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quinta-feira, 29 de agosto de 2013
ESSA FADINHA!!! ( hein?... ) -
Dizem que durante os sonhos a alma se desprende do corpo e passeia por lugares diversos. A Fadinha andava dormindo demais, parecia uma pedra, o Bruxinho até tocava no ombro dela durante as madrugadas, e nada de ela acordar. No princípio ele até entendeu, afinal, podia estar cansada, mas com o tempo ficou intrigado: “Fadinha, você está se sentindo bem?”. E ela: “Sim, Bruxinho. Estou me sentindo ótima. Por quê?”. Ele respondeu: “É que você tem dormido tanto... como uma pedra”. Ela explicou: “Em alguns dias, estou cansada”. “Foi o que pensei, disse ele”. Numa bela noite, enquanto lia seus livros, observou a Fadinha dormindo com um sorriso no cantinho dos lábios, teve vontade de saber com o que ela estaria sonhando. Fechou os olhos para tentar entrar na mente dela ( como se fosse possível entrar na mente de uma mulher rs rs), no intuito de visualizar seu sonho, mas sem sucesso, e ela passou a noite toda com aquele sorriso. No outro dia, perguntou sobre o sonho, mas ela desconversou: “Sonhei com nada, impressão sua”. E assim, por vários dias, a mesma cena, o sorriso enigmático de uma Fadinha dormindo. Ora, mas ele era um Bruxinho, precisava buscar poderes para decifrar aqueles sonhos da amada. Um Mestre o ensinou: “Você precisa fechar os olhos para dormir exatamente no mesmo instante que ela, para haver um sincronismo, uma sintonia, e assim, quando ela começar a sonhar, você também sonhará junto, mas como um mero espectador, afinal, o sonho é dela”. Ele pensou se tratar de uma invasão de privacidade, mas por outro lado, lembrou-se de que se prometeram não haver segredos entre os dois, até porque ela podia estar em perigo, embora não fosse isso que o sorriso mostrava. Dito e feito. Deitaram-se, e fechou os olhos junto com ela. Ela começou a sonhar, ele também foi voando atrás no mesmo sonho, ela estava indo longe, muito longe, ele deixou que ela tomasse distância, pois não podia ser visto por ela. Dali uns instantes, a visão que ele não gostaria, até se arrependeu de tê-la seguido. Ela viajou, aliás viajava todos os dias, ao mundo físico dos humanos, à vida terrena materialista para ver um popstar famoso, um ídolo do planeta Terra, assediado por milhares e milhares de mulheres. Ela deixava o mundo encantado para visitar o mundo terreno, atrás de um sentimento improvável. A cena seguinte foi a pior, ele a viu nos braços do ídolo, trocando loucos beijos. Depois de ficar triste por uns momentos, se indignou: “Fadinha levada... passe pra casa agora”. Ela levou um susto: “Bruxinho... ai, ai.. você aqui? Não é nada disso que você está pensando. Eu posso explicar”. Ele respondeu: “Como assim?...Não é nada disso que você está pensando? Essa frase aprendeu onde? Nas novelas desse planeta? Usam muito essa frase nesse lugar. Vamos embora agora”. Subitamente acordaram juntos, ele veio logo à carga: “Não esperava isso de você, estou decepcionado. Por acaso, não atendo você? Quando fazemos amor você se mostra muito feliz... ou está virando atriz como nas novelas daquele mundo confuso?”. Com jeitinho, ela respondeu: “Seu Bruxinho bobo. Aquilo foi só um sonho, a gente não controla os sonhos, mesmo sendo Fadinha. Eles acontecem e pronto, a gente não escolhe. O que a gente escolhe é com quem vamos viver, e eu escolhi você. O sonho é uma ficção... e eu te amo de verdade. Vem... faz amor comigo de verdade!”. Ele atendeu, lógico... mas quando foi dormir, ficou sentindo uma coceirinha na testa, como se estivesse nascendo algo. E ele não dormiu, passou a noite acordado, pensando se haveria um jeito de amarrar no pé da cama, a alma de sua amada, já que durante os sonhos, a alma passeia por aí.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
RECITANDO - ÍCARO MODERNO
Diga que essa coisa de fantasia não é coisa normal,
chega ser até banal.
Mas prisões são tão antigas.
Às vezes de concreto,
às vezes da imaginação.
