Bem, o policial soube quem sou eu. E eu, sei quem sou? Claro que sei, apesar de ser tratado como número.Sou número no cartório, no registro hospitalar, na escola, no banco e um dia fatalmente, ganharei um número final na funerária. Numerado, taxado,vigiado, aprovado e reprovado, vendido e comprado como tudo num mercado.Ah, como que gostaria de poder dizer ao guarda:”Eu sou um ser humano. Pegue minha mão e sinta meu sangue pulsando. Abrace-me e sinta meu coração batendo.Veja meus olhos e verá o brilho de alguém como você, que chora, que ri, que tem problemas, que bebe e come.Que joga bola, que reza,que... enfim, navegaa no mesmo barco.
E pra mim? O que eu diria de mim pra mim mesmo?
Eu sou o que ando, o que falo, o que penso .Eu sou o que sou, sem deficiências ou excessos. Sou o que sou na minha própria medida. Pratico a forma mais doce de egoísmo. Existe isso? Sim. Sou aquele que olha no espelho e diz: Como você é lindo! Como você é importante! Sou multi facetas, multi uso. Sou menino de igreja, sou boêmio. Sou romântico e rebelde. Sou poesia plena, mas às vezes sou uma folha branca sem nada a dizer. Sou quadro na parede.Às vezes tenho preguiça, às vezes sou Fênix. Já me chamaram de anjo sem rosto... deve ser porque tenho tantos. Como pode caber tantas pessoas em uma só? Já bati nas pedras, mas não tive medo de voar. Sou um Ícaro moderno. Cada vez que dou um passo atrás, não estou recuando.Estou tomando impulso para dar meu próximo salto. Sou previsível, mas quando cismo de inventar até eu tenho medo. Sou pacato, mas sou inquieto.Uso os ditados de frente para trás. Para mim o céu é o mar... e o mar é o céu. É só virar de pernas pro ar e fica tudo igual. Às vezes sou eufórico, às vezes, melancólico. O meu riso e minha dor, são visíveis a olho nu, porque sou transparente.Mas quando viro noturno, soturno, sou eremita Sofro com insônia, mas amo a noite. Não tenho medo de fantasmas, mas odeio solidão. Defendo a liberdade, mas tenho ciúmes. Sou inconstante porque a vida também foi comigo e acho tudo isso um charme. Não sei qual roupa vou vestir amanhã, e não me lembro qual usei ontem. Não sei o que vou comer ou beber. Só sei que quando abro as janelas vejo um grande banquete que é a vida... e eu me farto porque sei que é tudo frágil e tão rápido. Sinto saudades, dor, nojo,raiva...e gosto de sentir. Sinto tudo porque tenho um coração que bate entre a lógica e a emoção, deixando sempre que o sentimento fale mais alto. 70% do meu tempo é emoção. Se o planeta tem 2/3 de água, eu tenho 2/3 de poesia. O outro 1/3 mostrei ao guarda. Sou simplesmente Carlos... e daí? Mas sou normal. Que passem as caravanas!
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