ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

UMA NOITE INESQUECÍVEL


Já passei noites de terror piores do que a de ontem por falta de luz, mas a de ontem também merece ser contada. Nos fundos de minha casa existem apenas a área de serviço e depois muros bem altos de outras casas e pousadas, portanto é seguro, e eu gosto de deixar a porta e janela aberta para ventilar para evitar mofo. Porém ontem durante o dia choveu demais, como nunca tinha visto aqui. Quando cheguei às 18h, a casa estava totalmente alagada, quase levei um tombaço, pois  tirei os sapatos do lado de fora, pisei na água descalço e se não fosse minha companheirinha bicicleta ergométrica para me segurar, teria caído. Engraçado foi meus pés escorregando e eu tentando me firmar nela. Fiz adominal sem querer rs rs. Aí comecei a conversar comigo mesmo, sempre faço isso, para relaxar, dá uma sensação de não estar sozinho... ainda mais no escuro. É meio terapia. “Puxa, logo na hora do Chaves? Bem, fazer o quê? Puxar com o rodo e enxugar”, mas mal comecei, acabou a luz. “E agora? Como puxar essa água toda sem luz?”. Eu tenho um problema sério com falta de luz. “Vou acender vela, claro. Quando a luz voltar eu puxo essa água”. Mas não tinha mais vela. “Vou lá comprar vela... ihhh mas tá chovendo. E daí, que tá chovendo? É só pegar minha sombrinha enfeitada”. Iluminando com o celular que toda hora vinha dizer “estou descarregando”, e eu dizendo “por favor, aguenta mais um pouco, só até eu achar minha sombrinha”... mas cadê a sombrinha? Eu não podia perder tempo, o comércio podia fechar, ia ter que encarar a chuva, e exatamente quando estava a caminho, ela veio torrencial, bem mais forte sobre minha cuquinha. Lá vai um beija-flor molhado para a mercearia, toda cheia de lâmpadas acesas, a luz só acabou no trecho onde moro. Não sei pra quê ainda de óculos, todo embaçado. Inventam até nave para Marte, mas não inventaram ainda um limpador de para-brisas para óculos. Perguntei: “Tem vela, aí?”. Um senhor que parecia ter tomado umas pingas e estava enchendo saco na porta, disse: “Vela pra quê? Hoje nem é sexta-feira pra fazer trabáio rararará”. Olhei pra ele e pensei: “Vê se isso é hora de piada de mau gosto, véi”. Comprei as velas, e aí tive que usar meus dotes de beija-flor; a velocidade... que não é a mesma de quando era pequeno e ouvia as pessoas dizerem: ‘Esse menino não para, parece um beija-flor’... mas deu para correr. Cheguei. “Agora é só acender uma velinha bonitinha e esperar a luz chegar”. Quando fui lá fora, o isqueiro em cima do fogão estava molhado e não acendeu. “Ai, meu Deus. Lá vou eu de novo buscar isqueiro”. Correndo de novo na rua escura porque podia mesmo fechar a mercearia. Pisei num negócio esquisito, mas felizmente era barro rs rs. Quando cheguei, a moça do caixa ficou quase rindo ao me ver naquele estado. Ofegante pedi um isqueiro, paguei e parei na porta da mercearia: “Agora não vou correr mais. Molhado já estou, vou é curtir essa chuva”. Cheguei, e para puxar melhor a água, acendi uma vela em cada cômodo da casa, ficou parecendo um cemitério rs rs... “Creio em Deus Pai”. Puxei a água do jeito que deu, estava cansado. “Ihhh tenho que tomar banho ainda... banho? Que banho? Mais do que já tomei?”. Nem fome me deu, comi uma maçã, um banana, um copo de leite, fiquei sentado esperando até umas 22h se a luz voltava. Mas a boa surpresa foi que uma esperança, aquele bichinho verde que está em casa há vários dias apareceu me dizendo: “Você não está sozinho”. De coração, eu falei assim para ela com gratidão: “Você está aí, amiguinha? Puxa, deixo a porta e janela aberta e você não vai embora”. Fiz minha oração e fui deitar. Quase meia-noite voltou a luz, eu estava deitado, ainda acordado: “Graças a Deus”. Fiz meu shake, tomei meu banho, e quis olhar lá fora. Quando abri a porta, uma pererequinha simpática, bem na entrada: “Oiiiiii.... posso entrar?”. Eu falei: “Não, não pode entrar. Seu lugar é junto com suas coleguinhas”. Fiquei pensando: “Era sapo ou perereca? Não é possível que nessa idade eu não saiba identificar uma perereca.
Era perereca, tenho certeza”. Ninguém pode dizer que não entendo de perereca. Estava tão bom com a luz de volta que fui dormir bem tarde. Eu e a esperança.

