ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SEMANA DOS PAIS- MEU PAI


( imagem belasmensagens.com.br )
ESSE TEXTO É UMA REPETIÇÃO
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Nunca falei muito de meu pai em meus escritos. Deve ser porque convivemos pouco. Quando faleceu, eu era muito novo. Morreu com sessenta e três anos. Mas o pouco que vivi vale ser lembrado. Sim, desde criança vivi tudo intensamente.Tenho uma memória afetiva incrível, sempre guardei tudo que vivi e ouvi. São tijolos na construção do meu ser. Acho que herdei algumas influências dele. A poesia, por exemplo. Ele gostava de fazer umas trovinhas e comprava muita literatura de cordel. Era pai à moda antiga, mas não posso me queixar, comigo não era. Pelo contrário, orgulhava-se de mim perante os amigos que reunia para beber, comer e tocar sanfona e violão. O fiel cachorro chamado ‘Famoso’, debaixo do sofá. Se gabava. “Ihhh, esse menino já lê qualquer coisa. Sabe rezar Pai Nosso e Ave Maria sozinho”. Mas isso não era o mais engraçado. Me colocava em sua perna esquerda, a sanfona na direita, e dizia. “Canta aquela do Roberto Carlos”. E eu cantava. “Eu te amo... eu te amo... eu te amo. uou uou uou uou”. Eu ainda punha os dedos apertando o nariz pra ficar fanhoso tentando fazer a voz do Roberto que tem o som bem nasal. Os amigos, e ele ainda mais, riam. Aquele cenário ficou na minha retina e no meu coração. E ele simplesmente detestava Roberto Carlos. Claro, porque gostava da música caipira de raiz. Outra influência sobre mim, pois fui lendo essas canções e fui vendo verdadeiras poesias, obras primas mesmo. Mas com tendência muito maior para o rock que era muito forte. Quando morreu, não tive de imediato a ideia exata do que era a perda. Uma semana após o sepultamento, andei a casa toda procurando por ele instintivamente. Não ouvi mais o estalar de chinelos pelo corredor. Vi a sanfona vermelha esquecida no canto do quarto. Na cama de minha mãe tinha apenas um travesseiro. Assim entendi, porque Famoso durante o velório uivou a noite toda. Ele estava chorando. A radiola, minha mãe só andou ligando para ouvir a missa aos domingos. Ninguém mais ligou a VOZ DO BRASIL, que minhas irmãs diziam que era chato demais. Eu não me importava, ora, se era o gosto dele. Além do mais, era a certeza que ele estava ali, em casa. Era muito seguro sentir a presença de um pai. Com o correr das semanas, é que fui sentindo sua falta, fui percebendo o vazio, pois aquele momento de sentar na perna e poder agradá-lo me fazia bem também. Eu ia à sala, olhava o sofá e procurava aqueles tantos chapéus que os amigos penduravam numa espécie de cabide no canto. Não ouvia mais as gargalhadas de quando eu cantava. Eu gostava do Roberto Carlos, mas não daquela música, achava chata, repetitiva, era mais pela festa mesmo. Famoso nunca mais foi o mesmo. Ficava deitado na porta como se estivesse esperando a volta de alguém. Também já era velho e morreu não muito depois. Acho que se cansou de esperar. Um novo cenário se desenhava para mim... e meu pai não estava nele. Os anos passam e é da natureza humana, aceitar, se acostumar, inclusive com a morte, o mistério mais claro dessa vida. Entre tropeços e vitórias cheguei até aqui, mas gostaria muito de ter crescido ao lado dele. É muito difícil crescer sem um pai. Quem já cresceu e ainda tem o seu, cuide dele. Seja tolerante. Respeite seus cabelos brancos. Não ria de seus erros de português, foi graças a ele que você aprendeu a ler. Tenha paciência com suas pernas lentas. Elas já correram muito por você. Obrigado, meu pai. As coisas boas que sei, herdei de você. Valorizar as coisas na mão, não lamentar as perdidas. Chorar se preciso, mas levantar a cabeça. Ser humilde, não humilhado. Brincar, mas ter responsabilidade. Respeitar os mais velhos. As coisas ruins peguei do mundo mesmo. Continuo gostando de rock, mas ainda me encanto ouvindo uma sanfona bem tocada e quando estou numa roda de viola, peço para tocar as suas caipiras. E as pessoas acham incrível como eu sei todas.

21 comentários:

Unknown disse...

Oi Carlos!

Lindas lembranças, fiquei emocionada! Até vi a sanfona no canto!

Beijos
Lia

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Oi,Lia. Obrigado,amiga. Beijos

Aleatoriamente disse...

Que delicia de texto!
Gosto de ler sobre esse sentimento nobre que une duas pessoas além do elo de sangue.
Teu contar é enternecedor.
Agradeço, porque para mim é um presente ler o amor em exposição.
Um abraço.

Fernanda!

