ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

UTOPIA?


( IMAGEM overmundo.com - google)
“Esse negócio de poesia não vai te levar a lugar nenhum”. Frase dura, hein? Para frases duras, respostas brandas. “A poesia não precisa me levar a nenhum lugar. Eu sim, levo a poesia aonde vou. Porque ela não sai de mim, está aqui dentro. Veja como sou poeta até pra andar”. Algumas pessoas gostam de tratar nossos sonhos como utopia, como se fossem donos deles. Outro dia vi num blog, não me lembro agora o nome, um pensamento interessante de alguém famoso: “as grandes invenções e transformações da história, surgiram a partir das utopias”. Eu já disse que utopia é um termo mascarado que as pessoas usam como desculpa para tolher nossos sonhos. Eu não escolhi ser poeta. Eu nasci poeta. Quem convive comigo sabe o amor com que trato a poesia. A tenho como um dom que Deus me deu, e por isso, respeito muito. É o meu orgulho bom. Como deixar a poesia, se ela me proporcionou as maiores emoções? Se me aproximou das melhores pessoas? Se ela me deu as melhores namoradas? Se ela me fez melhor como gente, como homem? Se me fez mais forte? Tenho defeitos mil, mas tenho uma qualidade também: não vivo tolhendo sonhos de ninguém. Ao contrário, incentivo o tempo todo as pessoas a sonharem. O sonho é que move a gente. É a nossa mola propulsora. Se um dia eu acordar e não perceber nenhum sonho nos meus olhos, prefiro que não abram. Se não me encantar com uma borboleta pousada na janela, não sou mais o Carlos. Tenho mais uma qualidade, essa adquiri sozinho: essas coisas não me abalam. Até porque ouvi e ouço frases legais sobre poesia também. Entre tantas: “ Essa você não vai pagar... porque é poeta. Poetas merecem consideração”. Ou: “Jamais havia lido um livro todo. Li o primeiro por sua causa”. Ou: “Namorei você só pra saber como é namorar poeta”. Engraçadinha essa, gostei. Ouvi outras chatinhas também, como: “Poesia dá dinheiro?”. Essa ouço até hoje. Sigo peneirando as coisas que ouço. O que não presta, jogo fora. Mas como disse, não me abalam. No outro dia estou próximo à pessoa, mostrando que a poesia não é minha única utopia. Tenho outras, entre elas, que é fácil conviver, tolerar. Aliás, essas coisas não só não me abalam, como me incentivam. Frases duras e más, me proporcionaram belos poemas, porque cada vez que alguém tentou me impor limites, eu dava um passo atrás, não para recuar. Estava tomando impulso para dar meu próximo salto. Às vezes saltei no escuro, é verdade, mas eu tenho asas. Asas da imaginação. Alguns já conhecem, mas a quem não conhece, apresento-lhes ÍCARO MODERNO, um de meus poemas mais pessoais.

ÍCARO MODERNO
Ria da minha utopia.
Diga que essa coisa de fantasia não é coisa normal
e chega ser até banal.
Mas prisões são tão antigas.
Às vezes de concreto,
às vezes da imaginação.
O escuro, o segredo
a timidez, o medo.
Tudo isso é prisão.
Já dizia um doutor que os loucos não sonham,
mas,se não sonho fico louco.
Então eu sonho, canto
grito, fico rouco.
Melhor a pureza do sonho
que a dureza da realidade.
É que a felicidade é uma faca de corta de dois lados.
O Ícaro, tão meu amigo,
não sabia do perigo dos sonhos alados
e que o sol que aquece e ilumina
também derrete as asas e nos faz ficar calados.
Mas, quem é louco não se cala
nem deixa de sonhar.
Então me deixe compor,cantar
fazer versos ao universo,
pois, é esse o meu jeito de voar.
///

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

COISAS TRISTES

Coisas tristes...
a cada segundo o mundo oferece a você,
você sabe que não merece, mas precisa ver:
Noite sem lua
mendigo na rua
mulher chorando
menino sem esperança
flor pisada, pássaro ferido
guerra declarada, amor escondido
palhaço sem alegria... jardim esquecido
olhar sem brilho
sorriso amarelo
mãe sem filho
Jesus traído... Barrabás escolhido.
a burrice exaltada... gênio esquecido
Homem sem fé... barco sem rumo
Tantas coisas tristes no dia a dia.
Com tudo isso até me acostumo,
só não imagino... Carlos sem poesia..