O escuro, o segredo
a timidez, o medo.
Tudo isso é prisão.
Já dizia um doutor que os loucos não sonham,
mas, se não sonho fico louco.
Então eu sonho,canto
grito, fico rouco.
Melhor a pureza do sonho
que a dureza da realidade.
È que a felicidade é uma faca de corta de dois lados.
Ícaro... o meu amigo,
não sabia do perigo dos sonhos alados
e que o sol que aquece e ilumina
também derrete as asas e nos faz ficar calados.
Mas, quem é louco não se cala
nem deixa de sonhar.
Então me deixe compor,cantar
fazer versos ao universo,
pois, é esse o meu jeito de voar.
sábado, 24 de agosto de 2013
ASSEVERO - O JUDEU ERRANTE
( imagem psiquecienciaevida.uol.com.br )
A Bíblia tem muitas histórias
paralelas à história de Jesus Cristo, e
decorrentes da própria história Dele. Dia desses, eu estava numa
festa, onde conheci um senhor bem velhinho, mas muito lúcido, esperto ainda
fisicamente, e muito, muito inteligente, mas muito mesmo. Não consegui
identificar o sotaque, mas tinha sim, um sotaque diferenciado. Falamos de tudo
que se possa imaginar. Em certo momento, por causa da idade dele, convidei-o a
se sentar, e ele disse: “Não eu não
gosto de sentar”. Solidário, fiquei em pé também, e a conversa fluía pelos mais variados temas. Eu não conhecia a história
( ou lenda?) de Assevero, o judeu errante. Assevero morava numa rua por onde
Jesus passaria rumo ao calvário. Cansado pela cruz, ensanguentado e sedento, Jesus
pediu água, ao que o judeu respondeu, além de lhe desferir um pontapé: “ Vá para frente, condenado! Você não pode parar!”. Jesus respondeu: “ Judeu... o meu peregrinar está para terminar. O teu,
porém, se prolongará até a minha volta, no fim dos tempos´. Andarás errante, sem destino, sem pousada e
sem ninho. Tua sede não se saciará”. E assim, Assevero se tornou o judeu
errante, perambulando sem parar por povoados, cidades, países, e onde passava
assumia os semblantes de todas as raças, numa busca inútil da mesma acolhida e
piedade que
negara a Jesus. Paralelamente à essa lenda (ou história?), comparo a saga do judeu
errante a nós todos, por causa de nossa sede infinita de felicidade, e essa
sede nos torna mesquinhos ou grandes,
livres ou escravos. Depende de como vamos conduzí-la.
Já era um pouco tarde quando aquele senhor disse que
precisava se retirar, e quando estendi a mão para me despedir, ele não deu a
mão, mas me abraçou. Eu perguntei: “De onde o senhor é?”. Ele respondeu: “Sou
de longe. Sou judeu”. Distraído porque alguém me chamou, não o vi sair, até me
frustou um pouco, eu queria saber quando o veria de novo. O dono de casa chegou: “Quem era
aquele senhor, Carlos?”. Respondi surpreso: “Como assim? Pensei que era seu parente, ou de sua esposa, um tio, um avô,
sei lá”. E ele: “Não. Nunca vi. Eu que pensei que era seu amigo. Não sei de
onde veio, simplesmente apareceu aí. Como estava com você, não me importei. Ele
também não incomodou em nada... não comeu, nem bebeu”. Foi aí que me lembrei...
de fato, o tempo todo ele não pôs nada à boca, os pratinhos e os refrigerantes, passavam, e ele rejeitava. Não estou fantasiando de que aquele
senhor poderia ser o judeu errante chamado Assevero, seria absurdo demais mesmo na cabeça de um poeta, mas muitas coisas
me deixaram intrigado: Um senhor daquela idade ( que idade, se perguntei duas
vezes e ele não disse? ), ficar por quase quatro horas de pé, falando de Sócrates,
Sófocles, Pitágoras, Gandhi, Einstein, Beethoven, Joana D’Arc, Papas antigos, Diabo
e Jesus Cristo, e mais um sem fim de assuntos que se sucediam com uma
facilidade impressionante. Tudo isso, sem tomar uma água sequer ou comer um
salgado, ou um pedaço de bolo. Ninguém o viu entrar, ninguém o viu sair. Não sei
se o verei de novo, mas dessas palavras dele, nunca vou esquecer: “Um livro rasgado, é um coração despedaçado". E
essa... “O tempo é o melhor professor...
ele ensina até quem não quer aprender”.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
CAVALGANDO NA LUA
Estava eu desanimado, acabrunhado
Sentindo frio, um vazio,
encolhido, introvertido, soturno.
