ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 31 de março de 2011

MUITO PRAZER, MEU NOME É POESIA


( imagem google- imagensdahora.com.br )
Como tenho dito há umas semanas, tenho estado meio transcendental, meio falando com estrelas, cruzando uma ponte importante, olhando para trás, recordando coisas
( porque me faz bem ), mas sem deixar de olhar para a frente, isso é primordial. Quando a gente tem sonhos ( todos têm), e realiza, corremos risco de pensar que tudo acabou, já que conquistou. É um erro pensar assim, pois quando se realiza é que verdadeiramente o sonho começa, só que agora com uma vantagem... é um sonho palpável. Mais que alcançar, é preciso saber viver o sonho, comemorar o sonho quando ele se torna real. Não podemos cair na mesmice, no comodismo da vitória, até porque quando tocamos a estrela, aí sim, que a luta continua. É hora de dar vazão ao sonho, de dar fluxo, que ele percorra entre as pessoas queridas, que ele ecoe por ares e avenidas. É hora de festa, mas também é hora de muito trabalho. Digo isso porque sei que terei muito trabalho à frente, mas farei de tudo para que meu sonho seja uma estrela reluzente. Que eu seja humilde para merecê-lo.
///
Sei que sou meio exagerado, mas o poema abaixo é uma cena que vislumbrei na minha cabeça docemente maluca... a poesia falando comigo perto do meu berço quando nasci, lá minha pequena e simpática Iapu-Mg. Só que eu eu não era feinho igual a esse da imagem rs rs.
MUITO PRAZER, MEU NOME É POESIA ( repostagem )
Olá você, que acabou de nascer.
Muito prazer, meu nome é poesia.
Um Ser superior mandou seguir você.
A partir de agora, em quase todo seu tempo
vou estar com você... por todos os dias
Não se importe se alguém criticar, muita gente vai gostar.
Nesta união que se instaura
vou ser sua segunda pele, sua aura
seu encanto, seu manto, seu véu.
Seja qual for a cor do céu, nevoento ou azul
vou cobrir você de norte a sul.
A partir de agora, sou seu som, seu dom, seu tom.
Na euforia, na tristeza e no medo.... vou ser seu enredo.
Vou estar na sua cama, na mulher que ama.
Vou ser a sua chama!
Estarei no seu silêncio, no seu grito, nos trejeitos.
Pincelando seus defeitos, realçando sua beleza.
Vou ser a sua força... e sua pureza.
Vou ser seu mistério e sua clareza
Vim para ser sua ponte, sua fonte, sua rede.
Vim ser o seu nome, sua fome, sua sede.
Vou ser o seu escudo e sua espada.
E quando pensar que não tem mais nada...
Sorria! É novo dia!
Você terá a poesia.

