Tem dia que a gente é tão querido
que dá vontade de chorar.
A gente fecha os olhos,
parece que vai voar.
Vida boa de sapo na lagoa,
de moleque no parque a brincar.
Vira passarinho gorjeante,
se sente gigante, importante,
sinos internos a tocar.
No olhar, um perfeito arrebol,
pensando bem, se sente o próprio Sol.
Tem dia que a gente é tão esquecido
que dá vontade de fugir.
Até tira onda que sabe sorrir,
bom mesmo é na arte de fingir.
Anda torto,
gigante morto ou adormecido.
Soturno, taciturno.
Coração noturno,
parece que vai chover.
Sinos mudos.
Sentidos surdos.
Dia nulo, onde nada vai acontecer.
