Quando eu tinha uma cuca colorida
era um turbilhão de vibrações.
Meu coração era um arco-íris de sensações
dia e noite, noite e dia.
E todo mundo dizia:
“Menino, você escreve demais
Você fala demais.
Você brinca demais.
Você briga demais.
Você chora demais.
Você ri demais.
Você sonha demais.
Você ama demais.
Você reclama demais.
Você é todo demais".
Eu sorria e respondia:
“O que fazer dessa vida
se eu tenho uma cuca colorida?
O tempo passa, o corpo envelhece,
mas o coração não esquece
e tudo de novo acontece:
“Você escreve demais
Você fala demais.
Você brinca demais.
Você briga demais.
Você chora demais.
Você ri demais.
Você sonha demais.
Você ama demais.
Você reclama demais.
Você é todo demais".
E eu ainda respondo do mesmo jeito
com o mesmo turbilhão no peito:
“Que culpa tenho eu nessa vida
se nasci assim...
com uma cuca colorida?”
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Mudar sem perder a essência, é tão raro quanto belo.
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Por que recordar esse poema? Porque ele fala justamente de uma fase muito divertida para mim, aquela fase que a gente punha a bolsa nas costas, e viajava para qualquer cidade mais ou menos próxima. O grande detalhe é que a gente ganhava pouco, eu principalmente, mas a gente se divertia se divertia, era feliz sem muito dinheiro. Esse da foto chama-se Walter, dos amigos era o que mais viajava comigo, mas tinha outros: Marcelo, Luisinho, Salvador. Há pouco tempo encontrei-me com Walter, que é só um ano mais velho que eu, e está com o cabelo todo branquinho. Ele comentou: "Bem que você dizia que nunca ia ficar velho, você está igual um garoto". Encontrei-me ainda com dona Maria Preta na casa de dona Maura, e dona Maria Preta me deu dois tapas por não ter ido à casa dela. Sempre brava: "Seu moleque.Você vem aqui e não vai à minha casa". Depois, tadinha, lamentou o falecimento de minha mãe, as três se gostavam muito. Dizem por aí, e vou repetir: Recordar é viver.
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Em tempo: O que está sentado no banco cheio de banca ( pra variar rs rs) sou eu. E a gente estava em viagem nessa foto.