomes para não cometer possíveis injustiças, que muito atenciosamente leram e responderam minha primeira carta a eles. Graças a Deus. A poesia está no ar. Fiz esse texto em um momento pra lá de dividido. Encontrei uma irmã de 50 anos que não conhecia e vou abraçar em breve, enquanto meu irmão passa hoje por uma cirurgia muito delicada. Mais paradoxo que isso é impossível. A vida definitivamente não é uma roda gigante... é uma montanha russa. Um abraço a todos.

A FONTE QUE NUNCA SECA




Uma fonte deliciosamente estranha.
Quando penso que secou... ela se assanha.
Às vezes fica quieta, despretensiosa.
De repente vai à forra, jorra generosa
e me dá um banho de emoção,
regando, tornando fértil meu coração.
Quando penso que já vi tudo,
vivi por tudo, ou morri por tudo,
ela se renova, e põe à prova o que preciso dizer
do meu jeito dúbio de ser.
Cada vez que ela brota e desliza
tudo em mim se ameniza.
Mostra uma aura que me acompanha desde que nasci,
não fui quem escolhi.
E a poesia habita em mim.
Estou falando da inspiração,
da fonte que não tem fim.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

CARTA AOS BLOGUEIROS

Olá,amigos(as). Aliás nem tenho tantos aqui,mas não porque sou instrospectivo,como às vezes eu mesmo me acho. É porque não tenho muita paciência com esse tal de computador. Ou é porque passo maior parte do tempo escrevendo (isso é uma verdade,(faço poesia o dia inteiro,tirando as horas de trabalho,claro, pois nessa hora é quase um ritual de concentração). Ou então é essa tal timidez, essa viagem pra dentro de mim, que me enche o saco, mas sei que já melhorei. Estive pensando: Vejo tantos blogs lindos, coloridos, muito bem ilustrados e às vezes bate até uma pontinha de inveja (odeio essa palavra) porque não sei mexer muito. Vejo todos se elogiando e acho bonito isso. Não sei muito pegar scraps, imagens, mensagens. Mas não sou burro nao, viu? Só impaciente, embora a impaciência seja uma forma de burrice também. Estou dizendo isso aos amigos porque os vejo trocando selos e outros recursos, alguns até me oferecem, mas eu nem sei ir buscar. Não é pouco caso. Já tentei, mas quando vou lá, e vou colar,dá errado,aí deixo pra lá. Meu blog é meio preto e branco, meio sem graça, só tem textos longos, pessoais e talvez não atraia tanta gente, mas tenho certeza que os poucos que vêm gostam e os considero muito. Nem sei porque estou dizendo isso, talvez seja mais uma de minhas bobagens, mas é só pra dizer a todos que não me levem a mal. Nada contra os amantes de imagens e do visual, mas eu me dedico mais às palavras, talvez numa forma de chamar atenção para a pessoa Carlos. Claro que vejo blogs lindos com imagens e textos lindos também, não estou confrontando, imagem contra texto, é porque eu sou mesmo centralizador. Sei que pareço egoista, não no sentido materialista da palavra, mas de me amar ao extremo. Não quero que jamais uma imagem apague a minha imagem. Quero meu texto acima de qualquer scrap, porque dentro do que escrevo estou eu e não sei ser mais ou menos. Estou vivendo um de meus melhores momentos poéticos e gosto de contar a todos e temo que uma imagem se sobreponha ao que escrevo. Sim, porque não escrevo para mim, escrevo para as pessoas. E talvez seja por isso que meu blog é tão preto e branco , para que me pintem, cada um, como quiser. Mas dentro de mim existe um verdadeiro arco- íris. Um abraço a todos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O DIA EM QUE FUI CONDENADO


