ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MEU MUNDO


Amigos. Acredito que alguns de vocês esperavam que eu fizesse um texto de fim de ano. É normal, é legal fazer, já até fiz no ano passado. Todos fazem. Mas não quis fazer, acho que seria repetitivo falar de planos, sonhos, etc. Acontece que os anos que não planejei foram melhores que aqueles em que me enchi de planos. Num resumo geral, o ano de 2009 foi muito bom para mim. Alguns percalços sim, uns tropeços, uns vacilos, mas pior que perder é não tentar. “A pior luta é a que não se luta”. Por isso aprendi ao longo dos anos deixar as coisas fluírem mais, acontecerem mais naturais, ao invés de tentar mudar o curso delas e assim, enfrentá-las tal qual elas se apresentam. Para isso a gente tem que estar forte. Muito pior eu já passei, sem perder o bom humor e a fé, embora muitas vezes tenha corrido pro quarto. Muito mais importantes que o que colhi, foram as sementes que joguei para o ano que se anuncia. Aí vão me perguntar. “Mas você disse que não planejou. Está maluco, poeta?”. Planejei algo sim. Não de forma material. As pessoas não acreditam quando falo ou até pensam que minto e isso me magoa muito. Hoje estou um pouco triste, talvez seja coisa de fim de ano. É impossível não fazer uma pequena reciclagem nessa época. Eu não planejo um ano. A minha vida é toda planejada emocionalmente ao longos de meus quarenta e poucos anos. E parece que em 2010 vou colher tudo que plantei, não só em 2009, mas também... 2008... 2007... 90... 80.. 75...70. Bem... acabei fazendo um pequeno texto . Esse EU, esse meu mundo esquisito sem deixar de ser divertido, esse jeito que às vezes eu mesmo não entendo e que permite pessoas que nunca se viram ou que nunca me viram, de épocas distintas, me dizerem: “Você é diferente”. Ontem mesmo ouvi isso de uma mulher quase desconhecida, com quem até então havia trocado no máximo umas três ou quatro palavras, um “olá” na rua. Nem sempre ser diferente significa ser melhor, nunca almejei isso. Talvez a minha diferença seja que eu não tenha meio termos, não sei esconder ou fingir sentimentos. Estou sempre tentando amenizar situações. Mas ser diferente é bom, a gente é mais visto, mais falado, mais procurado. Se estou nas rodas como estive neste fim de ano, fica um monte de gente à minha volta, e eu dando verdadeiras “entrevistas” sobre meu trabalho e poesia. Me perguntam se isso me incomoda e eu digo que é um prazer.Gosto que falem comigo, gosto de ouvir as pessoas, até sinto falta disso. Ah, eu gostaria de viver uns trezentos anos. Esse é meu mundo, complicadinho... mas amo. E necessito ser amado a todo instante.
Meu coração está dizendo: FELIZ ANO NOVO A TODOS! FIQUEM COM DEUS!
///
MEU MUNDO

Meu mundo é simples, mas é composto...
de versos e diversos.
Por trás de minhas lentes
não há somente meus olhos e meu rosto
há todo um universo, controverso sim
e me dá gosto desafiar os “NÃO” que dizem pra mim.
Meu mundo...
que sabe ser melodia, harmonia
sem seguir nenhum ritmo a não ser o da emoção.
Ainda que não bata direito
o que trago no peito não é um relógio, mas um coração...
impulsivo, abrasivo... e compreensivo.
Meu mundo é único, mas nunca exclusivo,
cabe tanta gente.
Se mente, não é por mal.
Arranco a semente do que é banal.
Parece irreal...
mas é palpável, tocável
apenas gosto de brincar com o abstrato,
me cansei da selva de concreto
e faço do meu sonho... um fato.
Meu mundo é completo, repleto
parece um parque de diversões
muito embora, às vezes se feche
se perca em desilusões.
É por isso que eu brinco de Fênix, de Ícaro e de Narciso
pra recomeçar, pra de novo voar
ainda que corra o risco de derreter a cera sob o sol
ou de me afogar nesse lago
em busca de um simples afago,
mas não desisto de um arrebol.
Ainda bem que meu mundo tem muitas faces
por isso todo dia ele renasce.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A VERDADE SOBRE A FÉ


