ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

EU E A BIGORNA


Não me lembro quantos anos tinha, talvez uns dez. Eu era mesmo um menino diferente. Brincava como todos normalmente, ou até mais. Era eu quem puxava ou criava as brincadeiras. Era eu quem separava as brigas. Mas vez em quando eu sumia. Os coleguinhas cobravam meu sumiço. Hoje penso. Tão novinho e às vezes tão pensativo como se fosse um adulto em corpo de criança. Houve uma inversão. Agora, às vezes me sinto uma criança em corpo de adulto. Será alguma espécie de bipolaridade? Eu não tenho bipolaridade. Devo ter poli... rs rs. Esse é assunto do momento na psicanálise. Engraçado como a ciência gosta de inventar pano pra manga. Amanhã criam outra teoria e apagam tudo. Não creio muito nisso de bipolaridade. Existem momentos extremos opostos, que nós todos, humanos que somos, estamos sujeitos. O negócio é que as pessoas não assumem o que são, escondem seus anjos e/ou dragões. De vez em quando um aflora e surge o termo ‘bipolar’. Ainda farei um texto só sobre isso. Numa escolha rápida, prefiro meu EU de agora. Melhor ter uma criança habitando na gente que ser um adulto precoce. Infância é para brincar. Voltando ao assunto. No fim do bairro havia um grande abismo, onde descíamos de carrinhos de rolimã. Eu vivia com as pontas dos dedos esfoladas. Sentava sozinho na beira daquele abismo onde ao longe avistava o grande rio e depois dele, a floresta. Quantas vezes eu fui dentro da floresta mentalmente. Gostava de ficar cantando baixinho, falava com Deus, escrevia coisas na areia. Aprendi a ser privado de algumas coisas materiais, de belos brinquedos... mas não a ser acomodado. Nem de ficar em lamentações. Mas a gente não é de ferro e principalmente criança, tem hora que quase sucumbe. Ou fica triste. Só que graças a Deus, desde novo sempre tive capacidade grande de me recuperar. No outro dia estava jogando bola na chuva. Duas coisas boas de se fazer na chuva. Jogar bola e beijar. Jogar, joguei muito. Meus pais eram dois opostos que davam certo. Ele festeiro, sanfoneiro, ganhava pouco, mas estava sempre com riso na cara. Isso mesmo. Cara. A gente não vai pra guerra com o rosto, mas com a cara. A cara é a nossa valentia, nossa teimosia. E minha mãe, muito honesta, tímida, pessoa simples, humilde, mas não humilhada e fervorosa em Deus. Acabei pegando um pouco dos dois.
Num desses dias de viagem introspectiva, disse não a todos os coleguinhas. No quintal de casa tinha uma bigorna. Estava com muita raiva naquele dia. Não raiva de ‘ódio’, acho que indignado com toda uma situação e condição. Peguei uma pequena, mas pesada marreta para meus bracinhos magros e sentado de frente, comecei a bater na bigorna. Comecei devagar. Fui aumentando. A marreta tilintava, saíam faíscas. Alguém gritou lá de dentro, não sei se uma de minhas irmãs, mãe ou tias. “Larga essa marreta, menino. Vai machucar, quebrar o braço, vai bater isso no pé”. Aí bati mais forte ainda. Gritaram de novo brincando . “O que quer fazer com a bigorna? Quebrar?”. Pensei. “Pode até não quebrar, mas vou deixar minha marca nela. O tempo passa, a gente cresce. Nunca esqueci aquilo e cada dificuldade, a cada derrota, a cada decepção que sofria com as pessoas, a cena da bigorna vinha à minha mente. Acho que foi um aprendizado de mim pra mim mesmo. Levantei outras marretas e saí amassando outras bigornas por aí.
Um dia desses vi um filme com Will Smith, em que o filho pede para fazer uma coisa e ele diz NÃO. O menino acata muito facilmente. O pai (Will), um empresário falido, se indignou e voltou ao filho. “Nunca deixe que as pessoas lhe digam NÃO FAÇA ISSO. Nem mesmo eu que sou seu pai. As pessoas não vão se preocupar com sua felicidade se você não se preocupar . A sua felicidade não interessa às pessoas, somente a você. Tão somente a você. As pessoas não conquistam as coisas e tentam fazer você acreditar que você também não pode”. O filme é de história verídica e o pai se tornou um dos maiores empresários americanos. Peço licença para parafrasear Drummond, meu ícone máximo na literatura: NO MEIO DO CAMINHO HAVIA UMA BIGORNA.
///
SONHA, SONHADOR
Serra, serra, serrador.
Quantas tábuas já serrou?
Serra, serra, serrador.
Até que o pau se quebre ao meio,
mesmo que seja madeira de lei.
Mais forte é a sua lei.
A lei do querer que agita você
Deixe cair
as gotas de suas lágrimas, de seu suor, de seu sangue
que um dia a pedra fura
há uma luz no fim da rua escura.
A vida é um bumerangue
tudo que você joga, retorna
Martela, martela essa bigorna.
Ainda que o cabo se parta
ninguém pode dizer que não tentou.
Sonha, sonha, sonhador.
Quantos sonhos já sonhou?
Nada foi em vão ou perdido.
A pedra furou.
A madeira se partiu.
E a bigorna levará para sempre a sua marca
porque você não desistiu

18 comentários:

Anônimo disse...

