ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

sábado, 20 de setembro de 2008

CAMINHO PARA CASA ( BELO FILME)

Um jovem rapaz, filho único, é chamado a voltar à sua terra, onde deixara pai e mãe, avisado que o pai morrera. Eram uma família de camponeses. Quando o jovem chegou, antes de ver a mãe, foi encontrado pelo prefeito que disse que sua mãe estava muito traumatizada, ficava horas olhando pra estrada única que ligava o vilarejo ao mundo, sem dizer uma só palavra a ninguém. A última coisa que dissera era que queria que o marido fosse carregado por homens a pé, não de carro, para que ele jamais esquecesse o caminho para casa. Foi nessa pequena estrada que ela todos os dias o esperava, nas idas e vindas, nos desencontros ao longo dos anos, antes de se casarem. Algumas vezes ele ia prometendo que voltava, mas nunca cumpria a data, devido ao ofício de professor, que nunca tinha residência fixa. Certa vez ela esperou por dias na neve e até caiu de cama. Sim, ele era professor. Foi assim que se conheceram, ele chegou ao vilarejo para educar as pessoas, ninguém sabia ler. Ela era apaixonada por sua voz dizendo ou cantando para as crianças repetirem em coro, as lições, letras, frases e canções. Ela ficava do lado de fora minutos e minutos ouvindo sua voz antes de entrar. Sua mãe, uma velha cega dizia que ele não era homem para ela, hoje estava ali, amanhã em outro lugar, mas era inútil dizer isso àquela moça...Certa vez preparou bolinhos para que ele buscasse para levar em mais uma de suas viagens.Ele não apareceu, como sempre estava atrasado e a carruagem não podia esperar. Ela saiu correndo pela estrada com os bolinhos numa vasilha de porcelana, mas mesmo correndo tanto não alcançou a carruagem, caiu, a vasilha se quebrou. Ela pagou mais caro para consertar a vasilha do que comprar uma nova, pois afinal era com aquela vasilha que ela mandava comida e lanche para o professor durante as aulas.Finalmente o prefeito conseguiu fixá-lo na terra, pois seus ensinos eram de grande valia para o vilarejo e assim ele era muito querido por todos. Tão querido, que o filho deu dinheiro ao prefeito para contratar muitos homens, já que a estrada era muito longa, para levar o corpo do pai, conforme desejo da mãe. Quão grande foi a surpresa durante a caminhada fúnebre. O prefeito lhe devolveu o dinheiro dizendo: ”Nenhum homem quis receber seu dinheiro. Todos fizeram questão de vir” Apareceram mais de cem homens, antigamente meninos que ele alfabetizara.Homens gratos.

O filho também havia se tornado professor. Dias depois vendo a mãe mais conformada, foi despedir-se. Ela pediu: Você é professor como seu pai.Por que não fica e continua ensinando a esse povo? É só reformar a escola “. - Ele respondeu: Não posso, mãe. Tenho coisas para olhar na cidade grande. Não posso deixar tudo assim de repente”. E foi... como seu pai pela estrada única, que ligava o vilarejo ao mundo. E ela ficou olhando o filho sumir como tantas vezes vira o marido. Dias depois, sentada na sala da pequena cabana pensou ouvir o marido dizendo e cantando as lições e as crianças repetindo. Igualzinho antigamente. Estaria alucinada? Seriam devaneios de uma velha sozinha? Foi andando a passos contados, guiada pela voz, até a velha escola. Não... não era alucinação ou perturbação de sua cabeça. Seu filho havia voltado e reinaugurado a escola, usando o mesmo livro didático que o próprio pai escrevera e usava. Em cima na porta da escola, uma bandeira vermelha pendurada, utilizada na região como superstição para dar boa sorte.
A mãe havia pendurado a bandeira na esperança que a escola voltasse a funcionar.

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