ESCREVER É DIVINO!
CAMINHOS DE UM POETA
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
UMA SEMANA DE CRIANCICE- "NÃO HÁ VAGAS" e "AQUELA RUA"
Hoje vou ter que copiar meu amigo Everson, colocando dose dupla. É que vou viajar no feriado,passear por aquelas ruas, que consegui trazer até vocês. Os coleguinhas já cresceram, mas eu vou lá assim mesmo.Sendo assim nãodevo postar nada no domingo e segunda. Mas comentem por favor,pois leio todos com alegria de menino.
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NÃO HÁ VAGAS
Particularmente não gostei muito da reforma ortográfica. Acho que ela beneficia quem não gosta de estudar. Estudei num tempo em que mesmo nas provas de matemática, se a gente escrevia errado, a professora tirava meio ponto. Isso forçava o aluno a procurar escrever de forma correta. E eu nunca fui cdf, pelo contrário, era mediano, nota 7, quando muito 7,5, mas com o português, fui sim, dedicado. Peguei o hábito de consultar o dicionário e o faço até hoje. Não acho vergonha nenhuma. Tenho certeza que até os grandes mestres faziam isso.Cresci sabendo quem eram Castro Alves, Olavo Bilac, Drummond, Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Casimiro de Abreu, Guimarães Rosa, Lúcia Casassanta, Eça de Queiroz, Stanislaw Pontepreta, José de Alencar e outros tantos, porque éramos induzidos à pesquisa e à leitura. Hoje não vejo essa preocupação nas escolas.Até vemos professores abnegados, mas o sistema não. Algumas mudanças até acho que não alteram muito, como o fim do trema, por exemplo. Mas outras, como extinguir acento de “vôo”, “vêem”, ou de “pára”, do verbo parar , é simplesmente ajudar os acomodados. Que profissionais estaremos formando? Não se trata apenas de escrever correto dentro do novo padrão, mas de induzir, de forçar à pesquisa, ao raciocínio. A língua de um país é um patrimônio a ser respeitado ao nível da própria bandeira. Por outro lado sei também que quem fez as mudanças tem intelecto e competência para isso, são catedráticos, estou apenas dando minha modesta opinião.
Escrevendo isso acabei me lembrando de uma pequena peraltice que fiz na sexta série. Peraltice do bem. Por coincidência, a professora naquela semana havia batido muito na tecla, sobre a letra H, no verbo haver. Ainda frisava brincando, “não confundam com expressão ‘a ver’, porque não tem nada a ver ”. Assim acabou ficando fixo na minha cuquinha. Eu e mais dois amiguinhos voltando da escola, avistamos na porta do escritório de uma grande empresa, multinacional mesmo, o seguinte aviso bem grande: NÃO Á VAGAS. Meu colega perguntou se estava errado. Falei. “Claro que está. Me empresta canetinha vermelha”. Escrevi bem grande debaixo do aviso. “NEM PARA UM “H”? O guarda da empresa viu e correu atrás de nós. Minhas pernas que eram magras correram demais. Ficamos à meia distância, provocando-o na certeza de que não nos pegaria. Jamais conseguiria, era gordo demais. Só restou a ele ficar esbravejando: “Seus pestes. E não voltem aqui para atrapalhar”. Eu respondi: “Atrapalhar? Estamos é ajudando essa empresa que não sabe nem escrever”. E gritei. “Ôôôô vergonhaaaaa!”. E saímos correndo porque ele vinha de novo. Daí uns dias passamos lá em frente, de olho no guarda, claro, e o aviso estava lá, mas modificado como deve ser no bom português: NÃO HÁ VAGAS.
Contamos para professora, Dona Janice, ela riu muito e nos parabenizou. “Vocês prestaram um grande serviço à língua portuguesa. Estou orgulhosa de vocês. Continuem vigiando”. Com certeza, algum grandalhão da empresa, leu, deve ter achado engraçado também e mandou consertar. No fundo me senti um pouco orgulhoso, sabendo que “colaborei com a língua do meu país”.
Vez em quando, quando vejo em grandes jornais impressos ou mesmo na internet algum erro grave, vou no “fale conosco” e mando email informando do erro. O bacana é que eles reconhecem e agradecem. Não fico fixado nisso, mas alguns são gritantes e o próprio computador tem correção ortográfica. Então escreve errado quem quer.