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Carlos
Toda parte lúdica de minha infância está ligada ao meu pai. Era ele sempre que nos levava aos passeios, as brincadeiras e as festas. Tive mais sorte que vc, pois ele morreu com 80 anos, mas até hoje sua presença é marcante em nossa vida.
Abração

Edna Lima disse...

Uma semana de intensas saudades. Grande bj. Edna.

Vida*** disse...

Ser Presente ...Sem estar Presente!!(Paz,Luz,Proteção) Abços de LUZ com Perfume espiritual de flores do Campo.(PAI)

chica disse...

Lindo tudo isso e as lembranças ficam marcadas,né?abração,chica

Juliana Sphynx disse...

São as coisas simples da vida nos encantando...
=)

Tenha um bom resto de semana!
=D

Valquíria Calado disse...

Oi amado amigo,
Que amor é esse que se tem pelo pai...
que por toda uma vida estabelece seus parâmetros no coração?
Faz seu tempo, sempre presente, mesmo num passado distante, mas sempre perto ,mesmo quando longínquo, o amor de DNA, NA ALMA.
BEIJOS, VEJA LÁ MEU PAI...

Juliana Carla disse...

Carlos,

Minha mãe também praticamente cresceu sem o pai dela. No entanto, ela se lembra dele com imenso carinho. Assim como você se lembra do seu.

Linda homenagem! E pela sua “herança”, percebe-se que seu pai foi um grande homem!

Bjuxxx e xerooo amigo

PRECIOSA disse...

Olá Carlos, você me emocionou demais, quase não consegui lêr, porque os meus olhos lacrimejavam.
Sabes também perdi meu pai quando eu tinha 11 anos, quanta falta ele me fez, demorou para me acostumar sem ele depois ficou so as lembranças, escrevi no ano passado uma poesia para ele, tbm foi na semana do dia dos pais...
Agradeça mesmo a Deus, pois tudo que somos ou bem ou mal dependemos dele "NOSSO HERÓI" abraços carinhoso...

Anônimo disse...

Carlos
Meu pai também já ganhou asas espirituais e voou ao encontro do Pai Eterno.Pra sempre vai ficar a saudade da voz mansa dele,do seu amor, da amizade... Os ensinamentos dele ainda pratico e são tão sábios!
Lindo seu texto e sua homenagem a esse que foi sem dúvidas seu melhor amigo.
Beijo e fique com Deus.

Rosa dos Ventos disse...

Fiquei com lágrimas nos olhos porque me lembrei do meu que partiu aos 72 anos já com os quatro netos nascidos.
Fez-me falta a mim, à minha irmã mas sobretudo à minha mãe e aos netos que tinham nele um grande companheiro, divertido, complacente, engenhoso nos brinquedos que construía para eles...
Gostei da tua recordação!

Abraço

Everson Russo disse...

Bela historia meu amigo,,,é sempre muito gostoso guardar essas imagens e historias das pessoas que amamos e que nos encaminharam a ser quem somos hoje,,,abraços de bom dia pra ti.

Elaine Barnes disse...

Essas boas lembranças são sim estrutura herdadas na formação de índole e caráter.Essa parte dele que vive em você ,jamais irão morrer,pois amor é "chama que arde sem doer". Que essa luz continue te guiando meu amigo. Montão de bjs e abraços gratos pela visita. Estou bem. Graças a Deus!

Paula Barros disse...

Carlos,

Você sempre consegue nos trazer lembranças com emoção, lembranças bem lembradas,com detalhes. Detalhes que nos permitem lembrar, e sentir, as suas e as nossas lembranças.

Meu pai faleceu com 53 anos, mas eu já era crescida. Sinto muita falta dele.

abraço

ValeriaC disse...

Carlos querido, muito comovente você contar sua história...do seu amor, sua admiração pelo seu pai tão querido...é bonito ver como tem pessoas que nos marcam de uma maneira tão intensa, não somente o coração,mas a vida...a alma...e isso é maravilhoso e se chama AMOR...lindo este seu amor por seu Pai...beijinhos...
Valéria

Enigma disse...

Olá amigo Carlos. Você é uma pessoa muito especial, (emociona) com o seu jeito de amar. Bjs!

Felina Mulher disse...

Sabe menino, eu não sei se ando muito emotiva,mas o fato é que me emocionei com tuas lembranças carinhosas.Que bom que ele te deixou esses ensinamentos, essas coisas boas e essas lembranças.Eu aind atenho o meu, e as vezes so de pensar que posso perde-lo lágrimas caem pela minha face.Mas saiba que ele deixou um Homem maravilhoso nesse mundo...VOCÊ!

Um beijo....te mandei um convite para acessar meu blog.

legalmente loira... disse...

oi carlos,
lindas lembranças...
de pura emoção..e muitos sentimentos
linda sua relação com seu pai.
sinto sua falta no meu espaço.
bjos com carinho.

franciete disse...

Sem fingimento, puro como água cristalina. Recebe meu beijo de enorme saudade
em puro carinho
e profunda amizade,
adoro você