ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "MOÇA CRIANÇA "


AGEPÊ. Outro sambista romântico, cujas músicas caem bem numa seresta. Entre seus grandes sucessos destaco “Moro onde não mora ninguém”, “Deixa eu te amar”, “Menina dos cabelos longos”, “Sete domingos” ( essa é linda demais – “na semana eu criei sete domingos pra te namorar”... e ainda “Lá vem o trem”, que eu exigia nas rodas de violão( “dizem que o trem vai chegar e levar para um mundo melhor, quem merece. A passagem do trem vai ser o amor no coração, mas do jeito que esse mundo tá, muita gente vai ficar...”).
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“O disco Mistura Brasileira, que continha esta canção (Deixa eu te amar), foi o primeiro disco de samba a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas (vendeu um milhão e meio de cópias). A carreira destacou-se por um estilo mais romântico, sensual e comercial, em que fez escola.
Foi integrante da ala dos compositores da Portela, contendo um repertório eclético, composto principalmente por baião e teve no compositor Canário o mais frequente parceiro. Na sua voz tornaram-se consagradas inúmeras composições da autoria, como Menina dos cabelos longos, Cheiro de primavera, Me leva, Moça criança dentre outras”.
Fonte ( wikipédia )
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Eu gostava muito do estilo sensual dele cantar e sambar, com voz lamentosa e ao mesmo tempo provocante. Minha preferida fez parte da trilha sonora da primeira versão da novela “A viagem”, original da TV Tupi, depois regravada pela Globo. Êta memória. É uma música meio triste, mas tem a ternura de uma moça criança, inocente, de trança no cabelo que ainda não largou a boneca e não descobriu o amor. Ou finge. As mulheres são danadas pra fingir isso.
Com vocês...

Moça Criança
Letra- Canário e Agepê
O seu andar tem jeito de moça criança

A sua trança negra tem fita amarela

Me amarro nela, pelo seu olhar

Me ligo no sorriso dela

Que faz a minha tristeza ter fim

Me amarro nela, pelo seu olhar

Me ligo no sorriso dela

Que faz a minha tristeza ter fim

Ai! Quem me dera se ela gostasse de mim

Eu seria seu, dando o meu melhor amor

Por toda vida milhões de alegrias teriam de ser

Diferente a gente iria viver

Mas pra quê sonhar, viver no mundo de esperança

Se ela é que nem criança, usa trança

E não quer me amar

quinta-feira, 29 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "SOLIDÃO DE AMIGOS"


(imagem columbianews )

( imagem naturlink.sapo.pt )
Essa música nem chega a ser uma seresta, mas na seresta em que fui, o rapaz cantou e ela tem também um ritmo gostoso de se dançar. Além da bela letra e melodia. Meus amigos da época, especialmente Joca e Quita, tocavam muito ela nas nossas rodinhas de violão. É uma música muito gostosa para violão. O próprio título sugere um ambiente e momentos agradáveis: entre amigos. Eu, particularmente, gosto mais de “Voa liberdade”, uma música que eu gostaria de ter escrito, pois tem muito a ver comigo, passarinho que sou e que tinha uma vontade enorme de gritar e voar, mas.não fica bem ao violão, devido ser uma música alta. Só mesmo para um grande intérprete como era Jessé que tinha um alto timbre de voz. Ele até ganhou um prêmio internacional de voz. “Solidão de amigos” também é linda e me remete à beira das fogueiras que fazíamos em noites frias de São João, tomando quentão, assando batata doce, milho e cantando muito.
O cantor e compositor Jessé é mais um dos injustiçados de nossa música. Essa homenagem se estende à uma amiga maranhense, professora Francisca, amiga de um dos co-autores de algumas músicas de Jessé, Mário Maranhão. Pena que ela não é blogueira, mas vou tentar trazê-la até aqui para ver.


“O cantor e compositor Jessé Florentino Santos nasceu em Niterói e foi criado em Brasília. Mudou-se para São Paulo, e atuou como crooner em boates. Depois, integrou os grupos Corrente de Força e Placa Luminosa, animando bailes por todo o Brasil. Ainda nos anos 70, também chegou a gravar em inglês com o pseudônimo de Tony Stevens. Foi revelado ao grande público em 1980, no Festival MPB Shell da Rede Globo com a música "Porto Solidão" (Zeca Bahia/ Ginko), seu maior sucesso, ganhando prêmio de melhor intérprete. Em 83, ganhou o XII Festival da Canção Organização (ou Televisão Ibero-Americana) (OTI) realizado em Washington, com os prêmios de melhor intérprete, melhor canção e melhor arranjo para "Estrelas de Papel" (Jessé/ Elifas Andreato). De voz muito potente, no decorrer de sua carreira Jessé gravou 12 discos (como os álbuns duplos "O Sorriso ao Pé da Escada" e "Sobre Todas as Coisas") mas nunca conseguiu os louros da crítica especializada. Morreu aos 41 anos, em março de 1993 de traumatismo craniano sofrido num acidente de carro em Ourinhos (interior de SP), quando se dirigia para o Paraná para fazer um show”.
( fonte clickmusic )

Com vocês...

SOLIDÃO DE AMIGOS
Composição: Eunice Barbosa e Mário Maranhão

Lenha na fogueira, lua na lagoa
Vento na poeira, vai rolando à toa
A cantiga espera quem lhe dê ouvidos
A viola entoa, solidão de amigos
A saudade lembra de lembranças tantas
Que por si navegam nessas águas mansas
A saudade lembra de lembranças tantas
Que por si navegam nessas águas mansas
Quando a cachoeira desce nos barrancos
Faz a várzea inteira se encolher de espanto
Lenha na fogueira, luz de pirilampos
Cinzas de saudades voam pelos campos
A saudade lembra de lembranças tantas
Que por si navegam nessas águas mansas
A saudade lembra de lembranças tantas
Que por si navegam nessas águas mansas

quarta-feira, 28 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "RETALHOS DE CETIM"


( imagem todaoferta.uol.com.br ) Esse disco tinha lá em casa
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Vou falar um pouco de Benito di Paula hoje. Fazia muito bem o samba romântico e inovou, inserindo o piano no samba. Houve restrições a ele no meio artístico, uma má vontade mesmo, mas ele tirou de letra... e que letra. “Estão querendo tirar meu nome do samba, acabar com meu tempo de bamba dizendo até que eu já me despedi. Mas ainda não chegou minha vez de ir embora, deixa essa gente falar, é inveja que eles sentem”. Ele tem diversos e lindos sambas românticos como, “você ficou sem jeito e encabulada, ficou parada e sem saber de nada quando falei que gosto de você...”. E essa. “E eu, criança presa em brinquedos e trapaças, quase sem histórias pra contar. Você criança tão liberta, me tire dessa festa e assim ter histórias pra contar. Vem amigo, nadar nos rios, vem, amigo, plantar mais lírios. No vale, no mato, no mundo, vamos brincar”. E quem não cantou “Meu amigo Charlie”? Um brasileiro mostrando ao estrangeiro o que temos de belo no país. E o Charlie Brown estava visitando ou prestes a visitar o Brasil na época. Muito inteligente a ideia da música. Ainda destaco “Mulher brasileira”. Ele tem muitas. Mas destaco hoje especialmente RETALHOS DE CETIM. A desilusão amorosa na avenida. Pôxa, a namorada jurou que ia desfilar para ele e não desfilou. Essas mulheres. Sei não, viu. Com vocês...

