ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O CASULO


Pedrinho era um menino triste. Não gostava de brincar, não tinha amiguinhos, vivia pelos cantos. Um dia num de seus refúgios, como um eremita mirim, entrou num bosque, sentou-se sob uma árvore, encostou a cabeça nos joelhos e começou a chorar. Chorava de forma tão intensa que até as árvores, as flores e os bichos se contagiaram e ficaram tristes também; o esquilo chorou, o macaco não brincou, o passarinho não cantou, o castor nem se aproximou. Flores cabisbaixas guardaram seu perfume.
De repente uma voz suave murmurou:
-Ei, ei menino... por que chora?
Pedrinho nem respondeu, não queria falar com estranhos, continuou no seu mundo fechado, ensimesmado. Mas a voz insistiu:
-Ei, menino... não chore mais.Veja quantas coisas lindas à sua volta. Por que chora?
Pedrinho levantou a cabeça procurando ao redor quem falava, mas não viu ninguém. Ficou um pouco assustado e perguntou:
-Quem é você? Quem está aí?
Então uma grande e linda borboleta, toda colorida de azul, branco, vermelho, amarelo, era um arco-íris de asas, se apresentou com uma voz mais meiga ainda.
- Sou eu, uma borboleta.
-Nossa, como você é linda! Posso tocar em você? – entusiasmou-se Pedrinho estendendo a mão.
- Claro- respondeu a borboleta pousando naquela frágil mão... e cobrou.
- Por que estava chorando? Não gosto de ver ninguém chorando, menos ainda, crianças.Crianças existem para sorrir, brincar, estudar.
-Não está vendo estampado no meu rosto como sou feio? Olha meu nariz como é grande. E essas bochechas horríveis. Tenho pés grandes, ando até torto. Minha voz é esquisita (qualquer semelhança com o autor é mera coincidência). Tenho até vergonha de olhar para os outros com esses olhos esbugalhados.
-Ora, ora menino. Nada disso é importante, nada disso merece uma lágrima. O que importa é a beleza do seu coraçãozinho. Se você é um bom menino.Você me acha linda, não é?
-Acho sim, demais- disse Pedrinho ainda enxugando o rosto
-Pois olhe atrás de você nessa árvore. Veja esse casulo. Dentro dele existe uma lagarta cabeluda, cheia de pernas, asquerosa, que dá até medo nas pessoas.Nem por isso ela é triste, pois sabe que é parte da natureza, a perfeição que Deus criou, com tantas diferenças se encaixando. Antes de ser essa borboleta linda, eu era uma lagarta feia e vivia num casulo também. Eu me transformei. As pessoas devem se transformar.
Nisso Pedrinho sentiu que a tristeza foi saindo aos poucos, foi ficando aliviado e até esboçou um sorriso de canto de boca.
- Como assim... transformar?
- De dentro para fora. Quando você estava triste, tudo à sua volta também estava. Se for pra contagiar, por que não de alegria? Metamorfose é respeitar as pessoas, as diferenças, as raças, as crenças. Não fraquejar diante de derrotas, aprender a caminhar com elas. Ser humilde nas vitórias. Dar chance às pessoas. Perdoar não com a autoridade de quem perdoa, mas com a fraternidade de quem acolhe. Ajudar a quem precisa. Fazer o bem sem esperar recompensas e aplausos. Acordar de bom humor, abrir a janela e dizer: Bom dia sol! Bom dia vizinho! Bom dia Deus! Abrir os braços abraçando o mundo. As pessoas vivem dentro de casulos e não sabem, fechados, escuros, sendo que o mundo lá fora é tão brilhante. São estrelas e não sabem.Sorriso não tem preço. Venha, siga-me. E saiu voando.Pedrinho foi atrás. Seus olhos pareciam duas pepitas, reluzentes, sem lágrimas. Saiu correndo, pulando, como uma criança de verdade. Chegando à beira da rua a borboleta continuou.
- Veja quantas crianças. Como brincam, como são felizes. Vá brincar também.
Pedrinho olhou para a nova amiga jogando um beijo no ar e disse:
-Muito Obrigado! Estou me sentindo lindo!- e saiu correndo em direção à meninada.
- Missão cumprida-pensou a borboleta e voou para longe, quem sabe para salvar outros meninos.
Era uma vez um menino triste... era, não é mais.
Mais um casulo se quebrou.

NOTA: Estou revirando gavetas e encontrando textos juvenis

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Carlos
foi um enorme prazer ler este conto infantil,obrigada.
Condensado nos contos infantis estão todos os mistérios e magia da própria vida, nós quando nos tornamos adultos depressa nos esquecemos deles,revivendo-os vamos com toda a certeza reencontrar a nossa criança interior, e voltar a sorrir.
Mais uma vez obrigada e parabéns pelo blogue, tem um belo conteudo.

Um abraço de alma

Salamandra