ESCREVER É DIVINO!
CAMINHOS DE UM POETA
terça-feira, 17 de julho de 2012
RETRATO SOCIAL DE UM PAÍS
“Brasil, mostra a sua cara!”. Com certeza, nessa música Cazuza fez uma crítica política, e eu , com todo respeito vou usar essa frase para fazer uma modesta crítica social, não com o mesmo impacto do famoso cantor, mas deixo minha impressões, e assim, me pergunto: Qual é a cara do Brasil? Duas semanas atrás, um fato dominou os noticiários da tevê, do rádio e internet, afinal era algo “raríssimo, “diferente”, “inusitado”. Um casal de moradores de rua encontrou vinte mil reais, e procurou a polícia para devolver, mesmo não sabendo quem eram os donos do dinheiro. Um morador de rua teria mil motivos para ficar com o dinheiro, entre eles, o principal que é a fome, mas um só motivo levou-os a fazer o correto. “Apesar de minha pobreza, minha mãe me ensinou a não ficar com nada de ninguém”, foram as palavras do senhor. A mulher, coitada, nem sabe a própria idade. Por que as palavras acima estão em aspas? São aspas de uma triste constatação. O que virou comentário geral, deixando um país inteiro boquiaberto devido à honestidade dos mendigos, era para ser um ato corriqueiro entre nós: devolver o que não nos pertence, mas como a honestidade e a ética, viraram “fato inusitado”, “diferente”, “raríssimo” no Brasil, não é mesmo de se estranhar tamanho destaque, pois, tornou-se algo cultural, enraizado no povo, tirar vantagem de tudo. Evidentemente, também estou aplaudindo aos moradores pela atitude, e corrijo, eles não teriam só 1.000 motivos para embolsarem os vinte mil, mas 1.001, lembrei-me de mais um agora: A raiva. Poderiam ter raiva da sociedade, pela exclusão e descaso que sofrem nas ruas. Deveriam ter raiva e ficar com o dinheiro, mas não. Falou dentro deles, muito mais que ensinamentos de escola que jamais tiveram, mas sim, ensinamentos de berço. Eles nem sabem o significado literal da palavra “ética”, mas praticaram essa tão falada “ética”. Deveriam ter raiva da sociedade que ateia fogo neles. Deveriam ter raiva por viverem num mundo invisível, no underground, talvez nem tão invisível assim, a sociedade é que vira o rosto para não ver a sua própria falência debaixo das marquises. Sim, um mendigo nas esquinas é sinal gritante de que a sociedade faliu nessa selva de pedra, onde é cada um por si, e não sabe que a falência é para todos. Viramos o rosto não é pelo mau cheiro, ou porque estão mal vestidos, mas por vergonha de nós mesmos. Vergonha de falarmos de liberdade, falarmos de igualdade, falarmos de Deus, enquanto assistimos passivos à degradação humana, o luxo e lixo dividindo as ruas das metrópoles. Citei acima como uma crítica social, porque não vejo só a classe política como responsável por tudo que é ruim, penso que os políticos apenas estão no topo dessa “cadeia alimentar”, onde quem tem a boca maior engole o outro. Eles têm grande culpa? Têm sim. Mas nós também temos porque também engolimos os menores que nós, no dia a dia. Nem sempre um país é uma nação. Um país é apenas um espaço geográfico divido em estados. Nação é muito mais que isso. O sentido de nação inclui, valores morais, ética (olha a palavrinha aí de novo), civismo, religiosidade, história, tradição, cultura, educação etc etc. O que sobrou de bom nisso tudo é que a honestidade foi recompensada, os empresários donos do dinheiro, vão dar àquele senhor um emprego de carteira assinada, e agora ele poderá ser chamado de cidadão brasileiro. Brasil, mostra a sua cara, mas antes disso, mude a sua cara.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
Bom dia Carlos! Cheguei a me emocionar com o seu texto. Parabéns, por dizer aquilo que a maioria das pessoas não têm coragem de dizer. A culpa de o país estar assim é de todos nós, grandes e pequenos, até porque os pequenos são a grande maioria. Queira Deus que muitas pessoas sigam o exemplo deste casal "ético", que comecem a pensar no que estão fazendo das suas vidas! Que comecemos a mudar a cara do Brasil!!