Retalhos de Cetim
Composição: Benito di Paula
Ensaiei meu samba o ano inteiro.
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria
e ela jurou desfilar pra mim,
Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver.
Em retalhos de cetim
eu dormi o ano inteiro,
e ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha, que eu tanto amei.

terça-feira, 27 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "LUA BONITA"


( imagem forroemvinil.com )
Essa música é meio contemporânea do cangaço. Há algumas controvérsias sobre os cangaceiros. Ficaram na história como bandidos, mas para muitos, eram justiceiros. Fácil taxar de bandido, mas ninguém fala do descaso das autoridades para com o povo nordestino na época. A indústria da seca. Sim, o povo morrendo de sede e gente ganhando dinheiro em cima disso. Alguma semelhança com os dias de hoje? Todas. Na favela só tem bandido? Não. Mas muita gente da favela prefere conversar com o bandido do que com o estado. Onde o estado falha, o crime atua. O crime dá até comida para os favelados. Está certo receber comida de bandido? Não.’Mas a barriga de meu filho está roncando’. Voltando ao tema, Zé do Norte, cantor, compositor, folclorista e poeta Pernambucano, teve outras canções como ‘Mulher Rendeira’, ‘Sodade, meu bem, sodade’, que entraram para nosso cancioneiro popular. Grandes nomes da música brasileira regravaram sucessos dele. Como eu sei de Zé do Norte? Ora, meu pai era sanfoneiro dos bons, estava sempre falando dele e nossa casa era sempre uma festa. Me lembro dele e seus amigos tocando essa música com sanfona, no ritmo original de forró, que inclusive fez parte da trilha sonora do filme “O cangaceiro”. Até que um dia um amigo de meu pai, pediu silêncio e disse assim: “Essa música é mais bonita cantada lenta”. E tocou dedilhando no violão. Todos acharam muito bonita. Não sei se ele recriou a música ou se alguém já a tinha gravado assim, só sei que gostei. De forró virou uma música apaixonada. Muito tempo depois, já adulto, numa de minhas madrugadas sem sono, vi o filme na TV CULTURA, eu nem sabia ainda que a música fazia parte, mas quando vi a trilha sonora com nome do Zé do Norte, eu não quis dormir. A cena dos cangaceiros cantando essa música sob a lua, me trouxe meu pai e seus amigos de volta. O filme é em preto e branco, assim como a nossa memória. A gente é que precisa colorir. Tem alguns defeitos, alguns chuviscos, precisa ser remasterizado... assim também como nossa memória. Mas a lua, a sanfona, os cangaceiros, meu pai e seus amigos, esses eu consegui ver. O tempo não apaga tudo. As cenas principais não. Porque elas entram na retina e dormem no coração. Meu coração reclica e remasteriza tudo, todos os dias.

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Canção “Lua Bonita”, interpretada por Zé do Norte, dele e de Zé Martins, em cena do filme “O Cangaceiro” dirigido por Lima Barreto em 1953. Clássico do cinema nacional o filme fez grande sucesso e levou dois prêmios no festival de Cannes daquele ano, o de melhor filme internacional na categoria “aventura” e um prêmio especial para a trilha sonora de Gabriel Migliori, além da indicação para o grande prêmio de melhor filme. Grande filme de um grande diretor, valorizado pelo texto escrito com colaboração de Raquel de Queiroz, e pelas atuações de Alberto Ruschel, Marisa Prado, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Milton Ribeiro entre outros.
( fonte bossafilmes.blogspot.com)

Com vocês...

LUA BONITA ( Zé do Norte e Zé Martins)
Lua bonita,
Se tu não fosses casada
Eu preparava uma escada
Pra ir no céu te buscar
Se tu colasse teu frio com meu calor
Eu pedia ao nosso senhor pra contigo me casar.
Lua bonita
Me faz aborrecimento
Ver São Jorge num jumento
Pisando no teu clarão
Pra que cassaste com um homem tão sisudo
Que come, dorme faz tudo, dentro do seu coração?
Lua Bonita, Meu São Jorge é teu senhor,
E é por isso que ele "véve" pisando teu esplendor
Lua Bonita se tu ouvisses meus conselhos
Vai ouvir pois sou alheio,
Quem te fala é meu amor
Deixa São Jorge no seu jubaio amuntado
E vem cá para o meu lado
Pra gente viver sem dor.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "MALANDRINHA"




(imagem portalliteral.terra.com.br )
Essa música é muito antiga. É de 1927, compositor Freire Júnior. Tive que garimpar para saber autor, mas foi com Martinho da Vila que conheci. Martinho é um grande sambista, tem ginga até na voz, gosto de sua tranquilidade para cantar. Canta como se nada estivesse acontecendo à sua volta. Corrijo. Conheci com o marido de minha irmã que hoje mora em Vitória,. cantando ao violão. Aí sim perguntei de quem era e ele disse mesma coisa. “É muito antiga, mas Martinho da Vila regravou”. Ouvi muito depois no lp que ele tinha. Esse cunhado me fez gostar muito dessas músicas. Por exemplo, Adoniran Barbosa, grande poeta, da boemia romântica paulista. Cartola. Pixinguinha. Noel Rosa. E outros grandes. Ele dizia. Talvez você não goste do ritmo, mas já que gosta de ler, leia a letra. São muito inspirados”. Realmente, descobri muitas pérolas. E ele cantava tão bem que eu pedia por exemplo. “Canta aquela... ‘Marina, morena, Marina você se pintou...’, pois não sabia os nomes e citava só os trechos. “Preste atenção, amor. O mundo é um moinho...”. E outras tantas.
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“Canta, canta minha gente (1974): Primeira vez, depois de anos, que Roberto Carlos é ultrapassado no número de cópias vendidas. A causa foi este elepê, do qual saíram as famosíssimas faixa-título e “Disritmia”, talvez a declaração de amor mais popular da história da MPB. É romântico no animado “Dente por dente” e no samba-canção “Viajando”. Regrava a espetacular “Malandrinha”, de Freire Júnior, levanta a moral de sua escola, quase rebaixada em 1974, em “Renascer das cinzas”, glorifica seu time de coração em “Calango vascaíno” .
Bato continência: “Patrão, prenda seu gado”, versão da obra-prima de Pixinguinha, Donga e João da Baiana
FONTE ( artilhariacultural.com )
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Com vocês...

MALANDRINHA(Composição: Freire Junior )

A lua vem surgindo cor de prata
No alto da montanha verdejante
A lira do cantor em serenata
Reclama da janela à sua amante
Ao som da melodia apaixonada
Das cordas do sonoro violão
Confessa o seresteiro à sua amada
O que dentro lhe dita o coração
Ó; linda imagem de mulher
Que me seduz
Ah! Se eu pudesse
Tu estarias num altar
És a rainha dos meus sonhos
És a luz
És malandrinha, não precisas trabalhar
Acorda, minha bela namorada
A lua nos convida a passear
Seus raios iluminam toda a estrada
Por onde nós havemos de passar
A rua está deserta, ó vem querida
Ouvir bem junto a mim
O som dos pinhos
E quando a madrugada já surgida
Os pombos voltarão para os seus ninhos

Não é linda? Reparem que quase todas as músicas de seresta, exaltam, claro, a mulher amada... e a lua. A lua não é só dos astronautas. A lua é dos apaixonados. A lua é uma eterna musa. É a lua de todos.

