ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

QUASE


( imagem google )
Eram muito amigos. Moravam em bairros distantes, uns 40 minutos de ônibus. Ele e sua turma iam até aquele bairro nos finais de semana, beber e dançar. Na frente do clube, um bar movimentado, onde a juventude bebia antes de entrar. Os bailes terminavam em torno de 00:30h. O último ônibus saía 00:45h, mas ele quase sempre o perdia, jamais tinha pressa, gostava de voltar andando na madrugada e quase sempre bebia mais, na maioria das vezes com amigas e especialmente, com essa amiga. Numa noite quente, depois que todos se foram, estavam os dois sentados no meio-fio, debaixo de um poste apagado. De cabeça baixa, ela olhou para ele e disse. “Sabia que passo meu maior tempo com vocês, meus amigos, que com meus parentes e até mesmo que com meu ex namorados? Com você mais ainda, você me passa uma coisa boa, não sei explicar.”.Bagunçando o cabelo dela, ele disse. “Porque você é uma amiga adorável”. “Estou falando sério”, continuou ela. “Gosto de meus parentes, mas com você falo tudo. Tem tanto tempo que não tenho namorado que uns dizem que sou sapatão, vê se pode. As pessoas pensam que a gente precisa estar todo dia com alguém. E também, e daí se eu fosse?”. Ele riu. “Se for assim, eu também sou gay. Há tempos não namoro”. Ela retrucou. “Ah, mas você eu sei que não é. Aliás, seria um desperdício. Todos, menos você”. “Você também seria um desperdício se fosse”,devolveu o elogio e emendou. “Você aguenta beber mais?”. Ela pensou. “Só se for campari. Tem um bar na rua de trás que está quase fechando. Vamos rápido”. “Por isso que gosto dessa menina.Topa tudo”. Com sorte, o dono lhes arranjou umas pedras de gelo num saco plástico e voltaram para o meio-fio. A conversa foi ficando aos poucos, mais íntima. “Como foi sua primeira vez?”. “De quem você gostou mais?”. “Por que não tem namorada(o)?”. Sem perceberem, o álcool foi subindo, a libido também, as bocas falando próximas, até que se roçaram... e se beijaram. Várias vezes. Não, só uma, pois desde que se grudaram, não se deixaram mais. Bocas nervosas, gulosas, se comiam. Mãos atrevidas aqui e ali. Ela estava muito sexy naquela sainha jeans, com aquela blusa preta, destacando os seios poucos tocados. Poucos tocados até então, pois naquele momento estavam sendo muito tocados, beijados, lambidos sugados. Deitados naquela calçada, uma lua fraca fazendo meia-luz. De forma mútua, ela também despertava sussurros nele. Quem tirou a calcinha dela? Ele ou ela? Vai saber. Quem abriu o zíper dele? Quem sabe. Estava tudo muito frenético naquela quase nudez. E no exato momento de se consumar o ato, o fato, ela o empurrou. “Para, para. O que estamos fazendo? Que loucura! Somos amigos”, e sentou-se desconsertada. Ele igualmente descabelado, se vestiu também, passando a mão no rosto dela. “Desculpa, desculpa”. Envergonhada, sem olhar de frente ela disse. “Não é culpa sua. É nossa. Mas o que deu em nós? Ai, que vergonha”. Silêncio tomou conta. Ele foi embora sob chuva. A semana foi longa. No domingo seguinte, no encontro das turmas, eles se trocaram um simples “oi”, ao invés do longo abraço e beijinhos. Alguém estranhou. “Vocês brigaram?”. “Sim, brigamos. E que briga”, disse ela. Aquele domingo foi todo diferente. Ela bebeu mais que de costume. Ele também. Mas de lados opostos do clube. Ele nem dançou. Ela olhava de longe o tempo todo, sem graça. Parecia que algum trauma havia se estabelecido. Outros domingos vieram e nunca mais foram os mesmos. Anos depois se reencontraram. Ela casada, dois filhos, ainda bonita Ele? Cabelos curtos, algumas rugas, alguns quilinhos a mais. “Você não mudou muito”, falaram juntos e riram. Depois das perguntas de praxe. “Você casou? Mora onde? Trabalha em quê?”, começaram a recordar os bons tempos. Até que ela chegou no ponto, onde tinham parado. “E aquela vez que nós quase...”. Ele, mais tímido como sempre, só disse um... “pois é”. Ela não deu folga. “Que loucura aquela, hein? Sabe que fiquei anos me perguntando por que a gente não namorou? Depois daquele dia a gente não tinha mais coragem nem de brincar com o outro”. Ele disse. “Pra você ver que a amizade ficou acima do amor e do sexo. Em nome de nossa amizade, a gente preferiu se afastar um pouco”. E ela. “Mas, você acha que não daria certo? A gente se afinava tanto”. “Talvez não.Ah, sei lá. Só íamos saber se tentássemos”, ele disse tentando encerrar. Mas ela não deixava. “Lembra da Renatinha? Ela percebeu e perguntou o que tinha acontecido entre a gente. Contei e ela disse. ‘Agarra, ele. Vocês estão sozinhos e se dão muito bem’. Pois eu disse a ela. Ele é meu grande amigo e eu tenho medo de perder isso. É assim que eu quero tê-lo. Claro que se ele me quiser, eu quero a qualquer hora, só não quero forçar. Namoro é complicado e eu ele somos gatos escaldados”.

