ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

UM FILME DE AMOR





Nosso amor é tão forte que me sinto meio herói.
Eu me sinto um cowboy
e você, minha menina,
mas que também sabe ser heroína.
Somos uma casal assim... Tipo de cinema.
Mas nosso filme não tem fim,
juntos enfrentamos qualquer problema,
eu por você, você por mim.
Seremos mais que Bonnie e Clyde
bagunçando por aí,
ai de quem tentar impedir.
Como Maria Bonita e Lampião,
vamos dominar o sertão
e também a cidade.
Você, Cleópatra... eu, o Imperador.
Somos até Olívia e Popeye
mandando pra longe o Brutus
porque os brutos não merecem o amor.
E por aí vai...
Somos Super-Homem e Mulher Maravilha.
Donald e Margarida,

brincando nessa vida.  
Mim Tarzan, você Jane
Juntos na selva seguindo a trilha
e que o mundo não se engane
não duvide desse amor da gente  
porque nascemos para viver  
um Romeu e Julieta com um final diferente.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

TARDES DE ABRIL II




( imagem floriculturatoquemagico.com - internet )
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Tudo aquilo que se fez

que sonhou, brincou, sorriu

como se fosse a última vez,

era mesmo a última vez,

não passou de tardes de abril.

Os ventos de outono

que assoviavam um sentimento eterno

trouxeram um tempo de inverno,

hoje sussurram de abandono.

Aquela praça

aquele vinho na taça,

as flores e folhas que você viu,

já se foram,

eram só tardes de abril.

O ciclo da vida nos traz estações

brincando de princípio, meio e fim

 e assim, nos arrancam as emoções de forma vil,

não que tenha sido ruim, deveras

mas foram meras tardes de abril.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

SE NÃO FOSSE O PASSARINHO ( recordando texto de 2007 )

( imagem  internet - google )
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Caminhávamos por um imenso campo verde que parecia não ter fim. Andávamos de mãos dadas entre frutos e flores diversas numa aquarela jamais vista. Passarinhos em ritmos e tons diferentes compunham uma confusa, mas agradável orquestra. Borboletas brincavam sobre nossas cabeças. Pareciam querer coroar-nos. O sol morno de outono tratava nossa pele com carinho. Enfim, a natureza virou cúmplice de nós, deliciosamente irresponsáveis, sem pensar no ontem, nem no amanhã.
Andávamos, andávamos e queríamos ainda mais. Quando sentimos cansaço, sentamos à sombra de um frondoso e velho carvalho, onde desenhei um coração com nossos nomes dentro. Ali, nos divertimos muito, vendo o vento arrancar as folhas secas das árvores e soprá-las para longe, comparando ao nosso amor, que também se renovava desfolhando uma velha saudade . Falamos de tantas coisas.
De qualquer coisa, mas só as coisas que se referiam a nós mesmos. Parecia que nada mais importava e não mesmo. Estávamos isolados, protegidos, envolvidos no véu do amor.
E continuamos nossa caminhada rumo a qualquer lugar, desde que fosse de mãos dadas. Rimos, brincamos, rolamos. Quando sentimos sede, avistamos logo abaixo um riacho de águas mansas e cristalinas, onde molhamos nossos lábios, antes de eles se encontrarem para saciar uma sede maior: a sede de amar.Foi um longo beijo! Foi um louco beijo! Foram muitos beijos!
Estranhamente a natureza aquietou-se. Nem passarinhos, nem borboletas, nem mesmo a brisa. Tudo deu lugar aos murmúrios e sussurros. Então, naquela relva fizemos o maior amor do mundo. Tão maior e tão melhor que não há explicação lógica, nem descrição poética. Então como se fôssemos um novo casal habitando o paraíso, dormimos abraçados e nus.
De repente, rompeu-se o silêncio. Um passarinho sem maldade, cantava nos meus ouvidos, até eu abrir os olhos lentamente e ver... o imenso campo verde nada mais era que minha cama de alguns metros quadrados. Nos meus braços, não era você... era o travesseiro. Fechei os olhos rapidamente para tentar voltar ao sonho, mas foi em vão. O passarinho insistente me fez voltar à realidade dura.
Esqueci o coração, obedeci ao relógio e fui trabalhar entre buzinas e conflitos. No ritmo lento das horas, esperando chegar outra noite para abraçar novamente aquele travesseiro.

