
Amigos. Acredito que alguns de vocês esperavam que eu fizesse um texto de fim de ano. É normal, é legal fazer, já até fiz no ano passado. Todos fazem. Mas não quis fazer, acho que seria repetitivo falar de planos, sonhos, etc. Acontece que os anos que não planejei foram melhores que aqueles em que me enchi de planos. Num resumo geral, o ano de 2009 foi muito bom para mim. Alguns percalços sim, uns tropeços, uns vacilos, mas pior que perder é não tentar. “A pior luta é a que não se luta”. Por isso aprendi ao longo dos anos deixar as coisas fluírem mais, acontecerem mais naturais, ao invés de tentar mudar o curso delas e assim, enfrentá-las tal qual elas se apresentam. Para isso a gente tem que estar forte. Muito pior eu já passei, sem perder o bom humor e a fé, embora muitas vezes tenha corrido pro quarto. Muito mais importantes que o que colhi, foram as sementes que joguei para o ano que se anuncia. Aí vão me perguntar. “Mas você disse que não planejou. Está maluco, poeta?”. Planejei algo sim. Não de forma material. As pessoas não acreditam quando falo ou até pensam que minto e isso me magoa muito. Hoje estou um pouco triste, talvez seja coisa de fim de ano. É impossível não fazer uma pequena reciclagem nessa época. Eu não planejo um ano. A minha vida é toda planejada emocionalmente ao longos de meus quarenta e poucos anos. E parece que em 2010 vou colher tudo que plantei, não só em 2009, mas também... 2008... 2007... 90... 80.. 75...70. Bem... acabei fazendo um pequeno texto . Esse EU, esse meu mundo esquisito sem deixar de ser divertido, esse jeito que às vezes eu mesmo não entendo e que permite pessoas que nunca se viram ou que nunca me viram, de épocas distintas, me dizerem: “Você é diferente”. Ontem mesmo ouvi isso de uma mulher quase desconhecida, com quem até então havia trocado no máximo umas três ou quatro palavras, um “olá” na rua. Nem sempre ser diferente significa ser melhor, nunca almejei isso. Talvez a minha diferença seja que eu não tenha meio termos, não sei esconder ou fingir sentimentos. Estou sempre tentando amenizar situações. Mas ser diferente é bom, a gente é mais visto, mais falado, mais procurado. Se estou nas rodas como estive neste fim de ano, fica um monte de gente à minha volta, e eu dando verdadeiras “entrevistas” sobre meu trabalho e poesia. Me perguntam se isso me incomoda e eu digo que é um prazer.Gosto que falem comigo, gosto de ouvir as pessoas, até sinto falta disso. Ah, eu gostaria de viver uns trezentos anos. Esse é meu mundo, complicadinho... mas amo. E necessito ser amado a todo instante.
Meu coração está dizendo: FELIZ ANO NOVO A TODOS! FIQUEM COM DEUS!
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MEU MUNDO
Meu mundo é simples, mas é composto...
de versos e diversos.
Por trás de minhas lentes
não há somente meus olhos e meu rosto
há todo um universo, controverso sim
e me dá gosto desafiar os “NÃO” que dizem pra mim.
Meu mundo...
que sabe ser melodia, harmonia
sem seguir nenhum ritmo a não ser o da emoção.
Ainda que não bata direito
o que trago no peito não é um relógio, mas um coração...
impulsivo, abrasivo... e compreensivo.
Meu mundo é único, mas nunca exclusivo,
cabe tanta gente.
Se mente, não é por mal.
Arranco a semente do que é banal.
Parece irreal...
mas é palpável, tocável
apenas gosto de brincar com o abstrato,
me cansei da selva de concreto
e faço do meu sonho... um fato.
Meu mundo é completo, repleto
parece um parque de diversões
muito embora, às vezes se feche
se perca em desilusões.
É por isso que eu brinco de Fênix, de Ícaro e de Narciso
pra recomeçar, pra de novo voar
ainda que corra o risco de derreter a cera sob o sol
ou de me afogar nesse lago
em busca de um simples afago,
mas não desisto de um arrebol.
Ainda bem que meu mundo tem muitas faces
por isso todo dia ele renasce.