ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CURVAS PERIGOSAS


Nem sei pra quê contar isso. Mas é engraçado. Pronto, sendo engraçado já é um motivo para publicar. Este blog está muito sério ultimamente. Eu e mais três amigos, Salvador, Walter, e Jaiminho, sendo dos quatro maior de idade só Salvador, resolvemos comprar um carro velho. Tínhamos entre 15 e 17 anos. Todos trabalhavam em pequenos empregos: bares, lava-jatos, oficina mecânica. Eu, numa oficina de usinagem. Um dia, chega Salvador dando notícia de que um freguês da oficina onde trabalhava, estava vendendo um Maverick,74. E propôs. “A gente podia comprar, fica indo a pé pro clube,volta de madrugada pra trabalhar no outro dia. Fora as meninas que vão cair em cima de nós”. Nem tanto, mas que agitávamos no bairro, isso sim. Eu gostava mais de ir a pé, convencia os amigos de que era mais divertido. Quando íamos de ônibus eu sentava atrás no ônibus e ia cantando. As pessoas gostavam. Quando eu não ia o motorista perguntava. “O cantor não veio hoje por quê?”. As meninas de lá gostavam de nós, diziam que éramos divertidos, que os rapazes de lá, eram bobões. Isso até dava umas confusões. Vez em quando a gente não podia ir, pois preparavam briga. O legal é que as meninas ligavam pra gente avisando. “Vem hoje não que eles querem brigar”. Resumindo, compramos o carro. Hoje concordo que foi grande irresponsabilidade, mas vai dizer isso na época. Gastei o pouco que tinha, além de pedir patrão para adiantar dinheiro das férias. O carro estava razoável. Alguns amassados, arranhados, uns podres embaixo da porta que nem apareciam muito por causa da cor preta. A maçaneta do vidro do motorista dura pra danar, poltronas meio acabadas, mas funcionava até bem. Era possante e poçante. Onde parava deixava uma poça de óleo. Também por aquele preço, não dava para comprar uma BMW. Salvador, por trabalhar em oficina já sabia dirigir, eu não sabia nem o que era câmbio. Todos sabiam um pouco, menos eu. Com muita dificuldade e riscos me ensinaram aos poucos. Subia no meio-fio, tirava as velhas da calçada. Tinha um senhor que gostava de ficar debaixo da árvore de sua casa, não ficou mais. Na época não tinha tanta fiscalização. Alguns mais velhos diziam: “Esse carro ainda vai dar problema”. Incrível como os mais velhos acertam. Andávamos pelo bairro dia todo nos finais de semana, sempre devagar, não só pelo risco, como também para curtir. Eu falava pro Salvador. “Se gente passar correndo, as meninas não veem a gente, não tem graça”. E o Marcelo. “Gostei. Falou a voz da experiência”. Para o clube, só Salvador dirigia, pois pegava um pouco da BR e era mais experiente, apesar de não habilitado. Eu gostava de fazer tipo. Cabelo grande, óculos John Lennon, bracinho do lado de fora e um sonzinho velho tocando I WANT TO BREAK FREE, do QUEEN. Fazia umas caras de mau olhando de lado.O carro cheio de homem. É que ninguém saía do carro. Tinha uma menina chamada Rosângela, que acho que me dava bola, não parava de rir quando me via. Eu era doidinho pra chegar nela e agora de “carrão”, eu ia arrasar. Numa dessas voltas, pensei em “passar na rua dela”. Quando virava a esquina, quem estava lá? Rosângela. Num bustiê pretinho, com aquele shortinho vermelho apertadíssimo, coxas quase negras com pelinhos pintados de água oxigenada. Que visual! E ela ainda dá um tiauzinho. “Ei, Carlos. Quero dar uma voltinha, hein?”. Fiquei olhando pra ela de boca aberta e não fiz a curva na esquina... e derrubei o muro de uma senhora, quase entrando na sua cozinha. Ela servia almoço, cozinhava numa varanda no quintal e a panelada foi quase toda pro chão. Quase morreu de susto. Quase mesmo, tinha pressão alta, diabete e tudo mais. Eu fiquei meio em choque. Walter, com uma tampa de panela abanava a mulher no sofá. Jaiminho, que não ligava com nada aproveitava e comia uns pedaços de frango. Salvador acalmava os parentes. Para evitar problemas com polícia, concordamos logo em pagar. Tivemos que vender o carro para o próprio dono da oficina onde Salvador trabalhava, muito mais barato do que compramos, mas deu para pagar o muro. A sorte maior é que o cara tinha dinheiro e pagou à vista, para ajudar a gente e abafar logo o caso. Felizmente ninguém se machucou. Eu fiquei como culpado. “Culpa desse Carlos, metido a conquistador barato Esse John Lennon fajuto”. Passados uns vinte dias vemos o Maverick rodando de novo. O dono da oficina consertou e passou pra frente. Pena. Só oito meses de curtição. Salvador, vendo o carro passando do outro lado da rua, não se conformava. “Eu te mato, Carlos. Agora a gente tem ir a pé ou de ônibus pro clube”. Brinquei. “Preocupe com isso não. Eu posso ir cantando John Lennon pra vocês”, e cantarolei., “..imagine there’s no heaven”. “Pois é”, respondeu rindo, “essa é a pior parte”.