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A VIDA COMEÇA AOS 40?


( imagem google )
Desde bem menino, ou mesmo na adolescência e juventude, ouvia dizer que a vida começa aos 40. Não entendia o porquê de dizerem isso e também não concordava muito. Afinal, eu estava em pleno vigor físico, na flor da idade, intenso, não parava um minuto. Tentava vislumbrar como eu chegaria aos 40, mas estava tão distante para ficar pensando nisso. Quando conseguia, me imaginava velho, cabelo grisalho, mal humorado. Mal sabia que os 40 não estavam assim tão longe, o tempo passou como um tufão. E também hoje que já passei dos 40, sei que calculei mal, ninguém está tão cansado porque chegou aos 40 anos. Eu mesmo que não conseguia vislumbrar direito. Ou tinha medo? Não sei. Hoje posso confirmar ao vivo que a vida começa sim aos 40. Claro, brincando um pouco, a gente entra na fase do condor. Com dor aqui, com dor ali. Mas nada que uma boa caminhada não resolva. Estando mais maduro, a gente assimila melhor as perdas. Toma melhor as decisões, pondera mais, tolera mais. Suporta melhor o chefe. O jovem é inconsequente, meio louquinho ( e não tem culpa disso), quer resolver tudo na explosão, enquanto o quarentão espera, dá um passo atrás, analisa, pensa e age. O jovem age, depois pensa. Até amar, o quarentão ama melhor. O jovem tem a todas e não ama nenhuma. Deve ser porque o quarentão sabe que não é hora mais de errar. Os vôos, os tiros, os mergulhos precisam ser mais exatos, porque o mesmo tempo que correu como um tufão, vai continuar correndo como um tufão e agora a estrada está um pouco mais curta. O tema é vasto e não quero deixar esse post muito grande. É que outro dia revirando umas gavetas, em meio a lp’s antigos e livros velhos, por incrível coincidência, numa estória em quadrinhos, o personagem descobre a fonte da juventude. Ele se rejuvenesce fisicamente, mas não encontra de fato a felicidade, pois a soberba, a arrogância, tomam conta de si, levando ao afastamento dos amigos e parentes. Arrependido de buscar a beleza plena, toma um elixir para voltar ao normal e envelhece feliz ao lado de seus sobrinhos e netos. Entre essas lembranças empoeiradas que me renderam uma gripe alérgica, mas também uma gostosa nostalgia, encontrei ainda poemas manuscritos, rascunhados ainda, entre os tais, um poema que vocês poderão conhecer abaixo. Era minha fase mitológica, entre tantas que vivi. Lia tudo sobre mitologia. Me encantei pelas estórias de Narciso, de Ícaro, tenho um pouco de cada um. Os mistérios de Medusa. Zeus. Hércules.Ainda sou fascinado pelas pirâmides do Egito. Até hoje não consegui assistir “Eram os deuses astronautas?”, filme que fala da possível correlação entre as civilizações antigas e os extraterrestres. Se bem que em extraterrestes já acreditei mais, hoje nem tanto, apesar de torcer que existam, porque a idéia de monopólio humano no espaço sideral, talvez tenha feito a gente não cuidar direito do planeta que ganhamos de graça. Voltando ao poema que encontrei, traço um parâmetro entre ele e a estorinha que reli. Parâmetro que se estende a todo este texto, já que falamos de idade, fonte da juventude, elixir e mitologia. Resumindo tudo isso, me sinto muito bem depois dos 40. Graças a Deus estou num processo de rejuvenescimento espiritual. Daqui a pouco estarei um bebê. Porém não menos intenso.

UM TOQUE DE MIDAS

Quando a prata tingir meus cabelos,
meu coração vai ser ouro.
Num amarelo tão cintilante
que será impossível não atrair alguém,
mais forte que a magia de Midas
e quem tocar, vai virar ouro também.
Não estarei envelhecido, estarei melhor
como homem, como gente
e que todos os fios de cabelos brancos
que a vida me der aos trancos
sejam exemplos e sementes
para quem souber me olhar.
Não serão pesadelos. Nada de mal . Ora, são apenas meus cabelos,
meu coração é jovial .
Mais idade, mais planos
mais amigos, mais amores.
Talvez menos tempo, eu sei,
mas quando tinha vinte anos
tinha todo o tempo do mundo e não me importei.
Defeito? Não. Coisas da idade.
No final somos todos meninos
e gostamos de com o tempo brincar .
Só não podemos perder, seja em qualquer fase da vida...
a vontade de sonhar .