Alô, Dona Janice: Continuo vigiando, mas infelizmente no Brasil ainda NÃO HÁ VAGAS para a cultura.
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AQUELA RUA
Nunca mais aquela rua
de jogo de bola na esquina,
de botões na calçada,
de onde a garotada olhava as meninas,
respeitava as senhoras,cumprimentava os senhores.
Passavam peões e doutores,mas,a rua era só nossa
a gritaria misturava noite e dia.
Nunca mais aquela rua de onde se ouvia o sino da igreja,
respeitando o senhor tempo.
Só que o tempo para o menino não é nada;
ele faz dele o que quer,
como faz com a bola no pé.
As mães,penteando os cabelos da meninada,
preparando o almoço,preparando para a escola,preparando para a vida.
Ah!O tempo...
o tempo é covarde, e às vezes arde a vontade de voltar,
mas,o tempo não é mais como a bola
que se faz o que quer com ela no pé.
É o senhor tempo!
Vez em quando volto lá.A rua ainda está lá...
mas,não é mais "aquela " rua.
Nota: Saudades da “ Vital Brasil “... aquela rua
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30 comentários:
Nossa...mas que lindo!
E o tempo é o senhor da razão!...
É o SENHOR tempo...
Por isto devemos VIVER intensamente cada dia desta vida!...
Beijos e lindo feriado, menino-homem!
Biazinha
Carlos
Onde fica essa rua bonita?
Concordo com você, não tenho a menor vergonha de consultar o dicionário, pois só assim fixamos aquilo que antes era só uma dúvida. Só não consigo rever o que escrevo nos Blogs porque sempre faço correndo em alguns minutos que consigo durante o dia para escrever aos amigos.
Bom retorno a sua rua, isso sempre nos faz bem.
Abraços
Para você também,menina Bia.Beijos
Verdade,Gilson. Quando vou à cidade ando dia todo, me encontro com um monte de gente. Super legal.Um abraço
Que bom ler essas coisas amigo. Eu ainda me atrapalho com algumas palavras e o word me ajuda sim. Creio que ainda acentuo errado,mas,com o tempo vou aprendendo. Escrevi no início do blog sobre a minha rua e voltei lá faz um mes. As pessoas continuam as mesmas,porém, a molecada cresceu. Fiquei lá olhando a vila e me lembrando das minhas filhas pequenas, nas brincadeiras que eu fazia com a criançada. Teatro,festinhas, quadrilha...Tempo bom demais! Você me faz recordar coisas boas que guardo no coração. Obrigada! bjão
Você é uma bela amiga, Elaine. Como sempre muito atenciosa.Obrigado por vir aqui dividir isso comigo.bjs
Não sei qual post é o melhor. Aliás você é o melhor. Boa viagem .
Abração
AMIGO...
Que seja belo seu dia,
e doce tua vida
Que nela encontre todas as
coisas bonitas desta vida.
Que o amor faça morada
perene em seu coração...
Que o amor lhe ampare,
fortaleça e aqueça...
Que o amor ilumine sempre a sua vida...
Que o amor seja o seu doce cantar.
Que o amor lhe seja eterno.
Paz, Luz e muito AMOR!
ADOREI ESSA RUA ENCANTADA!
Obrigado,Carla.Tem que ser com amor sim.Pra fazer valer a pena.Desejo o mesmo.bjs
Obrigado, exagerado amigo Wanderley.Obrigado por compartilhar esses momentos. Tenho mais. Um abraço
Bom, vamos por etapas, já que voce me copiou...rs...rs...rs..rs...Quanto a reforma ortografica, eu concordo contigo, não vejo muita utilidade, fica aquela pergunta, e o que nós aprendemos então não valeu de nada né? E penso ser isso muito perigoso, logico que o que vou dizer é uma bobeira, mas sei lá se pega, já pensou nesse mundo globalizado e informatizado, onde concordo contigo, muita gente erra o Haver verbo, o a ver...rs..rs...vejo muito isso por ai, e outras coisinhas, tipo, o delicioso e sonoro "menas"...rs..rs..rs...mas o que me preocupa na verdade, se pegar essa de reforma, já pensou daqui algum tempo o pessoal cai na onda do dialeto internetico? vc,tb e outras perolas, vou te falar a verdade, tenho uma sobrinha mais nova que é super formada em msn...rs...rs...rs...e quando converso com ela pelo tal, muitas vezes tenho que perguntar de onde é o idioma...rs...rs...rs...mas enfim, não vejo muita utilidade na reforma, ela pode ser perigosa pra nós que estudamos e pior pra quem nao gosta muito de estudar.
