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segunda-feira, 27 de abril de 2015

SE NÃO FOSSE O PASSARINHO ( recordando texto de 2007 )

( imagem  internet - google )
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Caminhávamos por um imenso campo verde que parecia não ter fim. Andávamos de mãos dadas entre frutos e flores diversas numa aquarela jamais vista. Passarinhos em ritmos e tons diferentes compunham uma confusa, mas agradável orquestra. Borboletas brincavam sobre nossas cabeças. Pareciam querer coroar-nos. O sol morno de outono tratava nossa pele com carinho. Enfim, a natureza virou cúmplice de nós, deliciosamente irresponsáveis, sem pensar no ontem, nem no amanhã.
Andávamos, andávamos e queríamos ainda mais. Quando sentimos cansaço, sentamos à sombra de um frondoso e velho carvalho, onde desenhei um coração com nossos nomes dentro. Ali, nos divertimos muito, vendo o vento arrancar as folhas secas das árvores e soprá-las para longe, comparando ao nosso amor, que também se renovava desfolhando uma velha saudade . Falamos de tantas coisas.
De qualquer coisa, mas só as coisas que se referiam a nós mesmos. Parecia que nada mais importava e não mesmo. Estávamos isolados, protegidos, envolvidos no véu do amor.
E continuamos nossa caminhada rumo a qualquer lugar, desde que fosse de mãos dadas. Rimos, brincamos, rolamos. Quando sentimos sede, avistamos logo abaixo um riacho de águas mansas e cristalinas, onde molhamos nossos lábios, antes de eles se encontrarem para saciar uma sede maior: a sede de amar.Foi um longo beijo! Foi um louco beijo! Foram muitos beijos!
Estranhamente a natureza aquietou-se. Nem passarinhos, nem borboletas, nem mesmo a brisa. Tudo deu lugar aos murmúrios e sussurros. Então, naquela relva fizemos o maior amor do mundo. Tão maior e tão melhor que não há explicação lógica, nem descrição poética. Então como se fôssemos um novo casal habitando o paraíso, dormimos abraçados e nus.
De repente, rompeu-se o silêncio. Um passarinho sem maldade, cantava nos meus ouvidos, até eu abrir os olhos lentamente e ver... o imenso campo verde nada mais era que minha cama de alguns metros quadrados. Nos meus braços, não era você... era o travesseiro. Fechei os olhos rapidamente para tentar voltar ao sonho, mas foi em vão. O passarinho insistente me fez voltar à realidade dura.
Esqueci o coração, obedeci ao relógio e fui trabalhar entre buzinas e conflitos. No ritmo lento das horas, esperando chegar outra noite para abraçar novamente aquele travesseiro.

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Um texto pouco explorado por mim, mas que já foi até premiado.

10 comentários:

  1. Realmente um lindo texto. Um belo sonho...Um abraço,
    Élys.

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  2. Parabéns pelo soberbo texto!

    Beijinho e uma excelente semana.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  3. Meu amigo tenho entrado pouco ...o senhor tempo me corrói ... mas ao dar um intervalo no irpf o titulo da postagem me atraiu...ainda bem, puro deleite! Os sonhos da juventude são inenarráveis , mas você conseguiu verbalizar e dar significado ao que foi bom e continua ótimo : sonhar! beijos no coração.

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  4. OI CARLOS!
    LINDO TEU TEXTO.
    UM BELO SONHO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  5. Oi Carlos,
    Fui me empolgando com seu conto paulatinamente e não esperava que o fosse um sonho.Que tristeza!
    Mas existem amores reais melhores que os sonhos é só acontecer.
    Beijos no coração

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  6. oi Carlos,

    os nossos sonhos devem ser mantidos sim...
    adorei o texto!!!

    beijinhos

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  7. Olá Carlos,

    Um sonho delicioso, do qual não se deseja despertar. Que passarinho desavisado, hein?

    Muito bem escrito e mereceu a premiação recebida.

    Ótima semana.

    Abraço.

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  8. Oi amigo Carlos, desculpe a ausência kkk
    Ótimo post, vim lhe desejar uma ótima semana, abraços e fique com Deus!!

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  9. Chamou-me atenção ,pelo texto ... Verei sua fã.
    Parabéns!!!

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  10. O título me chamou atenção, maguinifico ótimo texto, parabéns!👏

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