ESCREVER É DIVINO!
CAMINHOS DE UM POETA
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
MAIS UMA DE FÉ
Este não é um conto comum. É uma história verdadeira, assim como todas as outras que narro aqui. Evidentemente, em algumas ponho um tom poético, em outras, humor. Algumas são românticas, outras tristes. E umas confusas também. Mas o conteúdo central é sempre verdadeiro. Tive uma infância muito gostosa apesar de dificuldades financeiras e ter sido muito doente. Já nasci com um tal sarampo preto que quase me matou ainda bebê. Depois uma pneumonia. E depois uma desinteria crônica implacável que me maltratou por quase dois anos. Mas aí é que está: tirar das situações ruins, sempre algo de bom. Acabei crescendo assim.
Quando meninote, não me lembro a idade certa, mas sei que era muito novinho, eu tinha muitos pesadelos. Era sapo gigante com boca enorme correndo atrás de mim. Corujas e morcegos voando pra me pegar. Mãos cabeludas aparecendo sobre a cabeceira da cama. Eu corria pro quarto de minha mãe. “Mãe, mãe, tem sapo lá”. Às vezes, ela deixava eu dormir na cama dela e de meu pai. Às vezes, ele não deixava, até que estava certo. Tive uma fase tão aguda de pesadelos, que ela arrumou um colchãozinho perto da cama dela. Incrível como a presença da mãe afasta qualquer monstro. Meu pai falava: “Esse menino está é com lombriga”. E me tacava um remédio fedorento e amargo, chamado lombrigueiro. Quando tinha jeito, eu fingia que tomava e colocava dentro dos buracos do muro. De vez em quando via uma formiga carregando. Eu morria de medo dele ver a formiga. Ficava torcendo pra ela passar rápido, porque matar, eu não tinha coragem.
Houve uma noite em que minha mãe me convenceu a dormir em meu quarto. Noite quente. Não tinha ventilador. Janela fechada, claro, por causa do medo. Porta aberta pra eu poder correr de noite na hora dos sapos.
Tenho quase certeza de que ainda não estava dormindo. Eu custava a fechar os olhos porque o pavor não deixava. De repente senti um frio. Um frio gostoso, saudável. E notei um facho de luz chegando. Parecia os contornos do corpo de alguém. Só que não tive medo. Estava deitado de lado e assim fiquei, só olhando. A imagem foi se definindo. Era uma mulher branquinha, muito bonita, de vestido longo, branco, arrastando no chão. Em volta de seu corpo, uma aura, uma luz misturada de amarelo e branco. Tinha um semblante de paz, angelical. Ela se aproximou de minha cama e sentou-se. Passou a mão em meu rosto algumas vezes. Depois na minha cabeça... e disse com voz branda. “Reze,Carlos. Reze muito”. E foi se afastando... até sumir na porta. E dormi.
No outro dia, minha mãe estava no fogão, cheguei perto dela e disse. “Mãe, eu tive um sonho”. Ela ocupadíssima, queimando os dedos disse. “Ai,ai, meu Deus. Lá vem você com seus sonhos”. Eu falei. “Não, mãe.Não foi sonho ruim. Foi sonho bom”. Ela parou um pouco pensando e respondeu. “Deixa eu desligar isso aqui senão queima tudo”. Desligou o que precisava, sentou numa cadeira do lado do fogão. Fiquei em pé, com as mãos nos joelhos dela e comecei a contar. “Mãe, ontem à noite, antes de eu dormir, uma mulher branca, bonita, cheia de luz em volta, apareceu perto de minha cama, colocou a mão na minha cabeça e me mandou rezar sempre”.
Minha mãe emocionada, chorou e me abraçou. “Oh, meu filho. Você é um menino abençoado. Foi a Virgem Maria que apareceu pra você. Eu pedi a ela pra tirar esses sonhos ruins de você porque não temos condições de tratamento. Por que não pensei nisso antes? Venha cá. Ponha as mãozinhas assim, juntas e reze comigo. E me ensinou o Pai Nosso e Ave Maria. Minha mãe ainda disse. “A gente precisa ser digno dela”. Nunca mais tive aqueles pesadelos.
Uns dias depois fui até a porta do quarto dela e disse. “Boa noite, mãe. Boa noite, pai. Durmam com Deus e a Virgem Maria. Viu pai, como não era lombriga?” Meu pai não entendeu muito, também já estava quase dormindo. Minha mãe sorriu.
Não sei se fui ou se estou sendo digno dela, mas a fé que minha mãe passou a mim, tão garotinho, foi muito importante.
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6 comentários:
Interessante.Gostei.
Abraços d´ASSIMETRIA
DO PERFEITO
LISBOA = PORTUGAL
Olá Carlos!
Aterrei aqui de para quedas – e gostei. Bom blogue, sim senhores, o teu. Interessante, bem arrumado, bem escrito. Se quiseres saber quem eu sou, visita o meu blogue, sff. Tudo o que lá está a meu respeito é a pu…ra verdadíssima. Hahahaha!
A sério: sou jornalista, por exemplo fui Chefe da Redacção do mais importante jornal portuga, o Diário de Notícias. E desde o ano passado, dizem… que sou escritor. Publiquei o «Morte na Picada», livro de contos sobre a guerra colonial em Angola (1966/68) em que, infelizmente participei. Maluqueiras dum «ancião» de 67 primaveras…
Entretanto, se quiseres, atenta cuidadosamente no que está a… seguir. Obrigadérrimo
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O meu blogue:
www.aminhatravessadoferreira.blogspot.com
O meu imeile ou imilio (primorosas criações cá do rapaz):
hantferreira@gmail.com
Espero por ti
Podes escrever em Português, Español, English, Français ou Italiano, keu falo e escrevo. E até uns bitaites de Deutsch que compreendo bem e escrevo umas coisas, bem como umas pouquíssimas frases de Roman.
ATENÇÃO, MUITA ATENÇÃO:
Se alguém dentre os destinatários já foi convidado ou se já se inscreveu, mil perdões. E todos os que costumam visitar este teu blogue também o podem (e devem…) fazer. Ahahahah
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Este é um texto tipo. Com algumas alterações, obviamente. De outra forma, não conseguiria chegar a todos. Peço-vos que compreendam e me desculpem. Não tenho (ainda) o dom da ubiquidade…
Qjs ou Abs – conforme a/o destinatária/o
Parabens pelo blog e pelos textos, são ótimo, obigado tambem pela visita, abraços e fique bem!
Mira-te pelo calendário da flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase não resistência de pluma,
Abraça o momento,
Te apruma,
Tome por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.
(Fernando Campanella)
um abraço
Quero um bosque de eucaliptos
Perfumando a brisa
Forrando tudo com folhagem macia
Um pomar e um riacho
Uma rede estendida
Para poder,
Ao sussurro das árvores,
Ao canto das águas,
Com o aroma da natureza,
Escrever um poema de amor!
(autor desconhecido)
Obrigado pela visita...
Abraços
Carlos
ora aqui está um relato da infância com tanto carinho e emoção, parabéns.
Mantenha a sua fé,só isso nos mantêm á tona.
Um abraço de alma
Salamandra
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