ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MENINOS E PASSARINHOS


( imagem google - peregrinacultural.wordpress.com )
Vou mudar o nome do menino. Pedro era um amiguinho entre os tantos da infância. Era de família rica. Tirando o horário da escola, brincávamos até umas dez da noite. Bola, pique, queimada. Menos Pedro.Vez ou outra a mãe até deixava, mas quase sempre ficava no meio fio sentado olhando a gente. Nas poucas vezes em que brincava, tinha que sair no meio da brincadeira porque a mãe gritava da janela que hora do chá das cinco. Eu via que ele saía frustrado. O pior de tudo era jogar bola de chinelos. Isso mesmo, jogava bola de chinelos. Nós, meninos levados, às vezes o desviávamos. E tome castigo severo. A gente ir na casa dele era quase impossível. Até que eu ia, mas nunca me sentia à vontade lá. Enquanto minha casa parecia uma creche. Certa vez esse menino sumiu por dois dias. Rebuliço geral no bairro. Gente nas ruas, polícia, bombeiros buscando na orla da mata e no rio. Os pais desesperados, claro. A mãe mais ainda. Revirando suas coisas, a mãe viu um bilhete onde ele dizia que ia embora porque não aguentava mais ser preso, não brincar com seus coleguinhas e ter que fazer tudo certinho. Nós todos, sentados no meio fio, igualmente preocupados e curiosos, quando um policial teve a ideia de nos perguntar, se não sabíamos o paradeiro do amiguinho, algum lugar onde ele pudesse estar escondido. Um dos amigos perguntou. "Carlos... e se ele estiver na nossa caverna?". Sim , a gente tinha uma caverna, lá longe perto do areal. O policial perguntou. "Onde fica essa caverna? Levem-me até lá". Eu falei. "É longe, hein?". Olhando pro guarda gordão, duvidando que conseguisse nos acompanhar. Seguidos pelos policiais, lá fomos nós, empenhados em achar nosso amigo e orgulhosos disso. E não deu outra. O guarda reclamou mesmo. "Andem devagar, meninos. Não sei onde menino arranja tanta energia". Chegando lá, entramos pelo enorme túnel de mato que fizemos até chegar na caverna. E não é que Pedro estava mesmo lá? Com um lençol, algumas embalagens vazias de biscoito e umas garrafas d'água. Levou um susto, mas não tinha como fugir. Resumindo, os policiais conversaram calmamente com ele. Só que ele meio que impôs uma condição. "Eu volto para casa, se minha mãe me deixar brincar com meus amigos, jogar bola na chuva, brincar de pique, colecionar birosca, fazer tudo tudo. Quero ser igual meus amigos". O recado foi dado à mãe logo após a comoção do reencontro. A partir dali tudo mudou. A casa dele virou uma bagunça de meninada, ele passou a ter o dedão do pé machucado igual os nossos e virou um campeão de birosca. Nem por isso deixou de ser o melhor aluno da escola. Me lembro do policial dizendo à mãe. "Menino é igual passarinho, não pode prender". Concordo, meninos são como passarinhos e sentem necessidade de voar. Passarinho na gaiola canta é de tristeza. Por isso, sempre estou dizendo aos meninos de hoje: "Brinquem muito, porque isso passa e não tem volta".

Uma pequena nota paralela. Um dia, na queimada contra meninas, deixei uma me queimar, só para ganhar um beijinho. Vejam a pureza da época. O beijinho não passou de um selinho meio alongado, mas para mim foi um grande feito. Até dormi pensando no "grande beijo". Bons tempos em que a gente podia voar. A palavra "droga", nem era citada no meio da gente. Era muito bom ser passarinho.

19 comentários:

Unknown disse...

olá amigo...
gostaria muito de ser um passarinho e poder voar voar...
abraço!

Everson Russo disse...

Me conta isso,,,um beijinho pela queimada,,,olha,,,na minha epoca voce nao acredita o quanto eu tinha odido desse esporte...rs..rs..rs...alem de tomar aquelas boladas,,,nao tinha premio....rs...rs...rs...abraços de otima semana pra ti....