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O PREÇO DO MEU SORRISO

Perguntaram-me certa vez
quanto valia o meu sorriso.
Nem precisava ser uma gargalhada
ou um sorriso solto,despojado,
podia ser um sorriso leve, tímido,
meio de lado.
Queriam saber quanto valia meu sorriso.
Seriam milhões? Um pote de ouro?
Uma esmeralda? Um diamante?
Um tesouro no Nepal ?
Valeria o segredo do universo, a pedra filosofal?
Valeria as estrelas, o mar , o paraíso?
Em meio a tantas tentadoras opções,
respondi na minha mais pura verdade:
Não é nada disso de que preciso.
O preço do meu sorriso...
é o seu sorriso !

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SOBRE A FELICIDADE

Muito se fala sobre a felicidade.
Se ela tem formas, se tem normas,
fórmulas e receitas.
É um estalar de dedos, magia
ou é como uma colheita que se cuida todo dia?
Qual a cor da felicidade?
Azul, branca, amarela?
Talvez uma fusão de cores numa grande aquarela.
Qual a forma dela?
E existe forma física?... ou é uma sensação de bem estar?
Onde ela está?
No passado, no futuro, no presente...
ou dentro da gente?
Respostas e perguntas morrem juntas sem definição,
quando às vezes é muito mais fácil ouvir o coração.
De onde vem?
Da flor? Do sorriso? Da amizade?
Ou da saudade gostosa de ter?
Deixe que discutam a felicidade,
pois pra mim, a felicidade é você .

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

DE ELVIS A MICHAEL, HAVIA UM CERTO JOHN LENNON


Não sei por que não toco nenhum instrumento se gosto tanto de música. Algumas pessoas até pensam que toco. Tenho muitos ídolos, mas hoje só vou falar de alguns grandes que morreram, na verdade os principais. Freddie Mercury, o maior vocalista de todos os tempos, simplesmente teatral. Tinha presença de espírito incrível no palco. Sua voz era ao mesmo tempo doce e rasgante, penetrante e lírica. Cantava até ópera. Falando nisso, lembrei e vou contar um episódio rapidinho e engraçadíssimo. Eu e um amigo nos metemos a ir à uma escola de música para fazer um teste. Na minha vez, o maestro disse. “Você não serve. Você é muito rouco”. Respondi. “Mas o Rod Stewart também é rouco”. Meu amigo não viu quando soltou uma gargalhada no meio de todos. “Quase igual, né Carlos? Você e o Rod Stewart”. E nem esperou a vez dele, já foi emendando. “Vamos embora que a gente está dando é mancada aqui”. No caminho, não parava de falar. “Você sempre com soluções simples. Essa do Rod Stewart foi demais”. Liguei não. Só fui lá de companhia a ele e resolvi na hora. Voltando...
Michael Jackson tão recente, ainda nos comove. Não vou me alongar muito sobre ele. Muito mais que dançarino, era exímio cantor e compositor, tinha letras lindas. Li uma recente que diz: “ se quer mudar o mundo comece pelo cara que você vê no espelho”. MJ além de tudo, fez um estilo de dança, que antes dele circulava só nos becos e guetos, virar coisa mundial. Essa é a diferença dos grandes astros, promovem as mudanças. Falando de mudanças, falemos de Elvis. Sensacional. De uma geração pós guerra, sem rumo, o próprio mundo estava rumo, surgiu Elvis ladeado de outros grandes nomes como ‘Bill Halley e seus cometas’, ‘Little Richard’, escurinho infernal que subia em cima do piano, ‘Chuck Berry’, ‘Ritchie Vallens’, ( o La Bamba), umas das histórias mais lindas do rock. Há quem diga que o verdadeiro rock morreu com ele em 1958. A avalanche chamada Elvis não veio sozinha, mas era inconfundível e irresistível com seus quadris rebolantes.
Era a juventude transviada, representada no cinema por James Dean. Elvis era considerado erótico para a época. Acho que o ele foi o grande boom da música, mais do rock especificamente. Depois dele surgiram outras variações, mas ele foi o inventor da roda do rock. Até os Beatles surgiram por causa de Elvis. E assim, me vem à mente John Lennon. Pulei a ordem cronológica para falar dele especialmente. Artista totalmente diferenciado. Achava lindo o amor dele por Yoko Ono. Mulher importante na vida dele. Woman, ele fez especificamente para ela. Lembro de um clipe, em que ele termina de cantar ‘Stand by me’ ou ‘Imagine’, olha para Yoko ao seu lado no piano e a beija na boca. Gosto mais do Lennon pós Beatles, foi sua fase pensadora, filosófica e mais criativa. Fiquei muito triste quando morreu, principalmente como morreu. Levou um tiro de um fã, a quem dera autógrafo num long play, trinta minutos antes. Que maldade! Morreu na garagem de seu apartamento, na sua simplicidade voltando de um teatro. Não acredito jamais que aquele fã fez aquilo sem ser mandado por alguém. Pensadores são perigosos para o sistema. John tinha problemas com a justiça americana, era frequentemente “visitado” pelo FBI e pela CIA. Não tinha paz. Precisou entrar na justiça internacional para ter direito de entrar nos “steites”. Gosto muito de duas músicas brasileiras que citam John Lennon. Uma de Milton Nascimento que diz: “oh minha estrela amiga, por que você não fez a bala parar?”. E outra de Belchior:
“ John, o tempo andou brincando com a gente sim. John, eu não me esqueço, a felicidade é uma arma quente”. John Lennon dissera meses antes que o tempo para ele não era nada e que a felicidade é uma coisa simples. Também acho John, que a gente pode fazer o próprio tempo e que a felicidade está nas coisas simples, mas concordo também com o Belchior, a “felicidade é uma arma quente”. Quando estamos felizes, incomodamos muita gente e isso é muito perigoso. Ainda bem que você não é o único sonhador e um dia todas as ignorâncias se calarão, em vez daqueles que vieram a esse mundo para escrever e cantar.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POR QUE O CRAVO BRIGOU COM A ROSA?


