ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

SEMANA DO APOCALIPSE- ERA UM DIA COMO OUTRO QUALQUER


( imagem revistagames- google )
Era um dia como outro qualquer. Tudo estava no seu lugar. O asfalto, as árvores. Ainda dava para ver alguns passarinhos e borboletas no ar, apesar da fumaça. As pessoas cumpriam a rotina, andando para lá e para cá, em busca de não sei o quê. Buzinas e vozes se confundiam. Carrões e mendigos se distinguiam. O luxo e o lixo dividindo a mesma calçada. Nas lojas, liquidações. Nas ruas, a vida também parecia não valer muito. De um lado um arranha-céu imponente zombava do barraco do outro lado na favela quase tão alto quanto o edifício. Shopping center lotado. Os botecos também. Num só cenário, o trem e o avião. Gente chegando, gente partindo. Gente chorando, gente sorrindo. Gente amando, gente sozinha. O seguro que garante o carrão do doutor, o gás que acaba na hora do almoço preocupando a dona de casa que espera o seu amor. Rimei sem querer. Mania de poeta ou intuição sei lá. Tudo isso colorindo e compondo uma selva de concreto, uma selva de contrastes. Uma selva de um animal frio e estranho chamado homo sapiens. É... a lei da selva é dura. Quem tem a boca maior engole o outro. E domingo vão à igreja rezar. No fim do ano trocam até presentes.
De repente, um rapaz, magro, claro, cabelos enrolados (qualquer semelhança com o autor é mera coincidência), se destacou naquela mesmice selvagem, subindo num pequeno palanque que improvisara. Trajava roupas simples, palavras simples também... e ideias estranhas. Tinha nas mãos um megafone e no peito uma vontade de gritar. Nos olhos parecia carregar um sonho, um brilho diferente. Chamou a todos de irmãos, pedindo atenção aos transeuntes, conseguindo aos poucos reunir um grupo de curiosos à sua volta. E falou muito. Forte e alto. Falou da igualdade entre os homens tão lindamente estabelecida por uma tal de ONU e tão tristemente esquecida pela mesma. Lembrou Luther King e Gandhi. Mas lembrou Hitler também. Citou os heróis como Tiradentes e os covardes também. Mas frisou, não precisamos mais de heróis, precisamos apenas que cada um faça a sua parte. Mandou ver as coisas simples, onde habitam Deus e a felicidade. Mirar o sol, as estrelas, o ar e sentir DEUS. Pediu respeito às crianças. Mandou desligar somente por um dia as antenas parabólicas e ligar as antenas do coração, da sensibilidade. Que as peles são diferentes, mas todo sangue é vermelho. Que pessoas nasceram para brilhar e que o mendigo deitado na esquina é apenas um sintoma de que a sociedade faliu, perdeu para si mesma. Que a paz precisa sair dos slogans e ir direto pro coração, célula-mãe de toda uma sociedade. Que o segredo está no domínio do ego. Falou que a guerra é uma burrice e quem pensa ter vencido também fracassou. Não há paz real se não for geral. E falou, falou e falou... mais e mais. Até ficar rouco.
E tudo permaneceu no seu lugar. O asfalto, as árvores. Os carrões e os mendigos. O shopping estava intacto. O barraco talvez não, porque o barraco morre um pouco a cada dia. Enfim, pessoas "rotinando", postulando, rotulando, maculando, maquinando. Tudo igual.
Ele???
Meia hora depois, estava numa camisa de força, trancado num hospicio.
Acharam mais fácil.

NOTA: A narrativa é fictícia, mas a intenção é real. ( Agosto de 1986. Um menino que não sabia nem de si mesmo, metido a querer mudar o mundo. Felizmente ele caiu na real e não acabou em nenhuma camisa de força)

14 comentários:

Everson Russo disse...

Muito interessante a parte de desligar as parabolicas e ligar as antenas do coração,,,na realidade esse apocalipse de vida está dentro de nós,,,ficamos aqui parados esperando pelo fim, mas enquanto isso, com tudo que fazemos ao planeta, ao nosso semelhante, aos nossos sentimentos e coração, ao amor,,,estamos nada mais do que construindo o apocalipse, essa divisão louca de amor e odio, do egoismo do ser humano e da busca intensa por coisas materiais....o verdadeiro apocalipse talvez seja o fim de uma coisa pra o inicio de uma vida real e eterna,,,esse qeu nós construimos só tem o fim,,,,abraços de bom dia pra ti amigo,,,,

Majoli disse...

Oi Carlos, tenho vindo te ler, sempre...mas ando sem graça de deixar comentário...mas quero que saibas que mesmo se eu não disser nada, estarei sempre aqui a te ler.

Beijos com carinho, gosto muito do seu jeito de escrever, fico sempre encantada, seja em forma de poesia ou de textos.

Fique com Deus.

Sandra Gonçalves disse...

Podem nos arrancar a esperança, mas nunca o nosso sonho...
Maravilhoso texto.
Como todos que escreve.
Porque em cada um de seus escritos tem um pouco de todos nós.
Bjos achocolatados

Edna Lima disse...

Bom demais! Como diz seu amigo Everson " Desligar as parabólicas e ligar as antenas do coração."
Um dia bem quentinho pra vc.
Grande bj conterrâneo. Edna

Unknown disse...

Amigo são os paralelos da vida, que cada dia nos vão deixando mais apreensivos.
Uns com tanto outros sem nada ou muito pouco mesmo.
Beijinhos de luz e paz

Sandra Mara disse...

Oi meu amigo, depois de mts meses afastada finalmente retornei...
Estava com saudade desse cantinho q tanto adoro vir me aconchegar, lendo suas histórias q me faz um bem enorme...
Ufaaa, voltei e estou mto feliz, viu?
Uma dia iluminado e abençoado para vc. Bjs e até já já!!

Unknown disse...

A vida de muitos vão ainda parar em camisa de forças...
Abraço.

Otelice disse...

Olá Carlos!
Vim retribuir-lhe a visita e desejar-te um final de semana cheio de alegrias.
Bjs no coração.

Wanderley Elian Lima disse...

É sempre assim, todo aquele que nada contra a corrente, é considerado um estranho no ninho, um marginal, e como tal é tratado.
Grande abraço

AFRICA EM POESIA disse...

CARLOS

Gente nasceu para ser mesmo Gente
e nós...SOMOS.

No teu coração


Um beijo

Bloggirls disse...

É amigo,aceitar o mundo como ele é nos dá uma sensação de impotência e que tudo é em vão,então as vezes calar não é o melhor. Falar o que pensa com a intensão correta sempre atinge alguns poucos que podem ouvir e se juntar a um ideal,fazer algo pra mudar o que não está bom. Muito lindo seu texto
Montão de bjs e abraços
Elaine Barnes

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Carlos,
Os revolucionários de coração e alma são pouco compreendidos.
Na alma cabem promessas e amores, delirios e paiões. Ou o silencio.

O que vale é manter acesa a mansa loucura. Aquela marginalizada, mas nunca banalizada.

Beijo grande :)

Porque morrem as palavras? disse...

Olá Carlos,
Obrigado por ter passado no meu jardim.
Na minha ilha, não é bom cidadão quem não gosta de flores!
É umtraço cultural muito importante este apêgo às flores.
Todos os anos celebra-se a chegada da Primavera com a FESTA DA FLOR.
http://www.madeira-web.com/PagesP/flower-festival.php

JORDAS disse...

Carlos é muito interessante o seu poste, até porque se pode meter o corpo em uma camisa de forças, mas jamais o coração.
Um bom fim de semana.