ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

DAS MUITAS FORMAS DE DIZER “EU TE AMO”






( imagem  significados.com.br )

Mal surgiram os primeiros raios de sol, ele já estava de pé. Abriu a janela ouvindo passarinhos que já abriam o dia em coro, anunciando o início da jornada, uma repetição diária que nunca é igual, por isso é tão mágica, respeitando o relógio de Deus... e os controles de Deus. Depois da oração, espreguiçou saudando o sol à janela aberta, fez o café, preparou o alforje, pôs as coisas no cavalo que já estava preparado desde a véspera. “Vamos lá, amigão”, com tapinha carinhoso no lombo do animal. Antes de sair, voltou ao quarto, contemplou o rosto da amada que dormia em paz. Não quis despertá-la, disse  “eu te amo” em silêncio... e partiu, a viagem seria longa. Após algumas horas sentiu uma leve coceirinha atrás da orelha. Passou a mão, mas não achou nada. Mais alguns minutos e de novo a coceirinha. Passou a mão... e nada. Pensou: “Algum mosquito deve ter me picado”. E foi assim, por horas e horas a coceirinha voltava, ele passava a mão e nada. Por fim, apeou  do cavalo, tirou do alforje um vidro de álcool, passou e voltou à viagem. Mas de nada adiantou, a coceirinha voltava. Quando anoiteceu, parou para descansar, armou barraca, e deitado à beira de um lago, enquanto contemplava a lua cheia rodeada de estrelas coadjuvantes compondo um romântico cenário noturno, sentiu saudades da amada. Enviou à ela mentalmente um beijo e teve a sensação de que ela correspondera. E a coceirinha voltou atrás da orelha. Curiosamente, era uma coceirinha gostosa, não incomodava mais, mas queria saber de onde ela teria surgido, não havia um carocinho, nem sinal de picada. Por fim, entrou para a barraca e adormeceu... com a coceirinha. Mal começou outro dia, outra oração, outros pássaros, o mesmo sol obedecendo o relógio e os controles de Deus, e ele partiu novamente. Durante todo o dia a coceirinha não parava, ia e voltava. Quase no final da tarde chegou à  cidade, tão logo terminou seu trabalho, procurou uma farmácia. Entrou cumprimentando: “Boa tarde!”. “Boa tarde”, respondeu o farmacêutico. “Em que posso lhe ajudar?”. “O senhor tem remédio para coceira?”. O homem respondeu: “Tenho, mas preciso saber que tipo de coceira o senhor tem, senão posso lhe vender remédio errado. Posso dar uma olhada?”. Ele disse: “Pode sim. É  aqui na orelha.”, já virando as costas para o atendente. O homem examinou, examinou, passou a mão e disse: “Olha, moço. Aparentemente, sua orelha não tem nada. Tenho um remédio aqui. Quer levar assim mesmo? Pode não resolver”. Ele aceitou assim mesmo, procurou uma pousada, utilizou o  remédio várias  vezes, mas a coceirinha ia e voltava, a noite toda. Mais uma vez partiu muito cedo, e durante todo o retorno à sua morada, a coceirinha o acompanhou. Chegando em casa, abraçou e beijou a amada longamente, e depois de matar um pouco da saudade, comentou com ela: “Meu bem... viajei por quase quatro dias, com uma coceirinha atrás da orelha que nada fazia parar. Passei álcool, óleo, planta do mato, até na farmácia eu fui.. e nada adiantou”. Abraçada de ombros com ele, ela disse beijando seu rosto: “Seu bobo... essa coceirinha remédio nenhum tira”. Ele estranhou: “Como assim?”. Ela sorriu: “É uma coceirinha de amor. Enquanto você dormia, dei um beijinho atrás de sua orelha e falei: Esse é pra você não me esquecer”. Ele olhou no fundo de seus olhos: “Como vou esquecer se você faz parte do meu ser?”. E fizeram amor ali mesmo... no sofá... no tapete... na cozinha... no banheiro... na cama... foi amor espalhado pela casa toda. E adormeceram abraçados até que os passarinhos voltassem para anunciar um novo dia.

9 comentários:

Mari disse...

Olá,Carlos
Que belo texto!Penso que deveria ser assim mesmo;poderíamos deixar nossas marcas no corpo da pessoa amada,de uma forma mágica para que ela nunca nos esquecessem.
Grande abraço

Cidália Ferreira disse...

OLá Carlos, boa noite

Parabéns pelo excelente texto, adorei ler,

Beijos, bom fim de semana.

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Anne Lieri disse...

Carlos, isso prova que a pessoa amada sempre nos acompanha! Linda e inspirada sua história! bjs e bom fim de semana,

Shirley Brunelli disse...

E quem não quer um amor assim?
Beijos, Carlos, muita paz!

Andre Mansim disse...

Lindo texto meu amigo!
O que estragou foi esse escudo do Cruzeiro...

Mas o texto; belíssimo!

Vera Lúcia disse...


Olá Carlos,

Delicioso conto, que oferece uma leitura bem atraente e envolvente. Como seria bom se essa técnica funcionasse fora da ficção, né não?

Ótima semana.

Abraço.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Carlos você me emocionou, histórias de amor assim estão cada dia mais difíceis de existirem para sentir a beleza de um amor assim só viajando através de contos de escritores como você especiais com uma sensibilidade especial, que é a sensibilidade da alma, abraços Luconi

Isa Martins disse...

Um belo conto de amor Carlos, e que assim levemos a vida, embalados por sonhos, devaneios e realidades embasadas em sentimentos que brotam do fundo do coração.
Ótima semana amigo, beijos

Anônimo disse...

Bom dia Carlos.
Lindo texto!Há o amor! Ele sempre está no ar...O verdadeiro e prazeroso amor.Mas está quase que impossível de encontrar.
Amei,beijinhos.