Sabemos que as crianças de hoje não brincam como antigamente, com carrinhos de madeira que a gente mesmo fazia, bolinha de gude, finco, queimada, jogo de botão, etc. Claro, a eletrônica tomou conta e também falar mal disso, é andar até na contramão das coisas, apesar de achar as brincadeiras de meu tempo mais pedagógicas e até mesmo terapêuticas e criativas. Porém meses atrás, andando no meu bairro, gosto muito de andar pelo bairro quando me sinto sozinho, de calção, chinelos, camisa larga. Só não tiro os óculos, aí não dá mesmo. E numa rua de pouco movimento, vi algo inusitado para os dias de hoje. Meninas e meninos brincando de roda. Não escondo que conservo um pouco de criancice, não gosto muito da vida comum, vivida o tempo todo por gente grande. Tenho atividades de gente grande, trabalho, tomo cerveja, namoro, mas lá no fundinho tem um menino guardado sim e eu gosto disso, embora tenha gente que não entende e não me perdoa essas alternâncias internas de idade. Só porque no meio de uma reunião séria de trabalho, faço uma piada? Só porque dentro da igreja solto uma piadinha justo na hora que o padre para de falar e a igreja toda cai na risada? Só porque peço atenção? Só porque gosto de deitar no colo? Quer saber? Eu não estou nem aí, a gente já faz coisas o tempo todo para agradar os outros. Então disfarçadamente, ou nem tanto, sentei no meio-fio, como se estivesse descansando, só para ouvi-las. Como eu gostava de cantigas de roda. Eu nem sabia que era poeta, mas via poesia nelas. Perguntava à professora porque algumas tinham embaixo “autor desconhecido”. Ela dizia. “Por isso mesmo, desconhecido. Escreveu, deixou em algum lugar, deu a alguém, perdeu, vai passando de mão em mão e com o tempo cai em uso popular, vira folclore”. Pensei. “Que coisa mais triste! Uma música tão bonita de autor desconhecido. Devia ser algum solitário”. Falando de bonitas lembro de umas especiais. “Cai, cai balão”. “Fui no tororó beber água não achei, achei foi a morena que no tororó deixei... sozinho eu não fico, nem hei de ficar, porque tenho........ para ser meu par”. E essa? “Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes para o meu amor passar”, é um verdadeiro poema romântico. Duas, eu não gostava. “Marcha, soldado”, porque tinha medo da polícia, estavam sempre carrancudos, e eu como criança, ficava um pouco assustado com aqueles semblantes carregados. A outra. “A carrocinha pegou três cachorros de uma vez.. tra la la, que gente má, tra la la, que gente má”. Logo eu, um defensor dos pulguentos fracos e oprimidos. Eu não deixava os amiguinhos jogarem pedra.Todo cachorro vira-lata tem o olhar triste. “Deve ser por isso”, eu pensava. Voltando às cantigas, essa também é linda. “Alecrim, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado. Foi meu amor quem me disse assim que a flor do campo é o alecrim”. A que eu achava mais triste era “O cravo e a rosa”. Ficava pensando. Por que o cravo brigou com a rosa? A cantiga deixa isso no ar. Mas frisa também que eles se amavam, pois “o cravo ficou doente e a rosa foi visitar. O cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar”. Isso é amor puro, mesmo depois de uma briga feia, tão feia que ele saiu ferido e ela despedaçada.

