ESCREVER É DIVINO!
CAMINHOS DE UM POETA
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
SEMANA DE DECLARAÇÃO DE AMOR À POESIA- A POESIA ME TROUXE ATÉ AQUI
( imagem revnilsonjr.files.wordpress.com )
Toninho, professor de português, gostava de poesia e assim ficamos amigos, tanto que era normal às sexta-feiras sairmos com outros alunos a bares. Numa dessas rodadas de cerveja, ele atuou meio na contramão. Justo num dia em que fiz quase toda a sala chorar com um texto sobre as mães. Texto que nem eu mesmo tenho mais. Era meu primeiro dia das mães em quartos de pensão e consegui externar aos amigos o que sentia, mas extendendo a todos. Afinal mãe é um tema geral. Ele disse. “ Não preciso dizer que gosto do que escreve. Só que hoje você se superou. Nunca li algo tão lindo sobre as mães. Mas isso é coisa de juventude, os ânimos afloram na gente. Quando tiver seus quarenta anos isso passa, a veia poética diminui”. Discordei na boa. “Você está me subestimando. Não a minha inteligência, mas minha sensibilidade. Pode-se medir o QI de alguém, mas sensibilidade não. Você não sabe da minha relação com a poesia. Para mim é muito mais que sentar à mesa e escrever. É meu estilo de vida. Tudo que passei e que passo, tanto de bom quanto ruim, foi através da poesia que superei. Porque aprendi através da poesia e da fé, tirar proveito de todas as situações. Foi a poesia que me trouxe até aqui”. Tirei do bolso um papel e o dei. “Veja que boa coincidência. Escrevi hoje algumas frases sobre o que penso da poesia”. Lá estavam entre outras. ‘A poesia é como um outro corpo que fala por mim quando meu corpo não consegue se explicar’. ‘Se o planeta tem 2/3 de água, meu corpo tem 2/3 de poesia’. ‘70% de meu tempo são de poesia, os outros 30%, não vejo passar’. ‘A poesia é minha espada do bem, meu escudo contra os dragões desse mundo de terror’ Depois de ler e parecer impressionado, tentou mudar de assunto, mas inconscientemente não mudou, pois sem querer mexeu de novo na minha teimosia, ops... digo, essência. “Sinto você meio centralizador, um certo egoísmo, uma convicção exagerada. Em tudo que escreve, mesmo falando de temas alheios, a gente percebe o CARLOS, embutido no texto e no contexto. Isso não é perigosamente repetitivo?”. Ri. “Você é muito inteligente. Acertou. Acontece que não existe o Carlos, sem o Carlos dos textos e vice-versa. E não temo ser repetitivo, pois eu não sou apenas um Carlos, sou vários dentro de mim. Tenho uma fonte inesgotável aqui dentro de sensações e se eu não colocar pra fora, eu explodo. Só não me peça para não falar de mim, porque aí sim, eu vou parar de escrever, até mesmo antes dos quarenta. Temer o quê da poesia, que mal ela pode me fazer? Só estou tentando dizer: Eis minha impressão digital. Eu estou aqui!”.
Dezenove anos depois, sendo desses dezenove, treze sem voltar à cidade, mas nunca deixando de participar de concursos de um clube de escritores, hoje referência no estado, que vi nascer e frequentei, estava eu no Salão do Livro, que sempre que posso eu vou. Era lançamento simultâneo de coletânea que estava atrasada, de autores do estado. A premiação tinha sido no ano anterior e eu também estive, pois ficara num honroso oitavo lugar. A gente participa no Brasil inteiro, mas quer ganhar algo na cidade da gente. Enfim consegui.
Alguém tocou meu ombro. Virei-me e era Toninho, já cabelo grisalho, óculos caindo no nariz. “Você é o Carlos, não é?”. “Sou sim. Tudo bem, Toninho?”. Empolgado respondeu. “Agora melhor. Folheei uns livros aqui, vi seu nome e fiquei me perguntando se era você”.
Aproveitei para cobrar. “Sou eu mesmo. Não falei que não ia parar?”. Me abraçou de lado. “Você não sabe como fiquei feliz de saber que não parou. No dia seguinte àquela nossa conversa, passei um remorso grande, pensando que havia desestimulado um jovem. Logo eu, um professor. Meu alívio foi que alguém me falou. ‘Desestimular o Carlos? Então você não o conhece’. Fiquei com um pouco de vergonha de mim mesmo e por isso não lhe pedi desculpas. Agora estou muito contente de ver você aqui”. Tranquilizei-o. “Que nada! Não me chateio assim fácil, somos amigos. E eu também estou contente de ver você aqui. Não só o amigo, mas o professor também”. Feliz, ele disse. “Estou aposentado, mas como você eu não parei de gostar. Embora não tão intensamente como você, eu também amo esse mundo literário. Foi a poesia que me trouxe até aqui”. Levantei a mão. “Epa, essa frase é minha.”. E ele. “Sei que é. Mas ela ficou tão viva na minha memória. Gosto dela. Quando a gente não tem uma frase pede emprestado ao poeta”.
