ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FOLIA DE REIS ( Texto Origem Wikipédia)




Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.
Origens
Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Belchior, Baltazar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.
Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos. Trata-se de um tradição originária de Portugal que ganhou força especialmente no século XIX e mantem-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, dentre outros.
Na cidade de Muqui, sul do Espírito Santo, acontece desde 1950 o Encontro Nacional de Folia de Reis, que reúne cerca de 90 grupos de Folias do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. É o maior e mais antigo encontro de Folias de Reis do país. O evento é organizado pela Secretaria de Cultura do Município e tem data móvel.
Canções
Em algumas regiões as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre quase sempre porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.

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Dia 6 , dia de Reis. Me lembro quando criança, minha mãe assistindo com muito respeito, eu segurando a mão dela. Esse respeito passou pra mim. Folia de reis, também faz parte da minha poesia.
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Folias de Rei
Composição: Chico Anísio e Arnaud Rodrigues
Ai,andar andei, ai como eu andei
E aprendi a nova lei
Alegria em nome da rainha e folia em nome de rei
Alegria em nome da rainha e folia em nome de rei

Ai,mar marujei, ai eu naveguei
E aprendi a nova lei -
Se é de terra que fique na areia o mar bravo só respeita o rei BIS

Ai voar voei, ai como eu voei
E aprendi a nova lei
Alegria em nome das estrelas e folia em nome de rei
Aegria em nome das estrelas e folia em nome de rei

Ai eu partirei, ai eu voltarei, vou confirmar a nova lei
Alegria em nome de Cristo, porque Cristo foi o rei dos reis
Alegria em nome de Cristo, porque Cristo foi o rei dos reis

REUNIÃO DO FIM DO MUNDO


Preocupados com o fim do mundo,
chefes das grandes nações,
reuniram uma grande mesa
para discutir as aflições,
do planeta, da gente e da natureza.
O medo até tentou falar
mas, a violência impediu, combinada com a intolerância.
A esperança, muito tímida,
calou diante da ignorância
que gritava, bradava
repetindo o mesmo enredo
que deu errado desde cedo.
O sucesso coitado, ficou esquecido.
O sorriso foi vencido.
A verdade, na última cadeira.
A mentira, na primeira
A amizade nem teve vez
quando falou a insensatez.
A hipocrisia falou.
O egoísmo discursou.
Então o silêncio abraçou a alegria:
Vamos embora.
Convidaram todo mundo...
menos a poesia.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

QUARTO COLORIDO


Deita comigo e nem sei seu nome
Suga-me, me consome.
Como se eu fosse a última mulher,
a última vez, a última flor.
O que vem buscar de mim
não está em mim.
Sou permitida para a vida,
proibida para o amor
Sou sua, sou de todos, de qualquer um,
mas esse quarto colorido
com tantas lembranças juntas
não passa de um lugar comum
para tolas perguntas.
Quanto vale o seu dinheiro que eu preciso?
Quanto vale meu sorriso?
Esse quarto é minha rua.
A rua é meu quarto
Só lhe peço, homem estranho.
Que saia farto, desfrute o que quiser
Ainda que eu seja a última
Trate-me como mulher.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Minhas canções favoritas( Rose choque Rita Lee)

Nas duas faces de Eva
A bela e a Fera
Um certo sorriso de quem nada quer.
Sexo frágil não foge a luta
e nem só de cama vive a mulher.

Por isso não provoque,
é cor de rosa choque
Oh-Oh-Oh
Não provoque É cor de Rosa
Choque, não provoque...
é cor de rosa choque
Por isso não provoque
É cor de rosa choque

Mulher é bicho esquisito
Todo mês sangra
Um sexto sentido maior
que a razão
Gata Borralheira você é princesa
Dondoca é uma espécie em extinção

Por isso não provoque,
é cor de rosa choque
Oh-Oh-Oh
Não provoque É cor de Rosa Choque
não provoque...
é cor de rosa choque
Por isso não provoque
É cor de rosa choque