Esse texto está um tanto desconexo, mas foi assim que ele saiu. Quando a gente pensa que enterrou o passado, vem alguém que com certeza é adulto o dia todo, e o desperta. Logo agora que o futuro mostra uma porta aberta. Acabei rimando sem querer. Poeta não tem mesmo jeito. Menino também não.

POR QUE O CRAVO BRIGOU COM A ROSA?
Por que o cravo brigou com a rosa?
Parecia um amor platônico, atômico.
Ele tão galante, ela tão formosa
viviam um amor perfeito ...mas não teve jeito,
o cravo brigou com a rosa..
Foi bem debaixo da sacada
onde costumavam namorar sem pressa,sem depois.
Ele saiu ferido,ela despedaçada.
Briga de amor é assim...machuca os dois.
“O cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada...”
entoa uma ciranda antiga e misteriosa
que deixa uma pergunta no ar:
Por que o cravo brigou com a rosa?
Todos cantam,
ninguém sabe explicar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AS MULHERES E SEUS DENGOS




( imagem google adorocinema.com)
Todas as mulheres são dengosas. E engraçadas. Mas eu não acho ruim, até me divirto com isso. Fazem o tipo “sem querer querendo” e vão dominando os bobões. Aliás, ainda pego quem chamou a mulher de sexo frágil. A história tem tantos fatos marcantes com interferência da mulher que perco a conta. Até biblicamente temos várias. Eva, não quis ficar limitada e foi comer a tal fruta da árvore da sabedoria. Pronto, ali começou a confusão no mundo. Depois, Dalila seduziu e dominou o poderoso Sansão, levando não só ele, mas todo um povo a sucumbir. Maria, foi a ponte que Deus escolheu para nos enviar seu Filho. Deus com seu poder ilimitado, se quisesse, acharia outro meio de nos enviar o Messias, porém, preferiu a mulher. Temos outros nomes, como Maria Madalena, Sarah. Tem muitas passagens importantes do próprio Jesus sempre com mulheres. Quem avistou o túmulo vazio pela primeira vez? A mulher. Saindo da Bíblia, temos outras igualmente marcantes, como Cleópatra, que deixou babando o imperador de Roma, tornando-se a Rainha do Nilo. Helena de Tróia, pivô de uma guerra histórica. A heróica Joana D’arc, mulher de atitude e coragem. Ana Néri, solidária e abnegada enfermeira brasileira na guerra do Paraguai. Dizem que o temido Lampião, não tomava decisões sem antes pedir opinião de Maria Bunita. Dizem também que Linda McCartney e Yoko Ono, foram as culpadas da separação dos Beatles. Eu até acho que não, foi o fim de um ciclo, pararam na hora certa. Tem tantos outros fatos que não cabem no texto. Até minha mãe,vejam só, esnoba os homens, dizendo que nós não aguentamos metade das dores que uma mulher suporta. O que minha mãe pode saber disso, gente? Ah, lembrei. Ela é mulher e também sabe de sua força. Meu pai que era machão, perguntava humilde. “Sebastiana, posso trazer uns amigos aqui pra tocar sanfona no sábado?”. É... ele tinha que pedir. Se ela dissesse não, era não.
Falei lá em cima dos dengos das mulheres. Hoje eu apanho. A mulher vive sonhando com um homem perfeito. Que abra a porta do carro. Que mande flores, docinhos. Que pegue no colo. Que seja lindo, perfumado, enfim um príncipe num cavalo branco com um sapatinho na mão. Só que... se o cara começa a fazer tudo isso, ganha fama de banana na opinião dela mesma. Entenderam o “sem querer querendo” ? Ela quer, mas não quer. Aí o coitado, quer dar uma de machão e para de telefonar, dá uma esfriada , não dá muita bola, para de agradar enfim... e pronto. “Você não gosta mais de mim”. “O encanto acabou?”. Por que não ligou ontem?”. “Você está tão frio e distante comigo”. “Antigamente você era mais romântico”. Aí o “oreia” pira. E não é para pirar? Pô, mulherada, decidam, né? Ou tudo isso faz parte da tática de domínio a esses Adões, Sansões, Lampiões e bobões?
Como disse acima, não me importo, até me divirto com isso. Mas tem hora que dá raiva... isso dá.

