ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CÉU DE POETA


Céu de brigadeiro é uma expressão muito usada na aviação para definir um céu perfeito, azul, sem nuvens, permitindo assim um voo tranquilo às aeronaves. Ao mesmo tempo homenageia com muito mérito, a patente maior da aviação militar, que é o brigadeiro. Num resumo rápido, a expressão quer dizer que um brigadeiro merece um céu lindo.
Foi aí que pensei deitado no sofá da sala “tentando” ver tv. Tentando sim, porque a tv não tinha nada. Aliás, tinha, mas nada compatível com meus anseios. Eram umas 20:00h. Telejornais repetiam notícias de dias e meses anteriores, ou até mesmo de décadas: o cara matou a ex-mulher, guerras, polícia, bandido e milícia se confundindo em tiroteio no Rio, roubalheira em Brasília, pedofilia, cracolândia, copa do mundo no Brasil, o galã vai casar, a atriz gostosona que se casou mês passado já separou, o outro pulou do vigésimo andar, rainha disso, rei daquilo, crise nos EUA, aids, apartheids. Notícia cultural não vi nenhuma. Que salada indigesta! Mas tudo dentro do “normal”.
Minhas perguntas eram: “E o céu de poeta, como seria? Que céu um poeta merece? Ou que céu ele visualiza com o dom de seus olhos?”.
Então já sem paciência, num gesto de desdém, sem nem mesmo olhar para a tv, apertei o botão do controle remoto, andando, joguei-o sobre o sofá e subi ao terraço, depois de passar na geladeira e pegar uma boa garrafa de vinho e um pouco de gelo. Ah, minha rede! Lá estava ela, aconchegante, doidinha para me abraçar. Moro num bairro comum, popular, mas por sorte com uma visão incrivelmente privilegiada. Minha casa dá de frente para uma serra de 1.123 metros, que fica a sete kms, então fica enorme aos meus olhos e é justamente onde a lua nasce. Não fui direto para a rede. Um certo visual pediu minha atenção. Encostei na paredinha e fiquei contemplando enquanto saboreava o vinho. Que lua redonda! Enorme e dourada! Estava um pouco acima da serra fazendo nela um clarão enorme. Exatamente acima do topo, raios desciam como se estivessem chuveirando a montanha . Estava tão claro, tão límpido que podia facilmente observar a silhueta da serra gigante. Ao fundo, bem distante, uma estrela solitária, diferente das demais. As simpáticas Três Marias. E o imponente e místico Cruzeiro do Sul apontando sul e norte. Outras estrelas, tantas, coadjuvantes daquele cenário, cintilavam, parecendo me dizer: “Eis a sua resposta. Esse é o céu de um poeta”. Coisas que a parabólica não pode captar... mas os olhos do poeta, sim. Os olhos que tudo veem. Os olhos da simplicidade. Um grande pensador já disse: “Onde a ciência pensa em chegar, o poeta já viajou por lá”.
Noite fria, corri para a rede e envolvi-me nela, pois agora podia ver a lua deitado, pela altura em que ela já estava. O vinho já estava no meio. Mais um gole. Mais uns para dizer a verdade.
Um terraço. Uma rede. Uma garrafa de vinho. Uma noite enluarada salpicada de estrelas. Muita tentação para um poeta.

4 comentários:

MA FERREIRA disse...

CArlos..estou hiponitazada. Não sei se com a beleza da sua escrita ou com o seu lindo céu!!
Seu céu de brigadeiro com alma de poeta. Ou ao contrario, céu de poeta com alma de brigadeiro!

Um lindodia a vc, poeta do Céu de Brigadeiro.

Ma

Universo paralelo disse...

Que inveja desse céu, desse terraço e dessa rede...hum, assim também imagino o céu de um poeta, diferente dos que olham, ele é especial ,por aflora na alma da poesia, lindo e incrivelmente tentador os seu texto, amei, beijos e bom dia!

Anônimo disse...

Carlinhos você provocou a minha inveja(santa, se é que existe isso, mas essa descrição que fez das paisagens, da rede, do ventinho frio tomando um vinho pra aquecer...
So faltou a amada né? Nem tudo é perfeito, sempre falta algo, mas isso é pra darmos mais valor nesses momentos que são únicos.
Obrigada pelo carinho Carlos, e eu finquei bandeira pra nao sair mais.
B3eijokas doces

Maria Emilia Xavier disse...

Lindo texto amigo, só mesmo um Poeta inspirado e criativo, como você, pode perceber e transmitir veramente, a ponto de nos transportar para a sua varanda, esse céu magnífico.
Adorei, também, "O Divã do amor - Um divã para dois".