Que delícia de texto..amigo. Realmente há pequenos detalhes da nossa história que carregam em si grandes lições.O filme é lindo"Em busca da felicidade" uma lição mesmo.
O poema ajustadinho..adorei." No meio do caminho havia uma bigorna" e que venham as outras...agente já sabe como enfrentar..
bjos
Tenha um final de semana abençoado..

Felina Mulher disse...

Vc escrevendo assim faz viajarmos nos tempos da infancia, lembro-me que no meu quintal tinha uma lata que minha mãe colocava em um pedaço de pau e que qdo ficavamos com raiva de algo, íamos lá a chutavamos até a raiva passar...acho que hj estou precisando de uma lata dessa pra chutar já que por aqui não tenho bigorna.
Um beijo de bom dia e que hj td seja melhor.

Hugo de Oliveira disse...

Poxa...parabéns pelo texto. Muito bem escrito viu.

Brilhante.

Mariana disse...

Carlos tu nem imaginas o quanto adoro os teus relatos.
Eu viajo por aqui.
Tenhas um belo fim d semana.
Grande abraço.

Everson Russo disse...

Eramos bem diferentes na infancia então, eu já não puxava nada, meu amigo, tinha um defeito de fabrica em mim chamado timidez...rs..rs...nossa, o quanto isso me atrapalhou essa epoca, chegava no colegio e pouco falava, na hora da educação fisica por exemplo era o ultimo a ser escolhido...rs..rs..rs...só me vingava com a bola rolando,,,rs,,rs,rs,,,nunca fui um craque, mas fazia questao de eliminar no dez minutos ou 2 gols, lembra disso? rs.rs..rs..quem nao me escolhia...rs..rs...mas falando do post, jamais podemos deixar passar essa fase criança da gente, tudo tem que rolar naturalmente na vida, e hoje, que chegamos a essa fase mais de fim de curva....rs..rs..rs...não podemos deixar a criaça presa, temos que estar sempre com ela solta,,,,agora, já os dragões....rs..rs...rs...acho que não, esses, melhor prender....rs..r.s....não sei se entendo disso, mas o bipolar é aquele que tem diferentes reações né? uma hora muito bom, outra não, alegre, triste, é isso? sei lá, se for, penso que são fases, a gente acaba caindo em todas,,,,temos que perguntar a Menina Lu...rs..rs...no divã dela eu me encontro....rs...rs...abraços meu querido e um belo final de semana pra ti....

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Obrigado, Sandra. O flm é esse mesmo, vi há poucos dias e já tinha esquecido o nome rs rs Ando meio aéreo. E o intenressante é que ele contracena com filho legítimo dele. Ah,as bgornas... a gente enfrenta.Pena não posso contar tudo.Beijos e bom final desemana
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Bom saber que não era só eu que descarregava de alguma forma,Felina.Sai chutando tudoque é lata na frente. Bom fim desemana também.Beijos
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Valeu, amigo Hugo. Um abraço
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Oi, Mariana.Suas palavras sempre me animam, pdoe crer. beijos

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

CARLOS E EVERSON: OS Reis dos comentários. Nossos comentários acabam virando uma troca boa de informações. Bem ,amigo Everson, como você gosta de dizer... por partes.
Também não sou a favor de liberar os dragões. É que tem gente que fica de anjo e de repente vira dragão. Aí nem é caso de bipolaridade, já é falta de personalidade ou caráter, sei lá.Mas bipolaridade é isso memso.O individuo ir em curto espaço de tempo aos extremos do riso e da raiva, da alegria e da tristeza, de muito bom a muito ruim. Melhor mesmo consultar a Lu que tem mesmo um belo divã. De vez em quando me deito lá.
Eu também não era craque, mas já fiz muito golzinho no final rs rs.Só não gostava de gnahar roubando, ainda vou contar um caso aqui no blog sobre isso. Tinha um amigo, Roberto,nem tanto amigo, encrenqueiro, roubava no jogo demais, eu pegava bola com a mão, devolvia ao adversário, ele ficava fulo da vida comigo e queria brigar. Sobre timidez, é terrível sim. Brinquei muito quando criança,na adolescência passei uma fase tímida,escura, mas o trabalho me libertou aos poucos. Hoje não chego rindo a nenhum lugar, mas devagar vou ficando à vontade e quando percebo, estou falando igual lavadeira. Um abraço e ótimo final de semana.