De onde estava, pude ouvir rumores de uma pequena multidão. Pareciam esperar alguma espécie de comemoração, estavam alvoroçados. De sandálias franciscanas pude sentir o chão molhado. O lugar fedia. Eu tinha os olhos vendados, as mãos amarradas para trás. Tentei ouvir alguém próximo de mim, mas estava só. Com o corpo fui tentando descobrir onde estava. Pelo pouco espaço disponível senti que o cubículo parecia uma cela. Fui encostando, me esfregando sem camisa e pude sentir paredes ásperas, mal acabadas, até que esbarrei em barras de ferro. Sim, era um cela. Mas o que eu fazia ali? O que eu teria feito que não me lembrava? Gritei várias vezes: “Tem alguém aí?. Socorro! Por favor, alguém pode dizer por que estou aqui?”. Nada. Só o eco respondia por aqueles corredores. Agachei-me, tive vontade de chorar. Levantei. “Não, chorar não. Chorar é para momentos felizes, emocionantes”. Momentos difíceis é hora de lutar. Mas lutar contra quem ou o quê? Gritei ainda várias vezes sem resposta. Não sei o que incomodava mais. As amarras que doíam cada vez mais que tentava me livrar, a venda nos olhos ou a falta de alguém para me explicar o que eu fazia ali. Muitos minutos depois, ouvi passos firmes, pesados. Pareciam dois. Ouvi barulho metálico como se fossem armaduras medievais. Barulho de chave abrindo a porta. Um disse: “Vamos. Está na hora”. Tiraram-me a venda. Eram mesmo soldados medievais. Olhei em volta, ao fundo... à frente. Eu estava numa masmorra escura e fétida. E foram me levando, um de cada lado. Perguntei desesperado: “Para onde vão me levar? Por que estou aqui? O que fiz?” Sem resposta, eram treinados para não falarem com presos. Preso, eu? “Por quê? Por quê?”. Perguntava insistentemente. No trajeto por aquele grande corredor olhei outras celas, mas todas vazias, pelo menos pareciam, pois estavam escuras. Subimos uma pequena escada. Quando chegamos a um grande pátio, o sol me cegou. Com dificuldade fui abrindo os olhos. Os soldados, brutos, praticamente me arrastavam. Ainda pude ver na torre da igreja o relógio marcando 08:00h... sabe-se lá de que dia. Mas agora também não importava, pois vi que eu era um condenado. Eu ia morrer. Só não sabia por quê. A pequena multidão quando me viu apupou, deu vivas, gritos diversos e assobios. Me levaram por fora, por uma passarela separada por um alambrado, até o patíbulo. No centro dele, um mastro e uma corda... uma corda esperando um pescoço. Ou mais um. Numa velha cerca do lado direito, os abutres. Até os abutres sabiam do que ia acontecer. Tudo parecia combinado e já iam disputar cada pedaço de minha carne. Minhas mãos que tantas coisas boas escreveram. Meus olhos que tantas coisas lindas viram. Meu cérebro. Meu coração. Os soldados se afastaram. O carrasco, homem sinistro, vestindo roupas longas e negras, encapuzado, personificando a própria morte, se aproximou e disse com voz sombria: “Calma que vai dar tudo certo”. Certo pra quem? Para os que condenam? Um senhor de barbas longas, o chefe da execução, se aproximou também e disse: “Você pode fazer seu último pronunciamento, mas seja breve. Estamos atrasados”. Seus olhos frios me cortaram, me olhando de forma desprezível. Pediu silêncio com a mão à multidão presente e se afastou para o lado esquerdo. Pensei de novo em chorar. Chorar não. Não se deve chorar perante os inimigos. Deve-se chorar perante os amigos. Os amigos te abraçarão, os inimigos rirão.Respirei fundo. Então gritei bem alto, alto mesmo para me fazer ouvir para que pelo menos alguém da platéia pudesse me responder. “Vocês já me condenaram. Eu só queria saber o que foi que fiz?”. Silêncio total. Olhei para o lado esquerdo, o chefe acenou positivo com a cabeça para o carrasco. Ele colocou um capuz na minha cabeça. Fechei os olhos para receber o beijo da morte.
Quando senti a corda me roubando o ar e dobrando meu pescoço... ACORDEI! Que susto! Dei um pulo na cama. Reparei agora o relógio da parede, mas agora era do meu quarto. 08:00h também, mas na minha cama confortável. Tudo não passou de um pesadelo terrível. Minhas costas e rosto suados apesar do ventilador e da janela aberta. O sol me cegou de novo, mas agora era um sol amigo. Levantei-me, molhei os pulsos, o rosto, tomei água gelada e deitei-me um pouco de novo para que a respiração chegasse no lugar.
Tive esse pesadelo há muitos anos, mas jamais o esqueci porque me levou a uma reflexão.
Quantas vezes condenamos as pessoas sem lhes dar ao menos um direito de explicação? Ou as condenamos por algo que também fazemos? Quantas vezes falamos mal de alguém que passa na rua? Quantas vezes não damos a alguém uma segunda chance e queremos para nós todas as chances possíveis? Às vezes gostamos de ser o chefe da execução e olhamos de forma desprezível a alguém angustiado que pede perdão. Às vezes, gostamos de ser o carrasco. Às vezes damos até a corda. E às vezes somos os abutres. As hienas que riem da desgraça alheia. É muito bom ser carrasco, mas péssimo ser condenado. “Não faças aos outros, o que não queres que te façam”.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MAIORIDADE PENAL