terça-feira, 29 de março de 2011

AVENTURAS DO CARLOS - DESFAZENDO CARRANCAS


( imagem google- neuroticos.wordpress.com )
Senhor Nelson era negro, gordo, homem de poucas amizades. Andava pelo bairro sem um “olá”, nem mesmo aos de sua idade. Não diria mau humorado, mas também não sorria muito, e principalmente os jovens, tinham um certo medo de sua cara de mal, carrancudo que era. Era pai de três amigos nossos: Edmilson, Ademir e Nelson (filho). Copa do mundo de 1986. A turma queria fazer um churrasco na estreia do Brasil, mas tinha dificuldade de arranjar uma casa com área para isso. Quando Ademir disse, “vamos fazer lá em casa”, alguém gritou. “Tá doido? Seu pai expulsa a gente de lá”. Ele respondeu rindo. “Que é isso, rapaz? Meu pai não é assim também não. O velho é gente boa”. Eu falei. “Sei não, mas se quiser tentar, eu topo”. Na antevéspera do jogo, Edmilson reuniu a turma de novo. “O pai deixou fazer o churrasco, mas foi bem claro: não ligar som de carro, nem falar palavrão”. Combinado. Dia do jogo, começamos bem cedo. Senhor Nelson, sentou-se ao meu lado e sem olhar para a cara de ninguém, falou“ Bom dia”. Todos responderam. Tentando entrosamento ofereci-lhe cerveja, e sem olhar, respondeu: “Agora não, obrigado”. Times em campo e agora foi ele quem puxou conversa. “Acho que o Zico devia entrar logo no primeiro tempo”. Zico era o craque do momento, mas passara por várias contusões, e assim seria escalado sempre no segundo tempo, em caso de resultados ruins. Expliquei, mas não concordou. “Se o cara é craque e vai resolver no segundo tempo, por que não põe logo no começo e resolve logo a parada? Me passe a garrafa aí”. E assim foi ficando mais solto. O Brasil ganhou até fácil . No segundo jogo não fizemos nada, cada um viu em sua casa. Nas vésperas do terceiro, Edmilson veio rindo, dizendo que queria mais um churrasco lá”. E imitou a voz grave dele. “Cadê seus amigos? Não vai mais ter churrasco? Chama para virem de novo no próximo jogo. Meninos bacanas, gostei deles. Principalmente o de oclinhos John Lennon”. O de oclinhos era eu. Lá fomos nós de novo. E assim o Brasil foi evoluindo na copa e a cada jogo era um churrasco.
Semifinal. Brasil x França. No intervalo, acabou a cerveja e ninguém tinha dinheiro. Êta rapaziada dura. Senhor Nelson, sem camisa, barrigona exposta, tirou da carteira uma nota de cem ( cruzeiro ou cruzado?... não me lembro) e falou alto. “Ô Edmilson. Futebol sem cerveja não é futebol. Vá buscar duas grades para nós”. “Por isso que gosto desse pai ‘véio’, falou Nelson filho, beijando-o. Achei aquilo bonito. Lembrei de meu pai que só pude beijar quando criança.
Infelizmente o Brasil perdeu nos pênaltis. O próprio Zico errou. Eu que na época era muito ligado a futebol, fiquei triste. Marquinhos, super fã do Zico, ficou desolado. Senhor Nelson já parecia não se importar muito, estava feliz. Quando tudo acabou, pegando em minha mão, mas dirigindo-se a todos, disse: “Vocês são uma juventude muito bonita. Que rapaziada boa! Eu me senti com 18 anos no meio de vocês. Minha casa estará sempre aberta para vocês. Amigos de meus filhos são meus amigos também. Aproveitem, eu não tive juventude, era igual bicho do mato e me arrependo. Vocês têm mais é que brincar mesmo, jogar bola, tomar cerveja, namorar. Mas nada de drogas, hein? E o que achei mais bonito é que não teve um palavrão sequer”. Logo interrompi. “Teve palavrão sim. O senhor falou 'puta que o pariu' quando o Zico perdeu o pênalti”. Todos riram. A partir desse dia, via-se um senhor Nelson remoçado, bonachão, cumprimentando nas ruas. Até ia nas tardes de domingo ver a turma no campinho. Chegava gritando. “Como vai essa juventude?”. Eu atravessava o campo todo para ir pegar na sua mão. Às vezes a aproximação é tão fácil e não vemos. As pessoas precisam se permitir mais, umas às outras. Graças a Deus, ao longo de minha vida, pude desfazer algumas carrancas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A ESTRELA ESTÁ PRÓXIMA


A estrela está tão perto
que eu quase já posso tocar
o que antes parecia incerto
agora ilumina o meu olhar.
Quando ainda era criança
mirava a estrela distante,
mas mantinha a esperança
de que chegaria o instante.
Passei a juventude, fiz o que pude
Andei nos trilhos, sofri descarrilhos.
Às vezes perdia o rumo, o prumo,
via tudo escurecer
e quando olhava, cadê a estrela? Não podia mais vê-la.
Brincava de esconder.
E eu não desistia.
Quando do túnel eu saía
lá estava ela, cada vez mais bela,
parecia me dizer:
- “Não desista mesmo, menino.
Tocar-me é seu destino,
mas é preciso ter fé”.
Tão próxima hoje ela está,
tão linda ela é.

sábado, 26 de março de 2011

O VOO DO BEIJA-FLOR


É no mais doce do mel,
no azedo do limão
É no amargo do fel
é no mais alto do céu
que conduzo meu coração.
É no brilho do sol
no esplendor do arrebol
É no cheiro de hortelã de manhã,
ou no fim de tarde
que meu peito arde.
Talvez solitário por lugares ermos,
mas conheço o itinerário
não tenho meio termos.
É no néctar da poesia
que renasço todo dia
chamando o mundo inteiro de flor
É assim que faço com alegria
O voo do beija-flor.

