"Toda arte se faz pela arte. Somente a poesia é um dom celeste
puro" ( Guilháum Du Bartas -escritor francês). Vi essa frase numa revista
de celebridades e ela veio potencializar um texto que passeava em minha mente
já há algumas semanas. Normalmente não abro esse tipo de revista, não me
interessa vida de gente famosa, pouco me importa o que se passa no Castelo de
Buckingham, meu reino encantado é outro. Não estou nem aí se Chimbinha virou
galã rs rs. Não me interessa se Gisele foi trocada pela babá, aliás, queria ver
essa babá... deve ser linda... desbancar uma diva? Por isso eu digo, dinheiro
não é tudo. E a Gisele não vai deixar de ser grande por causa disso. Voltando
ao que interessa, acho que todos os poetas e escritores já ouviram perguntas
como: Que hora melhor pra você escrever?... Em que você se inspira?... Escreve
melhor quando está feliz ou quando está triste?... Bem, perguntas clichês
recebem respostas clichês, mas eu vou tentar responder pelo menos uma sem cair
no óbvio. Por que você escreve? Respondo: Ora, porque está em mim. Escrever é
dom nato, não dá pra arrancar da gente. Não fui eu quem escolheu a poesia, ela escolheu a mim, nasceu no meu berço
quando eu nasci. A frase do escritor francês é perfeita. Claro que é preciso
aprimorar o dom, sinto que escrevo melhor do que vinte ou trinta anos atrás,
mas tenho poemas daquele tempo dos quais não abro mão, acho-os perfeitos,
considero-os como meus norteadores na juventude, porque são absolutamente
espelhos do que vivi, e essa é uma das poucas regras que utilizo para escrever:
escrever o que sinto de verdade. Se não for assim, a poesia deixa de ser
poesia. A outra regra de que não abro mão é a emoção, mas não que eu procure ser
assim... eu já sou assim. Sem emoção a poesia não toca nas pessoas, e o que
seria da poesia se não fosse para tocar nas pessoas? Se tenho estilo? Tenho,
estilo livre. Nada é mais lindo do que a imaginação, a gente pode tudo. As
pessoas vivem reclamando de liberdade de expressão, liberdade disso e daquilo,
mas abrem mão da principal que é a imaginação, o pensamento. Admiro vários
escritores, mas não copio nenhum deles, pois se eu copiar, a arte está parando
em mim, começa a morrer a partir do momento em que é copiada. Tenho técnica
para escrever? Acho que não, acho que tenho particularidades. Até alguns anos eu não sabia escrever textos,
crônicas, contos, isso me fazia me sentir incompleto, minha autocrítica
cobrava, 'que escritor sou eu que não sabe escrever textos?'.
Então passei a ler vários contistas importantes, e acho que desenvolvi
bem. Quase ninguém acredita no que vou dizer. Textos de 35 ou 40 linhas ficam
na minha mente por semanas, eu não os coloco no papel, mas não os perco, aí quando tenho uma folga,
digito direto no computador. Alguns faço mentalmente de madrugada, deitado na
cama, durmo e no outro dia vou digitar. Alguns tenho a sensação de que dormi e
acordei com eles na mente, prontinhos. Às vezes digito em cinco minutos. Até
acontece de mudar uma ou outra palavra, fazer algum ajuste, mas não mais que
isso. Como isso acontece? Não sei, nunca vou saber, até acho melhor não
procurar saber... porque essas coisas são divinas. Alguns digito até chorando
prque não acredito que fui eu. Não gosto que associem minha escrita ao meu QI,
não tem nada a ver, os astronautas, os cientistas que são pessoas importantes
na humanidade, têm alto QI e não são poetas. Poesia é coisa transcendental,
interdimensional, angelical... é coisa de Deus, e é assim que vivi, vivo e vou
viver a poesia, respeitando-a como dom que Deus me deu.
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( imagem luzdegaia.org )