Hoje vou sair um pouco da rotina. Rotina não, rotina é para coisas chatas.Vou sair do ritmo poético que tem me embalado ao longo dos anos. Há tempos venho tentando falar de maioridade penal, mas não conseguia, primeiro porque não gosto de falar do que não entendo, tampouco de assuntos políticos. Sim, políticos, porque acabam ganhando esse tom. Depois porque tenho visto a discussão pendendo sempre para um lado, o da repreensão. Não sou sociólogo, educador, jurista, nada da área, mas de direitos humanos, todos nós temos a obrigação de entender um pouquinho. Sempre que algum menor pratica um crime bárbaro no Brasil, a sociedade se movimenta. Vira um auê. Enquanto a novela não começa, as pessoas comodamente em seus sofás vão engolindo algumas verdades impostas pela mídia. É mais fácil comprar a verdade do que tentar enxergá-la. Vejo juristas, promotores, delegados, deputados, autoridades enfim e até intelectuais, pasmem, intelectuais, defendendo reduzir a maioridade penal. Modestamente não acho que isso seja a maravilha das soluções. Seria mais uma solução cômoda para as autoridades. De gente que anda de carros blindados ou que tem a casa cercada por muros altos, com segurança armada e cães para todo lado. Tipo: matou, prende e pronto. Está tudo resolvido. E vamos construindo cadeias. Quantas cadeias teremos que construir? Isso só vai aumentar as estatísticas. Claro que não estou defendendo a criminalidade, mas sabemos que as casas de recuperação de menores (devia ser) nunca recuperaram ninguém. Quantos casos de rebelião da FEBEM vimos pela tv? Ela nem existe mais, puseram outro nome, mas é tudo igual. Os menores infratores vão crescer e vão virar o quê? Maiores infratores. Bandidos formados, porque muitas dessas casas são faculdades do crime. Infelizmente não vejo uma vertente sequer, nem uma pequena faixa da sociedade dizendo: "Vamos criar escolas. Vamos investir no cidadão, na base, na criança. Vamos dar cultura às pessoas". O retorno não é imediato, é em longo prazo, mas o efeito é duradouro.Tirando alguns distúrbios científicos ou até genéticos, ninguém nasce bandido. Monteiro Lobato, um de meus escritores favoritos, esse sim, um grande brasileiro, que teve sua obra quase toda destinada à criança, dizia: “Um país se faz com homens e livros”. Utopia? Romantismo? Devaneio? Claro que não. Acontece que nunca foi feito. Chamar isso de utopia é simplesmente assinar um atestado de incompetência, ou de inércia... ou de má vontade mesmo. O termo utopia é uma desculpa que as pessoas inventaram para tolher nossos sonhos. Toda vez que alguém chama uma de minhas idéias de utopia, eu agradeço. É sinal de que estou sonhando e não desisti. Defendo sim uma lei mais dura, para um efeito imediato, para crimes bárbaros, porque a certeza da impunidade também leva as pessoas a praticarem crimes. Mas paralelamente, precisamos cuidar da criança já no berço. Assim teremos mais espaço para construir escolas em vez de cadeias. Não estou falando de um caso de tv. Estou falando de casos do dia a dia que não vemos ou fingimos não ver. Não estou falando de uma faixa da sociedade. Estou falando de uma sociedade inteira, viciadamente acomodada e acostumada a virar o rosto ao passar por uma esquina e ver uma pessoa deitada ao relento, um típico... “ e daí, não tenho nada com isso, não é meu parente”. Sim virou uma cena comum. O lixo e o luxo lado a lado. Mas quando o lixo se rebela e respinga no luxo, e a tv e os jornais se agitam, a sociedade indignada, vai nessa onda fria e imediatista: “Pena de morte, maioridade penal” “ai meu Deus, o cidadão de bem não tem paz” e etc. Mas ninguém pára e pensa: “Será que eu fiz algo para diminuir isso?”. Será que não colaborei quando fui esperto e furei a fila do banco? Quando buzinei xingando no sinal? Quando ensinei meu filho a dar o tombo no amiguinho? Quando disse a ele, se apanhar na rua, apanha mais em casa? Aí me perguntam: “O que tudo isso tem a ver?” Ora, tudo. Embora não queiramos, a sociedade é um bolo só, está tudo dentro de um só contexto. Nós adoramos leis duras, quando não forem aplicadas contra nossos parentes. É impossível não fazer paralelos.Todos os países que aplicam leis duras, ao mesmo tempo dão educação às pessoas. E lá nesses países, ao contrário do nosso querido Brasil, os cidadãos são cobrados conforme sua posição, ou seja, um juiz corrupto é mais execrado do que um ladrão de galinhas. Nenhum dos dois está certo, porém para eles, aquele que estudou é mais cobrado, pelo seu nível de intelecto, porque teve melhores condições. No Brasil prevalece: “Você sabe com quem está falando?”. Não estou falando desse ou daquele partido político, desse ou daquele presidente. Estou falando da história de 500 anos de um país que gasta mais com um presidiário do que com um universitário .Não que o preso deva ser mal tratado, ele não devia é estar lá. E talvez não estaria se pelo menos há 30 anos a frase de Monteiro Lobato, não tivesse sido tratada como utopia.
Parece que o texto ficou um pouco confuso, como disse, sou leigo no assunto, mas espero ter conseguido passar o que penso.