quinta-feira, 24 de março de 2011

AVENTURAS DO CARLOS - LÓGICAS E ACASOS


(Vão aguentando minha cara aí, estou com dificuldades de conseguir imagens )
Eu e uns amigos gostávamos de conhecer pequenas cidades, passávamos finais de semana nelas. Certa vez, Salvador e eu, fomos à uma festa religiosa muito bonita, na cidade de Dom Silvério, próxima a BH. Evidente que não fomos rezar, fomos dar umas namoradas. Explicando melhor, estávamos em Alvinópolis e resolvemos entrar num ônibus qualquer de romeiros. Quando voltamos ao hotel em Alvinópolis, fui conferir a carteira e estava praticamente duro. Salvador, do mesmo jeito. Gastamos quase tudo. E agora, como ir pra casa? No hotel não foi tão difícil, embora resignado, o rapaz deixou que pagássemos no mês seguinte, pois íamos muito lá. Salvador deu idéia de pedirmos dinheiro. “Tá doido? Pedir dinheiro? Vamos andando. Com o dinheiro que temos, se dermos sorte de pegar uma carona até João Monlevade, pegamos trem até Ipatinga ou até onde o dinheiro der para pagar”. Saímos de madrugadinha. Ai, ai... a fome foi apertando. Um sol escaldante, estrada sem acostamento, caminhões passando raspando e nada de carona. Sede não era problema, bebíamos nos riachos e córregos. Salvador esfomeado, comia coquinhos das árvores. Andamos umas três horas parando de vez em quando, quando vi uma fazenda e resolvi pedir comida. Ele disse que ninguém daria comida a dois estranhos. Falei. “Tem cinquenta por cento de chance de dizerem SIM e NÃO.Vou tentar”. Fui andando, Salvador atrás em passos trôpegos. Cheguei perto de uma porteira, dois cães enormes pularam quase mordendo meu rosto. Somando susto com minha fraqueza, quase caí para trás. Veio logo um empregado e os prendeu. “Por favor. Os donos da casa estão?”, perguntei. Antes que respondesse vinha de lá uma senhorinha idosa pela passarela calçada, de uns cinquenta metros até a casa. Falei para ele. “Demos sorte. Pessoas idosas são sempre bondosas, e o que é melhor, religiosas. Deixa só eu falar, vou dizer que viemos da festa religiosa, o que em parte, não é mentira”. Com muita calma, ainda na porteira expliquei tudo, que a gente “perdeu” dinheiro, que éramos muito devotos e tome blá blá blá. Depois de recordar sobre as festas que ela ia na juventude, das missas, dos forrós, ela disse. “Que bom ver dois jovens frequentando festa religiosa. Tiveram sorte. Fiz tanta comida esperando a parentada e não veio nem metade. Estava preocupada, com dó de jogar fora. Podem entrar”. Quando entramos e ela destampou as panelas, Salvador chegou a babar. Minha barriga deu um urro que parecia que tinha um urso lá dentro. E comemos, comemos e comemos. Ela ainda fez um suco. Agradecemos muito, dei até um abraço nela. De volta à estrada dormimos debaixo de uma árvore. A sorte continuou do nosso lado. Conseguimos carona até Coronel Fabriciano, distante de Ipatinga, só quinze quilômetros. E o cara ainda falou. “Que sorte encontrar vocês, pois estava dormindo ao volante, agora podemos ir batendo papo e o sono espalha”. Já em nosso bairro, de noitinha, falei pro meu amigo. “Viu como é o universo? Tudo é interligado. A dona não queria jogar a comida fora, aparecemos lá com fome, comemos tudo, ou seja ela nos ajudou e nós a ajudamos. Ela não vai ter mais crise de consciência. E o cara que nos deu carona? Ele podia ter se envolvido em algum acidente dormindo ao volante. Ele nos ajudou e nós o ajudamos estando na hora certa e no lugar certo, nossa companhia pode ter evitado uma morte”. Salvador riu. “Acho que você é um pouquinho doido. Acho engraçadas as suas explicações sobre as coisas, achando lógica onde não tem lógica, encaixando tudo com naturalidade”. Falei. “Engano seu. Tudo tem lógica. Isso, meu amigo, chama-se segredos da vida”.