( imagem ulnxlabs.files.wordpress.com)
Vamos terminar o ano rindo para começar o novo ano também rindo. Recordando mais um texto. Até a vaquinha riu... rs rs
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Quando criança, havia no bairro um senhor chamado Bemvindo. Mentirooooso! Dizia que já tinha lutado com onça e ainda mostrava os arranhões. Que já segurou uma sucuri na mão. Que rolou num barranco com uma criatura que nem sabia o que era. Ele tinha certeza que acertou o tiro quando a fera corria, pois jamais errara um tiro, mas a bala não lhe fez nada. Um dia contou que viu um objeto estranho brilhando no céu quando se barbeava no quintal. Eu falei: “Será que não era sua careca refletindo no espelho?”. A molecada riu. Ele riu também, me dando um cascudo leve. “Me respeita, menino”. Hoje penso que ele só gostava mesmo de ficar fantasiando essas coisas para as crianças e se divertia, e nós também. Os meninos sabiam que eram mentiras. Era normal alguém dizer: “Vamos lá no Bemvindo ouvir umas mentirinhas?”. Quando ele morreu um menino disse: “Você sabia que o Bemvindo morreu?”. Alguém respondeu: “Mentira!”. Mas gostava de contar casos também, bem à mineira. Um dia ele contou esse... sobre a fé.
Um viajante, exausto por cavalgar por vários dias, avistou uma belíssima fazenda e resolveu pedir pousada. Chegou à porteira, bateu palmas várias vezes, até que um senhor que parecia ser o dono e era, veio atender. “Pois não”, disse com cara de poucos amigos. Ele tirou o chapéu. “Boa tarde. Senhor, estou cansado, cavalgando há dez dias, tenho fome e sede. Preciso de um banho, um prato de comida e umas horas de sono. Não aguento mais um minuto em cima desse cavalo. Parto antes que o galo cante”. O fazendeiro respondeu: “Sinto muito. Acho que não posso ajudar. O senhor não veio num bom momento. Minha melhor vaca está para parir... e vai morrer. Já recusei proposta alta por ela e hoje pagaria o dobro do que recusei, para salvá-la. O estranho perguntou: “O senhor tem fé?”. “Como assim? Claro que tenho fé. E o que tem a ver uma coisa com a outra?”. Ele respondeu: “É que sou um rezador, conheço orações poderosas e estou certo de que posso salvar sua vaca”. O fazendeiro se enfureceu: “Olha aqui, forasteiro. Se pensa que tem bobo aqui e quer me enrolar em troca de pernoite, o senhor pode dar meia volta”. Meio assustado, segurou as rédeas, mas insistiu: “Calma, vou embora. Mas pense bem... o senhor tem escolha? O que custa me deixar tentar? Se a vaca morrer, além dela, só vai perder um prato de comida, o que não é nada para quem tem uma fazenda tão grande”. O fazendeiro coçou o queixo, a cabeça e disse: “O senhor espere um pouco aí”. Foi lá dentro, falou com a mulher e filhos e voltou minutos depois. “O senhor tem razão. Não tenho muita escolha e resolvi lhe dar um crédito de confiança. O senhor pode apear e entrar”. Descendo do cavalo, foi logo falando: “Mas é preciso ter fé”. Passando a porteira, pediu logo feno e água para o cavalo. O empregado que ouvia, providenciou logo. Chegando na sala, cumprimentou a todos, discretamente é claro, pelo clima de velório. Depois de tomar muita água, perguntou: “Onde está a vaca?”. “Me acompanhe”, disse o dono. Toda a família foi junto. Chegando no celeiro, lá estava a pobre vaca agonizando. Não tinha mesmo muitas horas de vida. Ele pediu: “Preciso de um pedaço de pano, tesoura, agulha e linha. E também um pedaço de papel e uma caneta”. De imediato o homem falou: “Vamos logo, mulher. O que está esperando?”. Rapidinho ela foi e voltou com o material. O estranho sentou, escreveu algumas linhas, dobrou o papel, colocou num saquinho que fez com o pano, e costurou a boca do mesmo. Depois de pendurar o tal saquinho no pescoço da vaca, pediu licença: “Agora gostaria que saíssem, pois tenho uns rituais e preciso ficar sozinho”. Prontamente atendido. Ficou lá dentro uns dez minutos e saiu: “Bem, agora é esperar. Mas é preciso ter fé. Se não se importa gostaria de tomar um banho, comer um pouco e dormir, pois parto bem cedo. Atendido. Tomou um longo banho, comeu como um rei e dormiu como criança. Partiu tão cedo que ninguém o viu. No raiar do dia, ouviu-se um grito: “Pai, pai. A Estrela pariu e está salva. Ela está boa. Corre pai”. Todos se levantaram às pressas, mal vestiram as roupas, se acotovelaram para entrar no celeiro. Lá estava Estrela. Bela e imponente como sempre, branquinha, cheia de manchas pretas, sendo uma no meio da testa, lambendo, dando os primeiros tratos de carinho ao seu bebê. “Que maravilha”, um falou. “É um milagre”, exclamou outro. O fazendeiro abraçou a vaca: “Como eu gostaria de pagar àquele moço pelo que fez, mas como não posso, que Deus o acompanhe sempre”.
A partir dali, todas as mulheres grávidas da região, principalmente as que tinham complicações, pendurava o saquinho no pescoço e os partos corriam normais. Até mesmo quem não tinha complicações, usava, só de precaução. O saquinho milagroso ganhou fama mais e mais. “Engravidou? Manda buscar o saquinho”. Andavam léguas e léguas com ele. Porém saquinho pra lá, saquinho pra cá, saquinho viaja, saquinho volta, saquinho ganha beijo... com o tempo foi estragando, abrindo, rasgando, até começar a aparecer a ponta do papel. Pois um curioso (sempre tem que ter um curioso, quis ler a poderosa oração.
E leu. Eis a ‘milagrosa’ oração: “Tendo água e capim pro meu cavalo. Cama e comida para mim, quem pariu, pariu. Quem não pariu, vá pra puta que o pariu”. Ou seja. Era a fé daquelas pessoas que salvava suas vacas, suas cabritas... e suas mulheres. Não um pedaço de papel contendo uma baboseira. Independente se o forasteiro queria apenas dormir e comer e não estava nem aí para a vaca, ele acabou dando a eles um bom conselho: “É preciso ter fé!”.
Esse texto cabe muitas interpretações, religiosas, filosóficas e claro, de humor. As idéias são livres e respeito, mas eu me centralizo em uma: A fé é uma coisa muito pessoal.
Desculpem pelo palavrão, mas não tinha outro jeito de contar sem perder o sentido.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

EM SUAS GARRAS




( imagem gooble )
Ah, mulher!
Que as suas garras me arranhem
me assanhem.
Que tuas pernas sejam amarras
me prendam,me ganhem
Que o teu vão onde docemente me encaixo acenda meu facho.
Que atice em mim meu jeito sagaz
Que desperte meu desejo mais voraz
Que teu seio seja minha sede e minha rede.
Não seja apenas mulher... seja felina.... e seja menina.
Não seja apenas uma chama... seja vulcão
incendeie a cama com seu tesão.
eu também não serei apenas um homem,
mas um turbilhão de doces sensações
e todas as vergonhas somem
quando os quadris ditam as vibrações
Ah, mulher!
Fale tudo que quiser,
faça tudo que é gostoso
eu lhe dou, você me dá
e a gente se mistura nesse gozo