Salvador, infelizmente não está bem de saúde. Walter, mora em Coronel Fabriciano, não vi mais. Jaiminho, vejo quando visito sua mãe quando coincide de ele estar lá. Marcelo mora na Austrália e me liga de vez em quando.

24 comentários:

Everson Russo disse...

Sensacional o possante e poçante, agora só doido mesmo, sem dinheiro, sem saber dirigir e compram um Maverick o maior bebedor da nossa epoca, acho que sim, so perdia pro Dodge e aqueles grandoes da epoca...rs..rs..lembra? agora vou ficar uma semana com a cena na cabeça, o muro derrubado, um abanando a velha e o outro comendo o frango como se nada tivesse acontecido...muito boa a historia....abraços amigo,,,isso é que é viver...otima semana pra ti.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Pois é,amigo Everson.Bebedor demais.Não tinha dinheiro que dava pra gasolina. Os amigos queriam chamar o grupo de OS 4 CAVALEIROS DO APOCALIPSE.Eu achei feio e sugeri QUARTETO FANTÁSTICO, mas pelo grau de destruição, o primeiro cabia mais. Um abraço

Paula Barros disse...

Quando leio suas aventuras, lembro que tenho poucas a contar.

É muito bom esses resgates, e ainda mais saindo histórias engraçadas assim.


abraços

Anônimo disse...

Ah, grandes histórias temos pra contar, como essa, por exemplo, muito boa. Engraçado, vc pensou a mesma coisa que eu penso às vezes. Damos um ar muito sério ao blog de vez em quando, e quando nos tocamos disso, resolvemos suavizar, pra quebrar o gelo, rsrsrs. Maverick, quanto tempo não ouvia falar nesse carro. era famosísssimo na época. Bons tempos, com certeza. Beijos!

Hod disse...

Ola Carlos,

Parabéns por ser voce um dos dez escolhidos com seu belo conto. Participar dessa iniciativa promovida pela Rebeca já foi um prêmio.

Forte Abraço, Alôha...

Hod.

Hod disse...

Então Carlos,
Fazendo um revival sobre seu magnifico texto, tangêncio uma idéia que algumas décadas levanto a bandeira... O novo só é novo por algum tempo. Maverick, O Carro do ano eleito pela Quatro Rodas.
Também aproveito para parafrasear o Juquinha, nosso Menestrel Maldito.

" Velhice não é desculpa e Juventude não é profissão!!!

Forte abraço,

Hod.

Carlos Albuquerque disse...

Esta história me trouxe um montão de recordações das aventuras loucas da minha adolescência. Lá não era Maverick 74, poçante como o seu. Era um Chevrolet descapotável, só possante, com bagageira que abria e dava para a gente vijar nela olhando as garinas...mas esta história não é daqui, é de outra vivência.
O seu grupo devia ser cinco estrelas:
um abanando mulher com tampa de panela (onde já se viu!!?); outro comendo pedaços de frango da merenda da mulher (tem jeito!!?), outro ainda acalmando parentes (anjo disfarçado!!?), e, por fim, você pegando a culpa!
Conte mais histórias destas.
Abração, xará

Wanderley Elian Lima disse...

A distância muitas vezes separa as pessoas mas, as lembranças se encarregam de aproximá-las. Enquanto lembrarmos de alguma forma estaremos juntos.
Abração

Anônimo disse...

kkkkkkk, adorei..ah conquistador!
E pra quem não sabia nada de carros lidando agora com aviões...a vida é mesmo muito engraçada. E esse seu amigo que na hora só queria comer frango..kkkkk. Muito engraçado.Super legal a história.
Boa semana pra você.
Bjitos..

maria claudete disse...

