ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

NAS TRILHAS DO SOL


( imagem thumbs.dreamstime.com)
Fátima foi minha primeira grande amiga já na fase adulta. Um dia falei para ela. “Fafá, além de minha irmãs, você é única mulher que não olho com olhos de desejo. Eu desejo todas, mas você é quase uma irmã pra mim”. Ela parou de tomar café e respondeu. “Que lindo isso que você me disse, Carlos”. Quando comecei a trabalhar no aeroporto, eu era maleiro. Carregava e descarregava os aviões e despachava cargas também datilografando. Fátima já tinha uma função melhor, função essa que aprendi depois. Mas eu era uma espécie de faz tudo também, ajudava não só a ela, mas a outros funcionários. Não deixava passageiro idoso pegar malas pesadas. Perguntava a todos se queriam que chamasse táxi quando faltava. Os taxistas me ofereciam gorjetas para que eu lhes desse preferência, mas jamais peguei, embora precisasse muito, afinal ganhava salário mínimo numa cidade industrial e cara. Só tinha dezoito anos e era arrimo de uma família numerosa. Dizia. “Não faço isso por dinheiro, faço por prazer porque sou amigo de vocês e também pelo passageiro.É meu trabalho”.
Eram cinco vôos diários e o das dezessete horas era sempre o mais cheio, por ser o último. Era sempre uma correria. Me lembro que podia torcer a camisa de tão suado. Numa dessas tardes, eu carregando duas malas de uns trinta quilos cada uma, vi um cenário lindo. O acesso ao pátio onde os aviões estacionavam, dava exatamente para o por-do-sol. E que por-do-sol! Mesmo em meio à correria, coloquei as malas no chão e fiquei estático parado na porta, contemplando. Fiquei olhando aquele vermelhão, espalhado, enxovalhado, em raios multicores, se misturando ao cinza da noite que pedia licença ao dia para entrar. Coroando tudo isso, um lindo, imenso e perfeito arco-íris. Era verão e tinha caído uma gostosa chuvinha. Achei boa, afinal refrescou meu suor. Sempre gostei muito da chuva. Quantas vezes joguei bola na chuva . Já andei e corri na chuva. Já beijei na chuva. Vivia cantando. “... eu perdi o meu medo, meu medo da chuva,pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar. Aprendi o segredo, o segredo vida,vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”.
Fátima veio até a mim para colar uma etiqueta na bagagem e estranhou me vendo parado. Disse a ela. “Veja que quadro lindo, Fátima! Foi Deus quem pintou”. Ela, ocupadíssima, não pôde me dar muita atenção, o vôo estava meio atrasado e os passageiros estavam impacientes no balcão, mas ainda assim, deu um sorrisinho de ternura.
Quando acabou o sufoco, fiquei sentado no banquinho perto da porta. Ela terminou tudo lá e veio. “Ainda olhando o por-do-sol, Carlos?”. A aquarela já estava se desfazendo. A noite praticamente já havia engolido o dia, mas dava para ver os últimos raios. Respondi com olhar fixo no horizonte. “Sim, Fafá. Incrível que amanhã acontece tudo de novo, todos os dias, mas nunca igual”. Ela encostou o rosto no meu, com a mão no meu ombro e falou. “Só você, Carlos. A gente no maior sufoco e você vendo o por-do-sol”. “Desculpe se deixei você na mão, não me contive. É muita tentação para um poeta. Veja aquela nuvem longa, reta, parece uma trilha pra gente seguir e o sol está sumindo justamente atrás dela". Reparei que ela estava emocionada. “Não estou brigando com você. Estou enaltecendo você. Você é muito feliz, não é Carlos?”. Agora sim, olhando para ela, afirmei. “Sou sim, muito feliz. Sou otimista, sou forte. Nada me derruba. Sei do meu valor. Me acho bonito e inteligente. Todos os dias de manhã, escovando os dentes eu digo isso a mim no espelho.” Ela emendou. “Você é muito mais bonito do que imagina. Quando você me pede conselhos, eu que saio aconselhada. Você tem um jeito diferente de ser feliz. E olha que sei de suas barras". Respondi. “Desde pequeno fui privado de muitas coisas, então aprendi a ser feliz sem precisar de muitas coisas. Tenho sim minhas tristezas, mas tem gente que precisa de mim, não posso parecer fraco perante eles. Tenho meus sonhos também, eles não estão perdidos, só guardados, um dia eles vão acontecer. Um pelo menos eu já conquistei: ter muitos amigos. Se sou forte é por causa deles”. Deu mais um sorriso encerrando. “Vamos embora que a Kombi está esperando. Pelo jeito hoje vai ter poesia”. E teve mesmo. Escrevi...

OS TRILHOS
Vou andar por aí.
Passos firmes sobre os trilhos
fugir aos descarrilhos é minha meta,
sempre em vertical,
sempre em linha reta.
Vou viver o que couber
voar na altura que quiser
sintonizando razão e coração,
numa particular canção.
Nos caminhos que eu seguir,
espaços à amizade, um viva à liberdade.
Se houver amores, coroar de flores
e se brotarem feridas, ignorar as dores.
De riso fácil, de bom humor
que meu sorriso seja uma adorável epidemia
e que ninguém esteja vacinado contra a alegria.
Abrir cancelas que prendem a liberdade
ter o amor em sonhos,fazê-lo realidade.
Estar nas boas lembranças.
Ser um colunável dos corações,
ser talvez nessas andanças,
um portador de soluções,
levar as luzes coloridas do amor
ao breu das multidões.
Que a verdade seja meu dom,
extinguindo solidão e incertezas
com um toque de bruxo bom.
Mas, não quero ser um anjo
nem um líder dessa gente,
quero apenas ser um elo
entre os elos da corrente.

9 comentários:

Solange Maia disse...

Carlos,

Você encheu meu coração de amor menino... que texto mais lindo... que pessoa incrível é você !!!!

Que sorte a minha poder lê-lo... esse seu post deveria ser um OUTDOOR !!!!

Parabéns !

Beijo muito, muito, muito especial,

Solange


http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Sonia Schmorantz disse...

Que bonito este texto!
Um grande abraço e uma ótima semana.

Ni ... disse...

E existem pessoas que fazem a diferença...
Amigos são fundamentais...

Beijo e mais beijos

Ariadne disse...

Eu me retrato em você. Vamos desenrolando nossas vidas, não permitindo que os reveses tropecem em nossos pés. Beijos!

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

A todos(as) vocês ,obrigado pelo carinho. Vocês são meus amigos também

Lucinha disse...

Boa noite Carlos, nossa nem sei ue dizer, parabéns pelo post...como diz a Anita vc é um ser ILUMINADO...

As estradas da vida nem sempre são planas e lisas.
Têm subidas e descidas, retas e curvas,
poeiras, noites, tempestades.
Encara tudo com confiança, sem desanimar.
E se encontrares muitas pedras pelo caminho,
junte-as para construir com elas a escada
por onde chegarás ao topo do sucesso.
AD


beijos em seu coração..

~*Rebeca*~ disse...

Carlos,

Além de feliz, você é abençoado...

Que lindo!

Beijo grande.

Rebeca

-

Anônimo disse...

Chega de Saudade

Composição: Tom Jobim, Vinícius de Moraes

Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai

Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim


Ô SAUDADE DE TI MEU POETA.

Parapeito disse...

Muito bonito.
O caminho...faz se caminhando...
Palavras escritas com raios de sol...
Um abraço*