Fiquem à vontade para suas opiniões, favoráveis ou não.

“Educai a criança e não precisarás punir o homem”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Respeitemos os gênios

Ontem, dia 11-janeiro, de domingo para segunda, curtindo uma insônia gostosa porque pensava em alguém, comecei a ver um filme que pelo menos o início achei interessante. O título é O BARBEIRO DE SIBÉRIA, talvez uma paródia com o famoso BARBEIRO DE SEVILHA. Começou assim: Um sargento dando instruções aos soldados enfileirados em altos brados, se invocava com as fardas e cabelos de cada um. Claro, soldado não pode ter cabelo grande. Andando pra lá e pra cá e dando ordens frente à tropa, ele foi até uma espécie de mural e viu uma foto de uma suposta mulher, por causa do cabelo grande. E muito bravo perguntou: "Quem foi que pendurou foto de mulher aqui sem minha autorização?". Ninguém respondeu. Ele foi ficando enfurecido até que um soldado respondeu: "Não é uma mulher senhor. É Mozart". O sargento: "Quem é esse Mozart? Traga-o aqui agora pra receber uma punição". Alguns riram, outros não, por medo. "Ele já morreu faz muitos anos,senhor". E ele prosseguiu: "Vocês pensam que não sei quem foi Mozart? Claro que sei, mas eu não dou a mínima pra Mozart. Repitam comigo: Eu não dou a mínima pra Mozart. Eu não dou a mínima pra Mozart. Eu não dou a mínima pra Mozart". Todos responderam no ritmo imposto por ele, quase todos, menos um. Indignado com a desobediência do soldado, ele chegou gritando perto do seu rosto. "Soldado, por que não respondeu conforme minha ordem? Vamos responda: Eu não dou a mínima pra Mozart". "Desculpe,senhor, mas não posso". "Como não pode soldado? E ele respondeu: "Porque Mozart foi um grande compositor".
O sono acabou chegando, mas pra mim já valeu o filme. Parabéns, soldado, pelo respeito ao gênio. Respeitemos os gênios, por favor!

domingo, 11 de janeiro de 2009

PALAVRA MÁGICA

Encontrei uma ilha escondida
a centenas de milhas daqui.
Não acreditei quando vi.
Meu coração navegava
num mar difícil, mas com esperança
de que depois da tempestade viesse a bonança.
A primeira impressão já foi bela.
Meus olhos pareciam uma aquarela.
Mas eu tinha que conhecer, desbravar.
Então entrei, entrei bem devagar.
Não por medo,
é porque segredo a gente precisa saber desvendar.
E desvendei.
Descobri muito mais...
que aquela ilha charmosa
também estava ansiosa por ser descoberta,
mas era preciso dizer a palavra certa.
E eu, pirata sonhador
que não resisto a uma flor,
pronunciei a palavra mágica: amor.
E a ilha se abriu. Sorriu.
Fui descobrindo maravilhas e maravilhas
na ilha que encontrei a centenas de milhas.
Eu, este pirata cansado de tantas viagens,
desfiz as bagagens,
abri minha esteira,
lancei âncora.
Finquei minha bandeira!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

PÉROLAS DE MINHA INFÂNCIA IV ( MEU PAI)