Nota: Rita Lee tem tantas, mas escolhi essa pra homenagear as mulheres

O JOGO DA VIDA





Eu tinha 12 anos, 6ª série. Havia uma certa rivalidade entre dois colégios. O colégio dos menos favorecidos, vamos assim dizer, e o colégio dos de mais sorte. Nosso professor de educação física era Sargento Verçosa, aposentado da polícia, durão, mas a meninada gostava dele. Um certo dia, chamou a garotada no centro do gramado e disse: “Meu amigo, professor do colégio São Francisco, está desafiando para um jogo daqui a trinta dias. Vai valer troféu. Vocês estão afim?”. Todos gritaram em coro. “ Estamooos”. E ele prosseguiu, de pé, no círculo de meninos sentados. “Mas ele mandou um recado para vocês. Mandou dizer que aqui só tem mariquinhas.Vocês são homens ou mariquinhas?” Todos de novo. “Homeeens!”. E ele depois de dizer outras coisas de incentivo encerrou: “Então cuidem-se, pra gente acabar com aquele timeco deles”. E nos liberou.
Só se falava no tal jogo. Enfim chegou o grande dia. O estádio não tinha arquibancada, só alambrado separava as torcidas dos “ craques”. As torcidas, formadas na maioria pelas meninas dos colégios, alguns pais e mães, faziam barulho, disputando quem gritava mais. De vez em quando a gente ouvia algo tipo. “Nossa, cada gatinho”. Aí que a gente fazia mais pose ainda. Não me lembro de todos os nomes, mas alguns marcaram aquele dia. Eu, na ponta esquerda. Não era um grande jogador, mas, corria muito. Nas aulas, enquanto os outros davam oito ou nove voltas em torno do gramado, eu dava doze. Serginho, nosso goleiro. Cláudio, grandalhão, repetente da escola. Gostava de dar cascudos nos coleguinhas. Menos em mim, deve ser porque eu lhe dava umas dicas de aula, talvez até mesmo para não ser importunado por ele. Mas sentia que ele gostava de mim. E os dois irmãos, João Luís e Zé Roberto. João Luís, era mais forte, loiro, cabelos abaixo dos ombros. Zé Roberto, era magro, loiro também, cabelos cobrindo os olhos, nariz comprido, fino, queixo quadrado. Era o rebelde da turma, dava muito trabalho às professoras. Os dois jogavam muito bem, mas o Zé jogava mais. Só que eram da mesma posição. O treinador optou por escalar o João, talvez pela rebeldia do Zé.
Enfim o jogo. Não começamos muito bem, parecíamos nervosos, nada dava certo.Terminamos primeiro tempo perdendo por 1x0. Levamos maior bronca no vestiário
Começa segundo tempo. Não demoramos muito a empatar. Num escanteio cobrado da direita,Cláudio, o grandalhão fez de cabeça. Alívio e alegria. Mas o time deles era superior. Saíam com a bola na maior tranqüilidade. Era clara a superioridade deles, mas tinham até quadra poliesportiva, enquanto nós, só tínhamos aula num campo de futebol amador. Mais ou menos com uns vinte e cinco minutos de jogo, eles desempataram numa falha incrível de nosso goleiro. Pensei. “Vamos tomar goleada”. João Luís estava muito bem, mas não dava sorte. Bateu uma bola na trave e o goleiro deles estava seguro. Mas num dado momento, João entrou fulminante na área, driblou dois e foi derrubado. Pênalti! Mas perdemos nosso melhor jogador, João saiu com a canela completamente inchada. Até pensamos que tinha quebrado, mas felizmente não. Entrou Zé Roberto. Cláudio pegou a bola, mas pedi a ele para eu cobrar. Quando ajeitava ele me disse no ouvido. “Fecha os olhos e chuta forte. É nossa chance de empatar. Se você errar, vou te matar!”. Acho que essas palavras ao invés de incentivar, me perturbaram, desconcentraram. Pois chutei para fora. Foi um baque, fiquei desolado. Lá atrás, Serginho se virava como podia. O técnico me vendo abatido, me chamou à beira do gramado.Me disse pra não desanimar que jogo é assim mesmo. Mandou que eu jogasse mais à esquerda pois estava muito embolado e que o lateral delesera mole, pra jogar em cima dele”. Ele acertou. Joguei sempre no fundo, bem aberto e enfim consegui ganhar na corrida dele e cruzei a bola alta. Me lembro da bola vermelha e branca viajando, até cair certinha para Zé Roberto, que com maestria, dominou no peito, deixou ela rolar pelo corpo e cair aos seus pés. Tomou distância de um passo e quando todos pensavam que ia dar um chutão, bateu por cima de todos. O goleiro ainda resvalou os dedos, mas não evitou. Alegria geral, gritamos muito. Nossa torcida que estava calada agitou de novo. Mas não estava fácil. Chutaram bola na nossa trave, Serginho ainda fez uma defesa incrível. “Faltam 10 minutos. Vamos ganhar desses caras.”. Gritou nosso treinador.
Aí veio a euforia total. Faltando cinco minutos apenas, uma falta para nós, na risca da área, em Zé Roberto, que não deixavam parar em pé. Ele até quis brigar. O treinador gritou. “Deixa o Carlos bater.”. Eu tinha chute forte porque brincava com bolas adultas e quando lidava com bolas infanto-juvenis levava vantagem. E acho que ele também estava me dando uma chance de me recuperar do pênalti perdido. Tomei distância kilométrica. Fechei os olhos e pensei. “Tem que ser agora”. Soou o apito. Corri e chutei forte. Vi a bola entrando, mas o danado do goleiro tirou com a mão esquerda. Porém, não foi muito feliz. A bola parou logo no pé de quem? Zé Roberto, que de primeira a devolveu. Ela deu umas três quicadas e foi morrer mansinha no canto direito. Gooool! A virada. 3x 2 para nós. Loucura! Êxtase! Gritaria! Foram os três minutos mais longos de nossas vidas. Mas acabou. Corremos para cima do técnico que rolava no chão, sufocando-o. Ainda me lembro do goleiro deles chorando, mas pensei. “Paciência, jogo é jogo”. Outras cenas me marcaram.
Zé Roberto, herói do jogo, carregado nas costas. Cláudio, o capitão, recebendo o troféu. João Luís nem ligava pra canela enfaixada, só pulava. E o técnico nos pagando caixas e mais caixas de picolé e refrigerante.
Muito anos depois, num de meus passeios a Ipatinga, já quase pegando estrada de volta, parei num bar para comprar uma balas. Mania de motorista. Andando perto do ponto de ônibus, um rapaz sentado de cabeça baixa, pediu: “Ô amigo, me dá um cigarro”. Respondi quase parando. “Não fumo, companheiro”. Ele insistiu. “Mas você está indo para o bar, pode comprar”. Hesitei, mas acabei pensando. “Cigarro não é presente que se dê a alguém, mas é o vício dele, fazer o quê? ”. E disse. “Pode vir que eu pago”. Ele me seguiu. Depois de pegar minhas balas, autorizei ao dono lhe ceder um cigarro e quando me virei, com quem me deparei? Zé Roberto. Mesmo cabelo fininho cobrindo os olhos, só mais ralo, mal vestido e umas falhas de dente. Ele me olhou, olhou... e disse. “Eu acho que te conheço. Só não sei o nome”. Falei. “Sou eu mesmo, Zé Roberto... o Carlos. Do CENEC. Como vai seu irmão?”. Cabisbaixo, me respondeu. “Meu irmão morreu faz dois anos. Acidente de moto. A gente já não se falava mais”. “Que chato!”, lamentei. “E você o que anda arrumando?”.
“Eu? Eu estou assim do jeito que está me vendo. Bêbado, f..., drogado. Só durmo se tomar um monte de porcarias. Meu irmão morreu sem falar comigo. Meu pai não fala comigo. Minha irmã só fala o necessário. Só minha mãe fala, porque é mãe”. Me chocou muito ouvir aquilo e respondi. “Você precisa de tratar, se internar numa clínica. Procura alguma
instituição, uma igreja sei lá. Você tem um ponto a seu favor, reconhece que precisa de tratamento, isso é um passo.Você é novo ainda.Pense nisso”. “Vou pensar”. Mas não senti muita firmeza nas palavras dele. Despedi-me. “Zé Roberto. Já é noite, preciso ir. Até um dia”. “Valeu pelo cigarro”, com um sinal de OK.
Quando estava me preparando para entrar no carro, do outro lado da rua, ele gritou. “Ei,Carlos. Você se lembra daquele jogo?”. Eu ri surpreso. “Claro que sim. Foi demais, hein?”. “Demais? Acabamos com aqueles metidos”. Minimizei. “Ah, foi apenas um jogo de futebol”. Ele discordou. “Que nada. Foi a vitória da humildade contra a arrogância. E de virada, hein?”. Aproveitei para cutucá-lo. “De vez em quando a gente precisa dar uma virada na vida Zé”. Se percebeu a cutucada, disfarçou emendando. “E você ainda perdeu um pênalti. Mas foi você quem me ajudou a fazer meus dois gols”. Pensei comigo. “Gostaria muito de poder ajudá-lo a fazer outro gol... mas no jogo da vida”.
Dei um último tiau e entrei no carro meio frustrado de encontrar um ex-amiguinho daquela forma, sentindo-me impotente diante da situação.
Nunca mais o vi. Espero que tenha dado mais uma virada em sua vida.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pérolas de minha infância IV ( Amor de criança)


