Meu quarto tem fantasmas por todo lugar.
Dentro do guarda-roupa, nas gavetas
debaixo da cama,pairando no ar.
Uns zombam de mim, outros até brincam comigo.
Alguns mais recentes, outros bem antigos.
Já nem assustam tanto, mas incomodam
podam um novo amanhã.
Quando criança se me assustava,
mamãe mandava rezar.
Só que os fantasmas são incríveis, se adaptam à idade.
Minhas noites são metades.
Metade pra eles,metade pro sono.
O copo d’água noturno não sacia minha sede
e pra não sentir abandono nessa noite deserta
e talvez me livrar da rede da qual sou presa,
deixo sempre a porta aberta.
Quem quiser que entre...
Abrace-me, beije, ame... inflame.
Espero que não saia, mas se sair,deixe a luz acesa.
Quem sabe eu pense que é o sol invadindo a janela,beijando meu rosto
um passarinho saliente me chamando a sorrir de mentira novamente,
até que volte a noite,com fantasmas e seus açoites
com o bêbado que titubeia e não diz coisa com coisa pra ninguém,
com o vaga-lume que vagueia com luz própria,
embora inconstante e é feliz,
com a coruja desconfiada piando não sei pra quem.
E se as noites são metades,eu também sou.
Um pouco bêbado, um pouco vaga-lume.
Um pouco coruja piando pra ninguém.
Até aprendi a conviver com fantasmas,
e se eles me perturbam tanto,
às vezes zombo deles também
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CARLOS SOARES
Um comentário:
O passado, nos deixam "fantasmas". Uns nos jogam para a frente, outros
nos põe a temer.
Ora implacáveis criaturas, nos põe a divagar...
Amigo, não adianta a porta aberta,
a luz de cabeceira...
Todos n´s temos nossos fantasmas
O que importa é que eles nos tornam hoje o que somos, e eu gosto do que sou, como gosto do que és! bjks
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