Minha alma estava triste e nua,
estava tão estranha a rua
que fiquei ainda mais noturno,
havia uma grande nuvem cobrindo,
me impedindo de ver a lua.
De repente, encoberto por aquele imenso véu,
uma luz descia por uma fresta do céu...
e eu fiquei encantado,
era uma Fadinha, em seu cavalo alado:
- Menino, não fique triste, pare com esse desatino.
não é porque a lua não veio que ela não existe,
Às vezes, ela precisa brilhar em outro lugar,
mas como você é um bom menino,
não vou deixar você ao léu.
Venha, vou lhe mostrar,
eu tenho um pedacinho do céu
onde a lua foi brilhar.
Quando eu disse sim,
ela fez plim plim,
e eu já estava no seu cavalo alado,
à sua cintura, agarrado,
E assim , me esqueci do frio, do escuro
e da solidão da rua,
me senti seguro
fui com ela cavalgar na lua.
////////////////////////////////////////////////////////////
Fiz esse poema ontem (20/08), após dois dias sem ver a lua, mas eu sabia que ela brilhava em outro lugar, porque assim é necessário, assim como são o sol e a chuva.
encolhido, introvertido, soturno.
Minha alma estava triste e nua,
estava tão estranha a rua
que fiquei ainda mais noturno,
havia uma grande nuvem cobrindo,
me impedindo de ver a lua.
De repente, encoberto por aquele imenso véu,
uma luz descia por uma fresta do céu...
e eu fiquei encantado,
era uma Fadinha, em seu cavalo alado:
- Menino, não fique triste, pare com esse desatino.
não é porque a lua não veio que ela não existe,
Às vezes, ela precisa brilhar em outro lugar,
mas como você é um bom menino,
não vou deixar você ao léu.
Venha, vou lhe mostrar,
eu tenho um pedacinho do céu
onde a lua foi brilhar.
Quando eu disse sim,
ela fez plim plim,
e eu já estava no seu cavalo alado,
à sua cintura, agarrado,
E assim , me esqueci do frio, do escuro
e da solidão da rua,
me senti seguro
fui com ela cavalgar na lua.
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Fiz esse poema ontem (20/08), após dois dias sem ver a lua, mas eu sabia que ela brilhava em outro lugar, porque assim é necessário, assim como são o sol e a chuva.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
AONDE VAMOS?
Quando a gente pensa que já viu tudo, vem mais uma tragédia e choca o país. Evidentemente, as perícias ainda não foram concluídas, e é prematuro afirmar algo agora, mas há indícios fortes, segundo a própria polícia, de que o menino de treze anos matou a família e depois se matou. Uma informação triste, porém, já é certa: O pai ensinou o menino a atirar. Caramba, quando eu tinha treze anos só pensava em brincar. Vão me chamar de saudosista ou retrógrado, mas, muito pelo contrário, sou futurista, e por isso, eu pergunto: Aonde vamos? Que sociedade estamos criando? O que seremos daqui há trinta ou cinquenta anos? Aonde vamos com esse "pode tudo'? Como diz a música do Renato Russo, “ viveremos entre monstros da nossa própria criação". Parecemos uma carroça destrambelhada morro abaixo, e o abismo parece não ter fim. Pelo menos se tivesse fim, a gente saberia de onde recomeçar, mas só estamos afundando, sem prumo. Para quê tanto modismo? Conseguiram glamourizar UFC e MMA, duas coisas sangrentas que ousam chamar de esporte. Para quê tanto materialismo? Para quê tão pouca espiritualidade? Para quê tanta banalidade? Para quê tanta vulgaridade? Na simpática visita do Papa, toda a mídia não parou de falar que a igreja precisa se modernizar, adaptar-se aos novos tempos, que a sociedade hoje é outra. Eis aí, mais uma inversão de valores, a igreja, seja católica, evangélica ou outra qualquer, não tem que se adaptar aos fieis, são os fieis que têm que se adaptar à igreja. Se vamos trabalhar numa empresa, não precisamos seguir as normas da empresa? Por que na religião tem que ser diferente? A igreja pode até sim rever algumas coisas, mas não pode quebrar sua espinha dorsal. Estou longe de ser perfeito, mas penso que o caso desse menino ( repito, nem sabemos se foi ele mesmo ) não é um fato isolado, faz parte de um caos, de um processo negativo que vai se aumentando como bola de neve na sociedade, e considero, a falta de religiosidade, de espiritualidade, o principal fator que desencadeia toda essa violência, essa depressão geral. Concluindo, não consigo imaginar que o menino causou aquela tragédia, aliás corrijo, não é que eu não consiga, na verdade eu não quero imaginar, gosto de imaginar meninos brincando, pois foi isso que eu mais fiz na minha infância, com meus carrinhos de madeira que eu mesmo fazia, com minhas bolas murchas e com minha pipa que sumia no céu. Puxa vida, era tão fácil ser feliz! E hoje está tão difícil! Para quê tanta tecnologia? Para quê tanto consumismo? Não sou contra o progresso, aí sim, estaria sendo retrógrado, mas sou contra a coisificação da felicidade.
