ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

terça-feira, 30 de junho de 2009

NOS JARDINS DE NEVERLAND



(imagem macilioliveira.wordpress.com)
Tentei não falar de Michael Jackson. Tudo sobre ele já foi falado. Muitas perguntas, poucas respostas e uma certeza: morreu o grande astro do mundo. Mas a coincidência me fez escrever. Não para falar do astro, mas do menino Michael Jackson. Sim, eu sempre o achei, meigo, doce. As controvérsias e excentricidades são próprias das grandes estrelas e o fã e a imprensa principalmente, não entendem e não respeitam isso. Achei interessante e diferente de tudo, uma entrevista de um médico psiquiatra falando da Síndrome de Peter Pan, ou seja, adultos que se recusam a crescer. E disse que isso é perigoso. Pode até ser, mas no meu caso sei que conduzo bem essa vida dúbia. Sabemos que Michael teve uma infância difícil, de carência afetiva e violenta. O pai batia severamente com fios elétricos, mangueiras grossas e tudo mais, para que dançassem certo. Os pais projetam nos filhos o que eles não conseguiram ser. Descontam neles suas frustrações. Isso sim, é muito perigoso.
Quem acompanha meu blog desde o início, sabe que falei tempo todo nos poemas e textos que me sinto um Peter Pan. Guardando as devidas proporções, acabei fazendo um paralelo. Todos viram minha ligação com temas infantis, falando além do menino Peter Pan, também de Monteiro Lobato, do Pateta, de estórias em quadrinhos, de super-heróis. Não muito diferente do grande astro, tive infância difícil, privado de muitas coisas, mas aí está a diferença: sem violência. Ah, como a violência pesa numa infância. Eu já tinha cabecinha boa e entendia as dificuldades. Ao contrário do já pequeno grande astro que já tinha agenda lotada, tive oportunidade de buscar minha infância. Eu mesmo fui fazê-la. Era um menino brincalhão, feliz. Peralta não muito, evitava levar mais problemas para dentro de casa. Jogava bola até dez da noite. Não era nenhum craque, mas todos queriam jogar do meu lado. Não era nota dez, mas as professoras me amavam. Era agregador. Não deixava amiguinhos brigarem. Sempre preservei a vida. Jamais matei um passarinho. Tentava convencer os amiguinhos a não fazerem aquilo. Um dia, achei um estilingue e quebrei: “Esse não mata mais ninguém”. Gostava de escrever meu nome nas árvores com canivete. Quando a professora disse que as plantas sentem dor como a gente, nunca mais escrevi. Certa vez vigiei por muitos dias, numa árvore dentro da escola, um casulo, e pedia encarecidamente que não destruíssem. Todos os dias antes de entrar para a sala, eu ia ver se estava lá. Até que num belo dia, durante o recreio, um amiguinho veio ofegante. “Corre, Carlos, corre. Sua borboleta nasceu”.Engraçado...minha borboleta.. Corremos e lá estava ela, ainda pousada sobre a casca do casulo. Azul cheia de bolinhas cinzas.Virei-me e vi uns quinze meninos atrás de mim. Quando ela voou, todos gritaram: “Êêêêêêê”.
Já passei dos quarenta e as pessoas ainda me tratam como menino. Ainda me chamam de Carlinhos, de Cal, de menino feliz. Confesso que gosto. Ainda falam comigo com cuidado. Ainda ouço as mesmas frases da infância. “Você é um menino diferente”. “O Carlos que é feliz, conserva sua meninice”. “Você nunca tem problemas?”. “Você não ri muito, mas está sempre com carinha boa”. “Quem não gostar do Carlos, não gosta de mais ninguém”. “Vou fazer uma festa lá em casa. Você é o primeiro da lista dos não parentes”. Mas eu não faço nada de especial para tudo isso. Só ando despreocupado, distraído. Se tenho inimigos não os conheço.. Não tenho espaço para mágoa, porque sei que ela só corrói quem a carrega. Ainda tenho medo de injeção e engasgo feito criança na mesa do dentista. Se durmo sozinho, deixo a luz acesa. Gosto de pegar em bebês. Ainda ajudo velhinhas a atravessarem a rua. Tudo isso, porque eu também não quis crescer muito. Nunca dei muita bola para a vida, esnobei-a um pouco, não levo muito a sério o mundo externo. A não ser meu trabalho, que preciso para comer e vestir. Ah, comer eu gosto mesmo... como uma criança. Me sujo todo comendo... como uma criança. Os meninos de minha rua me cumprimentam como se eu fosse um amiguinho deles. As pessoas exageram comigo. Não sou tão bom, nem tão feliz o tempo todo. Tenho momentos tristes e de raiva sim, porém só aqueles causados pela covardia, pela mentira, injustiça, injúria, mas para resolver isso a gente precisaria ter mais Peter Pan’s. Não se preocupe, Michael. Estou tentando fazer minha parte. Neverland não está tão vazia e acredito sim que um dia todos os sonhos serão possíveis, onde veremos pelo menos crianças mais felizes.