Depois me chamou para tomar algo, mas eu não podia,voltaria dirigindo.
Por isso digo que mais do que a vida me dar uma segunda chance, eu dou à ela uma segunda chance. Ela apronta comigo e anos depois, vem se redimir. Graças a Deus e à poesia por isso.
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19 comentários:
Carlos,um texto com uma bela lição de vida!Tb tenho algumas pessoas que me acham repetitiva...rsss...acho que isso é privilégio dos poetas!Abraços e passe no meu blog pegar meu selinho prá vc que nos faz voar com lindas poesias!
Carlos tem um selinho e um meme para você lá no blog.
Beijos!
Meu amigo, que texto, que lição de vida, concordo contigo, penso que quanto mais velhos ficamos, mais temos a escrever, mais temos sensibilidades com o mundo ao nosso redor, mais possibilidades de ver as coisas de diversas formas, conseguimos aumentar nossa paleta de cores, nosso entendimento do amor, se é que isso é possivel...rs..rs...e isso tudo se traduz no que a gente escreve, no meu caso, levo minha vida assim, faço todo o possivel pra não perder meus textos...salvo dobrado, pra todo lado...mas relendo muitas vezes coisas antigas, vejo o quanto mudei, o quanto aprendi, o quanto chorei, o quanto senti, sofri, e o quanto hoje escrevo bem mais sereno que antes, antes talvez eu fosse impetuoso, hoje sou mais intenso, escreveria tudo de novo, mas com outra visao de vida, claro que, valem muito as coisas que sentimos a epoca, mas se caso eu chegar aos 80, 90 sei lá, me vejo com um lapis, uma caneta, um papel, ou um computador da epoca...rs..rs..mas sempre escrevendo....e dentro daquela ideologia de vida, que o homem só se torna completo ao plantar uma arvore, escrever um livro e ter um filho, ainda em fase de escola, naqueles trabalhos conjuntos, plantei a arvore, o livro escrevo todos os dias, que é o LIvro dos Dias...e a filha,,,,ta nos planos....vou conseguir....mas sempre escreverei...abraços e otimo dia pra ti.
Amigo,Everson.Uso suas palavras.Também, acho que escrevo melhor hoje,faço muitas coisas melhores. Releio coisas antigas e sinto que evoluí, não só como poeta,mas como homem e como gente e não consigo desvincular a poesia disso.Respeito os textos antigos porque foram condizentes com aquele momento. Como parar de escrever,se não parei de sentir? Estou vivo!!! Um abraço
Carlos !
Realmente teu blog é sensacional.
Te adicionei ao meus favoritos, eu tinha até agora, somente a claudete, por que sinto uma grande afeição fraterna.De agora em diante
estou te incluindo, és ótimo no que dizes.Tenho 75 anos, advogado a mais de 40 anos, dibético, artritico,com o final já aparecendo em lugar próximo, as vezes tambem versejo, mando para a clodet, e ela bondosamente faz elogios as minhas porcarias, acho ela admiravel, sei que dificilmente irei a Pernambuco, tua terra conheci a 45 anos atráz, fui gerente de um laboratório de podutos farmaceuticos (subtituindo em Minas, até que, consegui voltar ao Sul, a Rhodia me proporcionou isto, porque eu éra bom demais, sem modéstia nenhuma, ai então formei-me em direito, agora moro em uma cidadezinha onde a origem alemã é predominante.
Desculpa te roubar o tempo, bem precioso, mas que ainda tens bastante.
No más omo dizem aqui, no sul
Até um dia ¨tchê¨.
ivo
Amigo,Ivo.Fico honrado e serei também seu seguidor. Claudete é uma boa amiga sim. Feliz que com 75 anos ainda escreve e tenho ceerteza que escreve belas coisas.Darei sim uma passadinha por lá ainda hoje. Um abraço e volte sempre
CArlos
Emocionei-me ao ler seu texto. Uma declaração de amor à poesia que fala em nome de tantos poetas. São as mesmas sensações e como vim até aqui por causa da poesia tomo emprestado todas as palavras do texto para dizer , queria ter escrito isso.
beijos
As pessoas nunca aparecem na nossa vida ao acaso né?! Quando a poesia vem de dentro não envelhece e não morre nunca.Amadurece com a vida, com o passar do tempo. Dom é dom e sempre é divino.Adorei o post e agradeço os gentis comentários no meu blog bjão amigo poeta
Esta tua história me fez viajar a quando eu tinha 11 anos.