sábado, 17 de agosto de 2013
RECITANDO - AQUI JAZ UMA FLOR
Não havia me dado conta de que havia atingido a marca de
1.000 postagens, desde quando comecei em 2.009. É uma marca importante, apesar de que não me
apego a estatísticas, haja vista que nem coloquei contadores no blog. Dá uma
breve impressão de que poderia ter sido mais, mas o mais importante não é a quantidade, e sim a qualidade, e
dentro do possível, vou tentando inserir essa qualidade. Por coincidência
resolvi me gravar recitando o primeiro poema que fiz, que serve para coroar a
marca desse blog que gosto muito e que narra toda a minha estrada poética, e
parte também de minha vida, se é que é possível separar as duas coisas. Sem o
leitor, não adianta existir a escrita, por isso, aos que estiveram comigo lá no começo e permaneceram,
e aos que chegaram agora, meu MUITO OBRIGADO!!! Aos que partiram por um motivo
ou outro, saudades.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
UMA REDE NÃO MUITO SOCIAL ( ou... O MOTOQUEIRO FANTASMA he he )
O namorado, por morar
muito longe, tinha dificuldades de vê-la com frequência, isso a fez ter vontade de conhecer alguém mais
próximo, e utilizou-se do meio mais rápido... as redes sociais. Antigamente os
encontros se davam nos parquinhos, na porta do cinema, durante o recreio.
Coisas da modernidade. Ela não perdia tempo, e numa das tantas redes sociais das quais participava, acabou conhecendo um rapaz que lhe parecia interessante, pelo
menos as conversas eram agradáveis. As fotos dele também a agradavam. Marcaram encontro numa cidade próxima, ao pai ela disse
que viajaria a trabalho e voltaria no dia seguinte. Chegando lá, de longe viu o
rapaz com os trajes descritos por ele, ela pensou: “Bom sinal. Não disfarçou a roupa como todos
fazem”... inclusive ela estava de roupa diferente da que combinara. Achou-o até
bonito, não muito diferente das fotos publicadas na rede, cumprimentaram-se com
beijinhos no rosto como de praxe, conversaram um pouco ali, antes de partirem
para comerem pizza com vinho, como combinaram tanto no bate papo. Quando começaram a andar, uma pequena
decepção; ele estava de moto, ela simplesmente detestava moto, mas vai fazer o
quê? Quem sabe nasceria ali um grande amor? Vale o esforço de andar na moto.
Pediu: “Vá devagar, por favor “. E
sugeriu: “Conheço uma ótima pizzaria aqui perto”. A isso ele não respondeu,
apenas ligou a moto, e ela subiu. De repente,
ela viu que a moto parecia se afastar da cidade, e confusa perguntou: “Para aonde você está indo? As pizzarias ficam
no outro sentido”. Ele não respondeu, e cada vez mais saía da cidade, com a
velocidade um pouco maior. Cada vez mais o desespero dela aumentava, e dizia: “Por favor, volte pra cidade, você está indo
para a rodovia... não combinamos isso...
