ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 30 de abril de 2016

MINHA VISÃO SOBRE " O ROUXINOL E A ROSA " - DE OSCAR WILDE


Haveria um grande baile, um rapaz estudante enamorado por uma moça, pediu-a que no grande dia do baile dançasse com ele, todavia ela impôs uma condição: “Danço contigo, se me trouxeres uma rosa vermelha”. Desesperado, mas levado pelo amor que sentia, ele procurou muito a tal rosa vermelha, e não encontrando, prostrou-se em lágrimas no chão. “Nossa felicidade depende de coisas tão pequenas. Já li tudo dos grandes sábios, sei todas as filosofias, mas hoje estou infeliz porque não tenho uma rosa vermelha”. O Rouxinol, do alto das árvores, compadeceu-se do rapaz: “Finalmente, eis um que ama de verdade. Aquilo que eu canto, ele sofre; o que para mim é júbilo, para ele é sofrimento. Sem dúvida, o Amor é uma coisa maravilhosa. É mais precioso do que as esmeraldas, mais caro do que as opalas finas. Nem pérolas nem romãs podem comprá-lo, nem é coisa que se encontre à venda no mercado. Não é possível comprá-lo de comerciante, nem pesá-lo numa balança em troca de ouro".
O estudante continuava seu drama: "Os músicos no balcão, tocarão seus instrumentos, e meu amor dançará ao som da harpa e do violino. Dançará com pés tão leves que nem sequer hão de tocar no chão, e os cortesãos, com seus trajes coloridos, vão cercá-la. Porém comigo ela não dançará, porque não tenho nenhuma rosa vermelha para lhe dar”. O Rouxinol disse-lhe: “Terás a tua rosa vermelha”, e saiu em busca, de jardim em jardim, de roseira em roseira, mas nenhuma tinha rosas vermelhas, uma sequer, eram todas brancas e amarelas, e respondiam a mesma coisa: “Vá mais adiante, quem sabe minha irmã pode lhe atender”. Finalmente uma lhe disse: “Minhas rosas são vermelhas, mas um inverno impiedoso congelou minhas veias e queimou meus brotos, não terei rosas esse ano”. O Rouxinol insistiu: “Uma rosa vermelha apenas, é tudo o que preciso”. A roseira respondeu: “Só tem uma maneira. Terás de cria-la com teu próprio canto, tingi-la com o sangue do teu coração. Terás de cantar para mim, apertando o peito contra um espinho, a noite inteira, até que o espinho perfure teu coração e teu sangue penetre em minhas veias, tornando-se meu”. O Rouxinol por instantes ficou triste: “A morte é um preço alto por uma rosa vermelha, mas o amor vale mais do que a própria vida. E o que é o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?”. Voou de volta ao estudante: “Não chores mais, terás a tua rosa vermelha, vou criá-la com minha música ao luar e com meu sangue. Tudo o que peço é que ames de verdade, pois o Amor é mais sábio que a Filosofia, por mais sábia que ela seja, e mais poderoso que o Poder, por mais poderoso que ele seja”. Com a lua já alta o Rouxinol voou até a roseira e apertou o peito contra o espinho, cantava e apertava, cantava e apertava, o espinho cada vez mais cravando, o sangue lhe fugindo das veias, enquanto isso a rosa se abria linda, ganhava o tom vermelho de seu sangue. Absorvendo a vida do passarinho, a roseira exclamava repetidamente: “Aperta-te mais, pequeno Rouxinol, senão o dia chegará antes que esteja pronta a rosa". Quanto mais cantava, mais ele apertava, até que deitou-se totalmente sobre o espinho, seu canto soou mais alto em despedida, e por fim, nasceu a flor e morreu o passarinho. Em nome do amor. Tão logo amanheceu, o estudante abriu a janela e lá estava no quintal uma linda rosa vermelha, uma só, mas era a única que precisava. Colheu com carinho e foi até a pretendida: "Dissestes que dançarias comigo se eu trouxesse uma rosa vermelha. Eis aqui a rosa mais vermelha de todo o mundo. Tu a usarás junto ao teu coração, e quando dançarmos ela te dirá o quanto te amo". Ela repudiou: “Não vai combinar com meu vestido. E além disso, o sobrinho do Tesoureiro enviou-me joias de verdade, joias custam muito mais do que as flores". "Ora, como és ingrata", disse o Estudante, jogou a rosa na rua, a flor caiu na sarjeta, e uma carroça passou por cima. Antes de entrar, a moça ironizou: “Quem és tu? Apenas um Estudante. Creio que não tens sequer fivelas de prata em teus sapatos, como tem o sobrinho do Tesoureiro". Enquanto se afastava o estudante concluiu: "Que coisa mais tola é o Amor!". É bem menos útil que a lógica, pois nada prova, e fica o tempo todo a nos dizer coisas que não vão acontecer, e fazendo-nos acreditar em coisas que não são verdade. No final das contas, é algo muito pouco prático, e como em nossos tempos ser prático é tudo, vou retomar a Filosofia e estudar Metafísica".
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Esse conto de Oscar Wilde é o mais perfeito e lindo que já li, e proporcionalmente o mais triste também. Gostaria de postá-lo inteiro, mas como as pessoas não gostam de textos longos, tentei resumir, espero não ter ferido a obra. Na verdade, resumir já é ferir.
Nesse resumo talvez tirado um pouco da beleza do conto, ele é muito mais intenso do que o que postei. Minhas observações são: O amor vale tudo isso? Vale a pena sangrar o peito no espinho por causa do amor? Existe o amor dos poemas, das canções, dos filmes, das serenatas? Até posso acreditar que sim, mas o mundo prático e materialista em que nos aprisionamos, talvez nos afaste das possibilidades. O amor não é mais sábio do que a filosofia, tampouco o amor é o mais poderoso dos poderes, ele é apenas o mais singelo, isso deveria fazer com que ele fosse o mais importante. Uma coisa é verdade, triste verdade, joias valem mais do que flores, as flores perecem, as joias não. O que devia ser eternizado na mente de quem recebe flores é a dedicação no ato do outro que lhe deu as flores, mas o brilho do ouro ofusca as boas intenções. Mas àqueles que buscam o ouro eu aconselho, cuidado, pode ser ouro de tolo. Eu não quero estar na moça que debochou do amor, e também não quero ser o rapaz que desistiu do amor, no fundo, eu acredito no amor que o Rouxinol acreditou, mas eu não sangraria o meu peito..
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( IMAGEM http://thoughloversbelostloveshallnot.blogspot.com )