Sempre digo que devemos tomar cuidado com o que falamos ou fazemos a uma criança, pois, penso que ela vê tudo numa dimensão maior. No seu mundo fantasioso, tudo ganha proporções enormes. E assim pergunto: Quem de nós nunca fantasiou um namoro quando criança? Eu tive Amélia. Amélia era uma menina lindinha. Branca, de cabelos muito pretos, curtinhos, cortados rente à orelha. As pontas eram puxadas para perto da boca. Sobrancelhas bem definidas, vivas e cílios enormes lindos. Para completar seu charme, uma pinta na bochecha direita. Nos olhávamos tempo todo na aula e no recreio, porém quase não nos falávamos. Devia ser timidez de criança. O máximo que aconteceu, foi um dia, quando me deu uma maçã no recreio, e de propósito, deixei meus dedos escorregarem em sua mão, mas ela recuou, tirando logo. As meninas antigamente eram mais acanhadas. Francisco, meu amiguinho viu e me gozou depois: “Aeeê Carlos. Ganhando maçã, hein? Quem sou eu”. Como não queria que aquilo se espalhasse falei: “Que isso, rapaz? A menina é minha amiga”. E ele insistiu: “Amiga? Ela te olha tempo todo. Chega na menina, rapaz. Ela está afim”. Aí me entreguei. “Não é bem assim. Essas coisas têm hora”. Ele ironizou. “Você é um homem ou um rato?”. Eu acabei rindo e disse: “Sou homem, mas na hora fico mesmo do tamanho de um rato”.
Francisco, era um menino moleque demais, e tínhamos mania de na hora do recreio, trocar os cadernos de todos. Na volta do recreio era aquela confusão. Um dia ele me chamou, eu fui, mas com outra idéia. Olhar os cadernos da Amélia. Estava escrito mais ou menos assim na contra-capa: “Meu namorado chama Carlos... Soares, sobrenome igual ao meu. Ele mora no Bom Retiro. Ele é bonito e inteligente, mas é muito bobo, porque nunca fala comigo. Eu também tenho vergonha, mas sou menina, e menina não pode ser pra frente. Ele é bagunceiro, mas eu gosto dele. Eu acho que amo ele”. Mostrei para Francisco que quis zoar, mas o repreendi e ele parou e ainda me ajudou. “Não falei? Ela gosta de você”. Chega nela”.
Chegou fim do ano e faríamos primeira comunhão. Escola e igreja eram muito ligadas. Depois da missa ia ter um bailinho com comes e bebes na escola. Ainda me lembro de todos de branquinho, vela na mão, entrando na igreja. Minha mãe nunca foi chegada a festas e da missa voltou para casa.
Alguns casaizinhos dançavam, menos eu e ela. Francisco me empurrando: “Vai lá, vai lá. Chama a menina pra dançar. Ah, se fosse eu”. “Calma, estou tomando coragem. Daqui a pouco eu vou”. E ele: “Daqui a pouco acaba a festa e vai ficar chupando dedo e a menina com raiva... vamos comer cachorro quente por enquanto”. E eu. “Está doido? Vou beijar a menina com boca suja?”. Fomos, mas não comi nada até a hora de dançar. Eu numa fome danada.
Minha distância para ela no salão era de uns seis metros, mas parecia seis kilômetros. Enfim fui. “Oi, Amélia. Você está a fim de dançar?”. “Estou sim”, estendendo o braço charmosinha toda. Eu nem sabia dançar direito, mas sabia que eram dois pra lá, dois pra cá, pois via meus irmãos e irmãs dançando. Estive tenso no começo e acho que ela também, mas depois fomos nos soltando, até falamos coisas bobinhas de criança, tipo. “Você mora onde mesmo?”. “Você tem mais irmãos?”. “Festa boa, né?” Dançamos umas cinco músicas até que ela falou. “Vamos parar um pouco, estou cansada”. Respondi, dando uma de Don Juan mirim. “Aqui está muito quente. Vamos lá fora respirar um pouco”.
Fomos e sentamos na parte cimentada do jardim, atrás de nós uma fonte. Depois de falarmos mais bobeirinhas, fiquei calado muito tempo e enfim investi pegando na mãozinha dela. “Amélia, posso te dar um beijo?”. Ela ficou ainda mais branca e se calou um tempão. Agora era eu quem morria de vergonha. “Ai que resposta demorada. Vou sair correndo daqui”. Depois de longos minutos, me olhou e respondeu com meiguice. “Pode, mas não quero agarramento, senão empurro você”. Lembrei de como os galãs das novelas faziam para beijar. Me senti um verdadeiro Tony Ramos. Viraria o rosto, começaria suave, abrindo os lábios, abraçando ela e depois ia aumentando. Que nada. Máximo que saiu foi um selinho tímido. Os dois ficaram mudos. Eu estava completamente trêmulo e suando frio. Depois de um novo longo silêncio ela disse. “Vamos lá pra dentro, Carlos?”. Sem responder nada, só acenei que sim com a cabeça e fomos.
Ainda dançamos outras, sem trocar uma palavra mais.
Era fim de ano, vieram as férias, e mesmo ainda rolando olhares no ano seguinte, aquele romancinho depois foi acabando, fantasia que era. Pura e inocente, como realmente têm de ser as crianças.

Os anos passaram e passaram e passaram. Já com uns 30 anos parei numa padaria pra tomar café. Depois de tomar, fui pagar e quem estava no caixa? Amélia. Mais gordinha como eu, alguns fios de cabelo branco como eu, óculos caindo sobre o nariz. Levei um pequeno susto e fiquei olhando fixo pra ela, não por nada, mas queria que ela me reconhecesse pra gente rir de tudo. Pois, não me reconheceu nada. Estranhou, eu ali parado, olhando “Bom dia senhor. O senhor deseja alguma coisa?”. “Bem... é... sim... eu... quero pagar um café com leite”. Respondeu: “1, 50, se tiver trocado, agradeço”. Tirei dois reais, ainda olhando pra ela, ela franziu a testa curiosa, me deu o troco e vendo que eu não saía, perguntou: “O senhor deseja mais alguma coisa? Está passando bem?”. “Não, não. Obrigado”. E saí. Na porta olhei pra trás e ela levantou os dois braços para funcionária dela num gesto de “ não entendi nada”. E completou. “Só dá maluco”. Claro que fiquei um pouquinho frustrado. Ah... mulheres! Como entendê-las?

