Hoje lembrei-me
de uma coisa que eu fazia quando era pequeno. Pegava um vagalume, e com todo
cuidado para não machucar, colocava entre as duas mãos fechadas, só para vê-lo
brilhar. Depois eu deixava ir embora, e acompanhava com os olhos até aonde ele
ia, ou até quando eu podia ver seu brilho ali e acolá. No outro dia quando
pegava de novo, alimentava um desejo de que fosse o mesmo do dia anterior, como
se ele tivesse voltado para mim, como um amigo que volta. Às vezes eu até
falava com ele: "Será que você é o mesmo de ontem? Acho que sim".
Quase impossível isso, mas para mim acabou sendo verdade, determinei que todos
eram o mesmo. Por isso que a gente não pode tirar a imaginação e o encantamento
da criança, é a melhor fase da vida de uma pessoa. Sempre fui muito
impressionado com a luz, assim era maravilhado com as estrelas, com a lua, com
um facho de luz que entrava pela fresta da janela, representava para mim a
esperança. Desde pequeno aprendi a ver as coisas com a alma, vejo cenas lindas
que as pessoas não veem, às vezes me chateio, pois tento mostrar para elas, e
elas não dão importância. Mas eu me refaço rápido, não me permito sofrer, ou
ter raiva por isso, sigo em gratidão por ter os olhos da simplicidade. Talvez
na vida eu tenha sido um pouco vagalume também, fiz as coisas quando eu quis,
brilhei quando eu quis, e quando escondi meu brilho, não foi fuga, acho que foi
para saber se meu brilho fazia falta por aí. Nunca disse adeus a ninguém, eu
sou o vagalume que sempre volta.
( Imagem Google )