E pulando pro segundo comentario, ai o tempo, ele é implacavel na vida da gente, nos cobra cada segundo de pensamento, de vivencia, de estar bem, quando a gente menos espera, ele nos escorre pelas mãos e aquela rua citada, já não é mais a mesma, não tem mais aquele romantismo de antes, não tem mais aquela magia, aquele respeito e só fica a saudade...mas é isso, vida que passa, fila que anda...
p.s. não vai nos deixar sem posts,,,please....não é possivel que pra onde voce vai nao tenha uma lan, ou um wireless...rs...rs...rs...rs...forte abraço amigo, uma bela quinta feira pra ti...aqui chooove...uma delicia....
Carlos
Muito obrigada pela visita e comentários no Asas Róseas. Já era sua seguidora sem comentar, no entanto, hoje com um pouquinho mais de tempo, pude ler alguns de seus posts.Parabéns pela escrita sublime e por se manter vigilante de nossa lingua portuguesa.
Seu poema é maravilhoso, saudosista, confirma a velha frase, Recordar é viver.
Um abraço
Rose
Sinto-me tão em casa por aqui
carinho
Ah com reforma ou sem ela vivo errando mesmo rs
beijocas com carinho
De
Carlos Soares.
Obrigada
tentei transmitir
um pouco do meu pensamento
Para ti...
um beijo
..................
Carlos
Aquela rua... não é mais a mesma...
aguardo... Eu fico com pena
A minha rua ficou lá...
longe...
muito longe...
sair deixar tudo .e...nunca mais voltar...
apenas posso deixar...
PARTIDA DO NEGAGE Agosto 75
Manhã de cacimbo…
Manhã de lágrimas…
Manhã de sofrimento…
E o sair de casa…
Com a família…
Rumo a Luanda…
E seguir para Nova Lisboa..
Despedida, para uma semana…
Mas a sensação da perda…
E com lágrimas…
Sem destino…
Despedíamo-nos…
Da família e vizinhos…
Família Martins e Canedo…
Despedida com a sensação.
De que íamos…
Para a morte…
A casa ficou montada…
Os pais ficaram lá…
O avião levantou voo
E ao sobrevoar
A minha terra…
E o que era meu…
Os meus sonhos…
E o meu coração…
Os meus olhos… olharam…
E compulsivamente choraram…
E em pranto…
Com as filhas …
Agarradas a mim
O meu pensamento…
Voou…
E ficou apenas a pergunta…
Será que vou voltar?
E fui…
E corri…
E sofri…
E… nunca mais…Voltei…
Lili Laranjo
Amigo Carlos.
Completamente de acordo com tudo o que diz neste "NÃO HÁ VAGAS"!
O novo acordo apela à preguiça intelectual...
Aconteceu-me o mesmo nas provas de matemática! (curioso!). Subi na matemática e passei sempre folgado, algumas vezes nesse tal quadro de honra, porque sabia bem o português.
Meu velho, e bom, professor de matemática, ainda nos primeiros anos de estudo, me disse um dia: "se não perceberes o que aí está escrito não vais resolver o problema". Sábias palavras...
Só uma corrigenda - o português não é só língua do seu país, ou do meu. Ela é, hoje, uma língua do mundo...