Minhas canções favoritas ( Debaixo dos caracóis dos seus cabelos)

De Roberto Carlos, poderia citar várias outras canções como, DETALHES, OUTRA VEZ, CAVALGADA(que eu amo), mas lembrei dessa que Roberto e Erasmo fizeram para Caetano Veloso que estava fora do país, exilado pela ditatura.

DEBAIXO DOS CARACÓIS DOS SEUS CABELOS (ROBERTO CARLOS E ERASMO CARLOS)
Um dia a areia branca seus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos a água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir pra ver você chegar
E ao se sentir em casa, sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma historia pra contar de um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade de ficar mais um instante
As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda,
na casa onde mora
Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos...
Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso.
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma historia pra contar de um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade de ficar mais um instante
/////

Anos mais tarde Caetano o rebribuiu com outra belíssima canção:

FORÇA ESTRANHA( CAETANO VELOSO)
Eu vim um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redordo caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
o tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.
Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
é a coisa mais certa de todas as coisas.
Não vale um caminho sob o sol.
É o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FOI JOHN LENNON QUEM DISSE


Quando John Lennon falou
que não era o único sonhador
não sabia o quanto acertou.
Os sonhadores estão por aí a cada dia mais .
São pequena minoria é verdade,
mas, ai da sociedade se morressem todos os ideais.
Foi John Lennon quem disse
que não é assim tão difícil
que basta dar uma chance à paz.
Jogar certo os jogos da mente,
não de forma individualista, mas altruísta.
Poder para o povo.
Já que deu tudo errado até agora... começar de novo.
Imagine e tudo será feito
O novo brota dentro de cada peito e se espalha
enxovalha todo o planeta,
e o que era difícil, fica fácil,
o ruim fica bom.
Ainda bem que aquela bala
não calou a música do John.

Nota: Eu também estou muito feliz de não ser o único sonhador.

Idéias extraídas de algumas músicas de John Lennon."Imagine,Power to the people,The war is over,Mind Games"

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

UM QUADRO PERFEITO



Eu, você, o mar e o luar.
As ondas beijando as pedras.
Nem Da Vinci pintaria um quadro assim.
Só mesmo o amor para pintar
um cenário tão perfeito
uma praia deserta pra você e pra mim.
Ainda era tardezinha
Quando começamos a nos beijar
num céu dourado a nos coroar
O sol descarregava seus últimos raios,
pediu licença e foi descansar.
A noite nos cobriu em seu manto
Parecia nos proteger
Na redoma do amor
onde só cabíamos, eu e você.
Naquele quarto de lua fizemos o nosso quarto
Daquelas pedras, fizemos nossa cama.
Na solidão que desejamos.
E entre repetições do desejo que nos inflama
vindos de ecos de prazer e emoções
entre mil vibrações,
mal vimos que já era manhãzinha.
Parecia o mesmo cenário.
Um céu dourado, raios em cascata...
Mas o sol não ia embora
ele estava era chegando... era a aurora.
Felizes assim!
Nem Da Vinci pintaria um quadro assim.

Um ano muito novo



Desejamos sempre um ano novo melhor. Mais saúde, emprego, fartura, sonhos realizados, um sem fim de desejos. Coincidência ou não, essa palavrinha " novo" , deveria nos tocar, não apenas como uma virada de ano no sentido de que novo é contrário de velho gramaticalmente falando. E sentimentalmente? Onde começa o ano novo? Ou quando? Será que é no primeiro segundo após a meia-noite do dia 31? Queremos um ano novo melhor, então o façamos acontecer. O ano novo começa dentro de você,de dentro para fora, você é a célula-mãe , o ovo, o embrião de tudo. Saindo de você, vai para sua família. Da sua família, vai para seu bairro, pro seu trabalho, pra sua comunidade.Daí, vai pra sua cidade. Da cidade para o estado. Do estado para o país. E do país para o mundo. Não vai haver paz se não a fizermos dentro de nós antes de tudo. A paz que praticamos em todos esses anos velhos, é uma paz egoísta, a paz só para nós mesmos, portanto não é paz. Paz tem de ser geral, senão é mentirosa. Paz de slogans e bandeiras é hipócrita. Estouremos champanhes, fogo mil, mas façamos um ano novo, realmente novo. Não é assim tão difícil, se todos querem

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

REFLEXÕES NO ESPELHO


Chega o natal e com ele um tempo de reflexões, embora eu pense que reflexão tem que ser todos os dias. Mas é inegável que nessa época de fim de ano os sentimentos afloram mais. E a gente fica assim: O que eu fiz? O que não fiz? O que menti? O que omiti? Quando alguém pede algo de graça a alguém, é comum se ouvir: “de graça Deus fez o mundo”. Ou então... "se conselho fosse bom,ninguém dava,vendia". Como se conselho fosse algo ruim. Eu gosto muito de conselhos.
E Deus fez mesmo o mundo de graça. Nos deu esse mundo para ser a nossa casa. Maravilhoso, de águas cristalinas, de belos montes, de ar puro. Mas estamos cuidando de nossa casa? Nosso imediatismo, nossa pressa, nos faz fazer queimadas, nos faz jogar lixo nas ruas, nos rios, enfim, emporcalhamos nosso ambiente. É mesma coisa, pensem: Alguém gosta de dormir em quarto sujo ou ver tv numa sala imunda? Claro que não. Mas fazemos a sujeira no planeta todo. Não sou de levantar bandeiras, mas quando vejo um clima maluco, não dá para ficar inerte. Lugares onde não chovia, estão alagados. Onde tinha fartura, bois morrem de seca. Cadê os passarinhos? Quando criança me lembro das estações do ano, bem divididas. Inverno era inverno, verão era verão. Outono. Primavera. Hoje as estações atravessam umas às outras. Oh, meu Deus! O Senhor fez o mundo de graça, mas os filhos não cuidaram.
CUIDE DO PLANETA. ELE É A SUA CASA!

Mas exatamente sobre o natal... não pensemos apenas como uma data festiva, onde se dá presentes, faz-se ceias deliciosas. Pensemos no valor real que essa data tem. Independente de discordarmos se essa foi mesmo a data em que ELE nasceu, (eu mesmo acho que não foi, pois viveu numa outra época e região de calendário diferente do nosso), é o nascimento de um homem que mudou toda a história. Nós escolhemos um dia para celebrar o Seu nascimento e O crucificamos todos os dias com nossos atos e omissões. Cada vez que pisamos em alguém, Ele sente a dor como se fosse a espada daquele soldado.