8 comentários:

Maria da Graça Reis disse...

Quem ama não faz sofrer.
Bjs

Cidália Ferreira disse...

Adorei o texto! Comovente.

Beijo
Bom Domingo

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Estrela disse...

Não se pode desdenhar de alguém, quando este alguém lhe dedica amor.
Abraço, Poeta!

Arione Torres disse...

Oi amigo, vim lhe desejar uma ótima semana, abraços e fique com Deus!

Arte & Emoçoes disse...

Oi Carlos! O amor quando atinge toda a sua intensidade, passa a ser uma dos maiores fomentos da nossa existência. Belo texto, e observações muito sábias amigo.

Abraços,

Furtado

MARILENE disse...

Carlos, não creio que alguém deva sangrar pelo amor. Caberia ao estudante dizer-lhe, apenas, que não encontrara a rosa vermelha. Claro que se trata de um conto, belíssimo, e seu resumo ficou muito bom. Amor de verdade não se cobre de ouro mas de simplicidade e verdade. Bjs.

chica disse...

Carlos, vim avisar que ontem à tardinha recebi teu livro.Estou loica pra poder começar. Registrei aqui no blog:

http://lugarescoloridos.blogspot.com.br/2016/05/um-livro.html


Obrigadão! abração,chica

Andre Mansim disse...

Bela postagem amigo!
Falar de amor sempre é bom. Mesmo que alguém fale que isso está ultrapassado, mas sempre é bom. E você em seus textos é um expert nisso. Parabéns!!!!!

Tenha um lindo restinho de semana!