terça-feira, 22 de março de 2011

PRECISO MELHORAR


Meu velho pai dizia: "Nunca seja um pra frente". 'Pra frente' na linguagem suburbana quer dizer enxerido, atrevido, indiscreto. Dizia também: "Ser humilde, nunca humilhado, mas não precisa fazer nenhuma guerra por isso. Deixe que o tempo passe e mostre às pessoas quem você realmente é. Apenas seja você mesmo e com sua consciência limpa.". E... "os últimos serão os primeiros". Na Bíblia também diz isso. Jesus disse mais ou menos assim: "Não se assente nas primeiras fileiras. É melhor que se sente nas últimas e seja chamado à frente, a ter que passar a vergonha de se retirar porque aquela cadeira na frente é destinada a alguém". Isso me serviu muito, pois passei situações como essas na vida. Alguns exemplos. Embora eu fosse dos mais levados, nas festinhas da escola ou nas casas, ficava sempre no meu lugar esperando minha vez. Um dia a professora acostumada a ver minhas bochechas lambuzadas, estranhou e perguntou. "Você não comeu bolo, Carlos?". Respondi que não, que fiquei no fim da fila e acabou. Pois ela foi à sua gaveta e me deu um pedação que havia guardado para ela. "Tome... é seu". E me deu um beijão na bochecha. Fiquei cheio de vida enquanto os meninos me olhavam. Certa vez, novato no trabalho tive um problema com um funcionário bem mais antigo, quase um chefe. Eu precisava demais do emprego e nem por isso tive medo, por causa das palavras de meu pai... "o que importa é sua consciência". E também pela minha certeza em Deus. O chefão disse a um outro. "Vou abrir sindicância porque é praxe, mas tenho certeza que fulano está errado, pois conheço a conduta do Carlos". Já tive casos parecidos também na igreja quando eu era de uma pastoral que lida com meninos e adultos com down. Também não sou santinho acomodado, já briguei muito quando estive certo e já pedi desculpas incessantemente quando estive errado, porque não gosto que as pessoas tenham raiva ou mágoa de mim. Quando não me desculpam, deixo a cargo do tempo, como disse no início do texto. Vira e mexe alguém vem me pedir desculpas... e eu as desculpo muito mais rápido do que elas são capazes. Gosto de surpreender as pessoas positivamente. Sinceramente, sem falsa modéstia ( destesto falsa modéstia), não entendo como alguém pode fazer mau juízo de mim, se meu negócio é só viver, mas isso também é da vida. Estou dizendo tudo isso porque estou cruzando uma grande ponte, vivendo uma fase importante, que me remete aos meus 16, 17 anos, mas de olho no horizonte que jamais perdi de vista. Ao longo da vida adormeci alguns sonhos porque me acostumei a me colocar em último lugar nas prioridades, com a consciência de que era necessário e de que eles não estavam perdidos, apenas adormecidos e Deus proporcionaria meios um dia. Claro que nem tudo na vida é perfeito. Como digo num poema, 'se até os diamantes precisam ser lapidados, por que não eu?'. E assim encerro esse texto mais uma vez com a consciência limpa, de que sou boa pessoa... mas eu preciso melhorar. Em algumas situações ainda não aprendi a ser o último.

segunda-feira, 21 de março de 2011

LIXO MENTAL!


( imagem google )
Preciso de uma redoma, um escudo, uma proteção
está chovendo lixo em tudo
que nada soma pro meu coração.
Lixo mental, lixo sideral
Lixo em qualquer canal.
Lixo diurno, lixo noturno
Lixo na segunda-feira e no domingão
Lixo nuclear, lixo no mar.
Luxo disfarçado de lixo recheado de vermes
um banquete de germes no menu de qualquer bar,
argh... vou vomitar.
Poesia é banal, educação é boçal.
Rei do lixo, rainha do lixo. Ai meu saco escrotal.
É tanto lixo que chego a pensar
que lixo é normal.

