ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SEMANA DOS PAIS- AINDA BEM QUE AS PAREDES NÃO CHORAM


( imagem falamaissobreisso.wordpress.com )
Meu pai era bem severo, à moda antiga mesmo, mas também tinha discernimento para pesar e analisar as situações. Certa vez eu e uns amigos brincávamos de "pau na lata". Outros amigos compunham uma pequena plateia. Alguns até torciam. Num dado momento o cabo de vassoura escapuliu de minhas mãos e voou longe indo parar na testa de um menino menor. Ele nem esperou socorro de nossa parte e saiu correndo para casa com a testa meio sangrando e bastante inchada. Mesmo não tendo culpa, corri para minha casa também e me escondi debaixo do cobertor fingindo dormir. Não demorou e chegou o menino puxado pela mãe. Bateu palmas. Minha mãe fazia almoço, restou ao meu pai atender. A conversa foi mais ou menos assim. "Pois não, dona Geralda". Ela nem cumprimentou, já foi cuspindo fogo pelas ventas como um dragão. "Olha o que seu filho fez com o meu. Arremessou um pau na testa dele. Veja o tamanho do ovo ( caroço) que ficou.". Meu pai que era meio gozador, respondeu. "Ovo? Isso dá uma omelete". Foi o bastante pra ela apelar. "Por favor, senhor Glicério. O senhor não vai brincar agora, né?". Ele se redimiu. "Desculpe. Posso fazer alguma coisa? Está precisando de algum remédio?". "Não, remédio não. Já fiz umas compressas de vinagre, sal grosso, gordura de galinha, daqui umas horas passa. Só queria que o senhor tomasse alguma providência com seu filho. Quase cega meu menino". Ele. "Pode deixar, sem uma boa surra ele não vai ficar". Pegou umas varas no jardim e emendou. "A senhora, fique aí por favor". Foi ao quarto, levantou o cobertor e cochichou no meu ouvido. "Quero que grite e pule bastante". Me levantou, levando para o canto da parede e começou. "Toma, menino levado. Toma.Toma. Pra nunca mais fazer isso". E eu pulando, gritando alto. "Não pai, por favor. Não bate mais. Prometo, juro que não faço mais, pai. Ai. Ai. Ai.". E tome lambadas e mais lambadas impiedosas. Dona Geralda gritou de lá. "Seu Glicério. Deixa isso. Não é para tanto". E ele nada. Continuou batendo forte e eu berrando. Quando terminou, gritou. "Fique aí de castigo até o fim da tarde. Hoje não brinca mais" Chegou à porta. "Pronto. Esse não apronta mais". Parecendo arrependida e assustada, ela ainda falou antes de sair. "Obrigada. Mas acho que o senhor exagerou. Eu não queria isso. Não era pra matar o menino". Mal sabia ela que ele estava batendo é na parede. Eu apenas pulava e gritava colaborando na encenação. Lembro-me da cena, ele indo ao fogão, onde minha mãe dava risadas, pegou um pedaço de carne queimando a mão e disse. "Acha que vou bater no meu filho por causa dos outros?". Ri por dentro. Aliviado, seguro, orgulhoso pela criatividade do meu pai, mas acima de tudo, pela segurança que me passou ali. Ele podia ser severo, mas não injusto. E não ter me batido talvez tenha me ensinado mais do que se tivesse batido.

Bem, até que meus irmãos e irmãs mais velhos apanharam um bocado, mas meu pai nunca me bateu. De minha mãe só levei uma surra. Pensando bem rs rs... acho que devia ter apanhado um pouquinho. Talvez eu não seria tão ... tão... tão assim. Ah, vou dizer: dengoso.

24 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Hum...eu não gosto muito de falar do meu pai, sempre tive uma relação fria, distante...

Gostei do seu texto.

abraços

Hugo

Sandra Gonçalves disse...

Como é bom ter historias para contar sobre os pais...
E a sua é sempre recheada de coisas boas...
Boas recordações.
Bjos achocolatados

Unknown disse...

Oi Carlos!

Que susto!! Pensei que a surra era de verdade!...rssss

Gostei e me diverti com suas lembranças!

Abraços

Lia

chica disse...

Que lindo texto e lindas lembranças...abração,tudo de bom,chica

Amor disse...

a tua histortia é linda!
pena eu não poder dizer o mesmo! pai injusto,violento,e com bebida ao extremo,mas ,ja passou,ele se arrependeu.um bjo menino!

PRECIOSA disse...

Ah, lendo o que escreveste de-me saúdades de meu "HEROI".
A muito tempo ele junto-se as estrelas para iluminar meu caminho.
Conseguiste me emocionar...
Abraços carinhoso

Cristina Lima disse...

Olá, Carlos!

Como sempre, trouxe-nos um texto cheio de leveza e graça!

Fiquei imaginando o que sentiu, escondido embaixo da coberta... Parece que me assaltou esse mesmo sentimento... Fiquei com vontade de entrar na sua história para lhe defender, ainda bem que tudo correu bem!