MEU NATAL

Vou fazer um agradecimento conjunto aos amigos. É que dei uma desligada desde o dia vinte e quatro. Mas li todos os comentários com atenção e carinho. Meu natal foi um dos mais tranqüilos e com boas surpresas. Meu irmão que havia passado por uma cirurgia delicadíssima em janeiro, finalmente foi liberado para viajar após longa recuperação e veio pra cá. Encontrei uma senhora que posso dizer que foi minha mãe aqui na cidade, me amparando e acolhendo em sua casa logo que cheguei. Felizmente, quando tive condições, conforme prometido, pude ajudá-la a melhorar sua casinha. Hoje já é um casa ótima com terraço e tudo. Revi também seu filho Josias, um amigo com quem morei juntamente seu irmão antes de vir pra cá. Não o via há uns quatro anos. Lembro até hoje. “Mãe. O Carlos está indo para Valadares. A senhora deixa ele ficar lá na casa da senhora até ele se acertar?”. E ela. “Claro, amigo de meu filho, trato como filho”. E dentro do possível sempre foi assim. No mais algumas visitas de amigos , algumas festas e confraternizações quase todos os dias. Mas tudo bem moderado. Desta vez não tomei anticoncepcional. Nem fui tosquiado. Feliz por estar de volta. Um grande abraço a todos. Saudades dos amigos blogueiros

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A ESTRELA BRILHOU...


( imagem raizculturalblog.files.blogspot.com )
A estrela brilhou no oriente!
Anunciem a toda a gente
que é uma estrela diferente
tão brilhante, soberana e altiva
que todos podem vê-la.
Vamos seguir a estrela.
É a estrela de um Deus-menino
de um menino-Deus.
É o brilho de um rei manso, sem espadas
que vem irmanar, igualar
carregar pecados e dores e ainda perdoar.
Rendam homenagens do oriente ao ocidente
tragam perfume e incenso
para celebrar o brilho intenso da estrela.
E ainda que outros reis não queiram,
é a força de um Deus...
ninguém pode detê-la!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

UMA PÉROLA NEGRA

Recordando mais um texto, em clima de natal.
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Uma de minhas qualidades é a memória, principalmente afetiva. Lembro-me de coisas de minha tenra idade que meus familiares e amigos mais velhos até se assustam com a riqueza de detalhes. E assim...como esquecer de Dona Maura? Lá em Ipatinga, cidade até então, pode-se dizer, começando a nascer, minha família foi a segunda a mudar-se para o bairro. A família de Dona Maura foi a primeira. Eu ainda era bebê de colo. Mas quem é Dona Maura? Uma negra, gorda demais, simpática, sorridente, com uma família tão numerosa como a nossa. E pobre também, mas nem por isso, menos feliz. Ah... e com uma voz afinadíssima. Como esquecer... ela batendo o pedal da velha máquina de costura, cantando...” como é que papai Noel, não se esquece de ninguém. Seja rico, seja pobre, o velhinho sempre vem...” . Logo ela tão pobre. Eu, com minha cabeça de poetinha ficava tentando entender e ficava até torcendo para que ela cantasse, não só essa, mas também... “se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar...” ou “ o cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada...”. Incrível o tom lírico-triste-romântico que ela impunha àquelas cantigas.
A casa dela era uma festa da garotada. Não bastassem os seus tantos filhos, entre eles, Jaiminho, meu amigo até hoje que anda sumido, mas não esquecido, a garotada espalhada, sentada no chão, assistindo desenho animado. Como esquecer o dia em que ela tentando passar no meio da gente disse: “Quantos meninos! Que meninada, bonita! Quem dera se fossem todos meus! Como esquecer, quando alguém lhe perguntava: “Puxa vida, Dona Maura, como a senhora aguenta todos esses pirralhos o dia todo aqui?”. E ela, com suas bochechas negras, rechonchudas e brilhantes, respondia: “Deixe os meninos. Que mal eles podem me fazer? São apenas crianças. Melhor uma casa bagunçada que uma casa vazia”.
Como esquecer dos doces que ela fazia. Quebra-queixo. Doce de mamão. Doce de cidreira. Adorava comprar jabuticaba que acabava num piscar de olhos. Eu lambia os beiços quando chegava sentindo cheirinho de alguma delícia. Fazia deliciosas comidas salgadas também. Quando alguém dizia que comer isso ou aquilo fazia mal ou era pecado, ela respondia na calma. “O mal é o que sai da boca do homem”.
Eu costumo dizer que o tempo é covarde, mas nas coisas do coração o tempo não me venceu, pois ainda guardo na memória essas passagens. Guardo tanto que voltei à velha casa de Dona Maura, agora mais velha, mais gorda, igualmente negra, igualmente pobre e igualmente feliz. Lá não mudou muita coisa. Algumas paredes sem reboco, umas flores na frente, portãozinho de madeira, o mesmo muro meio quebrado. A velha máquina de costura, encostada num canto, parece cantar sozinha... “se essa rua, se essa rua fosse minha...” Claro que as crianças não são as mesmas, mas a sala dela ainda está cheia. Agora são netos, bisnetos e outros meninos. Os antigos, de meu tempo, cresceram. Eu, talvez nem tanto, pois me vi ali sentado de novo no meio daquela meninada.
Abraçado a ela, perguntei-lhe se se lembrava de tudo aquilo e ela me soltou mais uma pérola: “Claro que me lembro. Vocês são meus eternos meninos”.

Se recordar é viver... hoje estou mais jovem e mais vivo.
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Carlos Soares de Oliveira 29/03/2008.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O AMIGO DO PATETA


( imagem google )
Já que é natal, vamos falar de amizade. Estou repetindo este texto de 2008.

