ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

terça-feira, 23 de agosto de 2022

UM AMIGO NA RETINA E NO CORAÇÃO"

 


A licença poética vai me permitir usar a palavra  “óculos” no singular, para que eu possa representar um objeto que me acompanhou por tantos anos.

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Olá, amigo! É assim mesmo que lhe chamo: amigo. Quem anda com a gente por 40 anos não merece um adjetivo menor que esse. É o fim de um longo tempo, mas eu não quero chamar de despedida, despedidas são tristes, é só um texto de gratidão. Você apareceu para mim na juventude, eu era bem magro, cabelos longos, enrolados, balançando ao vento, eu era inquieto, rebeldezinho, aventureiro. O tempo passou, ganhei vários quilos, os cabelos nem são mais longos, e estão prateados... mas você ficou aqui, nesse rosto tão modificado. Você também modificou várias vezes. Você era redondinho, eu quis assim por causa do John Lennon. E assim foi, vários formatos, estilo Woody Allen, depois retangular em lentes pequenas, em lentes maiores, depois quadradinho, quadrado grande, de aço, de plástico, até que surgiu a necessidade de escurecer levemente ao sol; eram os primeiros sinais da idade rs rs. “Escuro e com graus”, alguém sugeriu. Muito escuros nunca quis, sempre gostei de mostrar meus olhos. Você se quebrou algumas vezes, ops, digo, eu quebrei você algumas vezes, sentando em cima, ou dormindo com você no rosto, depois de noites bagunçadas. Lembra do dia em que quase lhe perdi num show de rock? Eu peguei você no ar, após escapulir do meu rosto. Poxa, aquilo merecia ser filmado, um monte de gente pulando, eu batendo a mão em você, até conseguir segurar. Esteve comigo em momentos felizes e tristes, várias vezes chorei embaçando suas lentes, seja por derrotas, seja por vitórias. Já lhe embacei debaixo da água do chuveiro também, porque éramos inseparáveis. Tão inseparáveis que quando alguém sugeria para fazer cirurgia dos olhos, eu dizia: “Não! Eu gosto dos meus óculos, me dão um certo charme. Me deixam com mais cara de poeta”. E assim, eu fazia caras e bocas, deixava deslizar sobre o nariz, meio poeta largado. Fazia olhares de lado, tipo despretensiosos, distraído. Eu devia ter uma foto com cada formato seu para fazer um quadro, e colocar na parede. Mas tudo bem, não pensei nisso ao longo dos anos, o importante é que você que esteve sempre na minha retina, também estará sempre em meu coração.