Usei alguns termos chulos e populares, como “ oreia”, “pô”, “pira”, para dar um tom mais real ao texto. Porque é assim que o sexo frágil nos joga ao chão. E também dar um pouco de humor, porque não se trata, nem de exaltação à mulher, nem de denegrir. Sou totalmente contra a guerra dos sexos, se ambos nasceram para se ter e se completar.
Bem, agora deixa eu sair daqui que a mulherada vai vir em cima. Lembranças a todas e me desculpem alguma coisa. Não foi por mal.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

MINHAS NOITES SÃO METADES


( imagem brancoepreto.blogs.sapo.pt)
Meu quarto tem fantasmas por todo lugar.
Dentro do guarda-roupa, nas gavetas
debaixo da cama, pairando no ar.
Uns zombam de mim, outros até brincam comigo.
Alguns mais recentes, outros bem antigos.
Já nem assustam tanto, mas incomodam
podam um novo amanhã.
Quando criança se me assustava,
mamãe mandava rezar.
Só que os fantasmas são incríveis, se adaptam à idade.
Minhas noites são metades.
Metade pra eles, metade pro sono.
O copo d’água noturno não sacia minha sede
e pra não sentir abandono nessa noite deserta
e talvez me livrar da rede da qual sou presa,
deixo sempre a porta aberta.
Quem quiser que entre...
Abrace-me, beije, ame... inflame.
Espero que não saia, mas se sair, deixe a luz acesa.
Quem sabe eu pense que é o sol invadindo a janela, beijando meu rosto
um passarinho saliente me chamando a sorrir de mentira novamente,
até que volte a noite, com fantasmas e seus açoites
com o bêbado que titubeia e não diz coisa com coisa pra ninguém,
com o vaga-lume que vagueia com luz própria,
embora inconstante e é feliz,
com a coruja desconfiada piando não sei pra quem.
E se as noites são metades, eu também sou.
Um pouco bêbado, um pouco vaga-lume.
Um pouco coruja piando pra ninguém.
Até aprendi a conviver com fantasmas,
e se eles me perturbam tanto,
às vezes zombo deles também

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

INCOERÊNCIA


A noite é tão calma que chega a incomodar.
Ah... esse silêncio é um açoite!
Faz mais barulho na minha mente que todos os sons do mundo.
Todos dormem nessa noite.
Até os pirilampos. Até os bêbados e vagabundos.
Nem as aves noturnas se atrevem.
Nem um apito, nem um assovio. Parece que nem o rio.
Por que essa noite tão calma
se por dentro minh’alma grita, faz barulho e agita?
Por que esse contraste, essa incoerência
entre uma noite tão quieta e uma alma de poeta sem paciência?
Uma simples janela pode ser meu mundo. Meu mundo pode ser uma simples janela.
Dela... vejo a lua e as estrelas que são belas,
mas não falam, nem ouvem queixumes.
As flores também são perfeitas,mas apenas exalam seus perfumes...
de jasmins... dálias... e hortelã.
Isso não é tão ruim.
Assim não me sinto tão só até que chegue a manhã.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