Conheci Marquinhos em 1988, quando foi trabalhar no aeroporto, mas não ficou muito tempo lá, talvez um ano. Fez cursos de radiologia e foi trabalhar num hospital onde está até hoje. Era amigo de todas as horas. Das gandaias, do futebol, dos problemas. Moleque que só ele, ria até de velório, mas quando precisava, puxava a orelha também. Apesar de eu ter muitos amigos, era o único pra quem eu deixava minha mãe me acordar. Se bem que não adiantava muito. Alguns outros invadiam meu quarto, desobecendo minha mãe e me acordavam. Éramos tão inseparáveis que alguns nos chamavam de Mickey e Pateta. Eu, mais alto, era o Pateta. Desligado, despretensioso, atrapalhado, mas bonzinho. Além disso, ele vivia dizendo que eu só o colocava em enrascadas, lembrando o Pateta das estorinhas, que se mete em confusões e não está nem aí, segue a vida. Só que eu não era tão sonso como o personagem. Lembro de um dia em que sentados no meio-fio de minha casa, me disse: “Estou bêbado demais, não sei como vou montar nessa moto. Eu disse tomando a chave dele. "Você não vai sair daqui de moto. Pode ficar com raiva, até me bater que não deixo". Ele custou a responder, mas tropeçando nas palavras, pediu: "Então você guarda aí pra mim. Mas você podia ir até em casa comigo que estou muito mal". Eu disse. "Claro". Depois de guardar a moto nos fundos fui acompanhá-lo. Passavam das 3 horas da manhã. Demoramos a chegar, morava num morro terrível, asfaltado, mas bem a pique. Cheguei em casa umas quatro horas, nem podia deitar, pois teria que levantar às cinco para pegar a kombi às seis.Se deitasse, não acordaria. No outro dia, no trabalho, me agradeceu, não só por tê-lo levado, mas principalmente porque lhe tomei a chave. Respondi. "Não precisa agradecer. PRA QUÊ SERVEM OS AMIGOS. TENHO CERTEZA DE QUE VOCÊ FARIA O MESMO".
Desde que mudei de cidade, eu só o tinha visto por duas vezes. A terceira foi em 2.004, quando fui passear na casa de uma de minhas irmãs. Acordei com uma leve dor de cabeça, tomei um remédio, mas eu não imaginava que era alérgico. Comecei a sentir meu olho meio inchado, mas seria normal, já que acordei tarde. Senti um formigamento nos lábios também. Deu vontade de deitar de novo, dormi mais de uma hora. Quando acordei, percebi meu olho esquerdo totalmente tampado. Meus lábios também incharam muito. Vendo no espelho uma imagem grotesca, gritei minha irmã. Ela se desesperou, correu comigo para o hospital.
Chegando lá, o caos fazia minha cabeça doer mais. Gente esbravejando contra o atendimento, criança chorando, gente chegando na maca. Comentei com minha irmã. “Está piorando”. Aí ela foi mais uma a brigar no balcão, mas não adiantou muito. Tinha que esperar, não teve jeito. Encostei a cabeça no colo dela de olhos fechados. Quando de repente ela disse. “Cal, aquele ali não é o Marquinhos? Com dificuldade abri o olho que me sobrava e disse: “É ele mesmo”. Minha irmã não pensou. Correu até ele, “Marquinhos, Marquinhos. Você lembra de mim?”. “Hummm... deixa ver. Você é Adélia, irmã do Cal?”. “Sim, graças a Deus encontrei você aqui”. Respondeu pronto. “Se eu puder ajudar. E ele? Está tudo bem com ele?”. Ela. “Que nada, por isso que estou aqui. Ele está ali encostado na parede”. Chegando perto ironizou como sempre: “Cara, onde você tomou desta? Aguenta a mão aí”. Foi lá dentro, trouxe uma cadeira de rodas e me levou.
Deram-me duas injeções e um comprimido na boca, e me deixaram duas horas em observação. Quando a doutora veio me checar, tirar pressão, olhar fundo de olho e tudo mais, Marquinhos já estava lá. Como se fosse um enfermeiro, ajeitando meu travesseiro, me oferecendo água e perguntando como estava minha vida. Ela encostou. Talvez vendo o carinho e atenção com ele me tratava e o empenho para que eu fosse atendido rápido, emendou ao meu amigo. “Ele é seu irmão, Marcos?” Marquinhos me olhou fixo uns 5 segundos e respondeu olhando pra ela, de forma bem frisada: "Sim ele... é meu irmão". A doutora deu um sorrisinho de ternura, de canto de boca, achando bonito ele chamar de irmão o velho amigo. “Pronto, irmão do Marcos. Você está liberado. Só não pode dirigir”. E saiu.
Depois que me vesti, apertei a mão dele com minhas duas mãos e agradeci. “Obrigado por tudo, cara”. E ele. “PRA QUÊ SERVEM OS AMIGOS? TENHO CERTEZA QUE VOCÊ FARIA O MESMO. E vê se não me dá mais trabalho, seu Pateta”.
No final do corredor dei uma última olhada para trás, lá estava ele me olhando. Fiz um aceno de mão, dando tiau para meu irmão.Desses irmãos que o destino nos arruma.

sábado, 19 de dezembro de 2009

HOMENS

Homens fazem a história
com vergonha ou com glória
com sangue e paz.
Meio Criador,meio criatura.
Presa e predador.
Guerra e amor.
Acima de tudo sonhadores.
E jogando a moeda do cara e coroa,
do bem e do mal...
veja tudo que eles fazem:

Adão
Caim
Pilatos
Guevara
Napoleão
Lennon
Mozart
Nero
Bush
Saddam
Salomão
Evita
Gandhi
Hitler
Judas
Tiradentes
Jesus Cristo…

...e entre eles por que não?...Carlos.