pare... pare... pare pelo amor de Deus!”, mas ele nunca respondia,
apenas guiava sabe-se lá para que lugar. A moça sentiu calafrios, pensou estar
nas mãos de um bandido, começou a chorar na garupa, implorando que ele parasse, que voltasse à cidade. Por
fim, depois de andarem uns cinco kilômetros rodovia afora, com tantos gritos
sofridos, ele parou, ela desceu em prantos, pedindo: “Por favor... não me faça mal. Sou filha
única, cuido de meus pais, eles precisam de mim. Eu lhe dou dinheiro. Ele a
olhou: “Por que parar? Você está maluca? Não quero seu dinheiro, menina. A
gente não marcou um encontro? Não flertamos todo esse tempo? O que você queria
então?”. Enxugando o rosto, ainda
trêmula, muito nervosa, ela disse: “Pensei
ter conhecido um rapaz legal, um amigo, pra quem sabe, ser um
namorado. Para onde estava me levando?” . Ele ironizou: “Namorar? Você é maluca mesmo. Não parecia ser
isso que você procurava nos nossos papos na net. Eu estava indo para o motel. A
gente ia transar, depois comeríamos a pizza... ou não vamos mais?”. “Desculpe...”,
ela respondeu, e completou: “Não era
minha intenção sair para motel. Poderia me levar de volta?”. Nesse momento, ela
percebeu que toda a gentileza dele
mostrada na rede social, era fachada, máscara de tantos outras pessoas. Ele
montou na motocicleta: “Levar de volta?
Você me fez andar quase cinquenta kilômetros para vir até aqui, e me dar um
não? Volte a pé, dondoca! Assim não faz mais hora com cara de ninguém”. Ligou a
moto e saiu em disparada, e ela chorou mais uma vez. Já passava das 21:00h,
numa rodovia escura, com muita sorte pegaria um carona. Carona? Mais um risco a
correr. Quem sabe algum ônibus. Estava com sorte, não demorou tanto assim,
conseguiu uma carona, voltou ao centro da pequena cidade, mas nem quis ver rua,
procurou logo um hotel para se recolher, e pensar na besteira que havia feito, além
de relaxar, naquela noite, ela não dormiu, chorou um pouco mais, abraçada ao
travesseiro. Lá pelas tantas, sentiu vontade de ligar para o namorado, queria
ouvir a voz dele, mas ao abrir a bolsa, viu que estava sem o celular, pois
tinha o hábito de às vezes não levar, para que ele não ligasse
perturbando. E mais uma vez sentiu vergonha de si mesma.
///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Baseados em fatos reais. O rapaz da motocicleta, felizmente não
era um estuprador, era apenas um homem
grosso, indelicado, nada cavalheiro... mas a história serve para todos como
lição... tanto para mulheres, como para homens. Cuidado com redes sociais, muita gente já morreu por isso
domingo, 11 de agosto de 2013
MEU PAI
Nunca falei muito de meu pai em meus escritos. Quando faleceu, eu era muito
novo, tenros nove anos, mas o pouco que vivi vale ser lembrado. Acho que herdei
algumas influências dele. A poesia, por exemplo. Gostava de fazer umas
trovinhas e comprava muita literatura de cordel. Gostava muito de dar conselhos citando ditados populares,
gostava de frases de efeito, outra influência. Não tinha muita leitura, mas
estava sempre com um dicionário na mão e contrariava quem dizia que o
dicionário é o pai dos burros. “ O dicionário é pai dos inteligentes. Burro é quem e não sabe
e não pesquisa”. Meu pai era alto, moreno bem avermelhado, quase índio. Seus
bisavós eram escravos ou índios, não me lembro bem.
Era bravo pai à moda antiga, durão, mas não posso me queixar, comigo não era. Pelo contrário, orgulhava-se de mim perante os amigos que reunia em casa para tocar sanfona e violão: “O Carlos, mal chega da aula e já vai fazer os deveres”. Ou: “Ele sabe rezar Pai Nosso e Ave Maria sozinho”. “Esse menino já lê qualquer coisa.”
Mas isso não era o mais engraçado. Ele simplesmente detestava Roberto Carlos, claro porque gostava da música caipira de raiz. Outra influência sobre mim, pois com o tempo fui lendo e vendo que a maioria dessas canções são verdadeiras poesias, obras primas mesmo.