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Um texto pouco explorado por mim, mas que já foi até premiado.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

AUTORRETRATO DE UM POETA

( imagem evapore.com.br )

Sinto-me tão leve que facilmente chego ao céu,
pareço mesmo um beija-flor
minha boca escorre mel,
meu peito transborda amor.
Do vento não tenho medo, esse é meu segredo,
faço dele impulso para minhas asas.
Tudo em mim acontece, tudo em mim extravasa.
Sou amigo do tempo, quanto mais ele passa, mais menino eu sou
Sou moldável, solúvel, volúvel, afável, é assim que eu vou.
Sei que oscilo entre o céu e o solo
mas não há nenhum mistério,
vez em quando falo sério, vez em quando peço colo.
Não temo atiradeiras, temo mais as palavras que se vestem de verdadeiras
que quando nos atingem podem nos levar ao chão.
Mas levo tudo na brincadeira,
e se a vida é uma grande feira e viver é uma obrigação,
no banquete da vida, amar é minha opção.
Nasci para ser diferente nesse mundo tão comum,
Eu sou três em um: Beija-Flor, menino e homem.
Que eles se unam, se somem
e formem um bela trinca,
É assim que o poeta vive, é assim que o poeta brinca.
Liso, leve e solto. Ético, eclético. Sigo feliz assim.
Sei que mereço.
Sorrio para Deus e agradeço... a poesia que Pôs em mim.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

SOBRE HERÓIS E TRAIDORES... E SONHADORES.




Luís era um professor de História diferente, era assim que eu o tratava, e ele respondia que eu também era um aluno diferente. Puxa, aquele cara gostava de mim, e eu dele também, tínhamos ideias parecidas. Perguntava: “Vocês querem saber a história do Brasil contada nos livros, ou a verdadeira?”. Todos respondiam pela segunda opção. E ele, barba por fazer, puxando para trás o cabelo sempre atrapalhado e meio longo, dizia. “Bem, como professor sou obrigado a contar a dos livros, mas nada impede de dar uma pausinha para contar a real”. Fazia paralelos entre o livro e o que ele acreditava, abria discussões, fazia questão de ouvir minha opinião, aquilo para mim era um prato cheio, eu até me levantava, tinha dia que eu falava mais do que ele. Um dia, comentou no recreio: “Caramba, ontem você deu aula no meu lugar. Devia ser professor, leva jeito”. Respondi: “Levo não! Isso é dom!”. Sempre que podia tomava cerveja com a turma, um dia pediu que eu ficasse, que deixasse o ônibus que era o último ( só eu que sempre pegava o último), depois me levaria em casa. Conversamos até umas 02h da manhã, mas antes de chegar na política que ele gostava tanto, falou de heróis e traidores da história: “Já reparou que todos os heróis que sucumbiram foram traídos? Che Guevara, Lampião, Tiradentes, e o maior de todos, Jesus Cristo. A amizade de Judas valia trinta moedas. E mais, o traidor é sempre alguém que deve impostos ao governo. O poder é inteligente e se utiliza disso, oferece troca de favores como perdão de dívida, por exemplo. O poder tem tudo nas mãos”. Continuou: “Da mesma forma, Silvério dos Reis, traidor de Tiradentes morreu na mesma, endividado. O dinheiro não lhe valeu nada”. Continuou ainda: “E assim foi com Lampíão, Che Guevara e tantos outros. Ao lado de cada herói, sempre há um traidor, um puxa-saco”. Fiz algumas observações, até ele me interromper, estava bem envolvido em política, afiliara-se a um partido recentemente, e sugeriu: “ Você é um pensador jovem, gosto de jovens inteligentes. Por que você não entra para a política? Você tem gana, garra e ideias”. Nem pensei e falei rindo: “Você me diz que ao lado de cada herói tem um traidor, e quer me colocar na política? Mui amigo! Quer algo mais perigoso e sujo do que a política?”. E ele depois de rir também: “ Mas querendo ou não, a gente precisa da política, sem ela não se vive, e se a gente continuar pensando assim, as coisas nunca vão mudar. A gente muda a política dentro da própria política, fazendo coisas diferentes”. Resumindo, respondi: “Luís, concordo com tudo, eu também sou um idealista, por mim eu mudaria não só o Brasil, mas o mundo inteiro, acontece que eu penso que o sistema sempre vence, e quem vai contra ele, dança, como todos os heróis que você citou. Eu sou um poeta, quero fazer as coisas diferentes que você falou, mas através da poesia, quero transmitir ideias novas às pessoas, não tocando na política, e sim, no coração, que haja uma mudança sim, mas social, de raciocínio, de não alienação, de mente aberta, que as pessoas se desprendam um pouco do materialismo, da felicidade comprada em vitrines, de vaidades, de modismos, enfim, quero usar minha poesia para tocar no âmago das pessoas”. Ele nunca havia me encarado tanto. Exclamou: “Menino! Você é mais louco do que eu! Acho que a minha missão é mais fácil do que a sua”. Respondi: “Eu sei disso, pior é que sei, mas a gente tem que sonhar, não é? Sejamos loucos!”. E ele: “Loucos, mas felizes!”.
A despedida de Luís da escola foi no mesmo bar, ia lecionar em BH. Não sei se ainda está na política... ou se desistiu de mudar o que não tem jeito. Eu? Se eu desisti? Não, não desisti! Ainda acredito na poesia transmitindo valores, agregando pessoas, abrindo mentes, suavizando corações.