Lá vão eles mundo afora
desde os tempos de outrora
semeando bombas e amores
colhendo feridas e flores.
Ora precisos, ora indecisos
Ora santos, ora nem tanto
Ora risos, ora pranto.
Compondo sua história,
fortes e fracos,
mas,ainda não sabem dizer
se são homo sapiens ou simples macacos

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

DIAMANTE


( imagem thumbs.dreamstime.com )
Se até os diamantes precisam ser lapidados,
se até a flor mais linda tem espinhos,
por que eu seria perfeito?
Se o rio corre torto pro mar,
eu também posso chegar, não importa o jeito.
Então me deixe ser assim.
Buscar a perfeição é o maior defeito.
O arco-íris é lindo, mas apenas enfeita o céu;
não existe pote de ouro, o maior tesouro está em amar .
Seja o que tiver, eu aceito, mas só quero o que mereço,
pois, também só ofereço o que posso dar.
Perdoe meu coração mais noturno que a própria noite.
Obscuro, soturno nesse açoite de timidez.
Que me aquieta. E me inquieta.
Entenda minha forma doce de egoísmo
de querer ser o centro de você... de tudo... do universo.
Repare nos versos que ando a escrever;
falam de mim, mas nas entrelinhas está você.
Desculpe meu olhar perdido, distante
Desculpe meu jeito menino,
talvez a alma seja gigante.
Desculpe se eu choro, se demoro
pra chegar, pra sorrir.
Talvez eu seja um diamante
e o melhor brilho ainda esteja por vir.

Desejo para mim e meus amigos a verdadeira lapidação, a melhor evolução, a da alma, o rejuvenescimento espiritual, sem os quais toda e qualquer discussão para melhorar o mundo, será inútil. Que todos viremos bebês.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

GRÁVIDO, EU?


( imagem google )
Lá vem o Carlos de novo.Mas eu gosto de contar essas coisas. Ainda estou pensando se conto outras. Eu não parava, gente. Todo dia tinha um fato.
Havia uma funcionária da cantina de nome Nice, acho que se mudou para São Paulo. Forrozeira até a última raiz do cabelo. Já era quarentona. A maioria das pessoas que iam às festas em sua casa tinham essa faixa de idade. Sendo assim, eu e Marquinhos, novinhos, éramos os galãs. Claro, tinha menininha também. E que festas! Saía barato, todo mundo levava algo. Chegávamos lá sábado de dia e só voltávamos no domingo já bem à noite. Um dia comi e bebi demais. Calorão doido, churrasco, vaca atolada, cerveja e caipirinha, não podiaM dar certo, né? A festa ficava melhor quando a maioria ia embora, aí só restavam umas dez ou doze pessoas. Modéstia à parte eu era o centro, era um bom contador de piadas. Certa hora comecei a sentir febre. Avisei Marquinhos no meio do bate papo, no terreiro, ele não deu bola. “Que nada.Você não é menino pra ter febre. Isso é cachaçada. Passa água no rosto, molha a cabeça”. Peguei a mão dele e pus na minha testa. Ele preocupou um pouco e mandou que Nice arrumasse um colchão pra eu descansar um pouco. Ela atendeu. Adormeci e um tempo depois todos estavam à minha volta, batendo no meu rosto para acordar. Nice falou. “O Cal está ardendo em febre”. Aí começaram as especulações. “Está é de ressaca”. O outro grita. “Vamos levar pro hospital que o cara está mal”. O outro, que com certeza tinha conquistado alguém, não concordou. “Ah, não. Hospital vai acabar com nossa noite. Õ Cal, deixa de ser ‘empata ’. Levanta daí”. ‘Empata’ pra quem não sabe, dependendo da região alguns não conhecem a expressão, é quando alguém está atrapalhando algo, principalmente um namoro. Um outro ainda grita. “Toma mais uma que sara”. Nice disse. “Eu tenho remédio pra febre. Se não melhorar, levamos ele ”. E me deu. O tempo passou, mas a febre não. E começaram a me dar vários remédios. Só diziam: “Abre a boca”. Eu abria e jogavam lá dentro. E nada de melhorar. Dá um banho frio nele. Deram de mangueira lá fora. Nada. “Passa álcool na testa”. Um engraçadinho brincou. “Não. De álcool ele está cheio”. Alguém me defendeu. “Não é nada disso. Comeu demais. Eu falei para ele parar de comer”. Nice resolveu. “Tem jeito não.Vamos levar pro hospital. Até que Carmem que estava calada até então, interferiu. “Deixa comigo.Tenho um remédio aqui que é tiro e queda . É levanta defunto. Bom pra tudo. Dor de cabeça, febre, indisposição, stress, insônia. Não dou quinze minutos e ela vai estar bom. Eu não ando sem esse remédio”. E me deu. Eu já estava agonizando. Mas estava gostando também, não nego. Dengo é comigo mesmo. E foram para fora. Dormi talvez uns trinta minutos. E não é que ela estava certa? Todos lá fora tocando violão, cheguei à porta com braços abertos. “Cadê o churrasco, cambada?”. Todos gritaram de início, mas perguntaram surpresos. “Você está bem mesmo, Carlos? Porque do jeito que você estava. Ô Carmem, esse remédio é milagroso mesmo, hein? Qual nome dele?”. Ela respondeu. “Tem um nome quase inglês, não sei falar, vou pegar aqui na bolsa”. E enfiou a mão procurando. “Uai. Cadê o remédio? Uma cartela cheia. Será que perdi? Perdi não, tenho certeza. Ainda no quarto, eu pus na bolsa”. E vasculhou a bolsa mais umas três vezes, tirou aquele monte de coisinhas que mulher leva na bolsa e tirou a cartela. Ficou contando uns buraquinhos da cartela numerada de 01 a 30. E começou a rir. Riu. Riu ... e riu. Ninguém conseguia fazê-la parar. Não aguentava mais rir. Quando finalmente conseguiu recuperar a respiração me abraçou de ombros. “Cal. Eu não lhe dei o remédio que pensei. Você tomou anticoncepcional, amiguinho”. Claro, gozação geral, piada em cima de piada. Tive que aguentar zoação a noite toda. Mas não sou bobo, levo na esportiva, senão piora, e falei. “Dizem que ‘de bêbado não tem dono”. Pelo menos se aconteceu algo, eu não fiquei grávido”. Na verdade aquilo se espalhou por toda a semana no trabalho e pelo bairro todo, porque Marquinhos deu um jeitinho de espalhar. As pessoas chegavam, punham a mão na minha barriga e diziam. “Deixa eu ver se engravidou. Não. O remédio era bom mesmo”.
Simples coincidência. O coquetel de remédios que foram me dando deve ter me sarado e não o anticoncepcional.
Para os amigos não se preocuparem, hoje só tomo cerveja, pouca e quase sempre nos finais de semana. Vaca atolada também moderada. O pique já não é o mesmo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