Amanhã vou postar uma música ainda do tempo do cangaço

sábado, 24 de abril de 2010

SEMANA DA SERESTA- "NOITE CHEIA DE ESTRELAS"


( imagem google )
Outro dia estive numa seresta e me lembrei de um tempo legal, apesar que eu era pequeno e não pude participar, só assistia. Minha casa era simples, mas era dessas casas à moda antiga, aconchegante, corredores longos, de salas enormes. Era o tempo dos bailes. Lembro-me bem de minhas irmãs e irmãos dançando.Eu sentado na cadeira, meus pés mal tocavam o chão. Já usava uma sandalinha fransciscana. Me marcou muito foi ver meu irmão Bené, rodando lindamente com a namorada na sala ao som de ‘San Francisco’ ou de ‘There’s no more corn ond the Braso’ e ‘Do you wanna dance’. Ele esticava o braço, ela ia rodopiando até a parede e voltava ao braços dele. Eu achava aquilo lindo. Meu irmão era bonito. Estranho. Se amavam tanto e não se casaram. A vida tem disso. Fui virando rapazinho e minhas irmãs, principalmente Lúcia, exímias dançarinas, ficavam tentando me ensinar. Diziam. “Tem que saber dançar. Senão não pega ninguém”. “Você tem que dormir no ombro da moça, aconchegar mesmo, como se fosse um ninho. Elas gostam”. Minha mãe gritando lá dos fundos. “Está aprendendo essas bobiças onde, hein menina?”. Fui aprendendo devagarinho. He he... criaram um monstro. Bem, dizem que danço seresta até bem. Então resolvi dedicar uns dias da semana à gostosa música de seresta. Hoje vou começar com Evaldo Braga, chamado de “O ídolo negro”. Tinha carisma, braço cheio de pulseiras brilhantes, voz portentosa.. Lembro que incendiava o programa do Chacrinha ainda na Tv Tupi. Foi campeão de vendas na época, mas morreu cedo num acidente com uma carreta, em 1974, acho. A música de hoje é “Noite cheia de estrelas”. Muita gente acha brega, mas lendo a letra, a gente nota que é uma bela letra sim. Além do mais, tem muito brega sendo tratado como chique por aí, ganhando milhões. Evidentemente, alguns não dá mesmo para ouvir, mas nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. Eu era radical e mudei meu modo de ver. E ele interpreta ela muito bem, tinha voz bonita. Outro dia vi um importante apresentador dizendo que antigamente valorizava-se muito a voz e hoje não mais. É verdade. Com vocês...

NOITE CHEIA DE ESTRELAS ( EVALDO BRAGA)
Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor
Só tu dormes, não escutas
O teu cantor
Revelando a lua airosa
A história dolorosa deste amor
Lua, manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos
Canto e a mulher que eu amo tanto
Não escuta, está dormindo
Canto e por fim nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu,
entre a neblina se escondeu
Lá o alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falena
Andam tontas ao luar
Todo astral ficou silente
Para escutar
O teu nome entre as endeixas
As dolorosas queixas ao luar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A MULHER E A ÉGUA


( imagem photobucket- google )
Bem amigos. Voltei um pouco antes. Motivos? Vários. Os tantos comentários que recebi, com certeza estão entre eles, sabem que sou grato. Alguns não sabem quem é o Jeca. É um carroceiro do bairro. O nome dele nem é Jeca, mas ele próprio incorporou o pseudônimo. Vejam essa.
/////
MAIS UMA DO JECA

Mais uma vez vinha eu de caminhada pelo bairro quando vi quase o mesmo grupinho de pessoas na frente casa do Jeca. Ele logo me chamou. “Ô Carlos, venha cá. Essas mulheres querem me bater”. Lá vou eu de novo como mediador. Pensei. “Podia rolar outra galinhada, isso sim”. Cheguei, dei bom dia. “Que foi agora, rapaz? Aprontou de novo?”. Arrumando as calças que não param de cair, respondeu. “Estão me xingando, quase me depenando só porque eu falei que para mim, mulher e égua são a mesma coisa”. “O quêêê?”, dei quase um grito. “Você está maluco, cara? De onde tirou isso?”. Nisso a sogra falou rapidamente. “Vê se pode isso, Carlos? Se fosse meu marido eu quebrava um pau nele. Dá licença que deixei a panela no fogo. Mas eu volto”. E saiu apressada. Voltei-me para ele. "Não diga isso, meu camarada. Mulher se ofende com isso”. Mas ofender por quê se estou elogiando?”. Cada vez não entendia mais nada. “Elogiando, chamando a mulher de égua?”. Puxei-o e pelo braço. "Vamos sentar aqui neste toco e me explica que não estou entendendo nada". A esposa à frente numa cadeira de pau com menininha no colo, injuriada, vez em quando resmungava algo. Ele começou a explicação. "De onde eu tiro meu ganha pão? Da minha égua. Essa panela no fogo, tirei a carne de onde? Do trabalho de minha égua. Remédio pra minha filhinha. Roupinha. Tudo vem da minha égua. Eu não falei que a égua é igual ou melhor que minha mulher. É que eu preciso da égua pra cuidar de minha mulher. Eu só quis dizer que trato as duas com mesmo carinho e atenção, porque preciso das duas. Por isso eu falei que pra mim elas são iguais, mas só nesse sentido. Preciso dar remédio para a égua não adoecer, comprar veneno pra carrapato, vacina. Porque só posso cuidar bem de minha mulher, se minha égua estiver boa, não acha? Eu amo minha mulher, mas gosto de minha égua também”. Bem, eu entendi, ri um pouco da forma simples e engraçada dele ver as coisas, do paralelo estranhíssimo que fez, porém puro, sem maldade, mas baixei a cabeça e fiquei pensando. “Como vou explicar isso para elas, que são duas cabeças duras também?”. Ao lado tinha uns dois senhores amigos deles, dois primos que entenderam a história menos ainda e tomavam suas pinguinhas com tira-gosto. Falei. “Se quer elogiar sua mulher, existem outras formas. Essas coisas não se diz. No primeiro momento eu também fiquei contra você. Qualquer um entenderia como algo machista, e olha, do tempo de nossos bisavós, se não for mais”. Respondeu. “Eu tentei explicar, mas elas não deixaram e eu não tenho muita facilidade para falar também, assim como você. Eu não soube explicar”. Quando a sogra voltou me dando um pedaço de carne, pedi que sentasse, expliquei para ela, com maior cuidado e demoradamente. Na terceira vez ela foi entendendo, mas como mulher, repetiu o que eu disse: “Há muitas maneiras da gente dizer as coisas, não é?” Concordei com a cabeça. A sogra saiu de novo para a cozinha. Não demorou muito a esposa já estava de carinha feliz, acabou entendendo. Veio sentou-se com a menininha, no colo dele. “Pronto”, pensei. “A paz reina”. Fiquei até orgulhoso de mim por semear a paz ali, embora não estivessem brigando tanto, era apenas uma pequena peleja. A mãe chamou lá dentro, ela se levantou. Ele ficou olhando-a se afastar e falou entre os dentes, com a cara caipiramente safada. “Adooooro essa eguinha”. Não contive a gargalhada. “Pôxa, cara. Você é f... se ela ouve, começa tudo de novo”. Tinha compromisso, acabei recusando o convite pro almoço. No pé do morro, olhei para trás e falei. “A gente precisa fazer outra galinhada”. E ele. “Deixa com ‘nóis’ “. E ficou escovando o pescoço da égua.

