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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

UM JEITO DOCE DE DESPERTAR!

 

04:55h da manhã. Sonolento e preguiçoso, pude ouvir ao longe alguns passarinhos afinando os instrumentos para darem início à grande orquestra que abre mais um dia. Mas um canto muito mais próximo, chamou minha atenção, e me fez perder toda a preguiça. Depois de fazer o meu rotineiro Sinal Da Cruz, abri a janela, recebi no rosto um beijo da brisa me dizendo ‘bom-dia’. Procurei com os olhos de onde vinha aquele som maravilhoso, mas nem precisei procurar muito, estava ali, numa árvore bem frontal à janela, num galho destacado dos demais, uma linda Sabiá. Afinadíssima! Nunca soube definir bem se o canto da Sabiá é feliz ou triste, a mim parece triste, tem umas notas tristes, mas canta tão majestosa que ao mesmo tempo parece estar celebrando a vida. Debrucei-me na janela como um espectador único e privilegiado, e não é que a ‘Menina’ parece ter percebido isso? Estava de costas, virou-se para mim, estufou o peito, e cantou mais ainda. Estávamos em parceria, em sintonia poético-musical, coisas do Astral, que somente as antenas da sensibilidade podem captar. Todos os dias agradeço por ter em mim essas antenas. Havia uma Sabiá e um Poeta ali. Havia amor ali. Um namoro lindo! Eu ficaria umas doze horas na janela, mas o mundo chato me chamava para a realidade do asfalto, do relógio, das avenidas. Mas deu tempo até de fazer uns versinhos:
Estava eu preguiçoso,
até surgir na janela
com uma canção singela,
uma linda Sabiá.
Com o coração desejoso,
ainda estou na janela,
com o coração a perguntar:
Hoje ela veio, amanhã ela virá?
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( Imagem Dreamstime )