Tenha um lindo dia de paz!!
Beijinhos!♥
Carlos....parabéns pela sua cronica!!
O que deveria ser regra, infelizmente no nosso pais é exceção!!
Estamos repletos de maus exemplos..
quem deveria dar exemplo de honestidade são os mais corruptos.
Os discursos não combinam com as atitudes...
Pior de td isso é que perdemos a nossa capacidade de indignação...
Sou da epoca em que cantava nas escolas o hino nacional e que se hasteava a bandeira!!!!
Que existia a matéria educação Moral e Civica.
Mas creio que somos a mudança que queremos no mundo.
Vamos cada um de nós fazer a nossa parte. A soma de nossas ações..a minha, a sua e a deles fará a diferença..
é o que creio.....
Bj...hj me animei no comentário..
Carlos....parabéns pela sua cronica!!
O que deveria ser regra, infelizmente no nosso pais é exceção!!
Estamos repletos de maus exemplos..
quem deveria dar exemplo de honestidade são os mais corruptos.
Os discursos não combinam com as atitudes...
Pior de td isso é que perdemos a nossa capacidade de indignação...
Sou da epoca em que cantava nas escolas o hino nacional e que se hasteava a bandeira!!!!
Que existia a matéria educação Moral e Civica.
Mas creio que somos a mudança que queremos no mundo.
Vamos cada um de nós fazer a nossa parte. A soma de nossas ações..a minha, a sua e a deles fará a diferença..
é o que creio.....
Bj...hj me animei no comentário..
Carlos,que maravilha de texto!Esse fato que chamou nossa atenção foi mesmo uma exceção ao que deveria ser uma regra de todo brasileiro,especialmente os mais cultos,mais politizados,em altos cargos do governo...uma lição de cidadania!bjs e obrigada por sempre permitir que eu poste seus textos em meu blog!
Sempre digo que o mal do Brasil é o brasileiro,,,E a salvação tbem. Bjos achocolatados
Boa Noite Carlos!
Que triste contatação !!
O solitario morador de rua devolveu o dinheiro que achou polo ensinamento recebido da mãe.
Será que a mãe daqueles que estão em Brasilia não deu nenhum ensinamento também?
Eu tenho certeza que não já nasceram
na escola da bandidagem.
Foi o maior exemplo dado por ele infelizmente ninguém aprendeu a lição.
Adorei sua postagem amigo .
Uma linda noite beijos,Evanir.
Carlos, infelizmente, tudo o que vc disse é verdade e muito lamentável.bjs
Querido escritor Carlos Soares.
Gostei de conhecer esse seu novo jeito de escrever, saindo um pouco da poesia e dos contos narrativos.
Você fez uma crônica filosófica com base em uma notícia o que me remeteu ao escritor Moacyr Scliar, embora ele optasse pelas narrativas. Ele tinha uma coluna na Folha de São Paulo onde escrevia histórias de ficção inspirando-se em notícias veiculadas no próprio jornal. Usei muitas vezes em minhas aulas e também estimulava os alunos a praticar esse tipo de texto... Tenho boas recordações disso.
Já a crônica que você escreveu mostra-nos como se sentiu quando viu a reportagem, assim como nós: sentimos orgulho, ficamos comovidos e torcemos por ele, mas nos envergonhamos da nossa sociedade onde estamos incluídos. Seus sentimentos misturaram orgulho e desabado, um apelo para resgatarmos esses valores perdidos.
Achei lindo a cidade recebendo o seu herói, um herói que carrega no peito e na atitude uma medalhinha de ouro rara chamada ética.
Com carinho
Chris amag
Olá Carlos,
Pois é, o que deveria ser um simples ato de cidadania, ética, moral e bons costumes transformou-se em noticiário como um grande acontecimento. Isso mostra a que ponto chegamos. Talvez por vivermos em meio à corrupção e sempre "dando um jeitinho" em tudo, à moda brasileira.
Concordo com você quando afirma que a culpa não é somente dos governantes. Sim, ela é de todos nós que pactuamos com a situação.
Apenas com a mudança de nossas atitudes o Brasil poderá tornar-se
uma Nação no verdadeiro sentido da
palavra.
Parabéns pela bela crônica.
Grande abraço.
Postar um comentário