terça-feira, 20 de abril de 2010

CARTA AOS AMIGOS

Face às tantas e carinhosas manifestações, eu não poderia deixar de vir aqui hoje. Ontem tive um dia péssimo. Por outro lado, fiquei feliz com cada comentário. Cada comentário que li, eu chorei.teve vezes que tive que ler duas vezes. Quase estrago o teclado. Mas nãoo era um choro de tristeza, erachoro de alegria, que só confirma o que penso dos blogueiros. A gente não joga um cesto de maçã fora, só porque tem uma estragada. Joga-se fora só a estragada. Estava triste por excluir o blog, O blog é quase um pedaço de meu corpo. Esse blog que começou despretensioso, que fui quase obrigado a criar. Sim eu nem tinha ideia do que é blog. A internet é mesmo algo fantástico. E esse blog acabou virando parte de minha vida. Não vou repetir tudo, todos já sabem que faço daqui, meu trombone, meu meio de dizer às pessoas o que sou... e como estou. Um espaço onde fui Mickey, Pateta, Peter Pan. Onde fui Ícaro despedaçado, mas fui Fênix renovada. Um espaço que não quis que fosse só meu, mas de muita gente. Sim.Aqui eu abraço um tanto de gente de uma vez só, todos os dias. Porque é só isso que eu quero. Não quero mais nada dessa vida a não ser viver bem com as pessoas. Nesse espaço fui um pouco de tudo. Fui nuvem, fui lua de fases, fui passarinho aprendiz. Fui ovelha tosquiada. Fui Debby&Lloyd. Fui até Drácula. E claro, beija-flor. Não no sentido de beijar a todas, aqui e acolá, como alguém sugeriu num comentário meio maldoso que acabei exlcuindo, e sim, no sentido de estar em todas as situações, porque é assim que o beija-flor vive. Ele não para. E eu adoro passarinho, por isso escolhi esse símbolo.. Minha árvore dentro de casa é cheia de ninhos e não deixo ninguém mexer. E vivi e revivi tudo quando escrevia. Não imaginam o quanto chorei nos textos comoventes. Sim, eu escrevo chorando e não preciso estar triste pra isso. Detesto ficar triste porque parece que estou morrendo. E ri muito também nos contos engraçados. Sim,eu escrevo rindo também. Mas vocês ontem me fizeram me sentir uma Fênix de novo. Ah, se desse para citar todos os comentários. Só que ficaria grande demais. Mas vou reunir todos num só, que todos disseram em palavras diferentes. ‘Não mate seu blog, que é uma parte de você, por causa de outros’. Como eu viveria sem o blog? E as pessoas daqui que gostam de mim, seria justo com elas? E tudo aquilo que falei, sobre tentar de novo, recomeçar, de tirar proveito até dos momentos ruins? E o meu amor próprio que tanto decantei? Seria como se tivesse mentido para mim mesmo. Por tudo isso, por mim e por meus amigos blogueiros que me mostraram, que me fizerem ver e praticar o Carlos que eu mesmo sempre divulguei, quero comunicar que não vou excluir o blog. Vou dar um tempo sim de uns cincos, seis, sete dias, até porque preciso também fazer pequenos exames de rotina, mas que não faço há um tempo. Por esses dias, ainda não visitarei os amigos. Só quero que saibam que estou muito agradecido, envaidecido de saber que gostam muito de mim. Preciso parar pois o teclado está molhando de novo. Amo vocês. Eu nunca digo adeus. TIAUUUUUUUU...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ADEUS...





! imgagem regressaami.blogs.sapo.pt )
UM ABRAÇO A TODOS. LAMENTO INFORMAR QUE ESTOU SUMINDO. POR FAVOR NÃO PERGUNTEM POR QUÊ. GOSTARIA DE PODER DIZER, EU EXPLÍCITO QUE SOU. MAS DESTA VEZ NÃO VAI DAR. FOI MUITO BOM ESTAR POR AQUI. FOI UMA GOSTOSA AVENTURA. AQUI EU BRINQUEI,CONTEI MEUS CASOS,CHOREI TAMBÉM, MOSTREI UM POUQUINHO DO QUE EU SOU NAS MINHA POESIAS. SIM SÓ UM POQUINHO, PORQUE EU SOU MUITO MAIS QUE ISSO QUE VOCÊS VIRAM. EMBORA TENHA GENTE QUE ME ACHE DE BAIXO GÊNERO, DE BAIXO NÍVEL. SENTIREI SAUDADES DE TODOS. NÃO CITAREI NOMES, PRA NÃO COMETER INJUSTIÇAS, MAS TODOS SÃO BONS AMIGOS. NADA AQUI FOI VIRTUAL, POIS SENTI O CALOR DE TODOS. DESCULPEM ALGUMA COISA, SE FALEI ALGO UM DIA QUE NÃO AGRADASSE, MAS GUARDEM NA MEMÓRIA O CARLOS DOS CONTOS. VOU DEIXAR ESTE PEQUENO TEXTO AQUI POR DOIS DIAS, PARA QUE OS AMIGOS)AS) VEJAM PARA DEPOIS EXCLUIR DEFINITIVAMENTE. FIQUEM TODOS COM DEUS. SIGO MEU CAMINHO...

CAVALGANDO


Venha, menina, vamos cavalgar nas rédeas do nosso amor
contemplando o horizonte em esplendor.
Não é preciso ter medo, isso não cabe
amar não tem segredo, é apenas deixar-se levar.
Para você que não sabe, a gente começa devagar.
Depois vai aumentando, eu seguro em sua cintura
assim se sentirá segura, nem vai ver o tempo passar.
Quando sentir um fogo, não se assuste, é o sol.
Apenas se ajuste ao brilho do farol,
o farol que nos ilumina.
Venha, menina, o prazer se descortina
e nos mostra um horizonte
o que é lindo está atrás do monte,
mas para que eu possa lhe mostrar, é preciso cavalgar.
Use seus dotes de mulher, feche os olhos se quiser,
apenas sinta como estou teso
encaixado, agarrado, coeso
aos seus prazeres, ao seus dizeres.
Se sentir alguma onda, uma energia pelo corpo
estaremos perto do topo do nosso cavalgar.
E a gente desce, e recomeça, porque a gente merece...
merece gozar...
como é bom gozar a vida,
de uma forma assim, desinibida,
mas é preciso cavalgar.

sábado, 17 de abril de 2010

QUANDO VI DIAMANTINA










Quando vi Diamantina
vi muito mais que pedras e ruas antigas.
ouvi naqueles becos cada lamento,
o passado chegando em ecos de sofrimento.
Ouvi grilhões arrastados pelos calcanhares.
O chicote estalando no ar
O vermelho tingindo a pele negra
colorindo de vergonha um país.
Como pode alguém ver a dor e se sentir feliz?
Vi diamantes e conflitos
incrustados naqueles cascalhos e montanhas.
Uma brisa estranha me trazia
zum zum zum dos becos e ruelas
de conspirações na cidade,
Brasileiros nas celas.
Fogões de lenha nas senzalas
Cozinhando sonhos de liberdade
Ouvi tropel de cavalos
Quando vi Diamantina, vi fé.
Gente obedecendo aos badalos
da catedral chamando a rezar.
Ouvi gargalhadas de Xica da Silva no ar
contagiando, dominando e esnobando um certo sinhozinho.
Provando a força de uma mulher,
seja escrava ou rainha,
ou as duas coisas se quiser,
mostrando que o poder do amor
derruba até imperador.
(E agora Sinhozinho?
Quem é que manda aqui?)
Diamantina...
misto de sangue e história
vergonha e glória
nas emoções que senti.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A ESTRADA QUE EU FIZ


A estrada que eu fiz começou desde cedo.
Jamais quis saber os segredos.
E assim fui aprendendo... reticente... pertinente
que a estrada, a gente conhece fazendo
caindo, levantando, amando, sofrendo, amando novamente.
A estrada que eu fiz teve subidas e descidas.
Teve retas monótonas e perigosas curvas, e nas minhas ilusões turvas
cobertas de chuva, de nuvens e neve, vivi muita emoção,
pois dentro de mim só um ritmo batia... meu coração.
Nem sempre a dor foi breve, a alegria também não.
Nem sempre a fonte saciou minha sede, meus desejos
por isso aprendi a ser sozinho e a conter meus lábios
esqueci as águas, as mágoas e até os beijos
não estou entre os grandes sábios, nem entre os perdidos também.
Nem sei o que sou, ou como me classifico
às vezes, complico, mas vou, sigo sem ferir ninguém.
Na estrada que eu fiz, chorei,
mas também brinquei, sorri, porque me permiti.
Tolo é quem não chora... não sente a leveza do que é ser.
Eu sou como a natureza,
durmo na penumbra e acordo em aurora. A dor me faz crescer.
Na estrada que eu fiz, abri minha rede.,
dormi com a saudade, apanhei da insônia, namorei estrelas
e quando não podia mais vê-las...
vinha o sol avisando que não era tempo de lamentações, nem de comemorações
que havia uma nova batalha depois daquela curva
que a visão pode estar turva
desde que tudo esteja claro no coração
só o sentimento pode nos dar orientação.
O fim, não sei, e isso também não é um resumo,
preciso retomar meu rumo na estrada que eu fiz.
Que venham os ventos...
neles encontrarei a força para novos momentos
ainda que nessa estrada, eu seja só um aprendiz
mas, só lutando eu sou feliz.
Talvez eu olhe para trás um dia
e contemple a estrada marcada
por minhas pegadas...
pegadas de poesia.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ADOLESCÊNCIA EM NÓS