20 comentários:

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Olha, serei muito, muito honesta: não deixo escapar uma oportunidade (não de sexo, mas de um possível namoro) por medo de perder amizade.
Medos eu já tenho demais na minha conta, esse não :)

Hoje eu namoro quem foi e continua sendo meu melhor amigo.
Um ano se completará em março.

Beijo!

Felina Mulher disse...

É por isso que eu arrisco sempre...só me arrependo do que não fiz....kkkkk....e haja mãos hj heim Carlos?!Esse teu conto me lembrou uma frase: A bebida vai entrando e as verdades (no caso as vontades) vão saindo....Teria dado certo o caso entre eles?...quem sabe!Mas não arriscaram, nunca irão saber!

Beijos e um ótimo Carnaval....sem exageros.

Anônimo disse...

e assim se perdeu uma óptima oportunidade de ser feliz. Namorar é óptimo e faz bem. Até eu me apetecia um queres namorar comigo? que coisa tão linda!!! é uma história que dá que pensar a tua. beijo

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Sim, Ana. Eu também não perco não, mas no caso do conto, foi mais ela que teve medo e ele era tímido, o que também atrapalha muito.Talvez fossem muito novinhos. Comentei sobre seus medos no seu blog e acabei sem querer falando de um no meu texto. O medo de ser feliz,né. Beijos
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Si,Felina.Jamais saberão. Foram tolos interrompendo algo que estava tão bom. E serem amigos já era um grande passo, não acha?Não ´há amor sem antes ter a amizade. Beijos
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Pois é,Lou. Às vezes a felicidade assusta. beijos

Majoli disse...

Sabe Carlos, meu filho de 18 anos teve uma amiga inseparável há uns anos atrás, e como ele me considera sua grande amiga, sempre compartilha comigo o que acontece com ele.
Um dia ele me disse assim: "Pôxa Mama, eu acho que ela anda se insinuando pra mim, não que ela não me chame a atenção, mas a nossa amizade é tão linda, a gente divide tudo, chora, ri, anda de braços dados, não quero perder essa amizade arriscando um namoro não, depois a gente nunca mais vai ser como era antes"
Como dizem, cada cabeça, uma sentença.

Eu já namorei amigo meu, mas não chegamos nem no quase...rsrs...não deu certo o namoro, mas depois aos poucos a gente foi se soltando de novo e voltamos a ser bons amigos.

Beijos meu amigo.

b disse...

Prefiro sempre a amizade - não gosto de água fria não.
Serenidade é meu lema.

Elaine Barnes disse...

Então Carlos,mas o que percebi foi que não continuaram amigos, não foi mais a mesma coisa e a expontaneidade se perdeu.Creio que ambos tinham o mesmo paradigama e tiveram medo.
Melhor namorar um amigo do que um inimigo rs...Eu sempre perdi essas oportunidades também,nunca namorei um grande amigo,mas,como já te disse minha "melhor amiga"e o pai das minhas filhas eram muito amigos, inclusive parentes e ficaram juntos.Jogaram os casamentos para o alto,envolveram-se e estão juntos até hoje. Não deixaram passar a oportunidade de serem felizes.
Gostei muito da história e tem outra coisa,quando um desejo é "coitado" em nome da razão ou sei lá, por qualquer outro motivo enquanto fervia de vontade,isso fica na cabeça pelo resto da vida o "Puxa, como seria?" a fantasia toma conta e se imagina algo tão sublime e maravilhoso,fantástico...Que os relacionamentos seguintes por um bom tempo ficam no comparativo,claro que no inconsciênte.Parece que nada atinge o ápice que seria aquele. O que poderia ter sido e não foi.Depois passa. Montão de bjs e abraços

Everson Russo disse...

SEi lá meu amigo,,,acho que foram tão longe e retrocederam,,,pra depois se encontrar e quem sabe, ter se arrependido, não sei, cada cabeça sua sentença,,,penso que cada um carrega sua lei,,,mas uma vez ali,,,tá certo que, existia bem mais tesão do que outra coisa,,,mas te falo por experiencia propria,,,não sou diferente de ninguem, mas não acredito que um envolvimento a mais estrague uma amizade, aconteceu uma vez comigo, a unica diferença é que eu não estava sob o efeito etilico...rs..rs...então, nada foi de cabeça fora do ar,,,,ocorreu tudo bem,,,amizade continuou,,,sei lá, penso que pela vida temos atitudes de adolescentes, mas tambem adultos carregamos nossos desejos,,,,e vamos seguindo a vida....

Passado pro lado da folia,,,viajo nada,,,sou do bloco do eu sozinho...rs..rs..rs...em casa e quieto....abraços amigo,,,bom feriadão,,,,

Unknown disse...

