ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

TODO MUNDO PODE SER PETER PAN




 
Depois de resistir a muitos conselhos, o rapaz resolveu procurar o psicanalista, mais para que os deixassem quieto do que por necessidade. O doutor, leu a ficha com estranheza, e perguntou: “Qual o seu nome?”. De forma natural, respondeu: “Peter Pan”. O doutor repetiu: “Ah, Peter Pan... o menino que se recusa a crescer. É por isso que veio aqui, não é?”. Ele afirmou com a cabeça, mas contrariou depois: “Não sei bem se foi por isso, me falaram tanto que acabei vindo, pelo menos para ver como é falar com um analista”. Prosseguiu o doutor: “Quero que me responda algumas perguntas. Por que se acha Peter Pan? De onde esse Peter Pan veio? Desde quando? Qual sua idade real? Ou melhor quais as suas duas idades, a real e a que você pensa ter?”. Com tranquilidade de quem flutua, o rapaz começou a responder: “Todo mundo pode ser Peter Pan. Acho que sou  Peter Pan desde sempre, desde que me entendo por gente, desde que minha mente armazenou a primeira memória, desde que passei a observar os pássaros, a lua, o sol, as estrelas, as plantas. Eu não tenho somente duas idades, eu tenho todas as idades que quero ter, tudo é possível no mundo que eu criei. Eu criei um mundo onde ninguém pode me machucar. Por que sou Peter Pan? Porque não gosto nadinha desse mundo material, concreto, pois o abstrato tem coisas mais lindas. Não é porque tem nome abstrato que não existe. Tudo existe, basta a gente fechar os olhos. De onde eu vim? Eu não vim de lugar nenhum, eu habito na Terra do Sempre”. Cada vez mais curioso e intrigado ia ficando o psicanalista. “Bem, eu conhecia como Terra do Nunca. E que benefícios isso tem trazido a você? Não imagina que pode estar fadado à solidão?”. Sempre com respostas e tom suaves, ele disse: “Depende, doutor, do seu conceito de solidão. Vejo multidões nas ruas e ninguém se fala, isso para mim é solidão. E eu não estou sozinho no meu mundo, outras pessoas como eu, habitam nele, poucas mas existem. Felizmente eu não sou o único que fecha os olhos e viaja, não sou o único que vê poesia a todo momento, que acredita num outro tempo, que em alguma dimensão haja uma maneira melhor de ver e entender as coisas. Não, doutor, não me sinto na contramão, também não sei se o mundo está, mas eu não tenho necessariamente que seguir o mundo. Os benefícios disso? Ah, doutor, são tantos! Conheço lugares lindos que o olho humano não tem tempo nem sensibilidade de ver. Eu falo com anjos, sou amigo deles. Falo com os animais. Já fui à lua, já toquei até o sol, dormi nas estrelas. Nas dimensões aonde vou me ensinaram a perdoar, a querer bem, aprendi o desprendimento, a valorizar o que se tem em mãos em vez de chorar o que foi perdido. O que foi perdido, não se perdeu, na verdade nunca nos pertenceu, por isso não está mais aqui”. O doutor abaixou a cabeça por instantes, pensando, “O caso é mais grave do que eu pensei”, e não hesitou em comentar: “Só falta agora você dizer que também tem uma Sininho”. O rapaz sorriu com olhos de criança. “E não é que o senhor acertou? Claro que eu tenho a minha Sininho... e ela é linda. A gente voa de mãos dadas”. O psicanalista acabou soltando em voz alta. “Pronto, agora danou-se”. E completou: “Olha, eu poderia lhe internar, mas não o farei, se na semana que vem você me trouxer sua Sininho, quero conhecê-la”. Prontamente o rapaz concordou, e foi liberado, ante aos olhos do médico que com certeza queria mesmo era falar com alguém que o conhecesse, para estudá-lo melhor. Pois na semana seguinte, lá estava ele de mãos dadas com a namorada, e quando o médico perguntou seu nome, disse logo: “Meu nome é Sininho”. “Um problemão em dose dupla”, pensou o médico, que fez com ela praticamente a mesma entrevista que havia feito com Peter Pan, e  ouviu também as mesmas respostas. Emendou mais uma pergunta: “Desde quando vocês são Peter Pan e Sininho?”. Responderam uníssonos: “Desde quando aprendemos a ver  as coisas de um modo diferente”. O doutor se admirou com a sintonia bonita que havia entre os dois. “Bem, vocês vivem num mundo que até pode ser fantasioso, mas é fantástico. São felizes assim, e não serei eu a impedir isso. ‘Melhor a pureza do sonho que a dureza da realidade’, já li isso num certo poema chamado ‘Ícaro Moderno’, de um outro rapaz que já esteve aqui. Estão liberados”. Peter Pan piscou o olho para Sininho, e nos poucos segundos em que o doutor abaixou a cabeça e escrevia fechando o prontuário, o casal desapareceu. Ele correu à secretária na recepção:  “Você viu aquele casal passar aqui?”.  “Não, doutor! Eles entraram no consultório e não os vi mais”. Rapidamente ele voltou ao consultório... a janela estava aberta. Correu até lá e pôde ver no horizonte: os dois voavam, bailavam de mãos dadas, faziam evoluções diversas no espaço. Com pedaços  de nuvens, escreveram no céu: ‘ TODO MUNDO PODE SER PETER PAN ’. O doutor sorriu e chorou ao mesmo tempo, por poder  vislumbrar como são felizes os que habitam a Terra do Sempre... e pela possibilidade de também se tornar Peter Pan. 
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E assim eu começo o meu ano... acreditando nas possibilidades.
 

7 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Boa tarde Carlos!

Parabéns pelo fabuloso texto. Adorei ler.

Beijinho
Bom ano
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Ivone disse...

Lindo, amei ler, nossa, essas coisas são próprias de pessoas como nós, as que nasceram sob o signo de peixes, rsrs, pois é, tenho sessenta e cinco anos e não perdi a capacidade de ser feliz assim, bem do jeito que escrevestes nesse belo texto!
Adoro Mitologia, tenho muitos poemas a respeito, muitas coisas eu invento, minha capacidade de sair de mim e viver o sonho é tão grande, nem por isso sou alienada, acredito que muitos piscianos são assim, em minha família tem meu filho e meu único irmão, eles são maravilhosos!
Amigo pisciano querido, moras em meu coração pela rica afinidade!
Abraços bem apertados!

Anônimo disse...

Llindíssimo!
Qualquer pessoa consegue o que quer é só acreditar!
Maravilhoso confesso que fiquei emocionada com essa linda história!
Parabéns começou o ano divinamente!
Beijinhos.

Estrela disse...

Pois é, amigo. Vamos ter fé e que 2015 seja, realmente, incrível, mágico! Beijos!

Rô... disse...

oi Carlos,

muito lindo,
acreditar,já é metade do caminho
para conquistar...

beijinhos

Arione Torres disse...

Oi amigo, simplesmente adorei!!
Todos nós podemos ser Peter Pan, basta acreditar. Nós temos que parar de nos preocuparmos com coisas que não fazem o menor sentido e prestar mais atenção ao que o nosso coração fala.
Tenha uma ótima semana, abraços!!

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Carlos!
Bom dia e otima sexta feira
pra você.
Bela postagem, eu gosto muito de ler aqui.
Bjins
CatiahoAlc.