LIÇÕES A UM PAI


Paulo era um menino, digamos, esquisito. Não conversava muito com as pessoas, mesmo s no recreio ou educação física. Tinha uns 13 anos e estudava na sala ao lado. Alguns o achavam metido. Eu só o achava diferente, não tínhamos aquela amizade, mas também nada contra. E tinha sim seus amigos mais próximos. Era muito conhecido na escola toda por dois fatores: 1) Excelente goleiro, até defendia a escola em jogos intercolegiais. 2) Tinha tudo fácil. Embora fosse um trabalhador comum como a maioria, o pai se virava e dava-lhe tudo na mão, de imediato. Tênis de marca que aparecia na tv, no outro dia ele aparecia com a novidade no pé. Roupas de grife era normal. Bicicleta, das melhores. Os uniformes de goleiro pareciam de profissional. A maioria de nós usava o velho kichute, ele, belas chuteiras. Houve uma sexta-feira atípica. Por motivo fútil, bateu muito num menino menor e se não fosse a turma, seria pior. Antes, havia xingado a professora com palavrões, coisa que não fazia, por ela repreender, pois mastigava bolinhas de papel e jogava nos amigos.Definitivamente, aquele não era o Paulo. Pelo menos educado ele era, e não violento e abusado, como estava. Ficou de castigo na secretaria e na hora de ir embora, se recusou a ir com o pai, exigiu a presença da mãe.
Na segunda-feira, chegando à escola, avistei de longe grande tumulto no portão. Uma professora com o rosto virado para o muro perguntava. “Por que meu Deus?”. Meninas sentadas no meio-fio choravam. Zumzumzum entre os meninos. Alguns pais também. Perguntei o que teria acontecido, mas na confusão, ninguém dizia nada ou não se entendiam. Aproximei-me do portão com dificuldade e li o aviso. NOS DIAS ......... NÃO HAVERÁ AULA. MOTIVO DE LUTO”. Tomei um susto. Interceptei um menino que passava. “Quem morreu?”. “Você não sabe? O Paulo”. “Como assim? O que houve?”, perguntei trêmulo. Respondeu já chorando. “Meu amigo morreu. Encontraram ele enforcado na janela do quarto com o cinto do pai. Suicidou-se”. Nessa hora fui ao chão. Menino ouve a palavra suicídio e não sabe o tamanho dela, mas quando acontece na vida real e ainda mais entre os colegas, aí vê a dimensão da coisa, mesmo não entendendo o porquê de alguém cometer ato tão sinistro. Ali na hora não adiantaria ficar perguntando motivos, ninguém sabia e estavam todos nervosos. A escola demorou para assimilar a tragédia. Com os dias apareceu a verdade. Paulo queria um jogo de uniforme de futebol completo e o pai não pôde comprar. Pela primeira vez teve que dizer não ao filho. Ele não suportou e se matou. Na porta da escola, ficava um senhor já bem velhinho, que vendia quebra-queixo, era ex-combatente de guerra e por isso os meninos gostavam de conversar com ele. Ouvi-o dizer a uns adultos. “Eu falei pro pai daquele menino não ficar dando tudo na mão tão fácil, que um dia podia dar problema. Ele me chamou de velho caduco, que cuidasse de minha vida. Não desrespeitou só a um ex-combatente, isso eu até dispenso. O Brasil já me dispensou primeiro e é por isso que estou aqui vendendo quebra-queixo. Desrespeitou a um homem mais velho que ele. As pessoas não gostam mais de conselhos. Só ouvem o que lhes agradam. O menino era bom, dava conselhos a ele, mas depois que o pai brigou comigo, não veio mais”. Com mão trêmula, num misto de idade e emoção, tirou do bolso sua medalha de herói nacional. “Muita gente não acredita que estive na guerra. Vocês não fazem ideia do que é um campo de guerra. Ter que matar gente que você nem conhece. Ver seus amigos morrendo ali do lado. Travei luta corporal com um inimigo, homem forte, por mais de quinze minutos, que só não me matou, porque meu amigo que morreria no dia seguinte, atirou nele. Tenho cicatrizes por todo o corpo. Pois lhe digo, meu amigo...”. Tirou a boina desbotada olhando pro céu, concluindo. “ ...por tudo que é mais sagrado, eu daria essa medalha em troca, para ver aquele menino sentado neste meio-fio de novo. Mas eu não sou Deus. Sou só um velho caduco”. E olhou para mim. “Vai querer o quê, menino?”. Respondi. “Nada não. Só estou ouvindo o senhor conversar”. “E esse dinheiro na mão?”. Eu estava fora do ar. “Ah, sim. Quero um quebra-queixo”. Me deu e falou. “Agora entre que o sinal já tocou. Lugar de menino é na escola”. Tomei como um conselho. Sempre gostei de conselhos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