Às vezes a felicidade assusta mesmo...embora viva uma realidade diferente, (casada há muuuuitos anos...rss)...imagino que, hoje em dia, a dificuldade de "arriscar" é bem maior. Vejo as pessoas falando tanto em espiritualidade e valores, com atitudes completamente contrárias ao discurso.
E aí, não tem como o gato não ficar escaldado, né?

A dor alheia ficou banal?....será?

Beijos

Wanderley Elian Lima disse...

É Carlos existem pessoas que por mais afinidades que tenhamos, a melhor relação a ter é de amizade, se sair disso acaba complicando tudo e acabando até esse sentimento tão nobre.
Abração

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Gosto de jogar esses temas no ar e acho interessantes as opiniões.
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Eu também acho estranho,Majoli. Sei lá,pode arranhar uma amizade sim.Beijos
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Fica sim,Elaine. Aquela pergunta sobre o que poderia, eu nem diria arrependimento pelo não feito, mas no mínimo curioso de como seria. beijos e ótimo feriado
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Oi, Lianara. Concordo com você, o discurso é um e a prática é outra. Eu mesmo ainda ando meio escaldado com certos comportamentos de algumas pessoas. Mas sobre a dor alheia,talvez o rapaz do conto, por isso mesmo, respeitando uma possível futuro sofrimento da moça não forçou a barra, mesmo estando num momento de êxtase, de ápice. Beijos
///
Caro, Everson. Quase impossível estar ali, na cosumação do ato e retroceder. Talvez, como eu disse à Lianara, se ele forçasse, aconteceria, mas ele respeiutou a moça, não sei se por gentileza ou a famigerada timidez. Um abraço

Anônimo disse...

ai..ai..deu até calor..rsrrsrsrsr
Eu não cheguei a tanto, mas o primeiro clima que rolou, esperei uns dias e fui logo falando..eu hein..imagina que coisa boa namorar meu melhor amigo, que entendia, me dava presentes, colo e tudo mais..claro..mas ele não pensou assim, preferiu manter a amizade. Não sei se arrependeu, hoje está casado tem uma filha e continuamos sendo excelentes amigos.Claro que na época ele ficou com medo e se afastou um pouco, mas agente era tão próximo que não conseguiu ficar muito tempo longe.
Eu não me arrependo tudo valeu a pena.
Se agente não vive a vida passa..
bjokas

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Sim, Wanderley. A amizade prevaleceu e é dos maiores bens, senão o maior, que a gente tem. Um abraço

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Passa e gente fica pensando; por que eu não fiz? Beijos,Sandra

Anônimo disse...

Carlos,muito bom esse conto e acontece na vida real.O que importa é que tiveram tempo pra pensar depois e não ficaram juntos,pois a amizade prevaleceu!Gostei!Abraços,

Luciana disse...

Oi Carlos

Obrigada pela visita no Blog um excelente feriado pra ti.

Bjs

Lu

"Cantinho Poético" disse...

Amizade, amor, saudade vão sair num bloco só.
Vistam suas fantasias e colem no papel.
O Brasil todo vai ser um bloco na mesma sintonia
no mesmo céu.

Carnaval vai ser o encanto anunciado e letrado
na palavra em sol maior.


Yara Corrêa Picardo


Feliz Carnaval.......Beijos!

Sandra Gonçalves disse...

O pior é levar para a vida toda aquela perguntinha intima:
E se tivessemos deixado acontecer, será que teria sido bom?
Será que ficariamos juntos?
Como será fazer amor com ela, como teria sido?
Olha amigo. melhor arriscar...
se a amizade acabasse, é porque não era forte, e pelo que vi mesmo não tendo acontecido, a amizade acabou...
Viu?
melhor teria sido arriscar.
Bjos no coração.
E que seu carnaval seja diferente do meu...Em casa.
Snif!

Jacque disse...

Bom feriado querido Carlos.

Beijo

IT disse...

Prazer!...sou a IT do Som Do Coração, meu Blog, onde me permito sonhar, expondo quase tudo sobre o mais nobre sentimento que existe o Amor...Sou completamente apaixonada por ''ele'', sim por uma Amor Puro, verdadeiro. Digo sempre que, antes é preciso gostar p/ amar.

O amor que nos cabe está perto de nós, esperando que deixemos de lado nossos medos e comecemos a amar....''amar sem medo, amar sem medo de querer''..hj eu posso lhe dizer; vivo uma situação de gostar de amar, ou nelhor,gostar de estar com alguém antes porém priorizando uma bela cumplicidade...está dando certo, aliás ''estamos'' encantados dentro de uma amizade COM parceira unicamente de um lindo Amor.

Poxa! meu amigo...parece caso complicado, mais não é...rsrsr
na minha visão, considero de certa forma; seguro,sereno e com boas pespectivas de dá certo a longo prazo.Desejamos e Esperamos. (Amizade e Amor)
Grande Abraço....sucesso.
IT