HÁ UM FOGO EM MIM


( imagem escritasvermelhas.files.wordpress.com )
Há um fogo em mim
que não se acende sozinho
é preciso o estopim
para incendiar meu caminho.
Há um fogo em mim meio carente
ansioso por ser reluzente.
Eu sou um facho de luz que precisa de toque,
com um choque ele vira clarão.
Preciso acender meu coração,
iluminar meu peito
que não aprende direito
não perde o costume de ser vaga-lume,
brilhando de qualquer jeito,
que não domina seu medo.
Ah, o amor tem um segredo
que eu ainda não sei desvendar.
É isso que torna tudo tão escuro.
E se eu bater de frente com o muro?
Quem poderá clarear?
Mas eu não sou tão triste assim
porque a minha esperança
é justamente o fogo que há em mim.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

POEMA DE EXALTAÇÃO À MUSA


( imagem zecarlosmanzano )
Bem amigos, neste final de semana, andei lendo um pouco de poesia cláasica, medieval, poemas de exaltação à musa, bem teatral, shakesperiana, de platonismo mesmo e resolvi "brincar" com isso( no bom sentido) e tentei fazer algo parecido. Me corrijam por favor


Oh, musa adorada!
Doce namorada.
Já tens morada no meu sonho vindouro.
Na cor verde dos olhos teus
encontrei a esperança, a bonança, meu tesouro,
vieste lapidada das minas de Deus.
Mataste o passado estando ao meu lado
És presente, és amanhã.
Tens o toque mais fino
que a mais fina lã.
Se a musa ama o poeta,
o poeta é teu fã.
Oh, musa adorada!
Minha alma enamorada te canta
exalta, agiganta
espalho poesias aos teus pés
e por mais que te conheça
ainda não sei dizer quem és.
Mas sei que és...
mais que Joana D’arc, Mona Lisa ou Helena.
És mais que Madonna! És minha dona.
Com teu jeito de menina serena
tornas tudo claro numa noite confusa
por isso elevo-te
porque o poeta não é maior que a musa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