(imagem andretaka.files.wordpress.com )
Corações cálidos,
rostos pálidos de timidez.
Foi assim nossa primeira vez.
O amor não causa medo,
mas deixa para o primeiro encontro o grande segredo:
Tudo que se espera, que se planeja, que se almeja,
na hora do olhar, o corpo fraqueja.
Porém, o amor por dentro grita, palpita
e a gente supera, se beija.
A primeira vez de um amor é assim;
há que se cuidar, regar com carinho
como se faz a um botãozinho,
um raminho, um jasmim.
Nessa hora é preciso ter paciência,
eu cuidei de você, você cuidou de mim.
Enfim, cuidamos da mesma flor. Uma flor em comum.
É a única exigência do amor:
Não haverá dois se não somarmos um mais um.
Nem conta muito a experiência,
pois quando se ama, volta-se à adolescência.
Desde então tem sido assim:
você me ensina, eu lhe ensino
eu fiz de você, uma menina
e você me fez menino.

terça-feira, 13 de abril de 2010

EU E A NOITE


(IMAGEM fe_tati_web)
Não dá para olhar essa lua sem escrever nada. Então vou escrever sobre a noite. Não a minha noite. Sobre a noite de todos. Assim como a lua, a lua de todos. Tudo de noite é melhor. Começando pela poesia, os poemas e textos que mais gosto, brotam em mim de noite. Acredito que na maioria dos poetas. É de noite, para quem gosta, que a gente toma uma cervejinha. Porque de dia a gente está trabalhando. É de noite que a gente encontra os amigos. De dia damos só um olá, um aceno de braço, uma buzinada. A gente está sempre correndo. É de noite que o rádio passa as melhores canções. É de noite que tem seresta. Quem se lembra dessa? “Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem”. Eu era criança, mas minha irmã cantava tão bem essa música que fiquei gostando dela. É de noite que a gente pode ver bons filmes. É de noite, para quem gosta e eu gosto, que passa a maioria dos jogos de futebol, que passa novela, que a gente pode ver o jornal. É de noite que a gente tem saudades. É de noite que a gente sonha, planeja. Que a gente liga pra mamãe distante. De noite me sinto até mais criança. Até para comer, a noite é melhor. Uma comidinha leve, saudável para dormir melhor. Ninguém come uma feijoada às dez da noite. É com a noite que o vinho combina. A pizza também, embora eu só coma pizza quando estou namorando. É de noite que a gente reza, agradece e pede perdão. De noite, a gente ouve menos barulho. Dá para ouvir até as águas do rio lá longe. De noite, a gente fica mais calmo. Às vezes, até mais triste, mas isso também faz parte. De noite, a gente medita, faz mea culpa. Reflete, pesa onde errou durante o dia, o que falou, o que ouviu. O que fez e em que se omitiu. É de noite que a gente pode contemplar a lua, ainda mais eu, que moro de frente para o nascer dela e a vejo subir lindamente o céu. Alguém consegue contemplar o sol por mais importante que ele seja? É de noite, desde criança que posso admirar as estrelas. É de noite que eu gosto de imaginar a imensidão do espaço.
É... realmente tudo de noite fica mais gostoso. Mas vou parar aí. Pensaram que eu ia dizer mais “coisas”, né seus maldosos? Foi só uma pegadinha geral. Que menino mau que eu sou!


segunda-feira, 12 de abril de 2010

INÚTIL


( imagem geographicae.files.wordpress.com )
Pra quê essa lua
embelezando minha rua
se você não está nela?
O vento que me chega à janela
dá uma falsa sensação de gosto.
Bem seria, fossem seus dedos tocando meu rosto.
Pra quê essa estrela
se não posso tê-la?
Você está mais distante que ela
nessa indiferença gigante.
Pra quê essas rosas, esses perfumes?
Sou um lobo uivando queixumes.
Tontos vaga-lumes vagueiam... titubeiam
como esse amor inconstante.
De que adianta ser apaixonado... sem amante?
“Lá vem o sol”, entoa uma velha canção.
o sol é só mais uma ilusão... ardente.
Onde deveria ter um horizonte há um grande muro.
Ora e o que é o futuro sem você no meu presente?
Mas também pra quê horizonte se não posso lhe avistar?
Sem você, meu coração posso arrancar,
posto que é inútil, fútil...
querer sem poder tocar.

domingo, 11 de abril de 2010

A PROFESSORA, O PAI E O MENINO


Estou sempre falando de professoras aqui. Na quarta série tinha a dona Estefânia. Brava, mas ela gostava daquela molecada. Não sei por quê, gostava de ficar me observando. Aí mesmo que fazia tipo fingindo que não percebia. Toda semana, já na sexta-feira ela escolhia um aluno para ser o líder da sala na semana seguinte. A função do líder era tomar conta da turma quando ela não estava, apontar quem fazia bagunça, quem conversava, verificar quem fez os deveres, quem tinha as unhas cortadas, ou seja: o dedo-duro. Ela nunca me escolhia e eu achava até bom, não tinha vocação para dedo-duro. Verdade que no fundo fica uma sensação leve de estar ficando de lado, apesar de que não dava muita bola para isso também. Além do mais, eu ser líder? Eu era um liderzinho sim, nas brincadeiras, nas gincanas e disputas colegiais, mas era algo natural, não mais que isso. Eu mesmo era muito bagunceiro. Mas nunca levei bomba. Muitas vezes fui flagrado de pé no meio da sala. Uma vez, estava cantando ‘conheci um capeta em forma de guri’, todo mundo rindo, eu pensando que estava arrasando e era ela atrás de mim com uma régua de pau cutucando meu ombro e eu nem aí. Tomei um susto. “Hoje você não tem recreio”. Supliquei. Dá outro castigo ‘fessora, menos ficar sem recreio. Eu quero brincar”. Ela aceitou e mandou copiar um texto enorme em casa. “Ai de você se não fizer”. Esse eu tive que fazer. Sobre o dever de casa, confesso que não era muito chegado. Quantas vezes copiei de alguém, minutos antes de entrar pra aula, sentado no meio-fio. O contraste é que ler, eu gostava. Um dia ela me surpreendeu me nomeando. Gostei e pensei. “Por quê não?”. E não perdoei ninguém. Acho que bati o recorde de deduragem. Se alguém, levantou, anotei. Falou, anotei. Riu, anotei. Andava entre as cadeiras tipo professor, cheio de pose. Dever de casa incompleto, caderno sujo. “Precisa caprichar mais no seu material, rapaz.”. Ou. “Que letra horrível”. E “você aí, corte as unhas pra amanhã”. E também. “Que cabelo mal penteado. Sua mãe não estava em casa hoje?”. As meninas cheias de frescura aí que não perdoei mesmo. Eu tinha uma ‘raiva’ daquelas meninas riquinhas metidas. “Que mal gosto esse esmalte, hein? Muito berrante”. Enfim, anotei tudo. Enchi quase duas folhas. Ainda não se usava a expressão ‘pagar mico’, mas paguei um King Kong na época. Não pensei que depois da professora conferir os apontamentos do dedo-duro, digo, líder, ela conferia o caderno do próprio. E cadê que eu fiz o meu dever? Cinco páginas de perguntas sem respostas. Ela riscou tudo de vermelho. “Por que não fez o dever?”. Ah, ‘fessora. Estava difícil demais”. Comentou. “Mas na sexta-feira, me lembro que você gritou que sabia todas as perguntas”. Eu com minha mania de achar que tudo ‘vai se resolver’, tentei brincar. “As perguntas eu sei, só não sei as respostas”. Ela ficou brava demais. “Se você brincar assim de novo, vou te mandar pra diretora. Estou falando sério e você zombando”. Fiquei calado. Tinha medo da diretora, ainda mais depois que fui flagrado imitando-a, andando como uma pata choca. Dona Estefânia não deixou barato. Disse bem alto pra todos com meu caderno na mão. “Vejam só. O líder não fez o dever de casa”. O difícil foi aguentar a turma no meu pé, me dando tapas na cabeça e me gozando. Além de levar o dever atrasado no outro dia, tive que fazer também o dever do dia, o que me tomou a tarde toda. Nesse dia nem joguei bola. O pior, meu pai teve que ir lá e falou barbaridades na minha cabeça, mas não bateu. Meu pai nunca me bateu. Gosto de lembrar disso. Cheguei no dia seguinte, destituído do posto de líder e mesmo que não fosse não ia querer mais, aquilo não era para mim... ficar dedurando os outros. Mostrei o caderno, em pé perto da mesa. “Minha mão deu até cãibra, ‘fessora. A senhora quer apostar que não tem nem uma errada?”. Não mesmo. Sorriu e parece que ficou com dó. “Escondendo a capacidade, né menino? Podia ter evitado tudo isso. Por que não fez o dever no dia?”. Falei. “Porque eu pensei que o líder não precisava, que não era obrigado”. Ela disse uma frase que me serviu pra vida toda. “Aí é que você se engana. O líder precisa dar o exemplo”.
Hoje em dia, se a professora aplica um castigo, os pais são os primeiros a irem para a porta da escola fazer panelaço. Meu pai, pelo contrário, ficou o tempo todo do lado correto. O lado educador.