VASCODAGAMA disse...

OI BEIJA FLOR.....AMEIIIIIIIIIIIII
VOCÊ SEMPRE REALISTA.....
MAS TENHO DE EXPERIMENTAR....SABE O QUê????????
BEIJAR à CHUVA......AH AH AH AH
DEVE SER MARAVILHOSO...........
AINDA SO EXPERIMENTEI....DEBAIXO D"AGUA....UMMMMMMMMMMMMMMMMMM AMEI...
NUNCA DESISTIR DOS NOSSOS OBJECTIVOS...ESSA é A VERDADE...

BEIJO AQUI DE PORTUGAL

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Obrigado, SONHADORA. Como disse, joguei muita bola na chuva rs rs.e claro,tem que ser realista sempre.Obrigado pelas palavras acolhedoras e de incentivo.Bom final de semana.Beijos

Everson Russo disse...

O bom dessa de blog é isso, a gente troca experiencias, vivencias, carinhos, poesias e alma...é muito bom meu amigo,,,passando agora pra dizer que to em dia contigo....rs...rs...rs...enfim postei o selinho da amizade no www.olivrodosdiasdoispresentes.blogspot.com abraços.

Elzenir Apolinário disse...

Olá, Carlos, adorei seu blog. Inteligente, culto, reflexivo e emotivo. Vou acompanhá-lo. Convodo-te às minhas releituras. Bjs

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Oi,Elzenir. Fico fe liz e passarei la´sim.Volte semprem é um prazer.Beijos

rosa-branca disse...

Olá Carlos, lindo texto e lindo poema. Quem bate assim na bigorna e não se machuca é um vencedor. Beijos

Sandra Botelho disse...

Sempre fui a menina que ouviu da mãe.
Você é feia, você não pode, não consegue,
até que conseguiu se livrar de mim me colocando na rua.
Mas confesso que não consegui vencer estas palavras negativas, sempre me travo diante de alguma decisão, e paro e penso, será que ela tem razão que não vou mesmo conseguir, ainda tento vencer isso.
E como você disse existem pessoas até as mais próximas que não querem sua felicidade.
Ainda bato na minha bigorna. Todos os dias, a cada magoa recordada, a cada sofrimento, a cada humilhação que me vem a mente.
Mas não me entrego a dor passada, o que vale é o que consegui, a felicidade que tenho hoje, mesmo baseada em coisas pequenas, valorizo muito tudo que consigo.
E como no filme Em busca da felicidade , me refaço a cada dia, e assim sigo.
Tambem fui uma criança timida talvez pela falta dos pais, ou de amor sei lá.
Mas agora estou bem menos timida, e nos meus poemas me solto.Ainda estou me livrando de velhas mágoas e dores, e sei que um dia olharei para trás sem dor.
E quanto a bipolaridade, as vezes meu filho me diz que sou bipolar, acho isso uma bobagem, talvez seja ignorancia minha mas acho assim.
Tem dias que estamos pra baixo, outros estamos felizes, ou instantes que mudam nosso humor.
Um dia escrevo um poema triste, no outro um poema sensual, no outro um feliz, se for assim sou bipolar mesmo, todos somos não é?
Bom acho que já falei demais, ja ja transformo seu blog em um diario.
Gosto do que escreve, sempre me dá vontade de escrever e escrever...
Desculpe amigo.
Bjos no coração e tenha uma linda noite.

AFRICA EM POESIA disse...

Carlos
Bom ano...

partilho...


Ando Feliz

Primeiro as negociações do governo com os professores melhorou.
Depois é fim de semana
Depois...Depois o meu livro do SPORTING está quase a sair.

Para ti...um beijo GRANDE...

Linda Simões disse...

Clap!Clap!Clap!

Parabéns,Carlos.


Também assisti o filme.


Deixemos nossas marcas nas bigornas da vida...



Um beijo

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Carlos
sempre textos bonitos com muito conteúdo, e o poema também é muito belo.

Beijinhos

sonhadora

ARMANDO MAYNARD disse...

"A sua felicidade não interessa às pessoas, somente a você". Gostei dessa frase e acho que a vida passa a ser muito mais simples, a partir do momento que encontramos a nossa verdade. Só que até chegarmos a ela, haja bigornas. Um abraço, Armando