ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 15 de março de 2014

FOLIA DE AMOR

( imagem vidaonlime.com.br )

Ele gostava muito de praia, sobretudo para andar pela areia, bem próximo da água, para sentir o mar lhe beijando os pés, não em reverência, o mar não faz reverência a ninguém a não ser ao Criador, mas pela troca de energia que sentia no contato com o resquício das ondas. Na volta parou em uma das barracas, tomou duas ou três cervejas, e quando passava próximo à uma outra barraca, na hora de ir embora, percebeu que a atendente deixou cair da bandeja o porta-guardanapos. Gentilmente abaixou e apanhou para ela,  que agradeceu: “Oh, muito obrigada! Que lindo!”. Ele disse brincando: “O que é lindo?... a atitude ou eu?”. Ela sorriu: “As duas coisas. Pessoas lindas, só fazem atitudes lindas”. Ele a fitou: “ E pessoas lindas atraem pessoas lindas”. “Você é muito gentil”, disse ela, e completou:  “Já vai embora?”. Ele respondeu: “Preciso  ir.  mas eu volto amanhã”. Ela entendeu: “Eu também estou um pouco apertada. A barraca está cheia. Amanhã quero você na minha barraca. Tiau, pessoa linda!”. “Tiau, pessoa linda”, ele respondeu. No dia seguinte, ela ainda não o tinha visto, observando-a trabalhar, indo pra lá e pra cá, quando olhou de repente: “Não acredito, você veio mesmo. Por que não me procurou? Ficou aí no cantinho”. Ele disse:  “Não quis atrapalhar. Estava vigiando se o porta-guardanapos ia cair, pra eu pegar pra você. Torci tanto pra ele cair”. Ela respondeu: “Não precisava ele cair, era só me chamar.”. Ele explicou:  “Ora, sei lá se você é casada, ou tem namorado, não quis me atrever. Fiquei daqui namorando o mar, nunca resisto”. “Não... eu sou livre. Aquele atrás do balcão é meu irmão, somos sócios aqui”. E olhou também para o mar: “Eu estou aqui há anos e também, não me canso de ver o mar. Você me parece romântico, que lindo isso, nessa época de hoje. Quem é você, que é meio galanteador e meio tímido ao mesmo tempo? Em pleno 2014?
Ele não respondeu, apenas pediu uma cerveja, ela pediu licença, disse que logo que folgasse um pouco voltaria à mesa. Dito e feito. “Ufaaa... barraca cheia... Graças a Deus. Agora posso me sentar um pouco”. Trocaram informações, sorrisos , elogios, vez ou outra, ela saía da mesa e voltava, sempre que possível, até que lá pelas 15h, ele teve que ir. “Desculpe, apesar de estar de folga, preciso checar uns emails de trabalho  antes das 17h”. Ela disse:  “Tudo bem. Como vê, ainda está cheio aqui. Vai ficar na cidade até  que dia?”. Ele: “Até quando Deus quiser. Eu moro aqui”. Ela sentou-se de novo: “Não acredito. E por onde andava que nunca te vi?”. “Venho pouco à praia, quase sempre trabalhando, saio mais à noite”. “Pode deixar, eu te encontro à noite, não há nada que eu não conheça por aqui”. E  perguntou: “Gosta de carnaval?”. Ele: “Já gostei mais, mas acho bonito, ver as pessoas brincando, dançando, principalmente as marchinhas antigas”, e cantaralou: “A Estrela Dalva no céu desponta, e a lua anda tonta, com tamanho esplendor”... “Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”. Ela riu encantada: “Que maravilha... não imaginei conhecer um cara tão... tão... legal, engraçado, gentil e que ainda canta. Vamos dançar essas marchinhas hoje à noite? Carnaval começa hoje, tem um clube legal aqui que só passa essas marchinhas antigas”. Ele pensou: “Ai,ai, depois de tantos anos, lá vou eu brincar carnaval. Claro, por causa da companhia”. Combinado!”. Ela: “Yessss... te vejo na praça central”.   No meio da pequena multidão que já se fazia, ele  viu a beleza morena... num apertadinho short branco delineando quadris e coxas, uma blusinha regata folgadinha, tiara na testa prendendo os cabelos negros que desciam até os ombros. Nos dois lados do rosto, pontinhos brilhantes de confetes de carnaval, na boca um batom vermelho convidativo, e na testa uma simpática estrelinha amarela. Ele se aproximou: “Acho que estou vendo uma estrelinha”. Ela disse: “A estrelinha é pra você não me perder na multidão”. Ele correspondeu: “Perder? Perder como se não vou desgrudar?”. Enfim, o baile começou, tomaram algumas doses, tudo muito animado, e quando ele cantava  “Vou beijar-te agora não me leve a mal, hoje é carnaval”, ela pediu: “Beija logo”.. e se beijaram no meio do salão. Depois de muito brincar, de cantar, de rir, de beijar muito, quase pela manhã foram para a casa dele, e foi assim nos quatro dias... na avenida, nos clubes, muita folia de carnaval... e naquela cama, muita folia de amor. Com ressaca de saudades.