Recados e Imagens - Pai - Orkut

Recados, Gifs e Imagens no Glimboo.com


Nunca falei muito de meu pai em meus escritos. Deve ser porque convivemos pouco. Quando faleceu, eu era muito novo, tenros nove anos. Ele com sessenta e três. Mas o pouco que vivi vale ser lembrado. Sim, desde criança vivi tudo intensamente.Tenho uma memória afetiva incrível, sempre guardei tudo que vivi e ouvi. São tijolos na construção do meu ser.
Acho que herdei algumas influências dele. A poesia, por exemplo. Gostava de fazer umas trovinhas e comprava muita literatura de cordel. Aquelas estórias e lendas nordestinas tipo “a peleja de Lampião contra o Diabo”, ou “Deus e o Diabo na terra do sol”, “o dia em que Maria Bunita quis deixar Lampião”. Literaturas sempre bem humoradas apesar de algumas com nomes feios. Depois disso me interessei muito pela cultura nordestina que acho muito rica. Gostava muito também de nos dar conselhos citando ditados populares, gostava de frases de efeito, outra influência. Não tinha muita leitura, mas estava sempre com um dicionário na mão e contrariava quem dizia que o dicionário é o pai dos burros. “Pai dos inteligentes. Quem pesquisa, é inteligente. Burro é quem e não sabe e fica parado”. Outra boa herança. Às vezes exagero um pouco e digo que metade do que sei, foi buscando, pesquisando, que a escola me ensinou apenas a ler e escrever, exageros à parte, tenho uma certa dose de razão. Quando não sei algo ou alguma palavra vou procurar. Uma controvérsia é que ele quando via um avião passar dizia. "Não entro num troço desse nunca". Mal sabia ele que seria meu ramo de trabalho. Nem eu,mas já ficava maravilhado.
Meu pai era alto, moreno bem avermelhado, quase índio. Seus bisavós eram escravos ou índios, não me lembro bem.
Era bravo com os filhos, pai à moda antiga, mas não posso me queixar, comigo não era. Pelo contrário, orgulhava-se de mim perante os amigos que reunia para beber e comer pé de porco e tocar sanfona e violão. “O Carlos, mal chega da aula e já vai fazer os deveres”.Ou. “Ele sabe rezar Pai Nosso e Ave Maria sozinho”. “Ihhh esse menino já lê qualquer coisa.”
Mas isso não era o mais engraçado. Ele simplesmente detestava Roberto Carlos. Claro porque gostava da música caipira de raiz. Outra influência sobre mim, pois com o tempo fui lendo e vendo que a maioria dessas canções são verdadeiras poesias, obras primas mesmo.
Em meio aos amigos na sala, o fiel cachorro Famoso, debaixo do sofá, ele me colocava em sua perna esquerda, a sanfona na direita, e dizia. “Canta aquela do Roberto Carlos”. E eu cantava. “Eu te amo... eu te amo... eu te amo. uou uou uou uou”. E eu ainda punha os dedos apertando o nariz pra ficar fanhoso tentando fazer a voz do Roberto que tem o som bem nasal. Os amigos, e ele ainda mais, riam. Só sei que no final de tudo acabei ficando bem eclético em termos de cultura musical, pois simultaneamente ouvia, Led Zepellin, Bob Dylan, Raul Seixas, Luiz Gonzaga. Tonico e Tinoco, Elton John, Queen, John Lennon, Fagner, enfim, menu bem variado. Acho que os anos 60 e 70 foram os melhores na música.

Quando morreu, eu não tive de imediato a idéia exata do que era aquela perda. Uma semana após o sepultamento, andei a casa toda procurando por ele instintivamente. Não ouvi mais o estalar de chinelos pelo corredor. Vi a sanfona vermelha esquecida no canto do quarto. Só um travesseiro na cama de minha mãe. Assim entendi porque Famoso, na noite do sepultamento uivou a noite toda. Ele estava chorando. A radiola, minha mãe só andou ligando para ouvir a missa aos domingos. Ninguém mais ligou a VOZ DO BRASIL, que meus irmãos e irmãs diziam que era chato demais. Eu não me importava, ora se era o gosto dele. Além do mais, era a certeza que ele estava ali, em casa. Era muito seguro sentir a presença de um pai. Com o correr dos dias, das semanas, é que fui sentindo sua falta, fui percebendo o vazio, pois aquele momento de sentar na perna e poder agradá-lo me fazia bem também. Eu ia à sala, olhava o sofá e procurava aqueles tantos chapéus que os amigos penduravam numa espécie de cabide no canto. Não ouvia mais as gargalhadas de quando eu cantava. Eu gostava do Roberto Carlos, mas não daquela música, achava chata, repetitiva, era mais pela festa mesmo. Famoso nunca mais foi o mesmo. Ficava deitado na porta como se estivesse esperando a volta de alguém. Também já era velho e morreu não muito depois. Os anos passam e é da natureza humana, aceitar, se acostumar, inclusive com a morte, o mistério mais claro dessa vida. Entre tropeços e vitórias cheguei até aqui, mas gostaria muito de ter crescido ao lado dele. É muito difícil crescer sem um pai. Quem já cresceu e ainda tem o seu, cuide dele. Seja tolerante. Respeite seus cabelos brancos. Não ria de seus erros de português, foi graças a ele que você aprendeu a ler. Tenha paciência com suas pernas lentas. Elas já correram muito por você.
Obrigado meu pai. As coisas boas que sei, herdei de você. Uma delas é respeitar os mais velhos. As ruins foram do mundo mesmo.
Continuo gostando de rock, mas ainda me encanto ouvindo uma sanfona bem tocada e quando estou numa roda de viola peço pra tocar as suas caipiras.