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Através desse texto homenageio Tiradentes. Ainda que alguns digam que ele era apenas um riquinho insatisfeito com a cobrança de impostos, mas e daí? Alguém tinha que ter coragem de se rebelar, de criar um movimento,  e ele deu a vida pela liberdade do Brasil, em nenhum momento recuou ou negou, e ainda isentou os companheiros, isso derruba a tese de que seria apenas um rico tentando se livrar de impostos.

domingo, 19 de abril de 2015

RECITANDO - UM SOM PARA O MEU CORAÇÃO

Eu quero um som para o meu coração
que me amanse
para que eu alcance
a plenitude da mais pura emoção.
Não quero farpas,
Quero a paz dos campos,
chamar de amigos os pirilampos
quero som de harpas embalando meu sono.
Não quero buzinas,
quero uma voz de menina
que sussurra, me alucina
e me tira do abandono.
Passarinhos na janela
me cantando que a vida é bela.
Não quero ira.
Quero toques de lira embalando cânticos
Quero dançar nas notas de violinos românticos.
Ah, quero nessa vida, só harmonia.
Se houver sinfonia, quero a nona de Beethoven.
Tcham, tcham, tcham, tcham
e vem mais uma emoção
meu íntimo guarda tudo
que meus ouvidos ouvem,
por isso quero ouvir algo bom
pode ser em qualquer tom,
mas que toque meu coração.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CUCA COLORIDA



Quando eu tinha uma cuca colorida
era um turbilhão de vibrações.
Meu coração era um arco-íris de sensações
dia e noite, noite e dia.
E todo mundo dizia:
“Menino, você escreve demais
Você fala demais.
Você brinca demais.
Você briga demais.
Você chora demais.
Você ri demais.
Você sonha demais.
Você ama demais.
Você reclama demais.
Você é todo demais".
Eu sorria e respondia:
“O que fazer dessa vida
se eu tenho uma cuca colorida?
O tempo passa, o corpo envelhece,
mas o coração não esquece
e tudo de novo acontece:
“Você escreve demais
Você fala demais.
Você brinca demais.
Você briga demais.
Você chora demais.
Você ri demais.
Você sonha demais.
Você ama demais.
Você reclama demais.
Você é todo demais".
E eu ainda respondo do mesmo jeito
com o mesmo turbilhão no peito:
“Que culpa tenho eu nessa vida
se nasci assim...
com uma cuca colorida?”
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Mudar sem perder a essência, é tão raro quanto belo.

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Por que recordar esse poema? Porque ele fala justamente de uma fase muito divertida para mim, aquela fase que a gente punha a bolsa nas costas, e viajava para qualquer cidade  mais ou menos próxima. O grande detalhe é que a gente ganhava pouco, eu principalmente, mas a gente se divertia se divertia, era feliz sem muito dinheiro. Esse da foto chama-se Walter, dos amigos era o que mais viajava comigo, mas tinha outros: Marcelo, Luisinho, Salvador. Há pouco tempo  encontrei-me com Walter, que é só um ano mais velho que eu, e está com o cabelo todo branquinho. Ele comentou:  "Bem que você dizia que nunca ia ficar velho, você está igual um garoto". Encontrei-me ainda com dona Maria  Preta na casa de dona Maura, e dona Maria Preta me deu dois tapas por não ter ido à casa dela. Sempre brava: "Seu moleque.Você vem aqui e não vai à minha casa". Depois, tadinha, lamentou o falecimento de minha mãe, as três se gostavam muito. Dizem por aí, e vou repetir: Recordar é viver.
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Em tempo: O que está sentado no banco cheio de banca ( pra variar rs rs) sou eu. E a gente estava em viagem nessa foto.