A ESTRELA BRILHOU




A estrela brilhou no oriente!
Anunciem a toda a gente
que é uma estrela diferente
tão brilhante, soberana e altiva
que todos podem vê-la.
Vamos seguir a estrela.
É a estrela de um Deus-menino
de um menino-Deus.
É o brilho de um rei manso, sem espadas
que vem irmanar, igualar
carregar pecados e dores e ainda perdoar.
Rendam homenagens do oriente ao ocidente
tragam perfume e incenso
para celebrar o brilho intenso da estrela.
E ainda que outros reis não queiram,
é a força de um Deus...
ninguém pode detê-la!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

MIL ENCANTOS

Desejos... tantos!
Mil encantos!
Ainda que sob prantos, não se calam os meus cantos,
impuros ou santos,
mas são meus e vou espalhar por todos os cantos onde estiveres,
envolver em teus mantos
para que guardes juntos com todos os teus desejos
que também são tantos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O AMIGO DO PATETA


Minhas amizades são sempre muito duradouras e eu as prezo muito. Ninguém gosta de apertar a mão como eu. Não vivi, mas sei que houve um tempo em que as pessoas se cumprimentavam mais. Paravam para uma prosa na esquina. Um café. Claro que os tempos são outros e ninguém tem tempo mais. A gente mecanizou o mundo... e o mundo mecanizou a gente.
Conheci Marquinhos em 1988, quando foi trabalhar no aeroporto, mas não ficou muito tempo lá, talvez um ano. Fez cursos de radiologia e foi trabalhar num hospital onde está até hoje. Éramos amigos de todas as horas. Das gandaias, do futebol, dos problemas. Moleque que só ele, ria até de velório, mas quando precisava, puxava a orelha também. Acho que sempre gostei e precisei disso. Éramos tão inseparáveis que alguns nos chamavam de Mickey e Pateta. Eu, mais alto, era o Pateta. Desligado, despretensioso, atrapalhado, mas bonzinho. Além disso, ele vivia dizendo que eu só o colocava em enrascadas,lembrando o Pateta das estorinhas, que se mete em confusões e não está nem aí, segue a vida. Lembro de um dia que bebendo muito sentados no meio-fio de minha casa, me disse: “Cal, estou bêbado demais, não sei como vou montar nessa moto. Eu disse tomando a chave dele. "Você não vai sair daqui de moto. Pode ficar com raiva, até me bater que não deixo". Ele custou a responder, mas tropeçando nas palavras, pediu: "Então você guarda aí pra mim. Mas você podia ir até em casa comigo que estou muito mal". Eu disse. "Claro". Depois de guardar a moto nos fundos fui acompanhá-lo. Passavam das 3 horas da manhã. Demoramos a chegar, morava num morro terrível, asfaltado, mas bem a pique. No outro dia, no trabalho, me agradeceu, não só por tê-lo levado, mas principalmente porque lhe tomei a chave. Respondi. "Esquenta,não. Você faria o mesmo. Pra que servem os amigos?"
Desde que mudei de cidade, eu só o tinha visto por duas vezes. A terceira foi em 2.004, quando fui passear na casa de uma de minhas irmãs. Acordei com uma leve dor de cabeça, tomei um remédio, mas eu não imaginava que era alérgico. Daí a pouco comecei a sentir meu olho meio inchado, mas seria normal, já que acordei tarde. Senti um formigamento nos lábios também. Deu vontade de deitar de novo, dormi mais de uma hora. Quando acordei, percebi meu olho esquerdo totalmente tampado. Meus lábios também incharam muito. Vendo no espelho uma imagem grotesca, gritei minha irmã. Ela se desesperou, correu comigo para o hospital.
Chegando lá, o caos fazia minha cabeça doer mais. Gente esbravejando contra o atendimento, criança chorando, gente chegando na maca. Tinha que esperar, não teve jeito. Comentei com minha irmã. “Está piorando”. Aí ela foi mais uma a brigar no balcão, mas não adiantou muito. Encostei a cabeça no colo dela de olhos fechados. Quando de repente ela disse. “Cal, aquele ali não é o Marquinhos? Com dificuldade abri o olho que me sobrava e disse: “É ele mesmo”. Minha irmã não pensou. Correu até ele, “Marquinhos,Marquinhos. Você lembra de mim?”. “Humm... deixa eu ver. Você é Adélia, irmã do Cal?”. “Sim, graças a Deus encontrei você aqui”. “Se eu puder ajudar. E ele? Está tudo bem com ele?”. Ela. “Que nada, por isso que estou aqui. Ele está ali encostado na parede”. Chegando perto ironizou como sempre: “Cara onde você tomou desta? Agüenta a mão aí”. Foi lá dentro, trouxe uma cadeira de rodas e me levou
Me deram duas injeções e um comprimido na boca, e me deixaram duas horas em observação.
Quando a doutora veio me checar, Marquinhos já estava lá. Como se fosse um enfermeiro, ajeitando meu travesseiro, me oferecendo água e perguntando como estava minha vida. Ela encostou: “Vamos ver como está nosso paciente. Está se sentindo bem, Carlos?”. Respondi que sim, que só estava meio zonzo. “É normal”, disse ela .Só vou tirar sua pressão e te liberar. Só não pode dirigir”. Talvez vendo o carinho e atenção com ele me tratava e o empenho para que eu fosse atendido rápido, emendou ao meu amigo. “Ele é seu irmão, Marcos?” Marquinhos me olhou fixo nos olhos uns 5 segundos e respondeu de forma bem frisada: "Sim ele “É” meu irmão". A doutora deu um sorrisinho de ternura, de canto de boca, achando bonito ele chamar de irmão o velho amigo. “Pronto! Seu irmão já pode ir pra casa”. E saiu.
Depois que me vesti, apertei a mão dele com minhas duas mãos e agradeci. “Obrigado por tudo,cara”. E ele. “Pra que servem os amigos? Vê se não me dá mais trabalho, Pateta”.
No final do corredor dei uma última olhada para trás, lá estava ele me olhando. Fiz um aceno de mão, dando tiau para o amigo do Pateta.