AMOR ESCANCARADO

Quando não falo com você, tudo é noite
meu coração não merece esse açoite.
Quando não fala comigo, sinto-me em perigo.
Não bebo, não durmo, não tenho sono.
Pareço menino no abandono.
Cão uivando pra lua.
Fico doido na rua sentindo a falta sua.
Não me importo com amigos
que implicam, me criticam
por gostar de você esse tanto.
Eles não sabem o que é encanto.
Se você não vem preciso telefonar
Droga de celular, logo agora foi descarregar?
Onde tem um orelhão?
Preciso dar qualquer satisfação
a esse coração que não sabe esperar,
mesmo sabendo que você vai chegar
em sorrisos, beijos e desejos.
E se o telefonema você não atender,
não tem problema
vou pra porta de sua casa esperar você.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

UM SOL PARA MIM


Todos nós temos fases. Alguns chamam de roda gigante, eu chamo de tobogã ou montanha russa. É mais emocionante. Comparo e reflito minhas fases nos meus escritos. Quem é íntimo de mim sabe o quanto sou explícito e deixo emoções brotarem pelos poros, pelos olhos e pelas linhas. Ruim ou bom? Não sei, mas sei que não sei ser diferente. Lendo
escritos antigos e atuais, nos paralelos que traço eu me vejo... oscilando nesse tobogã, perigosamente, é verdade, mas deliciosamente também. Nessa reciclagem percebo três detalhes. Um... principalmente quando mais jovem, sempre precisei ter ao lado, alguém ,não necessariamente namorada, mas talvez um amigo ou amiga, para ajudar, elogiar, empurrar e até vigiar e brigar. Sim, vigiar e brigar, porque eu não confiava muito em mim. Não tinha muito juízo. Também não sei se já tenho, mas não gosto de ficar me testando. Dois... durante minhas fases negras, sejam de ordem financeira, psicológica, emocional, foi que eu escrevi alguns de meus melhores trabalhos, apesar de obscuros, controvertidos, tristes, soturnos, revoltados, narcisistas. Em FÊNIX, talvez a mais triunfal, tento dizer a alguém que eu venci. Em ÍCARO MODERNO, meu desejo de voar sem temer que o sol derreta minhas asas e que eu possa fazer versos ao universo. Em AQUI JAZ UMA FLOR, peço socorro na solidão. Em NARCISO, peço pra ficar sozinho mergulhado no lago do meu amor por mim, tipo “se eles não me querem, eu também não os quero”. Numa fase bem perigosa, escrevi SENSAÇÕES, onde me olho no espelho e depois de quebrá-lo, peço para morrer para começar tudo de novo. Como se fosse possível. Em PSEUDO, não acredito em liberdade real nem felicidade total. Loucura e genialidade num mesmo patamar, separadas por uma linha tênue do sim e do não. Quase fiel, quase na lei.Quase amado, quase amei. Vivi a esmo, afinal é tudo faz de conta mesmo.
O terceiro detalhe que percebo nessa reciclagem é que de um ano pra cá, meus poemas têm ganhado um tom mais leve, mais brando, com palavras fluindo como brisa, como água num regato. Nada de temas pesados, rebeldes. Só temas de amor, amizade, esperança. Borboletas no ar. Pôr-do-sol perfeito. Passarinhos na janela. Pessoas rindo fácil. Em algumas eu pareço até um adolescente escrevendo. Agora eu falo de SINTONIA, EXPLOSÃO, imagino quadros que nem DA Vinci pintaria. Vivendo MIL ENCANTOS. Enfim, uma nova fase que a vida proporcionou um sol para mim: será o AMOR??? Com certeza!!!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Movimento FÉ E LUZ