sábado, 10 de abril de 2010

QUANDO UM MENINO CHORA


( imagem google )
Quando um menino chora
tudo chora em volta de si..
A tristeza toma conta, ninguém pode detê-la.
Embaça o horizonte, ofusca a estrela.
Parece que o chão vai se abrir.
Arco-íris fica feio, flor não tem perfume.
Tudo em volta é queixume.
Beija-flor nem sorri.
Quando um menino chora
borboleta chora também.
Uma lágrima vira um rio
e esse rio vai muito além.
Vai arrastando tudo que é flor
derrubando sonhos e esperança.
Quando chora uma criança
vejo um dilúvio de dor.
Quando um menino chora
toda hora é noite, apaga-se a aurora,
não tem nada que embeleze a rua
nuvens negras escondem a lua.
Ah, se eu encontrasse por aí afora
quem fez o menino chorar...
com certeza, eu diria
a gente não pode o menino magoar,
pois se um menino perde a alegria
não há festa, não há vida,
nem mesmo poesia.

Nota: Não suporto ver criança chorando. Pergunto logo por quê. Lembro de mim, de como ficava quando chorava.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O MELHOR DE MIM


( imagem photobucket )
Eu guardei pra você
o melhor de mim.
Sem restrições de emoções.
Ser feliz é assim.
Dos sorrisos, o mais agradável.
Dos abraços, o mais confortante...
e confortável.
Pequenos gestos retratam amor eterno.
Dos olhares, o mais terno.
O meu beijo mais doce
como se de mel feito fosse.
Tocar com as mãos seu rosto
suave como a brisa
que passa e não avisa,
mas causa prazer.
Vou ficar feliz
pra você ser feliz
e se eu chorar
quero chorar com você.
Dentro de mim
há um paraíso completo... repleto.
Tem sol, tem luar.
Tem jardim.
Um lindo céu azul,
um arco-íris de norte a sul...
e um tesouro no fim.
Tem uma fonte de água cristalina
que é boa de beber.
Tudo isso é o melhor de mim
que guardei pra você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

SAINDO DO DIVÃ- VOCÊ


Você faz perguntas.
Busca, rebusca.
Perde-se no labirinto de seu ego.
Vai ao analista para falar de insônia
e dos fantasmas que o assombra.
Mas, será que está cego e não vê a resposta à sua sombra?
Você único que é,
você de pé é tudo, está em tudo.
O que é permitido? E o proibido?
O ódio e a flor?
O que é o beijo?...
a máscara de Judas ou uma declaração de amor ?
Faz diferença noite chuvosa ou estrelada
se você está nela?
Você existe, você “É”,
isso é o mais importante...
grão de areia ou gigante.
Você é único no universo,
quem pode imitar?
Certo ou errado, quem pode julgar?
Quem é o juiz, quem é o réu?
O que você acha do inferno e do céu?
Nada faz diferença,
pois, bem e mal são irmãos
fazendo a história se dando as mãos.
Dois rios diferentes desembocam no mesmo mar .
Você pode nadar nesse mundo, mergulhar fundo
com a certeza que é parte ativa
na grande locomotiva
ora árdua, ora divertida
que traça os caminhos da vida.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SAINDO DO DIVÃ- O MÉDICO E O POETA