Um abraço, xará
Concordo, xará. O Brasil é a bola da vez no planeta.Falta melhorar algumas coisas mesmo como educação e saúde por exemplo, as 500 anos de atraso não se tira em 10,12 anos.mas já é um bom começo. Um abraço
Você sempre transmite muto bem seu pensamento,Lili.beijos
Pode entrar, Denise,sempre que quiser. A casa é nossa.Obrigado,beijos
Obrigadop,Rosemari. Seu "Asas ,é ótimo. Faço o que posso. Obrigado pelo carinho.beijos
Atendendo a milhares de pedidos rs rs, vou dar um jeito sim, Everson ,de postar alguma coisa lá. Disse que talvez não postaria,porque pra falar a verdade,quase não fico parado.Graças a Deus, o pessoal não deixa,ando quase dia todo,vendo um e outro. Sobre conversas na net eu também me perco nesse novo dialeto mundial.Isso não é bom,mas não adianta ficar pensando nisso também. Sobre a reforma, como você disse, a gente passou juventude toda tentando aprender a chata da crase e o nojento do hífen e não demora acabr tudo. O pior, vamos ter que andar de ré agora,ou seja aprender exatamente o contrário.pra juventude atual,embora parece cômodo, não é bom esse comodismo oficializado pelo ministério da cultura. Eu sou a favor do raciocínio, da pesquisa. Isso peguei de meu pai,coitado, que tinha pouca escola, mas sabia de tudo, porque vivia com livros na mão, além do dicionário. Além de ser um exímio datilógrafo. Ele dizia: "Dicionário não é o pai dus burros,como se diz por aí. É o pai dos inteligentes.Burro é quem não sabe e não pesquisa. Um abraço, amigo
Poetinha mais travesso..rsrrs
Adorei sua ousadia.
Ainda hoje nos falta tal coragem não apenas em relaçao a gramática mas em situações semelhantes. Deviamos ser invadidos pela indignação frente aos erros da vida e estar dispostos a corrigir seja quem fosse,mas sempre com muito bom humor, igual a esse menininho-grande..rsrrs
bjos
Pois é,Sandra. A professora elogiou minha criatividade, com não há vagas " nem um para um H?". Sem querer misturei peraltice com indignação, mas foi por uma boa causa, né.beijos e obrigado pelo menininho-grande. bjs
Há minha rua!!!!! Será que ainda existe?
E não é que acabei meu curso? E passei! Agora é só praticar. Bom feriado e volte com lindos posts. Grande bj conterrâneo. Enda
Hahahahaha, criança é mesmo um bichinho criativo... "nem para o "h" foi ótimo. Foi melhor do que simplesmente ter corrigido...
Você anda mesmo inspirado com essa época, hein, Carlos. E haja lembrança!
Confesso que não me recos]rdo de muita coisa, ou talvez não me esforce pra isso.
Adorei a poesia retroativa a um tempo feliz por demais.
Beijos e bom feriado!
Luciana.Você disse tudo. Fico mesmo assim nessas datas. Que bom que as pessoas estão me conhecendo.Talvez essa seja minha maior intenção:passar um pouco de mim.Sei que às vezes, passo um pouco demais, mas no fundo eu gosto.Obrigado pelo carinho.Beijos
Obrigado pela visita
e por fazer parte dos meus amigos.
Os amigos marcam,
a andar,
o ritmo do Universo,
compasso vivo
que marca o tempo
e o andamento
do amor...
Beijinho
Com o poema "aquela rua"
Que li e muito gostei
Fez-me lembrar a canção
Que muitas vezes cantei
"Se essa , se essa rua fosse minha...
Eu mandava , eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas miudinhas
Para o meu, para o meu amor passar..."
Abraço
Áurea
Obrigado,Áurea, ssim já me ganhou.beijão e venha mais.Muito mais
Ah. Carlos,
concordo pelanamente com você.. nãohá necessidade nenhuma nessa correção ortográfica. Com tantas coisas boas que precisa ser pensada, vão mexer no que não precisa. Concordo que cada lingua seja patrimônio de um país e deve ser mantida. Para quem está começando a ser alfabetizado agora tudo bem, vão aprender modificado, mas nós que já aprendemos ( eu ainda aprendo), ficou bem difícil. Eu admito que não tenho um português perfeito, porém, procuro fazer o meu melhor. Sabe, muitos anos fora do brasil e usando muito pouco o português, as vezes me pego escrevendo cada absurdo, mas procuro manter o que aprendi e faço o que posso.
Quanto ao poema, muito bonito viu!!! ruas nunca serão as mesmas... a minha era de terra vermelha...mudei, quando voltei era de pedras, hoje é de asfalto, as pessoas não são as mesmas... tudo muda e fica diferente, porém, as nossas lembranças não mudam...permanecem e eu prefiro lembrar da minha rua quando ela era ainda de terra vermelha. Eu fui feliz quando assim era.
Bjs e bom feriado e descansa tá?
Ah.. tem promoção de um ano do meu blog...vai lá e convida a sua amada Anita... eu vou ficar muito feliz...
Marcia
Tá bom,Márcia.Vou sim. Obrigado por tudo.beijos
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