Serpenteava silenciosa entre as pedras,
deslizava em subidas e descidas
como cobra sorrateira,
mas não era tão venenosa assim.
Às vezes chorava no espelho, saía de olhos vermelhos,
mas nem era tão solitária assim.
Rugia como um trovão,
parecia um poderoso vulcão,
anunciando um temeroso dilúvio,
mas não era tão brava assim.
Às vezes era filete d’água, braço de ribeirão,
mas, não era tão tímida assim.
Inebriava de manhã,
como cheiro de hortelã,
mas nem era tão doce assim.
Alçava voos, superava os montes,
como se fosse furar o horizonte,
mas não era tão ousada assim.
Era desse jeito que a poesia saía de mim.
Faltou um Q de cada sentimento para que ela fosse um pouco além do fim,
mas isso não é tão defeito assim,
talvez eu goste de morar dentro de mim.
=
( Imagem depositphotos )