domingo, 20 de março de 2011

SOU TRANSCENDENTAL


Tenho andado assim...
pisando nas nuvens, pois sou como elas
cumprimentando estrelas
flertando com a lua que enfeita minha rua.
Falando com anjos e arcanjos
chego próximo deles,
pois tenho asas como eles.
Viajando em cometas na velocidade do meu pensamento,
resgatando sonhos de um outro momento.
Ando flutuando, voando, navegando,
na profundidade do meu desejo
no meu universo paralelo dual.
nas dimensões amplas do que almejo...
sou transcendental.
///////////////////
PARABÉNS BLOGUEIROS

sexta-feira, 18 de março de 2011

RAIOS DE POESIA


( imagem google- naturezainterplanetaria.blogspot.com )
Lua cheia... como eu.
De anseios, de sonhos e devaneios.
Lua cheia... que vagueia... como eu
por entre nuvens estranhas, mas que não perde o horizonte
altiva sobre os montes num céu todo seu.
Lua romântica... como eu
fazendo poesia no firmamento
estrelas piscam de contentamento
de cada verso que no universo se deu.
Vaga, lua! Rasga o céu!
Clareia a rua!
A poesia é nosso véu,
nosso brilho particular;
quem pode impedir o esplendor da lua
... e o poeta de rimar?

quinta-feira, 17 de março de 2011

UM NOVO JEITO DE VER DEUS


( IMAGEM cançaonova.com )

Sentado na velha cadeira, cotovelos apoiados na mesa, estava o pai proferindo blasfêmias e heresias enfeando ainda mais a pequena sala numa quase penumbra, não fosse a luz acesa num outro cômodo igualmente empoeirado. Foram tantos xingamentos que chegou a espumar o canto da boca. Por fim, talvez exaurido ou talvez por ter chegado ao fim do estoque de xingamentos, baixou a cabeça na mesa. Na cadeira oposta, aproveitando a pausa, o menino falou: "Por quê xinga tanto, papai? Essas coisas ofendem a Deus". Ele levantou a cabeça. Deus? “E quem é Deus para decidir o que vou dizer? Que Deus é esse que permite a um pai ficar desempregado não podendo cuidar de seu filho, única pessoa a quem tem no mundo? Que Deus é esse que permite tragédias, doenças como câncer e aids e não impede guerras? Um Deus que assiste a miséria. Um Deus que manda dilúvios e admite ditadores. Não, eu não quero esse Deus omisso, em quem não posso confiar. Um Deus que vem perdendo batalhas há dois mil anos que cruza os braços e assiste tudo do trono. Não, eu não quero esse Deus". E deitou de novo a cabeça. Aproveitando-se de novo da pausa, o menino falou. "Deus não criou as tragédias, pelo contrário cria expectativas a partir delas, propicia esperanças onde não parece não ter mais. Ele deu ao homem o livre arbítrio para decidir aonde ir, acontece que o homem se utilizando dessa independência, afastou-se de Dele, e aí quando as coisas dão errado, a culpa é de Deus? Deus não criou a poluição, o desmatamento e por consequencia, as catástrofes. Ele deu ao homem um planeta com águas límpidas e matas verdejantes. Será que Deus foi omisso enviando Seu único filho para morrer na cruz pela humanidade? Tempos antes, Deus ordenou a Abraahão que sacrificasse seu filho como prova de fidelidade, mas não permitiu que ele consumasse o ato. Deus fez o mesmo pela humanidade, porém com ato consumado. Jesus carregou nos ombros as dores e culpas dos homens. Será que Deus não sofreu vendo Seu Filho sendo , chicoteado, cuspido, xingado? Sim, mas havia um propósito mais grandioso, a morte de Jesus na cruz como prova de amor maior. Por causa desse ato é que o mundo segue, sobrevive, pois muitas pessoas, infelizmente não todas, seguiram o mandamento maior Dele que é o amor ao próximo. O mundo ainda segue justamente pelo ato de Jesus sofrer na cruz, um ato que evitou a tragédia maior que seria um mundo sem perdão e sem esperança. Ainda que Deus tivesse culpa em todas as tragédias que você citou, o que Jesus fez pela humanidade não seria motivo de agradecimento por parte dos homens? A intolerância do homem para com Deus é do tamanho do amor de Deus pelo homem. Portanto, Deus não é vingativo, é complacente, Ele perdoa o homem todos os dias”. O menino parou de falar, o pai levantou a cabeça. “Filho...”, mas não concluiu a frase ao ver a imagem do menino envolto por uma aura branca fazendo uma silhueta de luz. Repetiu. “Filho...”, ainda sem palavras para concluir, maravilhado com o que via, tocou a mão do menino sobre a mesa e a luz sumiu. Por fim conseguiu concluir. “Filho, onde aprendeu todas essas coisas bonitas que acabou de dizer? Quem lhe ensinou tanta sabedoria?”. O menino respondeu. “Papai, eu não disse nada. Estava apenas brincando de desenhar no meu caderno”. E mostrou o desenho de uma cruz envolta numa aura branca semelhante à que minutos antes contornava seu corpo pequeno. O pai fechou os olhos e compreendeu. “ O espírito de Deus esteve aqui. Deus usou a pureza de uma criança para falar comigo”. Foi até o filho, e depois de abraçá-lo por instantes, saiu andando e o filho perguntou. “Aonde o senhor vai, papai?”. Com olhos brandos, respondeu. “Vou para o meu quarto. Vou ali fazer uma oração. Agradecer a Deus por renovar a esperança em mim”.