Em meio aos amigos na sala, o fiel cachorro Famoso, debaixo do sofá, ele me colocava em sua perna esquerda, a sanfona na direita, e dizia. “Canta aquela do Roberto Carlos”. E eu cantava: “Eu te amo... eu te amo... eu te amo. uou uou uou uou”. E eu ainda punha os dedos apertando o nariz para ficar fanhoso tentando fazer a voz do Roberto que tem o som bem nasal. Os amigos, e ele ainda mais, riam. Quando morreu, eu não tive de imediato a idéia exata do que era aquela perda. Uma semana após o sepultamento, andei a casa toda procurando por ele instintivamente. Não ouvi mais o estalar de chinelos pelo corredor. Vi a sanfona vermelha esquecida no canto do quarto. Só um travesseiro na cama de minha mãe. Assim entendi porque Famoso, na noite do sepultamento uivou a noite toda. Ele estava chorando. A radiola, minha mãe só andou ligando para ouvir a missa aos domingos. Ninguém mais ligou a VOZ DO BRASIL, que meus irmãos e irmãs diziam que era chato demais. Eu não me importava, ora se era o gosto dele. Além do mais, era a certeza que ele estava ali, em casa. Era muito seguro sentir a presença de um pai. Com o correr dos dias, das semanas, é que fui sentindo sua falta, fui percebendo o vazio, pois aquele momento de sentar na perna e poder agradá-lo me fazia bem também. Eu ia à sala, olhava o sofá e procurava aqueles tantos chapéus que os amigos penduravam numa espécie de cabide no canto. Não ouvia mais as gargalhadas de quando eu cantava. Eu gostava do Roberto Carlos, mas não daquela música, achava chata, repetitiva, era mais pela festa mesmo. Famoso nunca mais foi o mesmo. Ficava deitado na porta como se estivesse esperando a volta de alguém. Também já era velho e morreu não muito depois. Os anos passam, e é da natureza humana, aceitar, se acostumar, inclusive com a morte, o mistério mais claro dessa vida. Entre tropeços e vitórias cheguei até aqui, mas gostaria muito de ter crescido ao lado dele. É muito difícil crescer sem um pai. Quem já cresceu e ainda tem o seu, cuide dele. Seja tolerante. Respeite seus cabelos brancos. Não ria de seus erros de português, foi graças a ele que você aprendeu a ler. Tenha paciência com suas pernas lentas. Elas já correram muito por você.
Obrigado meu pai. As coisas boas que sei, herdei de você, as ruins foram do mundo mesmo.
Continuo gostando de rock, mas ainda me encanto ouvindo uma sanfona bem tocada, e quando estou numa roda de viola, peço pra tocar as suas caipiras. E as pessoas se surpreendem por eu saber cantar todas.
//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
“ O dicionário é pai dos inteligentes. Burro é quem e não sabe e não pesquisa”.
A partir disso eu saí para pesquisar a vida.
Era bravo pai à moda antiga, durão, mas não posso me queixar, comigo não era. Pelo contrário, orgulhava-se de mim perante os amigos que reunia em casa para tocar sanfona e violão: “O Carlos, mal chega da aula e já vai fazer os deveres”. Ou: “Ele sabe rezar Pai Nosso e Ave Maria sozinho”. “Esse menino já lê qualquer coisa.”
Mas isso não era o mais engraçado. Ele simplesmente detestava Roberto Carlos, claro porque gostava da música caipira de raiz. Outra influência sobre mim, pois com o tempo fui lendo e vendo que a maioria dessas canções são verdadeiras poesias, obras primas mesmo.
