ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ERA UM DIA COMO OUTRO QUALQUER

Era um dia como outro qualquer. Tudo estava no seu lugar. O asfalto, as árvores. Ainda dava para ver alguns passarinhos e borboletas no ar, apesar da fumaça. As pessoas cumpriam a rotina, andando pra lá e pra cá, em busca de não sei o quê. Buzinas e vozes se confundiam. Carrões e mendigos se distinguiam. O luxo e o lixo dividindo a mesma calçada. Nas lojas, liquidações. Nas ruas, a vida também parecia não valer muito. De um lado um arranha-céu imponente zombava do barraco do outro lado na favela quase tão alto quanto o edifício. Shopping center lotado. Os botecos também. Num só cenário, o trem e o avião. Gente chegando, gente partindo. Gente chorando, gente sorrindo. Gente amando, gente sozinha. O seguro que garante o carrão do doutor, o gás que acaba na hora do almoço preocupando a dona de casa que espera o seu amor. Rimei sem querer. Mania de poeta ou intuição sei lá. Tudo isso colorindo e compondo uma selva de concreto, uma selva de contrastes. Uma selva de um animal frio e estranho chamado homo sapiens. É... a lei da selva é dura. Quem tem a boca maior engole o outro. E domingo vão à igreja rezar. No fim do ano trocam até presentes.
De repente, um rapaz, magro, claro, cabelos enrolados (qualquer semelhança com o autor é mera coincidência), se destacou naquela mesmice selvagem, subindo num pequeno palanque que improvisara. Trajava roupas simples, palavras simples também... e ideias estranhas. Tinha nas mãos um megafone e no peito uma vontade de gritar. Nos olhos parecia carregar um sonho, um brilho diferente. Chamou a todos de irmãos, pedindo atenção aos transeuntes, conseguindo aos poucos reunir um grupo de curiosos à sua volta. E falou muito. Forte e alto. Falou da igualdade entre os homens tão lindamente estabelecida por uma tal de ONU e tão tristemente esquecida pela mesma. Lembrou Luther King e Gandhi. Mas lembrou Hitler também. Citou os heróis como Tiradentes e os covardes também. Mas frisou, não precisamos mais de heróis, precisamos apenas que cada um faça a sua parte. Mandou ver as coisas simples, onde habitam Deus e a felicidade. Mirar o sol, as estrelas, o ar e sentir DEUS. Pediu respeito às crianças. Mandou desligar somente por um dia as antenas parabólicas e ligar as antenas do coração, da sensibilidade. Que as peles são diferentes, mas todo sangue é vermelho. Que pessoas nasceram para brilhar e que o mendigo deitado na esquina é apenas um sintoma de que a sociedade faliu, perdeu para si mesma. Que a paz precisa sair dos slogans e ir direto pro coração, célula-mãe de toda uma sociedade. Que o segredo está no domínio do ego. Falou que a guerra é uma burrice e quem pensa ter vencido também fracassou. Não há paz real se não for geral. E falou, falou e falou... mais e mais. Até ficar rouco.
E tudo permaneceu no seu lugar. O asfalto, as árvores. Os carrões e os mendigos. O shopping estava intacto. O barraco talvez não, porque o barraco morre um pouco a cada dia. Enfim, pessoas "rotinando". Tudo igual.
Ele???
Meia hora depois, estava numa camisa de força, trancado num hospicio.
Acharam mais fácil.

NOTA: A narrativa é fictícia, mas a intenção é real. ( ê juventude! )

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Carlos
a narrativa é ficticia mas eu revi nela este nosso mundo e quem me dera que ouvesse muitas vozes como essa.A camisa de forças continua a existir a inquisição infelizmente para nós não acabou, quem tenha ideias diferentes, quem clame por um mundo melhor mais justo e limpo, tem um rótulo que se chama Loucura.Será!!!!!!
De sábios e de loucos todos temos um pouco, sendo assim vamos lá despertar para a realidade.
Obrigada Carlos por mais um Fantástico abanão nesta nossa sociedade cega.

Um abraço de alma
Salamandra

Anônimo disse...

uma palavra?

Perfeito!

Tenha um bom dia!

Elaine Barnes disse...

Puxa que lindo seu texto. Você escreve muito bem e com a alma. Escrevi um texto pequeno sobre
"Os dementes". Na verdade foi uma redação pra escola qdo estudava no supletivo rs...Mas, o seu texto é digno de aplausos! Obrigada pela sua visita, fiquei feliz com seu comentário. Pra mim, tudo é novo aqui e estou tendo o privilégio de conhecer pessoas de muito conteúdo.Tenho aprendido com todos. Obrigada ! Bjão

Elaine Barnes disse...

OLá! Já postei sim em 2008. Os Dementes, tem também os demônios...
Bjs