terça-feira, 15 de março de 2011

NUM BELO DIA DE 15 DE MARÇO...


Num belo dia de 15 de março
todos se reuniram para um abraço
comemorando a chegada de um menino
diferente, meio franzino.
Já mostrava traços de um beija-flor
no seu peito multicor.
Dizem que demais passarinhos pousaram na janela
que borboletas fizeram uma aquarela
colorindo aos olhos de toda a gente.
Dizem ainda as boas línguas que ocorreu algo diferente
na magia daquele dia
que a primeira palavra do menino
não foi buááá, nem mamãe, nem papai...
foi poesia.
Estava traçado em seu destino.
A poesia nasceu com o menino.

Nota: Mudar sem perder a essência é tão raro quanto belo

sábado, 12 de março de 2011

CARLOS... DEPUTADO FEDERAL?


( imagem fotolog.com )
Ai, ai. Claro que é uma brincadeira. Política é pra quem tem "jeito", e eu sou meio ingênuo para isso. Um beija-flor entre gaviões? Tadinho, não sobra nem as penas. Por outro lado, se eu fosse deputado federal, apresentaria pelo menos três projetos interessantes. Vejam:
1) Tornar a poesia matéria obrigatória nas escolas. Já temos a língua portuguesa, literatura, etc? Sim, só que eu eu falo da poesia especificamente. Não para obrigar as pessoas a serem poetas, claro que não, isso é nato, mas para gostarem de poesia, afinal a poesia torna brando o coração das pessoas. No meu tempo, a poesia era muito forte nas aulas, foi quando conheci Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Lúcia Casassanta, José Lins do Rêgo, José de Alencar, etc. É por isso que falo tanto de professoras porque foi marcante para mim e incentivador no meu prazer de escrever. Ressalvando que sou meio "carpe diem", meio "Sociedade dos poetas mortos", ou seja, a poesia livre, onde a única regra é a liberdade de expressão e criação.
2) Que os grandes comunicadores de tv no Brasil, com sua enorme acessibilidade e facilidade de parcerias com transportadoras, cias aéreas, cias de cerveja e outras empresas tantas, fizessem pelo menos uma vez por ano um grande concurso nacional de poesias. Imaginem um desses, o Faustão, o Gugu, Luciano Huck, Raul Gil, Serginho Groismman, Jô e outros bons, no final do ano, num grande evento, decidisse quem vai publicar um livro de poesias, através de uma editora muito famosa. Já pensaram isso em rede nacional? Visualizem isso. "E agoraaaaaaaa.... o grande vencedor do livro do ano. fulano de taaaaaaal". Seria lindo! Pôxa, tem concurso de tudo. De dança de famosos, de dança infantil, do cara mais feio, de concurso de piadas, de quem come mais hamburger, de karaokê, de imitadores, etc. Menos de poesia. Se as emissoras reclamassem, já que isso é obrigação primeira do governo e o espaço de tv custa caro, que fosse abatido no imposto de renda, essas coisas são dedutíveis do imposto de renda. Portanto, falta boa vontade. No Brasil tudo acontece... e nada acontece. A gente ouve a mesma música há vários anos, só acredita num canal de tv, o locutor esportivo é só um, lê as mesmas poesias, e... blá blá blá. Num exemplo paralelo, vejam o que anda ocorrendo na Líbia e Egito. As pessoas se cansaram dos ditadores e estão tirando-os de lá. Não falo de revolução armada, tenho pavor de guerra, falo de revolução cultural, o Brasil precisa de uma revolução cultural. Certo ministro da cultura, não tem muito tempo, falava a jovens universitários e um deles disse: " O senhor foi vítima da ditadura e se queixava da falta da liberdade de expressão. Hoje o senhor é ministro e não cria possibilidades para os jovens de hoje. O senhor mudou de ideologia ou de cadeira?". Claro que o evento acabou ali. Nâo estou fazendo esse texto com revolta, pois me sinto em estado de graça, porém com certa tristeza, pois sabemos o quanto é difícil publicar um livro nesse país. Vivo nessas utopias sim, é um mundo em que me permito acreditar. Sempre penso que vai haver um boom cultural.
3) O terceiro é meio engraçado... rs rs, ai ai. Que o dia 15 de março fosse feriado nacional, porque é meu aniversaaaaaário. Afinal, um deputado com com projetos tão bons como os citados acima, merece ser eternizado, né?