Bjs
Chris

Wanderley Elian Lima disse...

Olá meu amigo.
Voltei.
Obrigado pela força dada durante a minha a minha ausência.
Abração

maria claudete disse...

Não me lembro nunca de ter sequer sido repreendida por meu pai..tal vez porque êle apesar de amoroso nunca estava muito presente, sempre era mamãe que resolvia tudo . Muito linda suas lembranças.Abraços.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Carlos
Quanto carinho, quanto sentimento no teu belo texto.

Beijinhos
Sonhadora

Eduardo Medeiros disse...

Carlos, meu amigo, que legal essa postagem. "pau na lata", cara, eu brinquei muito disso (se é o que eu estou pensando).

Teu pai realmente foi muito criativo e justo. A pobre da mulher deve ter ficado com dor na consciência haaaaaaaaa

abraços dengosos

Aleatoriamente disse...

Hehehe...Que história hem Carlos? Muito linda mesmo.
Deve ser precioso ter coisas belas assim pra contar da infância né?
Bom isto resultou num grande poeta, diga-se de passagem.
Se fosse contar meus 16 anos atrás contaria a história de uma menina deixada em um orfanato para ser pega de volta em uma semana & ficou por lá até os seis quando fugiu.
O resto é vitórias conquistadas até aqui.
Abraço e obrigada pela a visita, amei!

Fernanda!

Everson Russo disse...

Sabe meu amigo,,,meu pai tambem era severo,,,mas talvez um severo diferente, tenho muitas saudades dele, era um homem simples, de pouca cultura em escola,mas de um portugues impecavel, estudioso da Biblia, sofreu a vida inteira com bronquite asmatica, e uma coisa que jamais me sairá da cabeça, a imagem dele sentado do lado esquerdo do sofá, não me pergunte o porque do lado esquerdo,,,eu nao sei,,,rs,,rs,,,com o radinho de pilha no ouvido, ouvindo o seu Atletico, era atleticano roxo,,,e vendo o Jornal Nacional...é uma cena do meu pai que jamais me sairá da cabeça...abraços de bom dia pra ti amigo.

Secreta disse...

Heheheh... ao menos admites!
Beijito.

ValeriaC disse...

Adorei a história...você descreveu a situação tão bem...que parecia que eu estava lá...vendo as paredes apanharem rsrsrs...beijinhos...
Valéria

Anônimo disse...

Ah... o amor dos pai é mesmo algo universal não é? E muito gostoso também e como um pai bastante sábio, o do seu texto sabi que uma liça valeria por mil palavras... ou um belo susto!!! RSRSRS Beijos meu querido.

Anônimo disse...

Muito legal,tadinha da senhora ficou com dó de vc a toa rs.
Á atitude do seu pai foi bastante madura,afinal,vc ñ fez de propósito.
Parabéns rs.
Beijokas e muito obrigado pela visita.

Marilu disse...

Querido amigo, do meu pai só tenho boas lembranças, nunca sequer me ameaçou de um simples tapa (acho que deveria ter dado alguns rs)., era um homem maravilhoso, carinhoso, e sabia dar amor, a filhas, netas, esposa...O sr. seu pai me parece, alguem assim também, pq te dar uma surra para agradar a mãe do outro garoto.Bela história...Beijocas

Anônimo disse...

Tão bom relembrar não é?!!!!
Bjs.

legalmente loira... disse...

Lindo,maravilhosos...amei amigo.
Amizades....
São feitas de Pedacinhos.
Pedacinhos de tempo
que vivemos com cada Pessoa...
lindo dia com bjos.

Anônimo disse...

A gente sempre lembra essas histórias, são muito divertidas, exceto aquelas em que se apanha de verdade, né. Também nunca apanhei, mas é porque eu era bem sonsinha, boazinha, não fazia nada que merecesse uma sova, rs. Já a minha irmão, socorro, era terrível e vivia apanhando.
Adorei a história, e ainda bem que a surra foi de mentirinha. Beijos!

Everson Russo disse...

Abraços fraternos de bom dia pra ti amigo...

apaixonado disse...

Po cara bacana essa atitude do seu pai. sou amarradão no meu.
Parabens pra eles.


Abracao

Majoli disse...

Semana dos pais, linda a sua história.

Sabe Carlos, eu tive um pai maravilhoso, exigente, firme em suas decisões, só de olhar pra nós filhos, a gente já abaixava a cabeça...tínhamos um respeito enorme por ele.
Ele nos deu tanto amor, tantos ensinamentos, nos passou os verdadeiros valores da vida através de seus gestos, de suas palavras.

Já estou chorando aqui, pois ele se foi em 11/04/1988 e deixou tanta saudade, mas tanta saudade...
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Nos dias de hoje eu vivo uma tristeza bem grande, por meus filhos, pois infelizmente eles não tem um pai como eu tive, foram abandonados, esquecidos e o pai deles sou eu.

Meu amigo, fique com Deus.
Desculpe dessa chorona vir aqui te ler, desabafar e se derramar em lágrimas.
Beijos no teu ♥