Nota:Eu adoro quadrinhos e por coincidência meu personagem favorito é o Pateta, por ele ser simples e bonachão

domingo, 14 de dezembro de 2008

A NOVA VERSÃO DE GÊNESIS

No sétimo dia estava pronto o paraíso.
Parecia que nada mais era preciso.
Os rios, os mares
os bichos, as montanhas.
Todos em seus lugares.
A lua para a noite.
O sol para o dia.
E Deus contemplando a imensidão
benevolente que é,pensou:
Está faltando alguma coisa.Está faltando a poesia.
E disse:Faça-se!
E a poesia se fez.
E Deus viu que a poesia era boa.
Abençoou... e descansou.
E assim passam séculos e mais séculos e ela não acaba...
ecoaaaa.

Nota: O poeta não faz poesia. Ele apenas a transpõe para o mundo terreno. Ela está em alguma dimensão esperando que alguém lhe sirva de ponte. O poeta tem essa antena. Coisas que a parabólica não pode captar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O ÚLTIMO VÔO DA FÊNIX


Quando escrevi Fênix, claro que falava de mim mesmo, das voltas por cima sobre as adversidades, financeiras, emotivas, depressões e pressões, enfim, ressurgia mais forte... mas não imaginava que ela fosse adotada. Eu já trabalhava no aeroporto de minha cidade, quando chegou nova funcionária de nome LENIR, que quando a leu disse: “Puxa, Carlos.Essa poesia foi feita para mim”. Eu disse: Pode ser. Eu não faço poesia pra mim, faço para as pessoas que gosto.É como uma flor que estou te dando, é um pedaço de mim, trate com carinho.” Ela respondeu: ” Pode deixar, vou levar para sempre comigo “.
Um dia no meio da sala, perante os outros funcionários ela brincou. ”Se você não fosse meu amigo, acho que ia me apaixonar por você”. “Epaaaa...” eu falei.”Pode parar aí. Somos amigos... e eu tenho namorada”. Ela me deu um soquinho no ombro.” Ei, só estou te elogiando, não posso mais elogiar um amigo querido?”. E me beijou no rosto, adorava beijar. “Claro que pode... rs rs”. E ela completou na gozação. ”E eu também não sou papa-anjo, você é muito novinho pra mim”. Eu arrematei. ”Mas não facilita muito não que não costumo perdoar”. “Ah, seu safado”. Era sempre assim, descontraído o ambiente.
Não trabalhamos muito tempo juntos. Minha mãe havia se mudado para Vitória-Es, eu morava já por quase um ano com dois amigos e acabei sendo convidado a trabalhar em Governador Valadares, no aeroporto também, numa função melhor e ganhando mais. Não pensei duas vezes, estava meio desanimado na cidade. A aviação sempre foi minha segunda paixão, Deus sempre foi muito bom pra mim.
Ainda mantivemos contato por fone e, sobretudo por telex. Eu adorava telex e sabia muito. Lia aquelas fitas cheias de buraquinhos e sinaizinhos como ninguém. Certa vez ela me contou que mostrou minhas poesias, no balcão de passagens, ao cantor Wanderley Cardoso, aquele mesmo, que fôra ícone da jovem guarda. Ele muito educadamente teria dito. ”Seu amigo é bom mesmo”. “Ele é um grande poeta, meu grande amigo mesmo”, disse a exagerada, não na parte do amigo. Mostrando Fênix, ela disse uma mentirinha fantasiosa. ”Essa ele fez pra mim”.
Naturalmente com o tempo os contatos ficaram um pouco mais raros. Num desses, ela me surpreendeu ao fone: “Carlos, não tenho boa notícia. Arrancaram um pedaço de mim”. Não entendendo direito, perguntei: “Como assim, um pedaço de você?”. “Tiraram meu seio esquerdo, tão bonitinho”. “O quê? Pelo amor de Deus, você está com câncer?”.
Ela em tom triste disse. ”Sim. Eu vinha fazendo exames, constatou e agora tive que tirar. Mas o médico disse que vou ficar boa”. Dei força. “Claro que vai. Você é forte, vai superar isso. Você é a Fênix, lembra?”.
O tempo foi passando, outra vez ela ligou, agora morando em Vitória para tratamento melhor. ”Carlos, tiraram outro pedaço de mim. Não tenho mais seios”. Ainda bem que eu estava sentado porque o baque foi grande. Tentando encorajá-la, falei. ”Ah, mas muitas mulheres fazem isso e vivem normal”. O que ela respondeu me fez calar. ”Não, Carlos. Você não sabe o que é uma mulher mutilada”. “Droga!”. Pensei depois. ”O que fazem esses cientistas? Tiram onda que vão à lua, viajam o universo todo, mas não curam o câncer”.
Depois disso, nossos contatos ficaram ainda mais difíceis, porque comecei a fazer curso de tráfego aéreo, inglês específico, meteorologia aeronáutica, alguma coisa de física, estágio em Belo Horizonte, enfim quase 08 meses praticamente recluso.
Algum tempo depois, a notícia. Lenir morreu aos 36 anos. Chorei muito à distância, a perda da amiga querida. Criançona, extrovertida, espontânea, adorava dar gargalhadas escandalosas, gostosas. Uns amigos antigos disseram-me meses depois que o poema Fênix,como havia me prometido, estava em sua bolsa, quando foi internada, com a seguinte frase escrita por ela: DO MEU AMIGO INESQUECÍVEL, POETA CARLOS SOARES DE OLIVEIRA.UM IRMÃO QUE GANHEI DEPOIS DE GRANDE. Claro que eu chorei de novo.Pra quem não conhece, eis FÊNIX ( meu poema mais pessoal):

FÊNIX

Sou eterno!
Não há derrota ou sofrimento
que me impeçam de viver mais um momento.
Noutro instante me torno gigante.
Quando tudo estava perdido e eu estava caído, ressurgi.
Levantei e venci!
Quando me sentia afogando
dei mais uma braçada e pisei firme em terra.
Quando mostrava estar mudo soltei com força meu grito de guerra.
Se um dia tive medo, no seguinte fui pra batalha,
não temia escuro, nem represália.
Se às vezes, fui fogo de palha,
noutras incendiei o mundo com meu calor.
Se às vezes fui pequeno como gota d’água,
noutras saí inundando de ânimo, esperança e amor.
Se num momento fui grão de areia, uma coisa feia ou estranha,
noutro fui uma bela e imponente montanha.
Sou assim!
Renasço, ressurjo, reacendo!
Quando eu parecia oco, uma casa vazia,
eu estava cheio...transbordando de poesia

NOTA: Fênix era um pássaro mitológico que renascia das próprias cinzas. A diferença é que eu não sou um mito. Sou real .