Escrevi uma poesia, como sempre fazia, sozinha em minha solidão acompanhada, porque sempre me sinto só mesmo rodeada de pessoas e minha unica e maior companheira é a poesia. Bom escrevi uma poesia para minha mãe, coloquei em um envelope e entreguei a ela, ela pegou com indiferença, leu, me olhou bem dentro dos olhos deu um sorriso amarelo e disse:
Nunca vou acreditar que foi vc quem escreveu isso, deixa de ser mentirosa.
Pegou o envelope com o papel e jogou sobre a mesa.
Chorando peguei a poesia, levei para o quarto, me deitei e chorei de soluçar.
Com muita raiva e magoa rasguei o papel e prometi que nunca mais iria escrever poesia de novo.
Mas como vc disse somos metade poesia, e quando ela está dentro de nós, é como turbilhão de aguas, derrubando tudo que encontra para sair.
voltei a escrever depois de muitos anos.
Mas sempre na minha mente fazia poesia de tudo que vivia, apenas não registrava em papel.
Hoje costumo dizer que a poesia é minha vida, e meu blog, um filho.
Amei teu post.
Bjos no coração!
"A poesia é como um outro corpo que fala por mim quando meu corpo não consegue se explicar’"
Dentre todo o texto, que é belo, é emocionante, amei essa frase.
A poesia fala por nós, e nos fala, e nos reescreve.
Que bom que sua "essência" foi mais forte.
abraços
A vida passa, e vamos seguindo com ela o seu percurso natural.
Um poema de belas reflexoes e ternura com o Ser.
Tem um selo para vc. na Curiosa.
Passe lá e veja.
è de coração.
Sandra
Olá Carlos mais um belo texto de amaro a poesia, isto demonstra o seu nível de sensibilidade.
Forte abraço
INSCRIÇÕES PARA BLOGAGEM COLETIVA ENCERRADAS
Aviso sobre o sorteio do NOVO ORKUT:
Acabamos de receber os convites do novo orkut e só vieram 5. Não sabemos se o orkut vai liberar mais convites, mas esperamos a compreensão de todos. Caso o orkut não libere até o dia da blogagem, o restante dos ganhadores irão receber um presente por sedex. Confiam no meu bom gosto? Infelizmente o orkut não nos deixou honrar os 10 convites, mas daremos 5 Bíblias Sagradas, já que estamos perto do natal. O sorteio vai ser pelo site Random. Os 5 primeiros serão ganhadores do convite do novo orkut.
E depois faremos mais 5 sorteios que receberão via sedex o nosso carinho.
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Aviso sobre a BLOGAGEM COLETIVA:
Nós vamos colocar um sistema de votação onde todos os participantes serão incluídos. Não nos achamos no direito de escolher nenhum conto ou texto. Até porque todos nós, que amamos a palavra, sabemos que cada um tem sua magia. Então Jota Cê e eu vamos colocar do lado direito uma votação. Os 10 textos mais bem votados receberão o layout ou o scrapbooking digital que será feito pela Lelinha da Fábrica de Layouts.
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Se eu pudesse, eu juro, daria um abraço com cheiro de Néctar da Flor, bem forte, em todos vocês...
Beijos jogados no ar, sempre!
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Oii Carlos,
Que belo texto, que belos posts de declaração de amor a poesia!
Adorei sua frase " Foi a poesia que me trouxe até aqui"
Ainda bem que você não se deixou influenciar pelas palavras do professor e seguiu confiante e com muita poesia o seu caminho.
abraços,
Marilac
Oi Carlos. Obrigada pela visita.
"Coisas Do Coração" - Letras de Músicas
Meu Novo Blog: http://coisasdocoracao-jacque.blogspot.com/
Beijo.
Jacque
Seu blog é fantástico!
Adorei!
Vou te seguir!
Beijinho de luz!
*-*
Os caminhos da vida são repletos de surpresas... As vezes nos direcionam a estradas que jamais imaginavámos seguir... Mas o destimo é assim, nos compondo e arrajando a trajetória.
Sua poesia é linda...Parabéns!
Beijos com meu carinho
Meu amigo poeta, deixando por aqui um abraço fraterno e desejando a ti um belissimo dia de paz e muita inspiração...
Oi ,amigos obrigado a todos.Minha net está oscilando muito.Obrigado pelo carinho de todos.Um abraço
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