sexta-feira, 4 de março de 2011

VAMOS BRINCAR?


( imagem tiagabi.wordpress.com- google )
Amor, deixe tudo pra lá, largue esses trecos.
Vamos brincar?
De boneca não... só se eu for o seu boneco.
De casinha, pode ser
porque meu sonho é morar com você.
Esconde, esconde? Não. Senão você some e eu não sei pra aonde.
Amarelinha talvez... eu fico no final esperando e lhe beijo mais uma vez.
Contar estrelas eu gosto,
mas não tem nenhuma linda igual a você, aposto.
Adivinhação?
A gente empata, porque sente
sabe o que o outro tem no coração e na mente.
Ah, gosto de pião... lembra meu mundo que gira por você.
Passar anel? Dou-lhe um com meu nome, no seu dedo quero ver.
Podemos brincar de roda
cantar cai cai balão, mas que você caia na minha mão.
Boca-de-forno, quem me tira? Você.
Tire-me então, me leve.
Prefere romântica? Então vamos de “branca de neve”,
eu vou ser o príncipe encantado
que chega num cavalo enfeitado e desperta você.
Papai-mamãe também é boa, mas tem que ser escondido.
Desculpe, amor, é você quem me deixa assim... tão atrevido.
Vamos brincar de uma coisa qualquer;
para um homem e uma mulher,
qualquer uma é prazerosa
só não quero brincar de uma brincadeira chata...
que quase me mata: “ o cravo brigou com a rosa”.

///////////////////////////////////////////////
Amigos(as), ficarei uns dias fora do blog. Mas não se preocupem, está tudo otimo, é apenas um descanso e não vai haver nada de extravagâncias só porque é carnaval. Quem gosta de folia, boa folia, quem prefere ficar mais descansando, como eu, bom descanso. Um abraço a todos(as). Passarei aqui todos os dias para ver os comentários.

terça-feira, 1 de março de 2011

UM "ROMEU E JULIETA" DIFERENTE


( IMAGEM google )
Mais uma "re-postagem" como prometido à nova amiga de blog Professora Carla Fernanda

