( imagem facildilmais.com )
O novo Rei do Marketing não é o Bill Gates. Também não é o cara que
criou o facebook. Sabe aquele domingão bonito quando as famílias se
reúnem? Umas se reúnem à mesa, outras preferem um churrasco no quintal,
outras uma feijoada, uma moqueca, enfim, domingo é dia de família. Mas,
aquele foi um domingo diferente. Quando toda a vizinhança preparava seu
domingo, cada um na sua particularidade,
uma perua , com uma placa = OVOS 3,00 A DÚZIA, estacionou, e dali uns
minutos, num alto-falante bem ensurdecedor e rouco, começou a
propaganda. O pior é que o cara tinha uma voz chata ( parece alguém que
eu conheço rs rs... já vem eu com minhas gracinhas ), e anunciava bem ao
estilo Chacrinha, fazendo rimas, tipo: “Bom dia, meu povo... venha
comprar ovo”. “Alô, Dona Maria, venha com alegria. O carro do ovo está
passando de novo”. “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?: Não
importa, só não pode faltar ovo na sua cozinha”. Cada uma pior que a
outra. Até que no início, as pessoas em suas casas acharam engraçado,
mas com o tempo foram se chateando, se enchendo daquilo, o cara não
parava de gritar. “Ovo cozido, ovo frito. Tanto faz, com ovo seu prato
fica mais bonito”. “Ovo mole, ovo duro. Ovo é saúde no seu futuro”. As
pessoas começaram a comentar: “Esse cara já tá enchendo. Ele não cansa?
Tá perturbando nosso churrasco”. “Comer uma feijoada dessas ouvindo
isso, ninguém merece”. “Alguém precisa mandar esse cara parar”. Seu João
chegou da janela do apartamento, e gritou: “Ô filho de Deus. Para com
esse berreiro aí. Tá enchendo o saco”. Até Cristina, bonita, simpática,
sempre calminha, paciente, abaixou o fogo do frango com quiabo, e chegou
à janela. “Ô moço... por favor. Está estragando nosso domingo”. Ele nem
deu “ligança” ( existe essa palavra? Agora existe rs rs )... no
português oficial, ‘não ligou, não se importou’. Teve um que até ameaçou
chamar a polícia, mas “a polícia deve estar ocupada com coisa mais
séria”, alguém disse. Única coisa que o homem respondeu lá de baixo,
foi: “Vocês já estão almoçando... e eu estou tentando ganhar meu
almoço”. E continuou com seu carro de som. Até que alguém, duas horas
depois, bastante irritado, jogou um ovo lá de cima, bem na cabeça do
homem. “Você fala tanto de ovo que ganhou um na cabeça rá rá rá”. Ele
não disse nada, apenas limpou, e continuou a gritar. O que havia jogado
se surpreendeu por ele não ter reclamado. “Ah, não liga não? Pois tome
outro”... e arremessou mais um, de novo na cabeça dele. Bom de mira o
rapaz. Os vizinhos perceberam e começaram a rir, e o atirador de ovos
gritou para todos. “Veja, gente. Ele gosta tanto de ovo que não se
importa que se atire ovos nele. Vamos, joguem também”. Lá embaixo, ele
continuava a gritar. A vizinhança gostou da brincadeira, e aderiu... e
tome ovada. Cada um jogava, um após o outro, até as crianças, o homem
foi se melecando todo, o teto da perua também, o asfalto. Uma
verdadeira chuva de ovos. Todos gargalhavam, mas ele não se calava. E
tome gritaria no alto-falante, e como estava divertido os moradores só
pararam de atirar ovos quando perceberam que não tinham mais em casa, e
assim, a brincadeira esfriou... mas o danado gritou até perceber que
as pessoas se aquietaram em seus lares. Deixou a perua ali mesmo, foi
até uma pensão, tomou um banho, trocou de roupa, jantou, e voltou ao
carro que também lhe servia de hotel. Epa... por que preferiu dormir no
carro desprezando o conforto da pensão? Veremos já. Às 06:00h em ponto
acordou, espreguiçou, e mudou a placa de venda, para: OVOS 5,00 A DÚZIA.
O ar da rua estava impregnado de fedor de ovo. Agora a hora da virada. O
primeiro rapaz que lhe atirou ovo, precisava tomar café, apreciava ovos
mexidos, mas não tinha mais na geladeira, afinal jogara todos na cabeça
do homem, teve que dar o braço a torcer, desceu, envergonhado pediu
desculpas, e pediu uma dúzia de ovos, mas assustou-se com o preço.
“Ontem não era 3,00 reais? Hoje já são 05,00 reais?”. O vendedor
respondeu. “Sabe como é, as coisas mudam de repente na vida, inclusive
os preços”. Não teve jeito, levou assim mesmo. E assim foi com Cristina
que precisava fazer um macarrão pro filhão almoçar, foi assim com seu
Joaquim que gostava muito de pão com ovo, e com Dona Iracema que queria
fazer um bolo, e etc etc etc. Por fim, a perua que chegou lotada até em
cima, ficou vazia, ele vendeu todos os ovos. Os moradores ficaram nas
janelas com aquela cara de “ hein? ”, olhando a perua se afastar até que
ela dobrasse a esquina. E lá foi ele com os bolsos estufados de
dinheiro, perturbar outra vizinhança.
6 comentários:
Olá, querido amigo Beija-flor!
Dei boas risadas ao ler seu texto, fiquei com peninha da frieza do povo jogando ovo no homem, poderia ter chovido ovo, mas sem dar esse ar de maldade rsrs, usando um sujeito indeterminado aí: "De repente, as janelas se abriram e jogaram sem dó uma chuva de ovos no pobre homem, uma chuva que começou tímida, mas que foi ganhando forças com as outras gotas que se jogavam no carro-perua."
Adorei as rimas, as personagem e a maneira que tudo terminou.
Aplausos!!!
Bjs
Cris
Olá, Carlos
Fora os que vendem abacaxi, melancia, uva e outros... rs... cidade pequena é uma graça!!!
Bjs fraternais e festivos de 2015
Oi querido amigo, adorei o seu texto!!
Tenha uma excelente semana, abraços!!
Amigo Carlos, achei bem humorado o texto, embora as pessoas estejam mesmo assim, intolerantes, mesmo aqui em Sampa, cidade grande há os que vendem ovos assim, com músicas e as chamadas gravadas, mas gostei do desfecho, o vendedor calmamente pode atingir o objetivo, vender os ovos!
Moral da estória? Nunca desistir diante dos obstáculos, rsrs, pois é, amei!
Abraços amigo sempre querido!
oi Carlos,
a paciência que ele teve ao receber as ovadas,
fez dele um grande marketeiro mesmo...
adorei o texto,cheio de humor...
beijinhos
Bom dia,Carlos
Texto maravilhoso!!
Beijo e um dia feliz
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
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