ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

TIRADINHAS DE MAMÃE.





Esse texto é quase um dicionário sobre algumas expressões que minha mãe usava, algumas criadas por ela mesma, tem também algumas passagens interessantes e algumas particularidades que só a Dona Sebastiana tinha. Divirtam-se:
- ESPECULA – Vem do verbo especular, claro, mas ela inventou esse substantivo. Quando ela estava fazendo alguma coisa e a gente perguntava: “Que é isso, mãe?”. Ela respondia: “É especula!”. Era um jeito de ela dizer “não é da sua conta”, um jeito de colocar fim na conversa, não gostava de gente curiosa.
- ESTRUPÍCIO- Essa já é uma palavra conhecida, ela usava quando queria fazer algo ou passar, e a gente estava na frente: “Sai daí, estrupício”. Mas não falava brava, falava rindo.
- ÓTIMO DE BÃO- Quando ela queria expressar que algo ficou muito bom, dizia assim, por exemplo: “ Esse macarrão ficou ‘ótimo de bão’.
- PRA FRENTE – O mesmo que enxerido, inconveniente. Dizia: “Larga de ser pra frente”. Ou quando a gente ia à alguma festa: “Espera te servirem, não vá ser um ‘pra frente’ pra passar vergonha”. Usava também: Pra frente igual bico de sapato
- O CARLOS É UM MENINO BÃO, MAS É ENJOAAAADO. TEM QUE TER PACIÊNCIA COM ELE. Um dia reclamei: Mãe, a senhora não pode ficar falando isso de mim, principalmente com minhas namoradas, tá me atrapalhando”. E ela: “Eu tô falando a verdade. Eu sou de falar a verdade”. Até que eu concordo com ela rs rs. A mãe sabe o que fala, né?
- BUBIÇA- O mesmo que bobice, bobeira, bobagem.
- BOCHECHUDO. Eu mesmo he he. Quando eu fazia alguma raivinha: “Ah, se eu pegar esse bochechudo”. Eu gostava disso, às vezes fazia até um pouco por querer, só para ouvir isso... mas à meia distância para ter tempo de correr. Embora eu só tenha apanhado uma vez.
- MENTIRA – Não gostava de mentira nem de brincadeirinha. Dizia: “Mentira não tem esse negócio de tamanho, não tem mentira pequena e mentira grande. Mentira é mentira e pronto”.
- COCHICHO- Detestava quando a gente cochichava. “Quem cochicha tá tramando coisa errada”.
- QUANDO FICOU VIÚVA- Poucos meses após falecimento de meu pai, um senhor já velho começou assediá-la. Lembro até hoje ela contando que deu um “pra trás” nele: “O senhor me respeite. Acha que eu tô caçando caco de véio?”. E mais: “Deixa ele vir aqui na minha porta que vou tacar água quente na cara dele. Eu tenho uma raiva de véio safado”.
PERSONALIDADE- Minha mãe era um doce, mas tinha personalidade forte, só fazia o que queria. Quando a gente insistia, tentando impor alguma coisa, dizia: “Quem mandava em mim era meu pai, e ele já morreu”.
SANFONA –Meu pai sempre levava os amigos lá em casa pra tocar sanfona, comer e beber. Ela até gostava até porque quem fazia os tira-gostos era ele mesmo, ficava só vasilhame para lavar depois. Era divertido. Mas quando ela não queria, não tinha jeito. Ele dizendo: “Sebastiana, vou trazer o pessoal pra tocar aqui no fim de semana”. Ele de dedo em riste: “Ah não, não quero saber daqueles véios cachaceiros aqui não”. E não iam mesmo.
NÃO VOU BEIJAR NINGUÉM- Quando a gente fazia pirraça e não queria comer, ela falava assim, que é o mesmo que , “ não vou adular ninguém, não vou insistir”. E completava: “Quer quer , não quer, tem quem quer”.
CONTAR CAUSOS- Adorava contar causos antigos lá da roça, e era eu quem mais pedia pra ela contar. Um dia pedi: Lembra aquele, mãe, de como a senhora tomou meu pai da outra moça. Ela: “Eu não tomei não, não fui eu que fui atrás dele. As ‘bestonas’ (as outras moças ) ficavam andando atrás dele, eu não.
- PRA FECHAR COM CHAVE DE OURO – FUNDIAR- Ela nunca falava palavrão, até nos repreendia, ainda que fosse um palavrão leve... mas um dia ela falou. A situação em casa não estava muito boa, era de tarde, a gente tomando café na mesa, ela disse que ia comprar uma coisa pra casa ( não lembro o quê), e quando um de nós disse: “Mas é caro, mãe. Vai apertar”. Ela respondeu: “Já tá tudo fudido mesmo... vamo acabar de ‘fundiar ‘ tudo. Foi o dia que mais ri na vida, tive que deitar pra rir.
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Por hoje é só, se eu lembrar mais, e com certeza vai ter, eu conto.
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( imagem behance.net )

8 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso e saudoso texto!

Da minha Mãe apenas tenho recordações.

Adorei ler.

Beijos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

chica disse...

Gostei de ver essas expressões.Muito legais e essa última, fez mesmo rir...abração,chica

Eliete disse...

Carlos, ótimo! muitas dessas expressões, tb, ouvia da minha mãe. um abraço

Ivone disse...

Lembranças de infância só nos enriquece né mesmo?
Minha mãe também falava muitas coisas que eu amava ouvir, principalmente em italiano, aprendi muito a falar muitas coisas nessa língua por causa dela, era uma forma que ela tinha de manter viva a memória dos meus avós, os pais dela que morreram ainda jovens e deixaram os irmãos pequenos para ela criar, eram quatro, o caçula tinha só um aninho!
Me fizestes recordar meu amigo Carlos!
Abraços apertados!

Edjane Cunha disse...

Como é bom ter essas lembranças, lendo esse texto eu viajo para um tempo lá atrás, quando eu crescia ao lado da minha mãe, ouvindo todos os ensinamentos que guardo até hoje. Passa um filme e ouço novamente expressões que como as de sua mãe, eram só dela. Expressões essas que quando as ouvimos sabemos que tem a marca registrada dela. Sei que pra você também é assim. Hoje mais do que nunca você merece um beijo no coração por me trazer de volta um passado tão feliz. Beijo no coração rs

http://mundoholistico500.blogspot.com.br/

Ricardo e Regina Calmon disse...

Saudades do mininu Poeta!

abraços

Ricardo

Maria da Graça Reis disse...

Amei...
Estou aqui chorando de tanto rir.
Estava precisando.
Gostaria de ter conhecido sua mãe.
Mãe não devia partir nunca e estar sempre conosco.
Abraço fraterno

Marisa Giglio disse...

Carlos , fiquei encantada com sua mãe e suas tiradas tão bem contadas por você . Beijos .