Dona Zelina era uma alegre professora de educação artística na 6ª série. Gostava de dizer. “Vocês cansam minha beleza”. Eu gostava muito daquelas aulas coloridas, só que nunca soube desenhar direito. Meus desenhos eram basicamente, uma casinha com chaminé, um riacho, uma nuvenzinha rindo, um sol surgindo por trás dos montes e uma vaquinha pastando. Ela falava. “Você está sendo repetitivo. Crie outro tipo de desenho”. Um dia, de brincadeira, fiz o mesmo desenho, porém com duas vaquinhas. Ela disse. “Não estou vendo nada de diferente”. Retruquei. “Tem sim. Agora tem duas vaquinhas. A fazenda está crescendo”. “Pelo bom humor vou te dar um 7”.
Na semana das crianças, foi organizada uma gincana entre as salas, e teria apresentação de palhaços, teatrinhos, dança, coisas regionais, etc. Nem éramos tão crianças, tínhamos entre treze e dezesseis anos. Eu, quatorze. Tinha um rapaz que deve ter virado artista, pois era muito bom em teatro de bonecos, marionetes, dessas que se fica escondido manipulando e fazendo vozes. Nossa sala seria a última na sexta-feira e depois o encerramento. O rapaz escolheu ROMEU E JULIETA, mas teve um pequeno acidente e não poderia representar. Dona Zelina, endoidou. “E agora, o que faço? Vai ser feio cancelar. Colocar o quê no lugar?”. Vocês não conhecem alguém que saiba fazer? Cenário tão prontinho, vai ser uma pena não ter”. E começou a andar pela sala, mãos nos quadris. Senti certa tristeza em seu olhar e talvez isso me tenha feito dizer uma loucura. “Eu sei quem faz”. Levantou a cabeça. “Quem? Você me apresenta?”. “Eu”. Surpresa, perguntou. “Sabe mesmo, Carlos? Espero que não esteja zombando de mim”. Sei sim, ‘fessora. É só decorar o texto, mudar as vozes. Só preciso treinar a manipulação”. Rita, disse. “Ele deve saber, ‘fessora. Ele não diz que é poeta?”. Dona Zelina veio se aproximando devagar, me olhando. “É verdade. Tem a ver. Tem certeza mesmo que pode salvar a pele da professora mais linda da escola?”. “Deixe comigo, ‘fessora”, piscando para ela. A senhora é linda mesmo. De boniteza nessa escola, só perde pra mim”. Riso geral, com direito a algumas vaias. Apertou minha bochecha. "Conto com você". Passei dois dias decorando, manipulando na frente do espelho, treinando vozes. Não vou negar que fiquei preocupado. Era coisa nova para mim, nunca tinha feito e a escola inteira estaria lá. Felizmente deu tudo certo. Meu teatrinho ficou legal. Só que mudei o final. Pensei. “Dia das crianças terminar em drama? As pessoas vão estar ali para sorrir e não para chorar”. No meu texto, fiz o amor dos dois reconciliando as famílias. Ela veio me parabenizar. “Plagiou Shakespeare legal, hein? Atrevido você”. Balancei o dedo. “Não. É um alternativa de que as coisas podem terminar de outro jeito. Quem sou eu para plagiar um gênio, mas não gosto do final de ROMEU E JULIETA. Prefiro um “ viveram felizes para sempre”. Custava as famílias fazerem as pazes e deixarem o casal namorar? Então o ódio venceu?”. Ela ponderou. “Mas foi esse toque de tragédia que fez a obra ficar famosa”. “Eu sei. A maior obra literária de todos os tempos... é um tragédia.”. Ela riu e aconselhou. “Cuidado com esse mundo que você visualiza dentro de você. Pode se decepcionar”. “Fique tranquila. Eu manipulo esse mundo melhor do que fiz com as marionetes”. Finalizou. “Não vou discutir com meu geniozinho. Importa é que ficou muito bom”.
No ano seguinte, eu iria para o turno da noite. No fim do ano, saindo no portão, ela me chamou. “Vai embora assim, sem dar um abraço?”. “Desculpe. Não gosto de despedidas.”. Segurando meu rosto, fixando nos meus olhos, falou. “Não tive a felicidade de ter um filho rapaz. Tenho três moças que amo. Mas se tivesse um filho rapaz e eu pudesse escolher, ele seria você. Pode ter certeza que você é sim, o mais lindo da escola”. Abaixei a cabeça, tímido. Com muito custo consegui falar. “Mas a senhora também é pessoa boa”. “Sou nada, sou uma velha chata. Ser bom não é para qualquer um. Seja sempre esse rapaz reto, conciliador, culto, interessado pelas pessoas que você vai ser muito feliz. Levantou meu queixo pedindo. “Dá um sorriso pra mim”. Tentei... mas não consegui. Abraçamo-nos demoradamente. Sua última frase antesde eu ir foi. “Você não precisa aprender a desenhar. Você já é uma pintura. Deus te abençoe sempre”.