15 comentários:

Artes e escritas disse...

Aqui em Curitiba encontrávamos sapos nas calçadas depois da chuva e, nós crianças, íamos atrás dos sapos para vê-los saltar; lembrei a infância ao ler você. Um abraço, Yayá.

Cidália Ferreira disse...

Boa tarde Carlos

Adorei o teu texto, coitadinho do bichinho, lool :-)

Beijinhos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Ivone disse...

Conto inspirado, rs, que bom que é poder ser otimista, sabe, eu também não me deixo abater por nada, sempre acho motivos para risos, para me sentir divertindo, a vida é mesmo assim, tem de se ter capacidade para os problemas resolver!
Abraços amigo Carlos, gostei de ler!

Zéia disse...

Amei seu texto. A simplicidade com que você você escreve como uma carta para um amigo. Recebi sua carta. Amei o final "fui dormir eu e a esperança". Um final feliz para uma noite agitada e inesquecível. Beijo!!!

Ana Bailune disse...

Gosto dessas pessoas que fazem limonadas com os limões da vida.
A sua ficou bem doce! Abraços!

Ana Bailune disse...

Gosto dessas pessoas que fazem limonadas com os limões da vida.
A sua ficou bem doce! Abraços!

Ana Bailune disse...

Gosto dessas pessoas que fazem limonadas com os limões da vida.
A sua ficou bem doce! Abraços!

Ana Bailune disse...

Gosto dessas pessoas que fazem limonadas com os limões da vida.
A sua ficou bem doce! Abraços!

Helena disse...

Carlos, meu amigo, tu vais me desculpar, mas estou aqui morrendo de tanto rir da tua aventura tão cheia de percalços, um incidente dando lugar a outro, e (continuo confessando) cada um me arrancando uma gostosa gargalhada. Mais uma vez desculpe, amigo, bem sei que não foi esta a tua intenção, mas confesso que tive tantos momentos ruins durante o dia que precisava mesmo "desabafar" de alguma forma e tu, sem saber, proporcionou-me um instante de descontração. Adorei a tua narrativa, teu jeito bem humorado de descrever a situação, tua manifestação de carinho para com a perereca e a esperança. Enfim, meu querido, amei a tua postagem de hoje!
Que no decorrer do final de semana te cheguem horas inundadas de sorrisos e estrelas.
Com carinho,
Helena

Arione Torres disse...

Oi amigo, adorei o post!
Vim lhe desejar uma ótima semana, abraços!!

Marisa Giglio disse...

Carlos , você como bom escritor soube descrever com maestria a situação chuvosa , rs,rs, Gostei demais . Você e sua esperança me alegraram . Obrigada . Beijos e bom domingo .

Roselia Bezerra disse...

Olá, Carlos
Me lembrou de que acabou meu fósforo... rs..
Anotei aqui... quase não uso...
Vc tem um tom humorado de escrever...
Bjs fraternais

Arione Torres disse...

Oi amigo, vi, lhe desejar uma ótima semana, abraços e fique com Deus!!

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Que bom te ler acabei rindo eta fim de dia conturbado, mas você deu um jeitinho, bjos Luconi

Louraini Christmann - Lola disse...

Ai, ai, ai.
Coisas parecidas já me aconteceram.
Mas como cantava o Gonzaguinha,
"É a vida
É a vida
e é bonita
e é bonita
e é bonita"

rsrs