ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

PERDAS E DANOS



Nem sei dizer se posso chamar aquilo de sonho, acho que nem de pesadelo posso chamar, foi muito mais que isso , foi o próprio terror. Ouvia dizer que os abutres, os urubus, só começam a bicar o animal  quando este dá seu último suspiro, quando cessa de respirar, mas aqueles não, estavam terrivelmente famintos, vorazes, selvagens no mais alto grau da palavra, disputavam cada centímetro daquele corpo que ainda agonizava. Bicos e garras dilaceravam o peito, as vísceras, os olhos, a boca, pouco se importavam com os gemidos, aqueles ais profundos que transpunham o corpo físico e doíam até a alma. No entorno, hienas debochadas, ironizavam, gargalhavam, rodeando a cena macabra, ansiosas pelos restos mortais daquele coitado, e enquanto o fato não se consumava, lambiam o sangue do condenado que se misturava ao solo. É bem assim, as hienas vivem da desgraça alheia  e de restos e migalhas. Curioso que sou,  aproximei-me do tal massacre, não sei por que, talvez para ver se podia fazer algo, e quando cheguei mais perto, fiquei estarrecido: o corpo a ser devorado... era eu mesmo. Então busquei forças do fundo do meu ego e soltei um urro muito alto: ME DEIXEM EM PAZ, TENHAM PIEDADE! Foi um berro tão grande, tão rasgado que os abutres voaram para o alto dos postes e das árvores, ainda com pedaços de mim em seus bicos e suas garras ensanguentadas. As hienas covardes também fugiram. Aí  eu chorei... chorei muito... era muita dor... era muito abandono. E mais uma vez busquei forças do fundo do meu ego, fui me arrastando lentamente,  até encontrar uma caverna segura, isolada no alto da montanha. Uma caverna escura, mas o melhor que eu tinha mesmo que fazer era buscar o ostracismo, o esquecimento, até porque esquecido eu já estava. Entrei e lá fiquei lambendo minhas feridas... ai, como doíam. As dores me venceram e acabei adormecendo, fiquei lá não sei por quanto tempo, talvez dias, talvez meses,  só sei que acordei bem, dei uma espreguiçada, aquela espreguiçada de renovação de vida, estava curado, só uma coisa ainda doía: recordei tudo e lembrei-me de que quem devia estar lá para me ajudar, não estava, mas até isso foi superado, tinha que ser. Saí à porta da caverna, o sol sorriu para mim, eu sorri para o sol, desci a montanha... e fui refazer  meu caminho. E refazendo meu caminho, refleti, fiz um resumo de tudo: nesse jogo de perdas e danos, só eu mesmo perdi.

13 comentários:

chica disse...

Adorei teu pesadelo e daqueles dos bons!!! Descreveste muito bem! abração,chica

Ana Bailune disse...

Impressionante. Não sei este sonho é realidade ou ficção, mas lembrei-me de mim mesma.
Às vezes, quando ficamos quietos demais, permitimos que se alimentem de nós. É bom agitar as asas e gritar de vez em quando.
Bom dia pra você.

Cidália Ferreira disse...

Gostei de ler
Beijinhos e um dia feliz

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Vera Lúcia disse...


Olá Carlos,

A narrativa do sonho/pesadelo parece um filme de terror-rsrs.
Nesta vida também somos vampirizados e é sempre preciso reunir energias para seguir em frente. No geral, a vida é feita de perdas e ganhos, mesmo quando possa parecer que só houve perdas. E nem sempre contamos com a presença de quem mais desejamos nos momentos desejados ou mais difíceis.

Gostei da narrativa, muito bem colocada.

Ótima semana.

Abraço.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Ana Bailune, obrigado pela presença. Não é lenda, aconteceu sim. Obrigado, amiga.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Vera Lúcia, às vezes fazemos apostas erradas, mas perder também é do jogo, né? Obrigadooo.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Chica, obrigado, amiga.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Cidália,obrigado, amiga. bjs

Ritinha disse...

Excelente explanação!
Gostei!bjs
Ritinha

Arione Torres disse...

Oi amigo Carlos,
Vim lhe desejar uma excelente semana, abraços e fique com Deus!!

Élys disse...

Muito boa a sua narrativa deste sonho/pesadelo. Guardamos em nossa memória etérica coisas que nos fizeram bem e coisas que nos fizeram mal e as vezes aparecem em nossos sonhos em formato os mais diversos com alguma finalidade, e neste caso, retirando de você, excluindo de sua memória etérica, aquilo que poderia de alguma forma lhe fazer algum mal.

Obrigado por suas palavras em meu blog.
Um grande abraço.
Élys.

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Caro, Élys, entendi sua explicação, também acredito nisso. Graças a Deus o mal já se foi. Obrigado!!!

Eliete disse...

Bom dia, Carlos! obrigada pela sua apreciação, sempre generosa. muito me agrada ouvir palavras tão gentis de um poeta tão especial. bjs