O Movimento Fé e Luz, movimento internacional e ecuménico, foi fundado em 1971, por Jean Vanier (canadiano filósofo, teólogo, fundador da “Arca”) e Marie Hélène Mathieu (Directora do Office Chrétien des Personnes Handicapées – França). Congrega pessoas com deficiência mental, as suas famílias e amigos, em especial jovens. Constituiu-se em torno da constatação do isolamento social e eclesial das famílias com filhos com deficiência mental.Nascido no seio da Igreja Católica francesa, desde o início que o Movimento é ecuménico, havendo no mundo comunidades pertencentes a várias confissões cristãs, com uma grande preocupação pela tolerância na diferença, como carisma próprio das pessoas com deficiência mental.A família é, desde a origem do Movimento o pivot das acções de que a pessoa com deficiência é o centro, o “coração”, o motor. Mas importa que não fique isolada e que a pessoa com deficiência e os seus irmãos, possam ter amigos jovens que os ajudem a inserir-se nas comunidades. Os objectivos do Movimento são assim definidos: – Para a pessoa com uma deficiência FÉ E LUZ revela-lhe que ela é chamada a dar todas as riquezas do seu coração, a sua ternura e a sua fidelidade.– Para os pais, FÉ E LUZ traz apoio nas suas dificuldades, ajudando-as a melhor captar toda a beleza interior do seu próprio filho e a descobrir que ele/a pode ser fonte de amor e de paz.– Para os irmãos e irmãs das pessoas com uma deficiência mental chamando-os a reconhecer que os seus irmãos podem ser fonte de vida e de unidade; se eles perturbam ou perturbaram a sua vida, também poderão transformá-la positivamente.– Para os amigos, especialmente os jovens, FÉ E LUZ abre caminho de amizade com a pessoa com deficiência e de compromisso com ela, descobrindo cada um no outro a vida na sua diversidade e riqueza.A sua organização parte de encontros mensais constituídos por três momentos essenciais: a partilha humana a partir do tema mensal; oração; festa. Através da utilização dum Carnet de Route (um guião) comum a todo o Movimento Internacional, procura-se tomar consciência da unidade e da comunhão eclesial na diversidade através do mundo. Encoraja-se a procura de expressões não verbais dos membros, para reforço da linguagem verbal ou em sua substituição, o que inclui, em geral, o “reviver” dum texto do Evangelho através duma mímica e gestos / ou símbolos.
Dioceses de Évora, Lisboa e Porto.
Revista “Ombres et Lumière” do Office Chrétien des Personnes Handicapées (França) inclui uma página sobre o Fé e Luz, A BARCA (Brasil).
Como dito acima, o MOVIMENTO FÉ E LUZ, é um trabalho solidário e espontâneo que lida com deficientes físicos, mentais e down.
Em Governador Valadares, o movimento existe há dez anos. Reunimo-nos mensalmente duas horas antes da missa, e no pátio da igreja, lanchamos, brincamos com os meninos e depois entramos todos juntos na igreja. A igreja tem outros movimentos e pastorais importantes, mas os padres têm um carinho especial com o FÉ E LUZ. Não raro, vejo alguém chorando na platéia quando entramos porque ficam emocionadas. Certa vez uma senhora me disse: “O trabalho de vocês é muito difícil”. Respondi a ela: “É nada. É muito fácil”. Tem sim umas dificuldades. Alguns são pesados e precisam ser carregados, vez ou outra algum passa mal, a mãe esqueceu o remédio, tenho que ir buscar rápido, só que a recompensa vale mais.
Antes de entrar para o FÉ E LUZ , eu virava o rosto de pena, só que pena também é uma forma de discriminação. Também não sabia que eles tinham as mesmas emoções que nossos filhos, irmãos e vizinhos. Pois sentem sim. Se emocionam, brincam. Os que não falam, expressam no olhar. Não ocupo cargo nenhum no movimento, tem gente melhor para isso: Sabrina, Célia, Nice. Sou um bom colaborador e modéstia a parte muito querido pelos meninos. Cada um com suas particularidades, assim como nós, que também temos nossas diferenças. Eni adora dançar e cantar. Canta fanhosa, mas dá para entender o que canta. Anderson tem deficiência nas pernas, mas é inteligentíssimo e gosta de música. Joabe faz até poesia e me mostra. Romário se orgulha do nome e joga bola mesmo de muletas. Denim, é mais complicado, às vezes fica nervoso, gosta de morder, mas Célia, a mais dedicada de todos sabe lidar com ele. Gilson, surdo-mudo, me fala por sinais que está quase na hora da missa. Edílson, tetraplégico, aponta para o céu e me diz. “Olha o aviããão... olha o aviããão”. Seu Zé, pai dele já me disse: “O senhor é muito bom de prosa”. Deve ser porque fico horas ouvindo os causos dele. Frei Carlos, com quem me identifico, até porque lembra fisicamente meu pai, um dia na sacristia, após a missa, com a mão no meu ombro. “É muito bonito o trabalho de vocês. Os mandamentos de Jesus, eram enfatizados num só: amor ao próximo... e isso vocês fazem muito bem. Cristianismo é isso”. Respondi: Eu que agradeço por ter tido a oportunidade de entrar para o FÉ E LUZ, pois entrei depois que sofri um acidente. Meu carro capotou três vezes e não sofri um arranhão sequer. Aí percebi que estava devendo alguma coisa.”. Ele balançou a cabeça pensando. “ Que bom que reconhece que tem falhas, mas não se preocupe com os defeitos. Claro que devemos procurar sempre melhorar como gente, mas aprimore o que você tem de bom, que os defeitos vão sumindo automaticamente. Mas nunca se esquecendo de reconhecer as falhas. A balança de Deus é justa e Ele sabe pesar os qualidades e defeitos. Glória a Deus nas alturas e paz na terra ao homens de boa vontade. Foi Ele mesmo quem disse: O que fizestes a um desses pequeninos, foi a mim que o fizestes”.