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ROTULADO

Babaca, panaca
Matraca, maritaca.
Narcisista, anti-socialista,
Palhaço sem circo, equilibrista.
Herói sem espada,
Peter Pan da terra do nunca e do nada.
Retórico, reticente, renitente.
Burro, otário.
Profeta do imaginário
Ria da minha utopia de um mundo mais belo
diga que é tudo pseudo no meu horizonte paralelo.
Ria da minha falsa timidez
de menino grande, chorão
da roupa que não sei vestir
do meu olhar que não sabe olhar pra razão
da minha boca que não sabe sorrir.
Rotule-me como queira, à sua maneira.
Não me importo se o bicho pega, se o bicho come,
mas de vez em quando me chame de... Carlos
que é meu verdadeiro nome.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

NA RETINA E NO CORAÇÃO



Há muito tempo, quando não havia ainda no Brasil nem uma possibilidade de uma lei anti-racismo, estáva com uns amigos, um branco de cabelos lisos longos), um moreno claro cabelo crespo, um outro loiro de cabelos longos) e um negro de cabelo Bob Marley. Claro que havia mais pessoas no local. Tomávamos cerveja após a pelada num barzinho que era ponto de encontro da rapaziada e rolavam “brincadeiras” e piadinhas com a cor do Zezé, que sorria, embora parecendo incomodado. Aliás, eu também, pois jamais gostei de apelidos, principalmente ligados à cor de pele de alguém. No fundo, no canto, havia um negro, já meio de idade, talvez uns 35 anos, estranho para nós no bairro, quieto, tomando cerveja também e ouvindo tudo aquilo.
Certo momento ele se levantou e chegou à mesa:
- Quantos rapazes bonitos! Loiros, cabelos nos ombros. Tem até Roberto Carlos (apontando para mim).
Ficamos surpresos, boquiabertos até que ele tirou do bolso um canivete. Pensando que fosse agredir alguém, me afastei.
Ele não agrediu a ninguém, agrediu a si mesmo para nos mostrar apenas uma cor: a cor vermelha do seu sangue. Passou levemente o canivete no pulso, o sangue desceu na hora.
E então disse com uma careta que não sei se era de dor ou de indignação dizendo:
- Olhem aqui, loirinhos. Meu sangue é vermelho igual ao de vocês.
E saiu andando com o pulso pingando deixando um rastro de sangue.
Silêncio geral. Todos se olhando. Zezé abaixou a cabeça. Não sei o que meus amigos fizeram, se ficaram ali ou não, mas fui embora para casa, terrivelmente chocado. Aquilo ficou para sempre na minha retina e no meu coração.

ESSE CORAÇÃO


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o que faço com esse coração
que tem um jeito estranho de ser?
Gigante para amar, incompetente para esquecer.
O que faço se ele não obedece à mente
se faz do passado, presente
e torna o futuro obscuro?
Arrancá-lo, não posso
convencê-lo, não sei
que o amor que era nosso
só eu mesmo guardei.

sábado, 6 de dezembro de 2008

RINDO DOS ANJOS

Tantos anjos por aí
que não posso mais distinguir
quem é de lá, quem é daqui.
Me ensinaram que anjo era um ser especial
vindo de outro planeta, de outra dimensão
e agora me perco ao ver anjos de uma forma tão banal.
Tem anjo pra tudo e pra todos os gostos,
tem anjo de mil caras e até anjo sem rosto.
Tem anjo do bem, anjo do mal.
Ainda pego quem inventou esse muro idiota
se é tudo igual.
Anjo que escreve, anjo que lê.... anjo que nem sabe o que lê
Anjo gênio, anjo burro.
Anjo manso, anjo turro.
É tanta exaltação que um poeta já disse:
"muita estrela pra pouca constelação".
A estrela maior está cravada no meu coração,
mas quem busca anjos jamais pode ver
que quando me chamaram de anjo eu mesmo nao quis crer
porque anjo, pode ser qualquer um ,eu penso
e cada vez mais me convenço
que essa idolatria é à toa
e que mesmo quebrando a cara
eu prefiro buscar pessoas.
Porque pior ou melhor do que seu anjo ou do que o meu
até Lúcifer foi anjo...e deu no que deu.

NOTA:Ai ai.Me ajuda, meu Deus.Tem anjo demais

EU SOU

Se eu sou...eu existo
se existo, eu quero
se quero é porque preciso
se preciso, eu devo
eu faço
eu posso.

QUEM SOU EU? (PARTE I)

Certa vez, em 1986, estávamos eu e mais 3 amigos, tomando vodka e cerveja sentados ao meio-fio na frente de minha casa, cantarolando ao violão “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, quando uma viatura parou, ficando dois policiais dentro dela e outros dois desceram.Desses dois, um ficou mais atrás e o outro que parecia comandar a operação chegou próximo, e com toda a arrogância e autoridade que a farda amarela lhe impunha e permitia, ordenou que levantássemos e pediu documentos. Pois bem...era seu trabalho de manter a ordem.Tirei do bolso uma carteira contendo todos os documentos que uma pessoa “ normal” deve ter, carteira de trabalho, rg, cpf, carteirinha do clube, identidade hospitalar e etc.Depois de ver que eu era um cidadão perfeitamente aceito na sociedade , disse:”Essa música que vocês estão cantando, não pode.É proibida”. Mas eu respondi;”Meu senhor, desculpe mas acho que desde 80 está liberado, amigo. Foi feita a abertura. Não tem mais censura pra isso”. E ele: “ Se estou dizendo que não pode, não pode. Está discutindo com autoridade? Além de tudo vocês estão perturbando a ordem pública”. Eu arrisquei uma ironia: “Vamos tocar do Balão Mágico.Ô Marquinhos, toca unidunitê aí”. Balão Mágico pode, né? ” . “Você está conversando demais, rapazinho”-disse ele. Pedi desculpas e prometi que íamos parar. Ainda fiz um comentário com meus amigos: Acho que as coisas estão mesmo mudando. O pouco que falei aqui seria motivo de ser preso há alguns anos.Dizem que os cães ladram e a caravana passa. Hoje a caravana passa e os cães não estão nem aí”. Nem sei bem o que quis dizer com isso, mas gostei da frase. E a viatura foi embora. CONTINUA....