UM MAIS UM


( imagem mixplanet.com)
Florzinha, florzinha.
Quando te senti no meu olfato
Quando te percebi debaixo do meu paladar
Não tinha como não cheirar, não beijar.
E tudo foi fato, foi tato.
Beijei-te como passarinho voraz
Tudo tão teso, aceso.
E a flor não se satisfaz
pede tudo, pede mais.
Parece querer mais que o passarinho
que se embriaga desse mel.
E tudo inspira, transpira.
E vira...
O céu está no chão,
O chão está no céu.
Nosso jardim é uma ilha
há centenas de milhas do pudor,
nossa redoma do amor.
Namorados se amando a esmo
Olho o espelho e percebo,
no nosso quarto...
um mais um, é um mesmo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PRA VOCÊ SER FELIZ


( na falta de imagem vai eu mesmo )
Pra você ser feliz faço tudo
Canto, grito, fico mudo,
eu mudo, porque pra eu ser feliz
preciso ver você feliz.
Prometo não cobrar presença,
Mas é que sua ausência tanto me estraga
que meu sorriso se apaga,
toco em mim e penso que não existo
do amor que lhe peço ainda sou um aprendiz
por isso insisto,
eu até nasço de novo
pra você ser feliz
Se você quiser não brigo mais
quando você se atrasa, ou não vem
vou para porta de sua casa e espero você chegar
e se você não puder, volto, ligo depois
a felicidade de nós dois é o que me convém.
Sento na praça, mesmo sem graça
esperando você passar
e se as flores que eu lhe der, murchas pelo tempo, não servirem mais
o jardim é grande, amanhã eu trago mais.
Tudo isso pra ouvir de você que me ama
meu coração, por você, não bate...
declama.

ERÓTICA MENTE


( imagem oficinadodesejo)
A minha erótica mente
deseja você eroticamente.
A minha louca e plena mente
deseja você plenamente
habitando o novo éden, sem pudor
sem regras para o amor,
saboreando qualquer fruta
bebendo de qualquer fonte.
Um sexo sem juízo, sem nexo
cinturas fazendo côncavo e convexo.
Por cima ou por baixo,
como seu homem me encaixo
entre pernas e braços
da forma que nos convém
Vênus é seu nome.
Eros é meu nome.
Nessa hora somos deuses um do outro... e escravos também
E o desejo e o fogo que nos consomem
não se apagam, cada vez mais propagam esse afã
que vê raiar a manhã
nessa entrega total,
total mente
plena mente
erótica mente.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A GRANDE LOCOMOTIVA


( IMAGEM imagensdolucas)
Se faz parte da grande locomotiva
cumprimente, sorria, seja amigável.
Deixe a impressão de um passageiro
que tornou a viagem mais agradável.
Ceda o lugar quando necessário
O destino de todos é o mesmo itinerário.
Diga olá e não adeus,
em cada estação subirão e descerão irmãos seus.
A viagem é longa e tem seus empecilhos,
mas depende de nós que ela esteja nos trilhos,
que seja serena, que valha a pena.
Conte casos e ouça também
Alimente sonhos, fale de liberdade a alguém
Nessa locomotiva estamos só de passagem.
Que em sua bagagem leve simpatia
Que a luz do túnel seja a amizade.
Faça amor,
escreva uma poesia.

sábado, 1 de agosto de 2009

JÁ ESTOU BEM

... não falei que ia passar? Foi só um problema no trabalho, mas já resolvido. E foi mais fácil com o apoio de vocês. Obrigado, amigos, pelas manifestações. beijossssssssssssss

JÁ ESTOU BEM...

nao falei que ia passar? foi só um probleminha de trabalho,mas ja resolvido. e foi mais fácil com o apoio de todos vocês.Obrigado amigos, pelas manifestações