Nota: As fotos pela ordem. 1)Eu meu amigo Anderson. 2)Palhaço Pingulim animando a festa distribuindo doces e pipocas 3)Comemoração dos 10 anos, reunindo os movimentos de toda a cidade 4)Menino de outro bairro, não sei o nome.A mãe pediu que tirasse a foto

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

RÉQUIEM PARA UMA SAUDADE

Andam dizendo besteiras por aí, mas eu entendo. Até nas besteiras temos de ser democráticos.Fala quem quer e ouve quem quer... ou lê.Mas embora respeitando algumas me irritam demais. Até os grandes autores escrevem besteiras e eu não sou obrigado a concordar com eles, só porque são grandes. Feliz de quem tem opinião própria. Dessa forma de egoísmo eu não abro mão. Meu direito de filtrar o que presta e o que não presta na minha peneira cultural.Vamos parar com discursos prontos, comportados, politicamente corretos, que tudo é uma maravilha, etc. Li um dia desses, de um grande escritor, um texto e endossado por um outro que cultiva sexo e álcool, que precisamos viver só o presente, esquecendo o passado e não se preocupar com o futuro. Claro que eu vivo o presente intensamente e baseado sempre na emoção, eu cultivo e respiro poesia. Eu faço poesia o dia inteiro, minha cabeça não pára.Também gosto de sexo e álcool. Do primeiro gosto mais ainda. Mas gosto também de comida, brincar, violão, sanfona, futebol. Enfim, gosto de viver. Mas não sei viver só o presente. O futuro, eu faço agora, então não me preocupo muito. Porque tenho um passado muito gostoso de recordar, embora muito pobre. Quem não tem história pra contar, não viveu. Ora, vamos parar de lembrar então? Não vamos falar mais da professorinha amiga? Nem do dedão do pé, machucado por chutar o meio-fio no lugar da bola? Não vamos lembrar o primeiro beijo? O primeiro poema? O primeiro salário? E dos amiguinhos? Nunca mais vou pisar na minha antiga rua. Não vou mais telefonar pra minha mãe e dizer: Mãe, estou com saudade do seu frango com angu e quiabo. Então nunca mais vou visitar a velha escola porque algum grande escritor mandou esquecer? Me surpreende muito essa idéia dele porque principalmente os poetas são saudosistas. E não vejo mal nenhum ou bobeira recordar as coisas boas, e até mesmo as ruins.Sou tão saudosista que até das ruins me lembro, porque foram nessas horas que cresci mais, aprendi mais, pude perceber quem era e quem não era amigo. Fiquei forte. Como disse Guevara. “Endureci sem perder a ternura”. Meu presente é super tranqüilo porque foi lá no passado que eu o alicercei. Estudando, trabalhando, apanhando e tenho muito orgulho disso. Eu sou muito feliz. Tenho o trabalho que gosto. Esse discurso de viver só o presente beira ao egoísmo, à frieza e isso definitivamente eu não sou. É discurso materialista É discurso de quem não teve filhos, amigos, nunca jogou bola ou nunca se importou com alguém. Vamos parar de blá blá blá que preciso escrever mais um poema para um dia eu me recordar dele com orgulho.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Muita estrela, pra pouca contelação(MarceloNova)

A festa é boa tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficar lá nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas
tem um punk se queixando sem parar
um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação

Tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E um sapatão que azarava minha mulher
Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada, mas é boa em copiar
A crítica gostou, vai ser sucesso ela não erra
Afinal lembra o que se fez lá na Inglaterra

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação

O fotógrafo ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra aquela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga
E o jornalista eke quer bajulação
Pós new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão à vista
E todo mundo posando de artista

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela pra pouca constelação
Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação

O Problema é que tem muita estrela meu Nego

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

QUANDO VI DIAMANTINA





Quando vi Diamantina
vi muito mais que pedras e ruas antigas.
ouvi naqueles becos cada lamento,
o passado chegando em ecos de sofrimento.
Ouvi grilhões arrastados pelos calcanhares.
O chicote estalando no ar
O vermelho tingindo a pele negra
colorindo de vergonha um país.
Como pode alguém ver a dor e se sentir feliz?
Vi diamantes e conflitos
incrustados naqueles cascalhos e montanhas.
Uma brisa estranha me trazia
zum zum zum dos becos e ruelas
de conspirações na cidade,
Brasileiros nas celas.
Fogões de lenha nas senzalas
Cozinhando sonhos de liberdade
Ouvi tropel de cavalos
Quando vi Diamantina, vi fé.
Gente obedecendo aos badalos
da catedral chamando a rezar.
Ouvi gargalhadas de Xica da Silva no ar
contagiando, dominando e esnobando um certo sinhozinho.
Provando a força de uma mulher,
seja escrava ou rainha,
ou as duas coisas se quiser,
mostrando que o poder do amor
derruba até imperador.
(E agora Sinhozinho?
Quem é que manda aqui?)
Diamantina...
misto de sangue e história
vergonha e glória
nas emoções que senti.
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Nota. Diamantina é patrimônio histórico da humanidade. Não é permitido fotografar dentro de algumas igrejas e outros pontos turísticos... mas é de comover.Estou sentado à porta da casa de Xica da SIlva. A casa sozinha também a casa dela