Em meio aos amigos na sala, o fiel cachorro Famoso, debaixo do sofá, ele me colocava em sua perna esquerda, a sanfona na direita, e dizia. “Canta aquela do Roberto Carlos”. E eu cantava: “Eu te amo... eu te amo... eu te amo. uou uou uou uou”. E eu ainda punha os dedos apertando o nariz para ficar fanhoso tentando fazer a voz do Roberto que tem o som bem nasal. Os amigos, e ele ainda mais, riam. Quando morreu, eu não tive de imediato a idéia exata do que era aquela perda. Uma semana após o sepultamento, andei a casa toda procurando por ele instintivamente. Não ouvi mais o estalar de chinelos pelo corredor. Vi a sanfona vermelha esquecida no canto do quarto. Só um travesseiro na cama de minha mãe. Assim entendi porque Famoso, na noite do sepultamento uivou a noite toda. Ele estava chorando. A radiola, minha mãe só andou ligando para ouvir a missa aos domingos. Ninguém mais ligou a VOZ DO BRASIL, que meus irmãos e irmãs diziam que era chato demais. Eu não me importava, ora se era o gosto dele. Além do mais, era a certeza que ele estava ali, em casa. Era muito seguro sentir a presença de um pai. Com o correr dos dias, das semanas, é que fui sentindo sua falta, fui percebendo o vazio, pois aquele momento de sentar na perna e poder agradá-lo me fazia bem também. Eu ia à sala, olhava o sofá e procurava aqueles tantos chapéus que os amigos penduravam numa espécie de cabide no canto. Não ouvia mais as gargalhadas de quando eu cantava. Eu gostava do Roberto Carlos, mas não daquela música, achava chata, repetitiva, era mais pela festa mesmo. Famoso nunca mais foi o mesmo. Ficava deitado na porta como se estivesse esperando a volta de alguém. Também já era velho e morreu não muito depois. Os anos passam, e é da natureza humana, aceitar, se acostumar, inclusive com a morte, o mistério mais claro dessa vida. Entre tropeços e vitórias cheguei até aqui, mas gostaria muito de ter crescido ao lado dele. É muito difícil crescer sem um pai. Quem já cresceu e ainda tem o seu, cuide dele. Seja tolerante. Respeite seus cabelos brancos. Não ria de seus erros de português, foi graças a ele que você aprendeu a ler. Tenha paciência com suas pernas lentas. Elas já correram muito por você.
Obrigado meu pai. As coisas boas que sei, herdei de você, as ruins foram do mundo mesmo.
Continuo gostando de rock, mas ainda me encanto ouvindo uma sanfona bem tocada, e quando estou numa roda de viola, peço pra tocar as suas caipiras. E as pessoas se surpreendem por eu saber cantar todas.
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“ O dicionário é pai dos inteligentes. Burro é quem e não sabe e não pesquisa”.
A partir disso eu saí para pesquisar a vida.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
A LENDA DA FLORZINHA QUE NÃO PODIA SER BEIJADA
Beija-Flor era um bichinho atrevido,
não podia ver um jardim florido
que ficava a rodear.
Parecia insaciável,
mas as flores gostavam daquele passarinho amável.
Um dia, o levadinho,
avistou no cantinho
uma flor que mal havia despertado...
ele já ficou agitado,
foi logo querendo beijar,
e começou a abordagem
e se pôs a sobrevoar
Mas de repente, de trás da folhagem,
saiu um Zangão zangadão
com o ferrão pronto para espetar:
- Sai pra lá, passarinho enxerido,
seu oferecido,
desse mel só eu posso provar.
Beija-Flor se assustou, e para longe voou.
Aquietou-se,
desde então limitou-se a apenas sobrevoar,
e de longe, seus beijinhos jogar,
mas daquele mel jamais provou
a não ser em sonhos na hora de se deitar.
////////////////////////// ////////////////////////
OBS: O Beija-Flor do texto é ficção, qualquer semelhança com o autor é mera coincidência. Eu nem sou atrevido rsrs. O problema é que eu adoro coincidências. Ai, ai
não podia ver um jardim florido
que ficava a rodear.
Parecia insaciável,
mas as flores gostavam daquele passarinho amável.
Um dia, o levadinho,
avistou no cantinho
uma flor que mal havia despertado...
ele já ficou agitado,
foi logo querendo beijar,
e começou a abordagem
e se pôs a sobrevoar
Mas de repente, de trás da folhagem,
saiu um Zangão zangadão
com o ferrão pronto para espetar:
- Sai pra lá, passarinho enxerido,
seu oferecido,
desse mel só eu posso provar.
Beija-Flor se assustou, e para longe voou.
Aquietou-se,
desde então limitou-se a apenas sobrevoar,
e de longe, seus beijinhos jogar,
mas daquele mel jamais provou
a não ser em sonhos na hora de se deitar.
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OBS: O Beija-Flor do texto é ficção, qualquer semelhança com o autor é mera coincidência. Eu nem sou atrevido rsrs. O problema é que eu adoro coincidências. Ai, ai