ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

terça-feira, 24 de junho de 2008

PÉROLAS DE MINHA INFÂNCIA II ( DONA MARIA PRETA)... parte 2

O tempo passou, como tem de passar no grande ciclo da vida. Muitos anos depois, numa de minhas visitas à minha cidade Ipatinga, tive idéia de ir à casa dela. Ela não estava com o lenço costumeiro na cabeça, assim pude ver como seus cabelos ficaram brancos. Já está velhinha, a ponto de quase não me reconhecer, se não fosse o marido, velho também, porém mais lúcido dizer: ”Ô Maria. É o Carlos, da dona Sebastiana, do” seu “Glicério. Morava na terceira casa”. Aí sim, ela se lembrou: “Nossa, menino! Estou pensando que o tempo só passou pra mim. A gente não imagina que as crianças crescem e quando vê toma susto. Quantos anos você tem?”. Respondi: ”34”. E claro, que no meio de vários assuntos, não podia deixar de tocar num que jamais esqueci, e comentei: “Puxa dona Maria, a senhora lembra da raiva que nós fazíamos na senhora com aquele jogo de bola? Quantas bolas será que a senhora furou?” E ela rindo respondeu: “Ihhh... nem posso imaginar”. E emendei: “O pior dia foi quando a bola caiu no prato da senhora. Como aquela bola foi passar pela janela e cair logo no prato?” E ela puxando pela memória, disse: ”Naquele dia eu pensei que ia morrer de tanta raiva. Eu correndo feito louca na rua e a molecada correndo, zombando. Lembro que cerquei um no muro que o bichinho ficou até branco”. Eu ri e disse: “Era eu”. E ela balançou a cabeça: “Você?... mas eu não ia bater não. Tá doido, bater em filho dos outros?”.

Depois de uns trinta segundos interrompi o silêncio dizendo: “Acho que cada um de nós devia vir aqui e pedir desculpas à senhora. Mas ela solenemente, com a mão no meu ombro, me emocionou”:
“Ô bobo! Você sabe que agora eu sinto é falta daquilo tudo? Essa rua acabou, não tem mais graça”.

Por essas e outras, um dia escrevi, já morando em Governador Valadares: “nunca mais aquela rua, de jogo de bola na esquina, de botões na calçada...”.

Em Ipatinga-Mg. Bairro Bom Retiro...Rua Vital Brasil (aquela rua)

Um comentário:

fadazul disse...

lindas essas pérolas, espero que tenha continuação adorei, tenho algumas mas "tadinha de mim" não sei ordená-las uma abaixo da outra
por isso não faço postagens assim, bjks