Felina Mulher disse...

Que infancia maravilhosaaaa este menino aki teve heim???....nossaaaa....adoro suas historias meu anjo e esta foi so mais uma.

Um beijo e um lindo dia.

Anônimo disse...

Como é bom ler seus textos Carlos!
Ótima semana pro cê!
Bjs.

chica disse...

Que coisa mais linda e doce,Carlos.Adorei!Um abração,linda semana,tudo de bom,chica(obrigado pelo carinho lá na Anne,na historinha do neno, meu netinho, um dos 6,rsrsr)

Vida*** disse...

Desfrute cda momento de sua Vida, e tenha ótimos motivos para Sorrir e agradecer a Deus. As melhores coisas da Vida,não podem ser vistas nem tocadas,mas sim sentidas pelo coração. (Dalai Lama) Ps. Gosto de ouvir a seleção de suas músicas do vídeo. O beija flor tem o melhor.O néctar das flores. O puro mel.Doce infãncia.

Juliana Carla disse...

O Pedro vivia no antigo Carandiru!
Graças a DEUS tive pais que me deixaram voar. Curti muito minha infância!
Privar de brincar e ser adulto já desde cedo.

Bjuxxx amigo.

Guida Rosa disse...

O passarinho voou,
Foi para mais longe de mim,
Seu coração ficou,
Para que a saudade não se torne sem fim...
Coisas na vida devem ser decifradas,
Outras,
Apenas guardadas,
abraços fortes e a minha admiração pelo belissimo blog

Guida Rosa disse...

O passarinho voou,
Foi para mais longe de mim,
Seu coração ficou,
Para que a saudade não se torne sem fim...
Coisas na vida devem ser decifradas,
Outras,
Apenas guardadas,
abraços fortes e a minha admiração pelo belissimo blog

Pelos caminhos da vida. disse...

Mais uma linda história.

beijooo.

ValeriaC disse...

Que texto mais gostoso de ler...tempo bom de poder brincar na rua...com alegria, inocência...tempo de ser livre como os passarinhos...
Tenha uma linda semana amigo!
Beijos...
Valéria

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Carlos
Tive uma infância muito feliz, com tudo que uma criança tem direito. Hoje infelizmente as crianças de cidade grande, nem espaço para brincar têm mais, os tempos mudaram e a infância também.
Um abraço

Anônimo disse...

Tempos bons que não voltam mais, o que é uma pena. Por isso hoje temos tanta depressão entre os jovens e etc....

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Oi, Priscila.Você já voa com seus belos poemas.beijos
///
Piis é,Everson. Corrupção sentimental, mas de minha parte passiva, pois a ideia foi dela. Eu gostava por causa da disputa com as meninas e quase sempre ganhávmaos dels, apesar de ser um esporte feminino;. Um abraço

Marilu disse...

Querido amigo, que linda história, muitos pais, tentam de toda a maneira proteger os filhos excessivamente. Muitas crianças não podem ao menos "sujar" a roupa, não lhe é dado o direto de brincar. Criança tem que ser cuidada, mas tem que ter liberdade também, pois só assim pode crescer..Tenha uma linda semana..Beijocas

Anônimo disse...

Eu vim te agradecer a visita meu grande amigo.
Vc me perdoe mas eu deletei aquela postagem,ñ vale a pena né.
Amei o seu comentário,palavras sábias,me ajudou muiiiiiiiiiiito.
Obrigado meu generoso amigo.
Beijo grande.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Carlos
Como sempre adorei o texto, a sua infância deve ter sido maravilhosa.

Beijinhos
Sonhadora

RENATA CORDEIRO disse...

Bom ser criança. Melhor ainda é manter viva a criança dentro de si! Parabéns! Beijos, Carlos.
Boa semana!

"Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Se as minhas mãos pudessem desfolhar
Garcia Lorca"
Renata

Galochas Voadoras disse...

Amei seu poema! ".. e o tema era você.." axei tão fofo *---* Seria legal se me visitasse de volta ;D
Boa semana!