Amei como tudo que você escreve e fez bem em resgatar estes momentos da juventude "irresponsável"... como agente é feliz e só sabe depois...faz parte.Ri muito com as peripécias do grupo, valeu mesmo!
abraços.

maria claudete disse...

Amei como tudo que você escreve. Fez bem em resgatar a juventude "irresponsável", a gente descobre que era feliz e não sabia...faz parte. Ri muito com as peripécias do grupo.
Abraços.

Mariana disse...

Que história, legal para ser lembrada agora, e tb para ela não servir de exemplos aos nossos filhos.
Não sabia que tu és cantor, mais uma qualidade tua que conheço.
Sorte que nada de grave aconteceu.
Boa semana
bjs

Anônimo disse...

Muito engraçado Carlos. Vc e suas histótias!
Mundando de assunto: Oh Carlos,
não deu pra adivinhar não? O aniversário é meu amanhã. Só tenho uma filha, aquela fofurinha eu peguei da Internet pq achei que se parece comigo.
Bjs.

Sandra Botelho disse...

Nossa que his´toria deliciosa...
Sempre digo que é muito bom ter história para contar...
Digo isso ao meu filho, pelo fato dele só ficar pendurado no computador.
Na minha infancia, faziamos estripulias mil. E na minha juventude ai ai ai rsrsrsrs...
Adorei!
Ah meu pai por algum tempo mecheu com garimpo, uma bela tarde chegou em casa e disse a minha mão: Comprei um carro para ir ao garimpo.
Ela perguntou: Não me diga que é maverick.
Meu pai: Sim é.
Minha mãe: Só falta ser cor de bos...
Ele disse: Como você sabe?
E o resto nem preciso dizer neh?
mas os sonhos valem mais que um posto de gasolina ...
Bjos querido tenha uma linda semana!

Karol ---de BH--- disse...

histórias boas assim a gente não esquece né. Deu pra ver toda situação e rir dela. ah parabens por estar nos top 10. Merecido.

Edna Lima disse...

Como ri desta história.
Adolescencia era tudo de bom tempos atrás.Tenho também os meus causos..., ai da nossa querida Governador Valadares. Grand ebj conterrâneo.Edna

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Obrigado a todos os amigos(as) pelos comentários simpáticos e até engraçados seguindo a l inha da postagem

Elaine Barnes disse...

Que história engraçada!rs...Os jovens tinha mais ingenuidade, uma coisa gostosa da conquista que hoje nem precisa mais.Meu ex tb tinha uma turma de quatro e tinham um Rover ou hover, não sei escrever,caia aos pedaços mas viviam aventuras emocionantes tb.Ah e vc me fez lembrar que meu pai chegou em casa e disse que agora tinha um carro. Fomos ver e era não sei o quê. Chamava-se ximbica rs...parecia um caminhãozinho,mas, nem sei te dizer. Anos depois comprou uma rural e eu me "achava" dentro dela kkkkk bjão amigo e muito grata pelos belíssimos comentários la no asas. Adorei!

Úrsula Avner disse...

Caro poeta, ando na correria de fim de ano e passei rapidamente para agradecer suas visitas e gentis comentários. Quando for possível volto com mais calma para ler e comentar seus textos. Grande abraço.

Majoli disse...

Delícia ter recordações assim.

Tenho tantas de minha juventude, mas como não sei escrever bonito como você, simplesmente aproveito seu post e fico recordando os meus momentos.

Sorri muito ao te ler, e isso é muito bom.

Beijos com carinho meu amigo.

~❤ ~º♥º ~Graciete ~º♥º~❤ ~ disse...

Amigo que história tão linda, mas há sempre o sê não o que a gente gosta dura pouco.
Mas olhe adorei ler mais esta deu para rir, sorrir e ficar triste.
Beijinhos de luz amigo em seu coração

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Carlos
Muito bonita a sua historia.
Um beijinho
Sonhadora

Secreta disse...

As recordações servem para manter vivos momentos como esses, momentos que nos marcaram ao longo da vida.

Geisa Machado disse...

É uma delícia ter histórias pra contar. né? Quem não tem isso não viveu. E é inevitável que a gente, ao ler as suas aventuras, não se recorde das nossas. Se era esta a intenção, acertou em cheio! Eu me lembrei das minhas! Velhos tempos, belos dias!
Bjusssss