ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 13 de março de 2008

JOSÉ( POEMA DE DRUMMOND)...que depois virou música com Paulo Diniz

José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,está
sem discurso,está sem carinho,
já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,
a noite esfriou,o dia não veio,o bonde não veio,o riso não veio,não veio a utopiae tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,sua incoerência,seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta,não existe porta;
quer morrer no mar,mas o mar secou;
quer ir para Minas,Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,se você gemesse,se você tocasse,a valsa vienense,
se você dormisse,se você cansasse,se você morresse....
Mas você não morre,você é duro, José!
Sozinho no escuroqual bicho-do-mato
,sem teogonia,sem parede nuapara se encostar,
sem cavalo preto que fuja do galope,você marcha, José!
José, para onde?

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