QUEM SOU EU? (PARTE II- FINAL)

Bem, o policial soube quem sou eu. E eu, sei quem sou? Claro que sei, apesar de ser tratado como número.Sou número no cartório, no registro hospitalar, na escola, no banco e um dia fatalmente, ganharei um número final na funerária. Numerado, taxado,vigiado, aprovado e reprovado, vendido e comprado como tudo num mercado.Ah, como que gostaria de poder dizer ao guarda:”Eu sou um ser humano. Pegue minha mão e sinta meu sangue pulsando. Abrace-me e sinta meu coração batendo.Veja meus olhos e verá o brilho de alguém como você, que chora, que ri, que tem problemas, que bebe e come.Que joga bola, que reza,que... enfim, navegaa no mesmo barco.
E pra mim? O que eu diria de mim pra mim mesmo?
Eu sou o que ando, o que falo, o que penso .Eu sou o que sou, sem deficiências ou excessos. Sou o que sou na minha própria medida. Pratico a forma mais doce de egoísmo. Existe isso? Sim. Sou aquele que olha no espelho e diz: Como você é lindo! Como você é importante! Sou multi facetas, multi uso. Sou menino de igreja, sou boêmio. Sou romântico e rebelde. Sou poesia plena, mas às vezes sou uma folha branca sem nada a dizer. Sou quadro na parede.Às vezes tenho preguiça, às vezes sou Fênix. Já me chamaram de anjo sem rosto... deve ser porque tenho tantos. Como pode caber tantas pessoas em uma só? Já bati nas pedras, mas não tive medo de voar. Sou um Ícaro moderno. Cada vez que dou um passo atrás, não estou recuando.Estou tomando impulso para dar meu próximo salto. Sou previsível, mas quando cismo de inventar até eu tenho medo. Sou pacato, mas sou inquieto.Uso os ditados de frente para trás. Para mim o céu é o mar... e o mar é o céu. É só virar de pernas pro ar e fica tudo igual. Às vezes sou eufórico, às vezes, melancólico. O meu riso e minha dor, são visíveis a olho nu, porque sou transparente.Mas quando viro noturno, soturno, sou eremita Sofro com insônia, mas amo a noite. Não tenho medo de fantasmas, mas odeio solidão. Defendo a liberdade, mas tenho ciúmes. Sou inconstante porque a vida também foi comigo e acho tudo isso um charme. Não sei qual roupa vou vestir amanhã, e não me lembro qual usei ontem. Não sei o que vou comer ou beber. Só sei que quando abro as janelas vejo um grande banquete que é a vida... e eu me farto porque sei que é tudo frágil e tão rápido. Sinto saudades, dor, nojo,raiva...e gosto de sentir. Sinto tudo porque tenho um coração que bate entre a lógica e a emoção, deixando sempre que o sentimento fale mais alto. 70% do meu tempo é emoção. Se o planeta tem 2/3 de água, eu tenho 2/3 de poesia. O outro 1/3 mostrei ao guarda. Sou simplesmente Carlos... e daí? Mas sou normal. Que passem as caravanas!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

JANELAS FECHADAS

Por que cantas seresteiro
debaixo de uma surda janela?
Não é mais tempo de Rapunzel e Cinderela.
Quem te ouve são só as estrelas irmãs
que se apagam pelas manhãs
e te devolvem esse açoite
até que chegue outra noite
pra cantar teus anseios e devaneios
de formas vãs
Ficarás rouco, louco ao som dessas cordas
e ela não acorda por mais que a música seja bela,
por mais que a música seja pra ela.
Por outro lado não te condeno, violeiro
A teimosia não é um defeito só teu.
O poeta também é assim,
escreve linhas para um amor que não viveu.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Série "Minhas canções favoritas" ( What a wonderful world- Louis Armstrong)


I see trees of green, red roses too
Eu vejo o verde das árvores, rosas vermelhas também

I see them bloom for me and you
Eu vejo florescer para nós dois

And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

I see skies of blue and clouds of white
Eu vejo o azul dos céus e o branco das nuvens

The bright blessed day, the dark sacred night
O brilho do dia abençoado, a sagrada noite escura

And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

The colors of the rainbow so pretty in the sky
As cores do arco-íris, tão bonitas nos céus

Are also on the faces of people going by
E estão também nos rostos das pessoas que passam

I see friends shaking hands saying how do you do
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "Como você vai?"

They're really saying I love You
Eles realmente dizem: "Eu te amo !"

I hear babies cry, I watch then grow
Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer

They'll learn much more than I'll never know
Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei

And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso

Yes I think to myself what a wonderful world
Sim, eu penso comigo... que mundo maravilhoso
///
Nota: Louis Armstrong, com sua voz rouca inconfundível,um carisma imbatível e um trompete inseparável, foi a personificação do negro americano no jazz e blues, com todo orgulho do negro americano de ser negro. Cantava sorrindo como se cantar fosse a coisa mais fácil do mundo.Talvez a mais fácil não, porque cantar é para poucos, mas uma das mais prazerosas sim. Quem não assistiu BOM DIA VIETNAM, devia assistir, pois essa música é tema e as cenas de guerra ao fundo, são de comover. Parafraseando: E eu penso comigo mesmo... que cantor maravilhoso!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

OS AIS DO AMOR


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Nem tudo que é gemido é dor.
Nem todo suspiro é temor
Nem todo arrepio é frio.
Esses são os ais do amor
embalados numa dança de quadris
perfeitamente conexos,
penetrados, compenetrados, convexos
nessa redoma onde só cabem dois.
O paraíso é uma cama.
O mundo e o futuro ficam pra depois.
O presente é um presente pra quem ama
Pra quem sabe dar, ganhar.
Tantos ais que não se acabam mais
Apenas repousam entre lençóis deliciosamente desarrumados.
Travesseiros jogados...
testemunhas de dois corpos num ato maior
dividindo o mesmo riso e mesmo suor
E nos olhares que se lançam
os quadris novamente dançam
a dança do amor.
Definitivamente...
nem todo gemido é dor.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Série "Minhas canções favoritas" ( Pra não dizer que não falei das flores)

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nota: Geraldo Vandré,ameaçado durante a ditadura por causa dessa canção, quando prisões de artistas eram corriqueiras,resolveu se exilar fugindo inicialmente para o Chile, onde chegou até a gravar.Vandré,depois disso,raríssimas vezes falou novamente de música. Anos depois essa canção se transformou num verdadeiro hino na campanha das DIRETAS JÁ, na voz de outros artistas. Curiosamente, a música que foi considerada uma ameaça ao governo da época, em 2006 foi usada pelo governo,agora democrático, para divulgar seus programas educacionais como PROUNI. Vai entender!
///
Nota 2:"Muitos o consideram louco. Certamente, ele não tem certas convenções sociais. Nassif chamou-o de “solitário e desconexo”, “triste como a própria solidão na qual se meteu". Mas se Vandré sempre buscou a beleza, talvez seja um homem feliz".(Vitor Nuzzi 27-09-2005)