9 comentários:

Anônimo disse...

Nota-se que és diferente pelas poesias que escreve. Com sentimento e emoção. E muito bem escritas.
obrigada pela visita ao meu blog. Gostou do novo visual?
As visitas e comentários que recebo são os melhores mimos que eu poderia receber.

Abçs e tudo de bom
Adriana

Mariz disse...

Carlos, isso faz com q vc se diferencie dos outros, deixa a criança interior falar mais alto e se todos se permitissem fazer isso certamente o mundo seria melhor.

deixo com vc o selinho "Amizade virtual" q está na lateral do meu blog com muito carinho.

bjos e um dia lindinho prá vc!

Unknown disse...

belo texto!
obrigada pela visita...
Abraço
Priscila lima

Escondo-me disse...

Texto lindo eu deixo apenas...

Escondo-me



Estou aqui escondida
Escondida e com a porta fechada
Mesmo que sinta os teus passos…
Mesmo que sinta bater devagar ou com força
Vou continuar na mesma escondida…
E mesmo que sinta a vontade forte
De abrir a porta…
Continuo igual ao ontem
E continuo aqui escondida…
E fico a esperar que um dia…
…Sinta o teu bater…
Com força mas com a certeza…
Que o bater é mesmo bater…




Lili Laranjo

Anônimo disse...

Olá, cá estou novamente. Mas desta vez para avisá-lo que tem selinho para você. Por favor, passa lá e pega, está bem?

Boa semana e tudo de bom

Adriana

~*Rebeca*~ disse...

Carlos,

Todos os seus textos existe uma lição de vida. A mensagem que você transmite é tipo uma parábola que ensina lindamente sobre as coisas certas da vida. E você, querendo ou não, passa a maneira correta de olhar o mundo. Você é um homem abençoado, escolhido por Deus, pra contar sua história em forma de textos. Essa é sua missão, ensinar o amor menino para os adultos que pensam que são grandes.

Obrigada pelas palavras de carinho lá no blog.

Que sua noite seja de luz!

Rebeca

-

Majoli disse...

Não sei como aqui cheguei, mas ao chegar e começar a te ler não consegui parar antes de terminar, seu texto me prendeu a atenção.
Gostei por demais do que li, também carrego comigo muito de "menina", e passo por situações semelhantes as tuas junto às crianças, eles gostam muito de minha companhia.
Beijos.

lili laranjo disse...

Carlos
Obrigada pela visita...
beijos

ARTE



Poesia…Arte….Pintura…
Os meus amores…
Um triangulo que me faz feliz…
E com eles me sinto bem
Pois aqui…esqueço-me do mundo…

Aqui… neste recanto…
Entre paleta, tintas e pincéis…
Vou pincelando e vou pintando…
E vou desenhando o teu rosto…

Rosto cansado, mas amado…
Que está retido no meu pensamento,
E pincelando e pintando…
Vou-te imaginando e amando…

E o Artista desenha e pinta…
E sente loucura…de poder pintar e desenhar,,,
E sentir lado a lado… a Arte e o Amor!...



Lili Laranjo

Su disse...

:) Ao ler este post sorri, por dentro, porque me revejo em alguma dessa inocência:)
Obrigada pela visita ao meu cantinho! Voltarei com certeza a este cantinho tão suave e profundo:)
Jinhos***