FUI BUSCAR LÃ... E VOLTEI TOSQUIADO


( imagem google )
Gosto de observar as pessoas simplórias. Acho que são mais felizes. Eu também gostaria de não pensar muito. Digo que são mais felizes porque não veem a maldade ao seu redor, não percebem ambição, nem inveja. Ah! A inveja: prima irmã do ódio. Mas vamos falar de coisas engraçadas. Já citei aqui um ex chefe, mas não falei do seu lado extremamente gozador. Era sagaz, nos pegava sempre desprevenido com charadas e pregava várias peças, como interceptar a Kombi lá na curva, com almoço dos funcionários, cujas marmitas eram personalizadas, mas ele trocava as etiquetas com nomes. Vez em quando alguém ligava para fornecedora. “Pôxa. Já falei mil vezes que não gosto de quiabo”. Fora que de vez em quando comia a carne de alguém. Eu sabia que era ele e mesmo sabendo, eu também caía nas suas. Um dia entrei na cantina, fui fritar um ovo pra comer com pão e enquanto eu flertava com ZEZÉ, funcionária, ele perguntou. “Posso temperar o ovo pra você?”. Respondi que sim, ele saiu, esperei esfriar um pouco e quando fui comer... argh. Ele tinha colocado açúcar. Fui até a sala dele pra “xingar”, o danado trancou a porta e ficou lá escondidinho. Às vezes olhava-o afastando pelo saguão, imitandi o andar da pantera-cor-de- rosa ( tem hífen?). Um dia me pegou totalmente envolvido datilografando coisas( poesia como sempre) e veio com ar sério. “ É, poeta. Já sou cinquentão. A gente pensa que já viu de tudo na vida, mas vai vivendo e aprendendo. Vi uma cena ontem que jamais havia imaginado”. Parei tudo já impressionado. “Que foi? Conta logo”. Continuou. “Não sei se devo”. Apelei. “Ah não. Começou, termina”. Fez mais um leve suspense. “Vi seis policiais tentando algemar um cara e não conseguiram”. “Nossa”, admirei. “O cara devia lutar kung fu, karatê”. E ele. “Não, seu pato. Não tinha os dois braços, era deficiente”. Depois de me zoar, disse. “Pega a Mundica”. Mundica era uma das faxineiras, essa sim, simplória de tudo. Solteirona, morava sozinha com a mãe doente. Tinha uns problemas de nervos, depressão e quando estava assim, modéstia a parte, só eu e Zezé, podíamos falar com ela. Brincava assim com ela. “Mundica, você anda muito nervosa. Namora comigo que vai ficar bem calminha. Eu já moro sozinho mesmo”. Fez logo o Nome do Pai. “Você está doido, menino? Primeiro que você já tem namorada, que é a Zezé e gosto muito dela. Segundo, que é muito novinho e não sou papa anjo. E depois, que é muito enrolado. Pra arrumar enrolado, fico sozinha”. Algumas vezes ia das noites direto pro trabalho, punha mão no nariz dela, dizendo. “Cheira minha mão, Mundica”. Aí eu podia correr porque o rodo vinha nas pernas. “Sai pra lá, seu porco”. Era só brincadeira, a mão estava limpa. Quando Zezé terminou comigo, ela tentou interceder numa conversa entre elas. Disse que eu era moleque, mas um “moleque adorável”. Que minha inconsequência não fazia mal a ninguém. Que gostaria de ser igual a mim, pois deixara muitas coisas passarem na vida. Coitada, ela não sabia que eu também deixei. Zezé me falou isso depois, foi um término sem traumas e ficamos bons amigos. E eu também não era assim tão inconsequente. Nunca faltei a um dia de trabalho. Só era meio inconstante com a vida, porque ela também foi comigo, por isso de vez em quando esnobei mesmo essa roda gigante.... ou seria montanha russa? Bem, cheguei até ela. “Mundica. Se eu contar uma coisa você ai ficar de queixo caído. Estou chocado!”. Estressada como sempre, pôs logo a mão no coração. “Fala logo, menino. Dando susto na gente”. Enrolei um pouco e depois de deixá-la bem nervosa,
falei. “Ontem vi oito policiais ( aumentei o número) tentando algemar um rapaz e não conseguiram”. A reação foi igual à minha. “Nossa! Então ele era bom de briga, hein?”. Respondi no ato. “Não, bobona. Era deficiente, não tinha os dois braços”. E quando me preparava pra gargalhar, me cortou. “Que covardia! É por isso que não gosto de polícia. Não perdoam nem um pobre dum deficiente”. Fui desfazendo meu sorriso, meio perdido, ficando sem graça. Acabei rindo de mim mesmo. Até hoje uma dúvida me acompanha. Será que ela na sua simplicidade não entendeu a piada e assim desmontou minha astúcia? Ou foi mais esperta do que eu pensava e me deu o troco? Ou ainda... será que o tal chefe já não a havia prevenido de que eu faria a pegadinha? Contei pra ele, ele me zoou demais, mas jurou que não. De qualquer forma, fui buscar lã e voltei tosquiado.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

AMOR & SEXO


( imagem google - incommunseries.com )
Hoje vou atender a sugestão de uma amiga: Claudete ( viaspercorridas.blogspot.com). Aproveito e agradeço a ela por me confiar um assunto tão complexo e já tão falado. Não sei se vou acrescentar alguma coisa. Adianto que não sou especialista didaticamente falando, não sou um sexólogo, portanto não sou autoridade no assunto. Então se não sou, acabo sendo livre para dar minha opinião, não é mesmo? Claro que vou tomar alguns cuidados, primeiro para não parecer prepotente, afinal não sou nenhum Don Juan, sou muito normal, e segundo, para não ficar piegas demais. Ela sugeriu isso a partir de minha postagem anterior, “DE TODAS AS FORMAS DE AMAR...”, da relação e diferenças entre fazer sexo e fazer amor. Como ela mesmo disse e acho que todos concordam, muita gente confunde e mistura. Misturar até pode porque no ato se misturam , só não pode confundir. Até os insetos fazem sexo. Vez em quando vejo um mosquitinho agarrado na mosquitinha. Os animais agem por instinto e assim fazem somente sexo. Eles não fazem amor. Mas tem muita gente, gente mesmo, pessoa, homo sapiens que fazem só sexo e não amor. Com o agravante de que não agimos por instinto como os bichos. Temos juízo para discernir, pensar, amar, considerar. Ou seja, se fazemos sexo de qualquer jeito é por frieza mesmo, imediatismo, falta de sensibilidade. Para mim, friso de novo, é apenas minha opinião, fazer amor começa logo de manhã, não necessariamente com o ato, claro, se tiver o ato melhor ainda, mas começa num “bom dia”, num afago, num gesto simpático com a pessoa amada, tratando-a com bom humor, dando a preferência para escovar os dentes, enfim pequenos gestos que vão se repetindo durante o dia, na hora do almoço, no café da tarde, mutuamente, homem e mulher se ajudando em busca de um prazeroso ato sexual à noite. Pronto. Estamos no ato sexual. Os homens, alguns, têm tendência ao egoísmo e se preocupam apenas em se aliviarem. Não se preocupam com a amada, se ela será e foi feliz durante o ato. Se ela sentiu dor. Se naquele dia ela estava à vontade. Deitam por deitar. Transam por transar. Eu não imagino um ato sexual sem um monte de carícias antes. Assim como a mulher, o homem precisa gostar de ser tocado, descoberto. Fazer amor é brincar debaixo do chuveiro. É deixar cair o sabonete de propósito e os dois rirem juntos. É inventar coisinhas, mas respeitando os limites do outro. Fazer amor, em todos os dias tem que ser como se fosse o primeiro dia. Como se o corpo da pessoa amada, fosse sempre uma ilha a ser descoberta, explorada e agora essa ilha é só sua. Tem que ter entrega e que nessa entrega haja uma balança igual de querer, de estar, de ser do outro ao mesmo tempo escravo e dono. Sim, escravo e dono na acepção da palavra. Ali o mundo se resume em duas pessoas. Não há nada mais incrível e mágico do que um casal fazendo amor em sua plenitude. E que se misturem suor, perfumes e sorrisos. Eu chamo isso de um “empate” de tesão. Tem que haver esse empate. E o êxtase? O momento final? É o topo. É como a descida final de uma montanha russa. Só que esses calafrios são bons. No momento do êxtase acontece uma energia química sem medidas, algo quase elétrico. Um turbilhão de sensações. Nenhum sexólogo ou poeta saberá descrever. Mas tudo isso tem que ser com amor, porque fazer amor, tem que ser pra deixar saudades. Tudo isso sem amor deixa uma sensação de algo mal realizado, incompleto, um vazio. Fazer amor é uma das formas mais sublimes de celebrar a vida, de gozar a vida. O trocadilho foi de propósito. E o tesouro maior, a melhor conquista do homem é olhar no rosto dela e ver um sorriso de satisfação. Sinal que valeu. Que foi bom. Que em cima dela não tinha um troglodita. Tinha um homem apaixonado. Fazer amor é portar-se como um leão na cama e quando terminar deitar no ombro dela como um gatinho. Delicadeza não é só para mulheres, o homem se engana muito com isso. Não vou falar muito senão acabo sendo repetitivo e o assunto é complexo e vasto, eu poderia ficar o dia todo aqui falando disso e não acabaria. Mas que fique claro, tudo falado acima serve também para as mulheres. Então façamos amor. Sexo, deixemos para os insetos ou para os que se comportam como eles.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