Gosto de ver a arte exaltada. Não banalizada. Não nasci para ver banalidades. Às vezes na tv prefiro mais os comerciais do que a própria programação. Nos anos 70 Chacrinha já dizia: “Na tv brasileira nada se cria, tudo se copia”. Uma das coisas mais bonitas que já ouvi sobre a arte foi que o Drummond disse sobre Vinícius. “Vinícius foi o único poeta que conheci que viveu verdadeiramente como poeta”. Drummond quis dizer que a poesia está acima da intelectualidade. Claro que é preciso ter um bom intelecto, mas não é a essência. Pronto, achei a palavra: Essência. É isso que a poesia é. Guardadas as devidas proporções, Drummond disse isso porque não me conheceu. Por isso ele disse... “que eu conheci”. Não gosto de escrever sobre temas específicos, prontos. “Toma. Escreve sobre isso aí”. Nunca sentei para escrever propositadamente. “Hoje vou escrever sobre o mar”, por exemplo. Eu não procuro a poesia. É ela quem me procura. Vem, acontece e pronto. Vou contar algo engraçado e interessante. Felizmente há meses tenho dormido muito bem, mas tenho fases de insônia aguda. Uma vez foi preocupante. Acabei indo a um analista. Médico bom, atencioso. “Deite ali e fale tudo. Aqui não tem um médico, tem um amigo”. E comecei a falar. Falei sem parar. Parecia regressão mental, dessas em que a gente fica em hipnose. Desde a mais tenra infância. Ele se surpreendia. “Você se lembra disso tudo?”. Quando terminou, mandou que eu voltasse na quinta-feira. “Traga algumas de suas poesias. As que você mais gosta, as mais tristes, as que estava com mais raiva”. Respondi. “Justo essas são as que mais gosto”. Voltei com ‘Aqui jaz uma flor’. ‘O sonho das estrelas’. ‘Fênix’. ‘A primeira vez que chorei’. ‘Ícaro Moderno’. ‘O melhor de mim’. ‘Falando às nuvens’. ‘O dia em que eu não quis sair de casa’. E outras, além de alguns textos. Ele disse. “Deite aí, vou ler com calma, analisar, pode até cochilar se quiser, pois vou demorar”. E não é que dormi mesmo? Uns vinte minutos. Começamos a falar de poesia, da minha poesia. Depois na mesa, frente a frente, ele disse. “Vejo em suas poesias, muita ternura, simplicidade, mas percebo também alguém forte, que não se entrega. Uma revolta boa. Você não precisa de analista. Você tem uma coisa que quem precisa de analista não tem: auto estima. Pela leitura fácil, explícita no que escreve, vejo que gosta de falar de você. Mandei você deitar e falar, você falou tudo. Fico semanas tentando arrancar coisas de pessoas nesse divã, algumas totalmente bloqueadas. Mas você não. Você é aberto e isso é muito bonito. O que você veio fazer aqui?”. Riu quando respondi. “Ah, sei lá. Mandaram eu vir, eu vim. Deve ser pela insônia. E eu também sempre quis conhecer como é um divã”. Riu de novo. “Vou lhe dar umas dicas para dormir, mas não creio que você vai ser alguém que um dia vá dormir assim tão bem. Porque você tem uma inquietação, mas isso é próprio de poetas. E é essa inquietação que move você. Esse desprendimento, essa soltura do mundo físico, material e prático, é de dentro de você. Como médico lhe digo. Você se sente bem sendo assim. Não tente mudar pelas pessoas. Se achar que precisa mudar, mude por você mesmo. Do contrário será infeliz. Em um dos poemas você reclama que falam da sua utopia. Mas você mesmo diz num outro que “as grandes transformações do mundo surgiram de utopias”. Conheço essa frase, mas nunca havia parado pra pensar nela. Agora vou pensar sempre. Quem fala que é utopia é porque é acomodado, gosta de mesmice. E não vejo em você alguém preso à mesmice. Até isso você deixa bem claro nos poemas. Às vezes, é menino. Às vezes, é passarinho aprendiz. Às vezes é um Ícaro atrevido, ousado. Às vezes chora, às vezes é Fênix. Fala da infância difícil, mas não reclama disso. Sabe ter saudades dela, porque foi bem vivida, curtida, aproveitada. E o mais importante é que trouxe isso com você sem deixar que atrapalhe. Muitas pessoas que procuram o analista são bloqueadas, porque elas mesmas se bloqueiam. Um trauma simples as acompanha a vida toda. Aí a gente, o analista, vira até herói. Tem gente que não consegue viver mais sem o analista, que não consegue sair do divã. O que acho mais forte em você é que a poesia é um refúgio. Isso é sorte sua, se ela é seu escudo, use-a”. Por fim, para não alongar, o médico acabou me contando os problemas dele também. Só faltou a gente trocar de lugar. Só frequentei mais umas três sessões. A última ele nem me cobrou, marcou para após o expediente. Amanhã vou postar um poema, que acho que alguns já conhecem, que surgiu a partir dessa conversa. Ele leu e disse. “Esse poema já é uma terapia. Um texto ótimo para auto-ajuda. Acho que vou usar com meus clientes”. É por essas e outras que valorizo muito a poesia que Deus pôs em mim. Ou melhor... a poesia que Deus fez em mim.

terça-feira, 6 de abril de 2010

OUTONO EM MIM


Esse outono que chega a mim
é um prenúncio.
É o anúncio de um novo tempo.
Prelúdio de um advento.
Que venha esse vento quase frio
indeciso entre o verão e o inverno
reavivando em mim o fogo interno, eterno
que é viver, que é amar... mas é preciso desfolhar.
Nas folhas que caem e voam, meus desejos e sonhos se sobressaem, ecoam
rumo a você, mulher de olhos claros... de brilho raro.
O outono não é uma estação triste como se pensa.
É renovação, revelação, é preparação para a recompensa.
É preciso e gostoso viver a primavera, o inverno e o verão,
mas antes é preciso desfolhar.
Deixar se perderem ao vento, velhos medos, principalmente o de amar.
E eu me preparo para esse outono
fisicamente, psicologicamente, emocionalmente
para fazer por merecer o que vou conquistar.

Abril/2009

segunda-feira, 5 de abril de 2010

SOL E GIRASSOL


Estava eu, sozinho no jardim.
Um triste girassol
Olhando um céu cinzento
em busca do meu sol.
De repente, no seu sorriso resplandecente
eu vi um novo arrebol.
Do horizonte escuro a um paraíso aberto.
Da incerteza à esperança.
Do medo à segurança.
Foi assim que meu coração saltou, pulsou.
Quem disse que o mundo não presta,
que a vida é ruim,
que não há pessoas e coisas boas
é so olhar para mim
e ver meu olhos em festa.
Festa de amizade e amor.
Meus olhos que só viam cinzento
vislumbram agora um jardim em flor.
Brilhe muito meu sol,
com a intensidade que ninguém jamais viveu
Aqueça com seu calor esse girassol em forma de homem...
que sou eu.

domingo, 4 de abril de 2010

A GRUTA ESTÁ VAZIA


(imagem google )
A Bíblia é mesmo uma fonte inesgotável de sabedoria. Não é à toa que é chamada de A Palavra de Deus.Eu poderia encerrar esse texto agora mesmo e essa frase já diria tudo, não é preciso texto. Qualquer página que se abre e tem algo belo a ler. E mistérios também. Os doze apóstolos de Jesus eram de sua confiança, penso eu. Afinal foi Ele quem selecionou. “Não foram vocês quem me escolheram. Fui Eu quem escolheu vocês”. Não sei a história de todos. Alguns se destacam. Pedro por exemplo. A convocação de Pedro talvez tenha sido a mais linda. “Agora sois pescador de homens”. O próprio Jesus disse. “Teu nome é Pedro. Pedra. E sobre teu nome edificarei minha igreja. Terás a chave do céu. O que perdoardes, será perdoado. O que não perdoardes, não será perdoado”. Vejam quantos poderes e confiança Jesus depositou no amigo. Porém na noite de sua prisão, Pedro o negou. Três vezes. O amigo, o portador da chave do reino de Deus, fraquejou. Vacilou. Incrível isso. Não sei, talvez faça parte do grande mistério, do grande projeto de Deus, desde o nascimento até a morte e ressurreição de Cristo. Sendo assim, se for, me curvo e respeito. E isso não impediu de Pedro se tornar um dos principais nomes do cristianismo. Sim, porque Deus deixou. Isso se chama perdoar quem nos nega, dar uma chance. Paulo foi um perseguidor de cristãos prendendo e matando em favor do império. No meio do deserto, Paulo cai cego ao chão.“Paulo, por que me persegues?”. Depois de livrá-lo da cegueira, física e espiritual, Jesus o resgatou, trazendo-o para Si. Isso se chama recuperar inimigos, torná-los amigos. Outros dois amigos vacilaram. Tinha um, Tomé, que tinha um tal de ‘só acredito vendo’. Vejam que lindo Jesus disse. “Crestes porque vistes. Feliz daquele que não viu, mas creu”. Isso também é resgatar. Um tapa de luva na desconfiança. O outro, Judas, Jesus não teve tempo de recuperar, pois julgado pela própria consciência, se matou enquanto o Mestre apanhava. Barrabás, que não era discípulo, mas foi figura importante, andou como louco no deserto, não suportando o peso da liberdade que lhe foi dada, enquanto um justo morria em seu lugar. Difícil não ficar tocado nesses dias. Não estou falando como um pregador. Quem sou eu. Nem sou digno. Mas eu que falei tanto de egoísmo nesses dias, não podia deixar de falar do Homem que jamais praticou o egoísmo. O Homem que dividiu não só o calendário, mas também o velho do novo. O Homem que veio pronto do céu, phd em psicologia, filosofia e relações humanas. O Homem que veio fazer diferente. Todos os grandes nomes bíblicos que O antecederam empunharam espadas. Ele não. Sua espada era a palavra. Além de dar uma chance a Pedro, Paulo, Maria Madalena, Lázaro, aos filhos pródigos, aos surdos, aos cegos e mancos, Ele nos deu uma chance também pregado naquela cruz, quando disse. “Pai. Perdoai-os. Eles não sabem o que fazem”. Não é fácil dizer isso com uma lança no peito. Só Ele. Mas tenho certeza que a gruta está vazia. “Jesus está vivo. Falei com Ele hoje”. Essa frase é a consumação de tudo.


