Os namorados conversavam debaixo de um pé de acácias. Ele
disse: “Não gosto de gente que se porta como adulta o tempo todo”. Ela
respondeu: “Eu também não, meu bem. A gente precisa ser criança de vez em
quando, tirar um pouco da sisudez”. Ele gostou e emendou: “É verdade. Às vezes
a gente precisa de umas molecagens, tipo apertar campainha e sair correndo,
qualquer coisa assim... sem compromisso de nada”. “Hummm... tive uma ideia”,
ela disse, e completou: “Você me ama?”. Num beijinho curto, ele respondeu:
“Claro que amo”. E ela: “Se me ama, vai topar uma molecagem”. Ele: “Ai, ai.
Tenho medo de suas ideias. Mas diga qual é a molecagem”. Ela riu: “Não foi você
mesmo quem disse que precisamos de travessuras de vez em quando, que precisamos
ser crianças? Que tal apertarmos umas campainhas?”. Ele nem pensou direito:
“Claro que topo, mas tem uma coisa... correr de mãos dadas para que ninguém se
perca do outro”. Ela: “Legal! Vamos apertar de várias casas, mas tem uma
família ali muito mal humorada, gente fechada, brava, de poucos amigos. Se é
pela aventura, tem que ter risco, e eles não podem ficar de fora”. Lá se foi o
casalzinho de mãos dadas, como dois molequinhos, e começaram a operação,
apertavam as campainhas, e ficavam escondidinhos atrás de uma moita, vendo os
vizinhos que abriam as portas ou portões procurando quem chamava. Encucados,
voltavam para dentro, os dois se divertiam muito, a cada risadinha, um
beijinho. Ele disse: “Agora é na casa que você falou. Vamos”. Foram lá,
apertaram e se esconderam atrás da moita. Um senhor de barbas longas, de cara
assustadora, saiu no portão: “Parece que ouvi a campainha, mas não tem
ninguém”. Voltou para casa. Passados mais uns três minutos foram de novo
apertar, e se esconderam. O homem voltou: “Tem algum moleque sem pai nem mãe me
fazendo raiva. Ah, se eu pego”. Mais uns três minutos, lá foi de novo o casal,
o homem saiu bravo, gritando para os ares:
“Seu moleque sem-vergonha, pare de perturbar quem está quieto. Vou lhe
pegar e dar uns bons cascudos”. Os dois não se aguentavam de rir atrás da
moita. E assim fizeram mais umas quatro vezes, até decidirem fazer a última.
“Mas agora, vamos esperar um pouquinho mais, para ele pensar que paramos”,
disse ele. Cinco minutos depois, a armadilha. O velho ficou atrás do portão na
espreita, e quando apertaram, o susto maior foi do homem vendo o casal adulto
que resolveu tirar a paz da vizinhança naquele dia. “Então são vocês seus “sem
serviço”. Melhor ainda para eu bater já que são grandes”.Tentaram correr, mas a
moça escorregou ficando para trás, o rapaz ganhou distância, e de lá viu a
amada encurralada pelo homem barbudo cuspindo fogo pelas ventas que tentava
agarrá-la, o que só não havia ainda conseguido porque era magra e ágil. O
namorado pensou: “Não posso deixar meu
bem lá, preciso fazer algo”. Foi correndo em alta velocidade, deu um safanão no
homem que caiu sentado, o rapaz deu logo a mão à amada e fugiram em disparada,
enquanto o barbudo esbravejava: “Voltem aqui de novo e vocês vão ver”.
Correram, correram muito até uma distância segura, e ofegantes e sorridentes,
comentaram: “Que sufoco, hein, meu bem?”, ele disse. E ela: “Pois é... quase
dançamos. Ainda bem que ele é gordo e não pôde nos pegar, eu principalmente que
fiquei encurralada... mas, eu sabia que meu bem voltaria para me salvar. Isso
me deixou meio tranquila”. Encostando-a na árvore, ele a beijou: “Jamais
deixaria você ali sozinha”. Ela pensou por alguns segundos, e disse:
“Engraçado... tive agora a sensação de que já fizemos isso juntos um dia... mas
quando crianças. Vi a cena agora direitinho, você me salvando, a gente fugindo
de mãos dadas”. Ele: “Como assim? Como pode se só nos conhecemos já adultos?”.
Ela respondeu: “Engano seu. No meu instinto feminino imagino que já nos
conhecemos de vidas passadas, de eras passadas. Nossas almas já namoravam antes
de nossos corpos físicos se encontrarem. Somos duas paralelas que viajavam lado
a lado através dos tempos, e que hoje se cruzaram”. Ele se emocionou: “Que
lindo isso que você disse! Éramos paralelas... agora somos um nó que nunca mais
vai se desatar”. E beijaram-se demoradamente depois de um dia de molecagem,
para começarem a melhor molecagem de todas... que é amar.
lool...Que belíssimo conto. Parabéns.
ResponderExcluirContinuação de Festas Felizes
Beijinhos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
oi Carlos,
ResponderExcluirum 2015 cheinho de molecagem e muito amor...
beijinhos
Bom dia amigo
ResponderExcluirMolecagem por aqui diz-se
-sacanice,malandrice
Gostei.
Rir e amar é o melhor tempero nestes dias frios.
Existem pessoas com bastante imaginação para fazer estas partidas e delas tirar bons dividendos.
Desejo-te um saudável 2015
Novo ano
ResponderExcluirNovo tempo
Nova vida
Novo alento
Para mais
Novos anos
Novos tempos
Novas vidas
Novos alentos...
Com um
Novo abraço
Lola