NÃO VOU DIZER QUE TE AMO


( imagem coramaria.com.br )

Hoje não vou dizer que te amo.
Nem que necessito de ti
que grito por ti
que te respiro, que suspiro
de saudade, de vontade.
Não vou dizer que és pra mim
que nem tatuagem
que olho no espelho e vejo tua imagem
que te sinto mais do que sinto a mim mesmo.
Não vou dizer que vivo a esmo sem teu sorriso
que sem ti, tudo é igual nada
minutos viram horas e eu agonizo
que viro criança pedindo colo
que perco o rumo da estrada
que não sinto o solo sob meus pés
Não, não vou dizer-te o quão importante és
se todo o meu corpo já está a falar.
Minha boca não precisa dizer nada.
Apenas mostro o meu olhar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

DE TODAS AS FORMAS DE AMAR...


Das perguntas que me fazem
nem todas uso a razão
porque não sou dono da verdade,
apenas do meu coração.
Quando eu faço amor?
Quantas vezes faço amor?
Onde eu faço amor?
Como eu faço amor?
Melhor jeito, melhor clima?
Papai-mamãe, mamãe em cima
beijando de frente, olhando por trás.
Eu respondo: Tanto faz!
Não sei pra quê tantas perguntas.
Quando duas pessoas estão juntas
não importa coisa nenhuma,
todas as noites merecem bodas,
por isso minha resposta é sempre uma
de todas as formas de amar...
eu prefiro todas.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SOMBRAS SOBRE MIM


O sol vai ficando tímido no horizonte.
Parece olhar pra trás, pede licença
e se perde atrás dos montes,
deixando que a noite venha, envolvendo, engolindo
em cumplicidade com a lua,
fazendo meia-luz no meu quarto.
Projetando sombras sobre mim...
de desejo e ansiedade.
Daria muito gosto
se fossem os cabelos dela cobrindo meu rosto
nessa meia-noite, nessa meia-luz
onde de inteira só tenho a saudade
que desatina, domina, me açoita covarde assim
Pergunto o que é que eu fiz pra tanta maldade
dessas sombras sobre mim
nessa cama, meio divã
onde me afago,
divago até de manhã.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MAQUIAGEM


( imagem google )
Foi assim na grande arena que ocorreu a triste cena.
Quando o palhaço adentrou o palco chorando
de pé, toda a platéia sentiu pena.
E vendo tão amarga imagem
de uma lágrima sobre a inocente maquiagem,
todo mundo se pôs a perguntar:
- Quem foi que fez o palhaço chorar?
Quem foi tão cruel, derramando fel naquele sorriso
que mais parecia um paraíso de bonito que era?
Quem transformou em inverno aquela vida de primavera?
A platéia, também triste, não parava de questionar:
- Quem foi que fez o palhaço chorar?
Hoje não tem piadas, nem piruetas
nem cambalhotas, nem caretas.
E a platéia insistia em indagar:
-Quem foi que fez o palhaço chorar?
E eis que alguém se levantou e gritou:
- Acredite quem quiser...dizem que foi um adeus de mulher.
É que o palhaço brincava tanto que imaginava tudo em flor
E não sabia do encanto, nem do desencanto do amor.
Dizem que até hoje anda por aí,
tentando fingir, pintando o rosto, desenhando uma imagem
mas, nem mesmo a maquiagem pode esconder tal desgosto.
E a platéia insiste em indagar:
- Quem foi que fez o palhaço chorar?
Acredite quem quiser...dizem que foi um adeus de mulher.


Baseado em fatos reais. O palhaço é simbólico, mas aconteceu no grande circo da vida









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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UM CORPO NU


( imagem google)
Um corpo nu fala tanto!
Palavras pra quê?
É lindo de se ver.
É desejo, é encanto.
Um corpo nu num quarto tem brilho farto
tem seios e anseios.
Emana sensações, irradia vibrações.
Tem delícias, tem curvas sinuosas
mãos e pernas ansiosas.
Um corpo nu pede beijos, caricias, malícias,
pede toques.
Não precisa de retoques
pois fala por si só
porque já está vestido de amor.
Um corpo nu numa cama
inflama, explode um vulcão,
mas com a delicadeza de uma flor
que não quer mais ser botão.
Um corpo nu canta...
“Dio come ti amo”, “Besame mucho”,
Je t’aime, “Me and you”
não precisa de muita coisas
apenas de um outro corpo nu.