FELIZ PÁSCOA A TODOS... NO MELHO SENTIDO DA PALAVRA.

OBRIGADO PELOS COMENTÁRIOS. AQUI MEIO AGITADO PRA VARIAR. UM ABRAÇÃO AMPLO, GERAL E IRRESTRITO.

sábado, 3 de abril de 2010

TARDES DE ABRIL


( imagem google )
Eu sabia
que eu não estava morto, nem vazio, nem frio.
Que dentro de mim habitava um querer, um ser
com um sentimento a brotar.
Que em minhas veias corria um rio caudaloso
intenso, generoso, ansioso por regar.
Eu tinha certeza que ainda havia o romantismo
escondido nas gavetas do meu peito
que andou mesmo meio sem jeito
por não ter a quem entregar.
Ah... eu sabia
que o ocaso não é um acaso;
Precisamos passar para resplandecer em aurora
como me sinto plenamente agora.
Eu sabia que o amor não havia acabado.
Estava só guardado, estancado
como numa represa que você abriu
naquelas tardes de abril.
O rio dentro de mim encontrou o mar.
Abrace-me porque agora eu vou deixar jorrar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CORRIGINDO...

Bem amigos. Acho que exagerei. Depressão é algo meio forte,né? Deus me livre. Talvez um breve momento de instrospecção ao qual os poetas está sujeitos. Estou muito bem graças a Deus. Deve ser feito da data triste. Essas datas me matam, fico assim mesmo. Ou talvez a lua cheia. de vez em quando, eu viro lobisomem rs rs. Um abraço a todos e feliz páscoa

UM DOCE EGOÍSMO


( imagem ipt.olhares.com )
EU SOU EGOÍSTA ( RAUL SEIXAS)

Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de Deus, do mal
Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho papão não
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, você reza, você pede, implora
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei, sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz .

O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?

Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou antissocialista
Eu admito, você tá na pista ... eu sou egoísta.

Letra forte. Raul seixas gravou essa música originalmente em 75. Antes de conhecer a música eu já praticava meu doce egoísmo. Regravou, acho que em 85 já na sua fase decadente de saúde. Mesmo muito doente, reafirmando seu egoísmo, não o egoísmo material, esse é feio, e sim o amor próprio, o “faça você mesmo, seja você mesmo”. Na regravação, no final, ele cantarola um trecho de música do Bob Dylan “hey mr tambourine man the answer blowing in the wind”, afirmando ‘que a resposta está flutuando no ar ‘. Só é preciso ter a antena da sensibilidade. Embora Raul parecesse, e era mesmo, irreverente, sarcástico, de gênio difícil, chato, as pessoas que conviviam com ele dizem que tinha momentos de ternura que nem parecia o próprio. Quando se deprimia corria para a casa da mãe. Mais abaixo explico porque estou dizendo isso
Ontem eu estava no meu dia de Renato Russo. Que poeta maluco é esse que ontem fez um post falando de amor próprio e hoje fala que quase entrou em depressão? Explico. Antes quero dizer porque os blogueiros me salvaram. Me salvaram com seus comentários sempre muito cordiais e generosos. Aí pensei. “Como vou ficar deprimido com toda essa gente me lendo e tecendo só elogios ao texto, e principalmente à minha pessoa?”. Seria no mínimo incoerente e injusto para com eles. E por que quase entrei em depressão? Narcisismo é uma coisa perigosa. O personagem da mitologia se afogou de tanto que se admirou no espelho dás águas. Eu doso meu narcisismo com inteligência desde criança. É o Carlos homem manipulando o Carlos poeta. Ou seria o inverso? Reparem que todos os artistas narcisistas ou até mesmo não artistas, são pessoas quase sempre tristes, introvertidas, complicadas. Vou frisar no artista porque acho que como eu, praticam a forma doce de egoísmo. O meu egoísmo consiste nada mais em estar rodeado de pessoas, de estar sempre útil, gosto de fazer as pessoas rirem. Quero que falem de mim quando viro as costas. “Ali vai um cara bacana”. Consiste em falar de mim, adoro falar de mim, pode perguntar qualquer coisa que eu respondo. Não gosto de hipocrisia.. A hipocrisia é a mãe da mentira. E onde entra o perigo aí? Quando decepciono uma pessoa, fico muito mal e sei que não faço por querer. Apenas não atendi as expectativas daquela pessoa. As pessoas criam expectativas sobre a gente. No meu caso, algumas pensam que sou perfeito e quando veem que sou um simples mortal, a coisa desaba. E as pessoas não poupam, já repararam isso? Por isso eu digo que é perigoso, mesmo sabendo que a culpa é toda minha por fazer com que as pessoas tenham essas expectativas. Quando o praticante do doce egoísmo não atinge seus objetivos, ele se deprime. E assim, artistas narcisistas do bem, como os citados aqui, gênios em sua arte, que tentam passar sua mensagem, tentando melhorar o mundo de alguma forma e a arte é uma delas, e talvez vendo tudo na mesmice, acabam ficando melancólicos. Ambos morreram solitários. Mas não se preocupem, minha depressão passa rápido. É igual meu salário e menstruação... só dura três dias. Afinal continuo me amando. Mas ontem, se desse ia pra Vitória, para a casa de mamãe , pois quando fico assim, também preciso de colo.

Em tempo. Pensando bem, não sou tão egoísta assim. Se fosse, no caso de decepcionar alguém, eu não estava nem aí. E fiquei muito preocupado. Aproveitando... como a lua está linda!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O MAIOR AMOR DO MUNDO


Hoje vim declarar meu amor a você.
Conheço a você há alguns anos e não sabia que lhe amava tanto.
Não, não vire o rosto. É com você que estou falando. Que timidez é essa? Quem mandou pegar toda a beleza do paraíso? Agora estou amando você e não tem mais volta. Gosto de do seu jeito de andar. Parece criança, anda tão despreocupado. Como se o mundo estivesse caindo atrás e você nem aí. E seu jeito de falar? Desligado. Varia. Às vezes fala grandes coisas, às vezes fala tanta bobeira. Mas é isso mesmo que gosto em você.Você nunca está na mesmice da maioria das pessoas. Você não é cretino. Nem hipócrita. E seus olhos? Até chorando eles são bonitos, embora eu pense que eles não merecem chorar. E esse cabelo. Rebelde como você. Só as crianças e os poetas sabem ser rebeldes. E não precisam de nenhuma causa. O mundo já é uma grande causa para se ter uma rebeldia em si. Nem todos amam você... mas eu amo. Adoro quando canta. Nem sei se é afinado, mas vejo que canta com a alma. Tudo que você faz é com a alma. Abaixo de Deus você é o mais importante. Você para mim é um príncipe. Tem mãos delicadas, parecem de uma dama. Pés pequenos, branquinhos. Você é perfeito. Adoro quando fica bravo. Parece um vulcão, mas dentro tem uma flor reclamando. Ah, não gosto que magoem você, porque sinto você às vezes, frágil, apesar de grandioso. Eu sei que as palavras lhe machucam, então fique com as boas que vou lhe dizer : EU AMO VOCÊ. Continue como é, não mude pelas pessoas. Mude por você mesmo. Seja seu próprio parâmetro e sua própria meta. Seja o centro. O início, o meio e o fim de tudo que pratica, que fala, que sonha. Você já é um sonho O sonho possível de que o mundo é bom. Só porque você está nele. Chegue mais perto. Hoje você está mais lindo ainda. Vá. O mundo está esperando sua magia. Você é o sol deste mundo. EU AMO VOCÊ .

Nota: De Carlos para Carlos, no espelho às 6:00h da manhã